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NÃO SER DE ESQUERDA É PECADO?

por falcao, em 12.05.23

 

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ESQUERDA & DIREITA - Actualmente as mais sérias ameaças à liberdade de pensamento e expressão vêm daqueles que querem impor um pensamento único, excluir quem não acredita no que apresentam como verdade incontornável e penalizar quem não alinha  com eles. A grande maioria dos que querem impôr este pensamento único são figuras conotadas com a esquerda, que à falta de políticas sociais e de desenvolvimento do país, reivindicam a imposição do seu pensamento em causas que apelidam de fracturantes. Para esta esquerda recordo que a lista de países onde há sérias ameaças à democracia, à liberdade de expressão e aos direitos humanos conta com mais países que têm governos que se intitulam de esquerda e pró-socialistas que de direita. Há mais barbaridade em regimes de países como a Rússia, a Venezuela, a China, a Coreia do Norte ou até Cuba, que em muitos outros. A apregoada superioridade moral da esquerda vive hoje atolada em corrupção e perversões, numa mixórdia que se alimenta da falta de ética, tudo em nome de manter o poder. É isto que corrói a democracia e que representa um perigo para a Liberdade. Quem se acha superior tem sempre tendência para mandar calar. Há sectores em que, segundo os bem pensantes, ser de esquerda é fundamental para ter existência e ser reconhecido. A Cultura, que devia ser o terreno da imaginação, liberdade e tolerância, é cada vez mais uma das áreas onde há uma maior discriminação política e onde manifestar opiniões não alinhadas com a esquerda é, para muitos, motivo de exclusão. Não é a opção política e ideológica de cada um que determina o seu valor, a sua criatividade, a sua capacidade de inovação. Quando um lado quer impor a sua verdade ao outro lado, o que é posto em causa é o mais profundo valor da cultura ocidental: a Liberdade, cuja defesa é o que nos deve nortear. No quadro da democracia ninguém pode ser discriminado, menorizado ou subalternizado em função do seu pensamento político e das suas opções pessoais. 

 

SEMANADA - A margem financeira dos bancos alcançou em 2022 o valor mais alto desde 2011; a Comissão Técnica Independente que está a avaliar a localização do novo aeroporto aguarda autorização do Governo para realizar mais 25 estudos e a sua responsável afirma que o Aeroporto Humberto Delgado deverá continuar a funcionar pelo menos mais 10 anos; na última década o uso do carro cresceu em 96% dos concelhos do país; os alunos estrangeiros de cursos do ensino superior já são 16% do total de inscritos; em 2022 verificou-se um aumento de 5,5% dos nascimentos ocorridos em Portugal, em comparação com o ano anterior; Portugal já destruíu 3,5 milhões de doses de vacina contra o covid por terem chegado ao fim do prazo de validade, tendo ainda doado 8,1 milhões a outros países e revendido 2,6 milhões; foi declarado estado de seca severa e extrema em 40% do território português; Portugal tem uma Comissão Permanente da Seca que reuniu apenas 13 vezes nos últimos seis anos apesar do agravamento da situação; no primeiro trimestre deste ano o numero de empresas de restauração e alojamento teve um crescimento de 16%; uma auditoria do Tribunal de Contas revela que as operadoras de telecomunicações faturaram mais de 11 milhões de euros por serviços de internet que nunca foram usados pelos alunos e que há computadores a mais e mal acondicionados nas escolas; em 2022 houve 25 ciberataques graves em Portugal; a Câmara Municipal de Lisboa vai iniciar este ano obras em onze bairros municipais, com um orçamento global de 23 milhões de euros.

 

O ARCO DA VELHA - Por mais estranho que pareça, foi a Secretária Geral do Sistema de Informações da República Portuguesa, Graça Mira Gomes, quem deu a polémica e eventualmente ilegal ordem ao SIS para recuperar o computador do adjunto demitido por Galamba.

 

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DESENHOS FANTÁSTICOS - O destaque desta semana vai para a exposição “Terra - ou os quarenta e nove degraus”, na Fundação Carmona e Costa até 17 de Junho.  Nesta exposição, que o artista dedicou a João Esteves de Oliveira, um galerista e colecionador recentemente falecido, estão mais de cem obras desenvolvidas ao longo de três décadas e que mostram várias facetas do trabalho de Miguel Branco. Logo à entrada está a série “Bibliotecas”, um trabalho de desenho, de enorme minúcia e impacto, que mostra a sua interpretação de um mundo em que vivemos, onde a escassez de recursos se acentua. Outra das séries expostas é “Atlas”, que agrupa quarenta desenhos de borboletas azuis pintadas sobre imagens que vão da guerra na Europa a imagens religiosas, e em que os corpos das borboletas são o ecrã de cenas do mundo contemporâneo. Finalmente a série de pinturas muito pequenas de submarinos nucleares é uma referência clara ao que se passa agora na Europa. Estão também expostas pequenas esculturas da série “Naked Lunch” e a curadoria é de Bernardo Pinto de Almeida. Na Fundação Gulbenkian duas exposições históricas - uma, “Vamos Correr Riscos”, sobre a importância da actividade e trabalho de Madalena de Azeredo Perdigão e outra, “Histórias de Uma Colecção”, que apresenta obras da Colecção do Centro de Arte Moderna, CAM, criado precisamente por iniciativa de Madalena de Azeredo Perdigão há 40 anos, e que integra, além de obras marcantes da colecção, outras menos vistas e algumas nunca antes apresentadas. Finalmente destaque para "Territórios Invisíveis" , a última exposição de obras de Manuel Baptista, recentemente falecido de forma súbita, que ele acompanhou desde a sua concepção até ao resultado final e que pode ser visitada até 31 de maio, no Centro de Arte Contemporânea da Fortaleza de Sagres.

 

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O ESPÍRITO DA LIBERDADE - Há muita gente que pensa que a Liberdade é um bem adquirido e irreversível. Não é o caso, a Liberdade é algo de frágil, muitas vezes ameaçada, frequentemente espezinhada. O novo livro de João Carlos Espada, director e fundador do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, tem por título “Liberdade Como Tradição” e apresenta as reflexões de um conjunto de pensadores políticos euro-atlânticos. João Carlos Espada evoca logo na introdução que uma conversa que teve com Karl Popper desencadeou o estudo e o trabalho que este livro reflecte. Espada recorda que Popper defendia que Churchill tinha salvado a civilização ocidental, que não pode sobreviver sem liberdade. Churchill apercebeu-se, quase isolado, da ameaça simultânea à liberdade representada por Hitler e o comunismo soviético, e foi isso que permitiu que a Europa se salvasse das tiranias. No livro são descritos os percursos e ideias de catorze pensadores destacados,  e João Carlos Espada serve-se de conceitos actuais para clarificar o significado de liberal, de conservador e de trabalhista, e faz a defesa, persuasiva e intelectual, da democracia liberal. Compara o pensamento de Popper com o de Raymond Aron, no confronto entre democracia liberal e estado total. Evoca o pensamento de nomes como, Frederich A. Hayek, Leo Strauss, Irving Kristol, Gertrude Himmelfarb, Ralf Dahrendorf, Raymond Plant e Michael. J. Oakeshott. Coloca em confronto o pensamento de James Madison contra Jean Jacques Rousseau em torno de conceitos como o governo limitado e o despotismo em nome do povo. Sobre liberdade e pluralismo revisita o pensamento de  Alexis de Tocqueville e de Isaiah Berlin sobre liberdade e pluralismo. Este é um atlas da defesa da Liberdade, de leitura particularmente útil no actual contexto português. A edição é da D. Quixote.

 

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GRAVAÇÕES RARAS  -  “Blue Room: The 1979 VARA Studio Sessions in Holland”, é um duplo LP e duplo CD que reproduz duas sessões de gravação inéditas de Chet Baker no lendário estúdio Vara, em Hilversum, na Holanda, registadas a 10 de Abril e 9 de Novembro de 1979, ambas para o programa de rádio “Nine O’Clock Jazz”. Na primeira Chet Baker toca com o pianista Phil Markowitz, o contrabaixista Jean-Louis Rassinfosse, e o baterista Charles Rice; na segunda Chet é acompanhado pelo pianista Frans Elsen, o contrabaixista Victor Kaihatu, e o baterista Eric Ineke. Nas remasterizações o efeito estéreo original foi salvaguardado e o duplo disco tem 11 temas. O primeiro disco começa com uma versão muito latina de “Beautiful Black Eyes” e é bem acompanhado por "The Best Thing For You” e um original de Miles Davis, “Down”. A voz rouca de Baker está presente em vários temas, intercalada com as frases dos seu trompete, uma imagem de marca  irresistível. No segundo disco estão temas como “Blue Gilles”, “Candy” e “Old Devil Moon”. O disco, quer na versão CD ou LP, pode ser encomendado na Amazon, e é possível também a compra digital no site da editora Jazz Detective. Este disco não está ainda disponível em streaming.

 

CONCEITOS  - Para mim um restaurante é um local onde uma pessoa se senta para comer o que quiser, confortável, onde os empregados sejam eficientes e não servis ou maçadores, a cozinha seja honesta, e os preços não sejam um assalto à mão armada. Este é o único conceito possível para um restaurante. Outros conceitos e disfarces não fazem parte da minha lista de possibilidades. Gosto de escolher, não gosto de levar com menus fixos em cima. Esta semana no incontornável Apuradinho (Rua de Campolide 209)  provei os primeiros jaquinzinhos da época, impecavelmente fritos, acompanhados de uma açorda tradicional. É de sítios assim que gosto, onde se pede o que se quer, onde se pode pedir para mudar o acompanhamento e onde tudo corre sobre rodas. Um restaurante deve ser um sítio simpático, não pode ser uma feira de vaidades. Cito mais dois exemplos onde retorno sempre com prazer - o Salsa & Coentros, em Alvalade e o Pap’Açorda, no Mercado da Ribeira. Fujo dos locais da moda, evito visitar os restaurantes que são melhores a enviar press releases do que efectivamente na forma como servem a comida. Estou a desenvolver um tique que é assim: quanto mais falado e modernaço é um restaurante, menos me apetece ir lá.

 

BOM - Carlos Moedas celebrou a atribuição de 1.086 casas municipais desde que iniciou o seu mandato à frente da autarquia de Lisboa. O presidente da CML diz que quer fazer e não prometer.

MAU - Quase 30% dos agressores em casos de violência doméstica reincidem no crime. 

DIXIT - “Como é possível nacionalizar, para privatizar depois, sem qualquer justificação, comprometendo em ambos os casos o erário público? Até onde nos levará esta Comissão Parlamentar de Inquérito (à TAP)?” - Viriato Soromenho Marques.

BACK TO BASICS - “O homem é um animal supostamente inteligente que frequentemente se comporta como um imbecil” - Albert Schweitzer.

 




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