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FOI PARA ISTO? - Nestes dias o Instituto Nacional de Estatística divulgou uma série de dados que chamam a atenção para três pontos que espelham o retrato da governação recente de António Costa, seja a meias com a geringonça ou a solo, com maioria absoluta. Esses três pontos, que os números do INE dramaticamente revelam, são estes: estamos a perder emprego qualificado; continuamos a exportar os nossos talentos; e  tudo isto sucede pelos baixos salários que praticamos. Passemos ao detalhe: o emprego qualificado teve no 1.º trimestre de 2023 a maior queda desde 2011, uma queda de 6,1% ou seja, menos 105 mil empregos de pessoas com o ensino superior. No outro lado da balança, segundo o ranking do Financial Times, Portugal tem cinco universidades com alguns dos melhores mestrados financeiros do mundo, que por ano formam 800 diplomados - só que metade deles abandona o país por falta de bons salários. Bem podem os responsáveis desta situação dizer que a culpa é de Passos Coelho que um simples olhar para a cronologia da nossa História recente mostra outra realidade - a de um país onde falar de crescimento da economia é um pecado, onde a justiça está paralisada, a legislação laboral é instável e a carga fiscal penaliza trabalhadores e empresas. Tudo isto dificulta o investimento, complica a criação de riqueza e continua a arrastar-nos, de forma continuada, para o final da tabela europeia nos principais indicadores económicos. Olhamos à volta e existem decisões adiadas em tudo - já nem falo da anedota do aeroporto, mas destaco o atraso na execução das verbas do PRR, a ausência de reformas estruturais ou o não cumprimento do calendário da recuperação da ferrovia. Pedro Santana Lopes escreveu esta semana no “Correio da Manhã” que o Estado se degrada e a Nação definha e concluía: “49 anos depois de Abril, 37 de Europa e deu nisto? Não pode ser.” Mas, infelizmente, é o que temos. 



SEMANADA - Segundo o Conselho de Finanças Públicas  a economia e os juros foram responsáveis pela quase totalidade da consolidação orçamental, sendo que a ação de Fernando Medina só contribuíu para reduzir o défice em 0,1 pontos; em 2022, as receitas com o IRS aumentaram 549 milhões de euros com a não atualização dos escalões em linha com a inflação, o que contribuiu para um aumento da carga fiscal para 36,2% do PIB, um novo máximo histórico;  em 2022 76% do investimento público do PRR ficou por executar e em termos líquidos, o investimento público continuou a ser negativo,apesar dos fundos europeus; segundo o  INE, nos três primeiros meses do ano o salário médio estagnou e registaram-se 400 mil desempregados, quase mais 23% que há um ano; a TAP registou 57,4 milhões de euros de prejuízo no primeiro trimestre deste ano; segundo a Procuradoria Geral da República as burlas dispararam nos últimos anos e só em 2022 foram registadas mais de 54 mil; este ano faltam quase mil nadadores salvadores para garantir as condições ideais de segurança nas praias portuguesas; a  despesa pública atingiu 293 milhões de euros por dia no ano passado; segundo a Deloitte, em 2022, 12% dos portugueses optaram por cancelar um serviço de streaming e destes, 24% indicaram que a principal razão foi a necessidade de cortar custos; entre Janeiro e Abril foram vendidos 3,3 milhões de bilhetes de cinema, um aumento de 36% face a igual período do ano passado; um estudo internacional indica que a capacidade dos alunos portugueses do 4º ano lerem e compreenderem textos piorou na última década.

 

O ARCO DA VELHA - António Costa inscreveu-se como peregrino nas Jornadas Mundiais da Juventude.

 

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A FORÇA DA ESCULTURA - Nos próximos dias Lisboa vai ter muito que ver em termos de arte contemporânea. Entre 25 e 28 de Maio decorre na Cordoaria a ARCO Lisboa, com a participação de 70 galerias, de 14 países, que apresentarão obras de 470 artistas. Diversas galerias privadas terão também novas exposições, que integram um programa paralelo à ARCO. Mas o grande destaque da semana é a exposição “Gris, Vide, Cris", que reúne o trabalho de dois artistas que nunca se cruzaram: Albert Giacometti morreu em 1966, o ano de nascimento de Rui Chafes. Na obra de ambos é patente uma convergência na forma de ver e sentir.  Esta exposição assinala precisamente o encontro entre as obras dos dois artistas, simbolizado por uma peça de Rui Chafes (na imagem), que nasceu de um desafio: para uma das esculturas de Giacometti (primeiro gesso de estudo para Le Nez, 1947-1950), Rui Chafes foi convidado pela Fondation Giacometti em Paris, em 2017, a conceber uma estrutura de suspensão, assumida como obra escultórica de dupla autoria, patente nesta exposição da Gulbenkian. A mostra assume-se como um encontro que parte da consciência das diferenças dos trabalhos dos dois artistas, no contraste das escalas com que trabalham e na forma como cada um deles cria esculturas. Helena Freitas, a curadora da exposição, que fica na Gulbenkian até 18 de Setembro, sublinha: «o caminho que nos conduz a ver as obras de Giacometti pelo interior de duas das esculturas de Chafes não é fácil, faz-se através de um espaço constrito que poderá fazer eco com o processo de exasperação que durante anos atormentou o artista suíço, na sua tentativa de representar o que via. O que nos leva a recuperar um dos desígnios fundamentais à construção deste projeto: a visão. “

 

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UMA HISTÓRIA ORIENTAL - Começo por fazer uma declaração de interesse: sou amigo do autor do livro de que hoje falo, Fernando Sobral. E digo sou, porque apesar de ter morrido há um ano, para mim o Fernando continua vivo, nos livros que nos deixou, na recordação das suas crónicas “O Pulo do Gato”, aqui publicadas no Negócios e em tantos outros escritos. Antes de morrer, Fernando Sobral conseguiu ainda deixar revista a última versão de “O Jogo das Escondidas”, o seu  romance escrito ao ritmo de folhetim e inicialmente publicado no jornal “Hoje Macau”. Situado em 1923, há cem anos portanto,  em Macau, um território pelo qual o Fernando tinha especial apreço, “O Jogo das Escondidas” é um romance de mistérios, onde o amor e a lealdade andam lado a lado e uma história na qual um certo Portugal de há um século espelha o Portugal de hoje. Em 1923 Macau era um território ignorado pelos portugueses, mas cobiçado por poderosos interesses internacionais: Simultaneamente abrigo e casa de piratas, refúgio de espiões, importante porto de tráfico de drogas, a mais oriental colónia ultramarina era um local com poucas regras e sem inocentes, onde se desenrolam decisivas, e mortais, tramas políticas. Os portugueses que para lá partiam procuravam esquecer o passado. E assim nascem os personagens que vão dar rumo ao romance, em torno de interesses comuns - o tenente Félix Amoroso, duvidoso agente secreto ao serviço do Estado, e Benedito Augusto, obscuro padre franciscano. O livro, editado pela Quetzal, e já nas livrarias, vai ser apresentado na Feira do Livro, na área da Porto Editora, no próximo dia 27 de Maio.

 

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UM BELO REGRESSO  -  No final do século passado, há 24 anos, os Everything But The Girl decidiram pôr em hibernação a carreira da banda, num momento em que estavam no topo da popularidade e tinham sido convidados para fazer as primeiras parte de uma digressão dos U2. Criados em 1982, os Everything But The Girl eram um duo constituído por Tracey Thorn nas composição das canções, vozes e  guitarra e Ben Watt nos teclados, guitarra, arranjos e produção. Em 1994 gravaram a sua canção mais conhecida e popular, “Missing” e eram considerados um expoente da pop britânica mais sofisticada. O seu primeiro grande êxito foi uma versão de “I Don’t Want To Talk About It”, de 1988. O duo gravou dez álbuns de originais, com os quais ganhou um apreciável número de discos de ouro, mas, de repente e sem aviso prévio, decidiu constituir família, parar a carreira, deixar de gravar e actuar. Desde então Tracey e Ben fizeram alguns discos a solo, mas mantiveram-se longe da ribalta até que, no ano passado, surgiu a notícia de que estavam em estúdio a gravar um novo disco de originais. “Fuse”, assim se chama o seu novo álbum, foi editado no final de Abril e inclui dez temas. O primeiro,”Nothing Left To Lose” evoca a imagem de marca da voz de Tracey Thorn e os arranjos de Ben Watt recuperam , actualizada, a sonoridade que os tornou populares. Ao longo de todo o disco é evidente o desejo de conseguir um equilíbrio entre a herança dos trabalhos anteriores e a vontade de mostrar que não pararam no tempo - e faixas como “Run The Red Light”, “No One Knows We’re Dancing”, “Lost” ou “When You Mess Up” mostram isso mesmo. Se o nome dos Everything But The Girl vos suscita curiosidade procurem “Fuse” nas plataformas de streaming. Não se arrependerão.



MAIS UMA SANDUÍCHE - No início é o pão. Convém que seja bom pão. Dentre aqueles que estão mais disponíveis em alguns supermercados, o meu preferido é o pão de forma de trigo espelta integral elaborado pela Pachamama, a partir de massa mãe. Depois é preciso uma boa faca, que corte o pão sem o desfazer. Com esse utensílio corte duas fatias - eu primeiro costumo partir a forma ao meio e, a partir daí ir tirando fatias simétricas de cada um dos lados. Na posse de duas fatias, idealmente com um pouco menos de um centímetro de espessura, pegue num queijo fresco de cabra, cortado em rodelas finas espalhe-as bem, e em quantidade, na superfície do pão, polvilhado de sal e pimenta preta moída na hora. Aqui chegados há duas soluções para o que lá irá no meio: ou azeitonas verdes aos pedaços ou fatias finíssimas de pepino japonês. Os especialistas dividem-se, e embora as azeitonas no pão estejam a ganhar popularidade, eu prefiro as fatias muito finas desta variedade de pepino, menos ácida e de sabor mais intenso e envolvente que o pepino vulgar. Felizmente esta variedade japonesa já é também mais frequente nos supermercados - não vem do Japão, a que se consome aqui vem maioritariamente de Espanha. Mas aconselho que provem também a variante de azeitona verde aos pedaços. Vão ter uma surpresa, ou talvez não: afinal pão com azeitonas é um dos petiscos tradicionais portugueses, certo?

 

BOM - O início da abertura ao público da reserva principal do Museu de Lisboa

 

MAU - Em 2022 o mar comeu 2,5 metros ao areal da Costa da Caparica

 

DIXIT - “Houve um ministro que abusou do seu poder. E houve um serviço do Estado que fez o que é habitual em Portugal: agradar ao poder”- Marques  Mendes, sobre a actuação do SIS

 

BACK TO BASICS - “O mistério é a melhor coisa da vida, é a raiz de toda a arte e da ciência” - Albert Einstein

 




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