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Admiro a imaginação das pessoas que assim de repente colocam uma mão plástica no meio de um arbusto. Isto é criatividade pura, uma mão às riscas, preta e branca, que salta no meio do verde, como se nos estivesse a pedir alguma coisa. Qual seria a intenção de quem ali plantou esta mão, na sebe de um largo muito bem arranjado, a contrastar de tal forma com o que está à sua volta que inevitavelmente chama a atenção de quem passa? É como se alguém assim fizesse um manifesto. Esta mão grita:”Olhem para mim!”. E eu fiquei ali a olhar, sem saber se a mão pertencia a algum putativo candidato presidencial, se era uma mensagem subliminar para as próximas autárquicas ou se era um gesto a anunciar que tudo está a mudar e nada vai ser como era. É que antes não saíam mãos dos arbustos, muito menos às riscas e com um buraco no meio. Esta é uma mão surrealista, uma intervenção deliciosamente provocatória. Agora imaginem que esta mão artificial era uma dessas plantas invasoras que se multiplicam na natureza. Já pensaram o que seria um bosque cheio de mãos assim, despudoradamente acenando para quem passa? Levo o pensamento mais longe. Fecho os olhos, imagino o hemiciclo de S.Bento todo coberto de densos arbustos verdes, com mãos destas saltando por todo o lado. Os ecologistas claro que ficariam todos contentes, os defensores dos animais iriam certamente proteger as mãos não fossem elas ter algum ser vivo por trás, os grandes partidos entrariam em crise profunda, tecendo suspeitas de tenebrosas conspirações. E algum tribuno com vivos dotes oratórios faria um discurso exacerbado sobre a necessidade de regular a existência destas estranhas mãos que surgem em arbustos. Já vi coisas piores no Parlamento.
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