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ACTIVISMOS - Anda muita gente por aí entusiasmada com os protestos dos activistas climáticos que, nas últimas semanas, se especializaram em tingir roupa de ministros, provocar engarrafamentos poluidores, atentar contra obras de arte, partir montras de lojas ou interromper o trabalho de actores. Ao contrário do que certas mentes podem achar nada disto é novidade, tudo é até um pouco bafiento e já existiu, nestas e noutras formas, ao longo dos tempos. Que me lembre estas acções nunca deram bom resultado - nunca alcançaram os objetivos pretendidos. Até Mariana Mortágua, que sabe bem destas coisas de agitação e propaganda, veio a público pôr em causa a eficácia dos protestos climáticos contra ministros, duvidando que possam contribuir para criar um movimento que leve as questões sobre o clima para o centro do debate público. A verdade é que estes activistas procuram apenas o seu minuto de fama, hoje em dia facilitado pelo instantâneo mundo digital.  Querem saber só de si próprios e não respeitam a liberdade dos outros nem a diferença de opiniões. Mostram não aceitar as regras da liberdade de expressão e manifestação dentro da democracia. Provavelmente a sua agenda ultrapassa as questões climáticas mas não têm coragem de dizer, de facto, ao que vêm. Frequentam cursos de desobediência civil que a democracia permite que existam e actuam, depois, para desacreditar a própria democracia. Não ganham sequer simpatia para a sua causa. E se julgam que estão a ser muito criativos, desenganem-se e vão ler uns livros de História. Querer impôr a vontade, querer condicionar o pensamento e atacar outras pessoas não é o caminho para conseguir alterar o estado das coisas. Nem no ambiente, nem em nada.

 

SEMANADA - Um estudo da Tax Foundation revela que temos o 2º IRC mais alto de toda a OCDE e sublinha que nos países que crescem mais que Portugal a taxa não ultrapassa os 20%, enquanto cá é de 31,5%; o peso dos impostos e contribuições sociais no PIB deverá atingir os 38% em 2024 depois dos 37,2% este ano, de acordo com as previsões do Governo no que será um dos saltos maiores entre os países da moeda única; Portugal é o quarto país com maior contracção do PIB na UE; Portugal teve a quinta maior subida da carga fiscal na UE;  cerca de 50% dos portugueses que emigram são licenciados; segundo um estudo do INE, uma em cada cinco pessoas dos 18 aos 74 anos (20%) já foi vítima de violência física ou sexual; já foram feitos mais de 20 aumentos do preço dos combustíveis desde o início do ano, provocando uma subida de quase 7%; Alemanha e Polónia foram os principais importadores das quase dez toneladas de cannabis que Portugal cultivou e exportou em 2022, um aumento de 63% em relação ao ano anterior; o novo Museu de Arte Contemporânea do CCB recebeu quase 12 mil visitantes nos três primeiros dias; um estudo de uma associação ambientalista estima em mais de 3,5 milhões de euros por dia o custo provocado pelo ruído do aeroporto de Lisboa na saúde, bem estar e até valorização do imobiliário da capital; uma sondagem feita esta semana indica que a maioria dos inquiridos considera que o OE para 24 vai fazer piorar a situação do país; nos últimos dez anos 28 juízes foram reformados contra a sua vontade por problemas de saúde mental ou física que os impedia de fazerem o seu trabalho correctamente.

 

O ARCO DA VELHA - Na semana em que se inicia a discussão do Orçamento de Estado convém recordar que a dois meses do final do ano continua por executar mais de metade das quase 70 medidas que o PS aprovou aos partidos da oposição no orçamento deste ano.

 

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MUITO PARA VER - Cristina Ataíde apresenta um novo conjunto de obras na Galeria Belo Galsterer sob o título “A pedra só não voa porque não quer” . Trata-se de uma exposição predominantemente de escultura, mas onde, por vezes, o mármore branco é quase usado como uma folha de papel onde surgem desenhos esculpidos. Além das seis esculturas há dois desenhos feitos a pigmento sobre grafite (na imagem) e um conjunto de nove desenhos volumétricos resultantes da aplicação de pasta sobre papel - estes datados de 1999, tudo o resto de 2023, excepto duas esculturas de 2015. Na mesma Galeria Paulo Brighenti apresenta uma nova série de aguarelas e uma peça  de escultura, sob o nome comum “Mãe”.  De entre as várias exposições recentes que podem ser vistas em Lisboa destaco a colecção feita por Paulo de Pitta e Cunha, que estará no Museu Arpad-Szenes-Vieira da Silva, até 21 de Janeiro. A exposição, com curadoria de Raquel Henriques da Silva e Rita Maia Gomes, tem 123 obras montadas de forma exemplar, que mostram o gosto pessoal do coleccionador. Nas palavras de Alexandre Pomar é “uma colecção e uma exposição fora do baralho” feita de forma “diferente, livre, sem depender de galerias, de de-curadores, de modas” ou de modas, que vai dos anos 60 a 2000 e que é  uma “lição de escolhas e de gosto” com muitos pequenos formatos, papéis desenhados e pintados de artistas portugueses e estrangeiros. Ali ao lado, na Casa Atelier Vieira da Silva estão obras de Bela Silva, que também está presente ona colecção de Paulo Pitta da Cunha. Outros destaques: o cartoonista português, Luís Afonso, autor de Bartoon (Público), SA (no Negócios) e de Barba e Cabelo (A Bola), apresenta no Museu Bordalo Pinheiro, até 28 de Janeiro, a exposição “Ora, Faço Gravuras…” .

 

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O REGRESSO DOS BEATLES - Hoje vou falar de uma canção que não ouvi, mas quando estas linhas forem lidas ela já terá sido divulgada publicamente. A canção em causa é uma composição de finais dos anos 70, que John Lennon deixou esboçada com voz e guitarra numa cassete dirigida a Paul McCartney e que Yoko Ono lhe entregou em 1994. Intitulada “Now And Then” a qualidade da gravação original era fraca e durante anos tentou-se por várias vezes completar a canção. Graças a novo software de Inteligência Artificial foi finalmente possível separar e restaurar a voz de Lennon, usar acordes de piano que estavam na gravação, juntar-lhe posteriormente o baixo de Paul McCartney, a bateria de Ringo Starr e ainda usar gravações da guitarra de George Harrison, que ele tocou nas primeiras tentativas de completar esta gravação em 1995. McCartney juntou-lhe uma secção de cordas e assim ficou finalizada a canção. Lennon foi morto a 8 de Dezembro de 1980, George Harrison morreu a 29 de Novembro de 2001 e agora “Now And Then” ficou pronta, a derradeira composição de Lennon para os Beatles, que graças à IA surgem juntos de forma virtual. O lançamento é acompanhado de um documentário sobre o processo de gravação utilizado e o disco com “Now And Then” é lançado sexta feira dia 3 de Novembro e inclui de um lado a nova canção e do outro o primeiro single dos Beatles, “Love Me Do”. O grafismo da capa, que aqui podem ver, foi encomendado ao artista norte-americano Ed Ruscha.

 

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O ÚLTIMO ESCRITO DE MISHIMA - “O Declínio do Anjo” é a última peça da tetralogia considerada o testamento literário de Yukio Mishima, “Mar da Fertilidade” onde o autor abordou a decadência dos valores tradicionais japoneses, a essência da filosofia budista e a visão apocalíptica do mundo moderno. Pouco depois de terminar este romance Mishima suicidou-se, praticando o ritual tradicional dos samurai, o seppuku, conhecido no ocidente por haraquiri. “O Declínio do Anjo" foi originalmente publicado a 25 de fevereiro de 1971, três meses volvidos sobre esse suicídio. O livro retoma a personagem do herói Honda, que ao longo dos livros anteriores desta saga, conhecemos como estudante, advogado e depois juiz. Ele está agora velho e afastado dos tribunais, mas ainda questionando incansavelmente a sua existência nos mundos terreno e espiritual. O título remete para a crença budista dos cinco sinais de decadência que indicam a morte iminente de um anjo. A tradução é de  Tânia Ganho cujas notas ajudam a compreender o pensamento de Mishima e o mundo em que viveu. Yukio Mishima é o pseudónimo de Kimitake Hiraoka, nasceu em Tóquio em 1925 e suicidou-se a 25 de novembro de 1970, depois de falhada uma tentativa de golpe de estado que pretendia reforçar o papel do Imperador do Japão. Conduziu a sua vida segundo o tradicionalismo militar e espiritual dos samurais e a sua concepção da arte liga-se a um elevado culto da alma e do corpo. Mishima escreveu contos, peças de teatro e romances e escreveu obras como “Confissões de Uma Máscara” (1948), “O Templo Dourado” (1956) ou “O Marinheiro Que Perdeu as Graças do Mar” (1963). “A vida humana é finita mas eu gostaria de viver para sempre”, escreveu Mishima na manhã antes da sua morte.

 

DELÍCIAS DE PENAFIEL -  No fim de semana passado fui alimentar o espírito a Penafiel, à Escritaria, uma festa dedicada à literatura e que este ano homenageou Miguel Esteves Cardoso. Devo fazer uma declaração de interesses - fui um dos convidados para falar sobre aquilo que nos aproximou, a mim e ao Miguel, há muitos anos, mais precisamente sobre os seus textos reunidos no livro “Escrítica Pop”, cuja edição deste ano prefaciei. Por Penafiel passaram muitas pessoas que abordaram as diversas facetas da obra de Miguel Esteves Cardoso, de Manchester a Colares, passando por Lisboa, da música aos jornais e revistas, aos romances e à observação do quotidiano. A Escritaria é uma ideia concretizada por Tito Couto com o apoio da Câmara Municipal de Penafiel. E foi graças a esta conjugação de factos que num dia fui levado ao Sapo, um restaurante da terra que faz muita gente desviar caminho para por lá passar. Há entradas para todos os gostos, desde um excelente queijo da região a enchidos e presuntos notáveis, polvo aos pedaços frito, salada de tomate maduro, salgados diversos, boa azeitona, tudo acompanhado com broa de Avintes. Depois de um carrossel de entradas vêm os pratos sérios, com destaque para o cachaço de vitela assado, acompanhado por arroz de forno. O vinho é da casa, verde branco e verde tinto, eu a preferir o verde branco, verdadeiramente fora de série. A rematar vieram bilheracos, uns bolinhos de abóbora menina frios, polvilhados com açúcar e canela - muito bons mesmo e um pão de ló exemplar. O Sapo fica na Rua da Estrada 25, em Irivo, Penafiel e o telefone é 255 752 326.



DIXIT - “A liberdade é uma troca. É até um mau negócio: pela liberdade de dizer o que penso (...) tenho de aturar as atoardas de todos os facínoras com vontade de abrir a boca” - Miguel Esteves Cardoso.

 

BACK TO BASICS - “Não se consegue domar um tigre fazendo lhe festinhas” -  Roosevelt






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