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A RTP E O FUTEBOL - Nada como uma competição de futebol com a participação da Selecção Nacional para ver qual o entendimento, dos poderes reinantes, sobre o que é o serviço público de televisão. Vamos a dados que os números não enganam. Na semana passada um pouco mais de oito milhões de pessoas viram televisão, mas nenhum dos jogos da selecção chegou sequer a metade desse valor. O que teve maior audiência, frente à Chéquia,  fez 3,4 milhões de espectadores, na SIC, enquanto na RTP1 o jogo com a Turquia ficou nos 2,6 milhões. Em contrapartida a RTP1 registou na semana inaugural do Euro a sua maior média semanal de share do ano, 12,8%, graças aos quatro jogos que transmitiu, três deles entre equipas de outros países. A média anual do canal público  até esta altura é de 10,9%. Há sempre quem defenda que transmitir jogos da selecção é fazer serviço público - embora se perceba mal porque é que tal raciocínio vence quando os operadores privados também os podem emitir - ninguém fica sem ver a Selecção se os jogos não forem emitidos pela RTP. Mas a  RTP desde há muitos anos faz finca pé nisso e tem sido suportada por vários governos, de todas as cores, que até regulamentam que transmissões devem ser consideradas de interesse público. Absurdo maior não pode haver. Nada me move contra o futebol e as suas transmissões, mas não consigo compreender porque é que o serviço público de televisão tem nele o seu principal pilar de programação, quer em transmissões quer em programas de debate e comentário. Na semana passada o Presidente da RTP, Nicolau Santos, foi ao Parlamento e disse o óbvio - há um problema na empresa que dirige, reconhecendo que o canal de informação RTP3 é o que, nessa tipologia, piores resultados alcança. Numa altura em que Luís Montenegro sugeriu querer espalhar dinheiro sobre comunicação, incluindo a RTP, convinha saber qual o entendimento do Governo sobre a estratégia para o serviço público audiovisual. Ninguém a conhece, o que não deixa de ser preocupante.

 

SEMANADACerca de 32 mil crimes de cariz sexual foram investigados pela PJ no espaço de 10 anos, uma média de mais de três mil novos crimes sexuais  por ano; há 450 mil doentes à espera de uma primeira consulta de especialidade além do tempo recomendado; o consumo de antidepressivos quase duplicou na última década; um estudo recente indica que 22,9% dos portugueses sofrem de doenças do foro psiquiátrico; Portugal é o país da UE onde a falta de acesso à habitação mais se agrava; desde 2015 o esforço das famílias portuguesas para adquirir um imóvel, aumentou mais de 50%, o maior agravamento entre os países da União Europeia;  o sector da construção tem mais de 340 mil trabalhadores, dos quais 69 mil imigrantes e precisa de mais 80 a 90 mil pessoas; das 100 empresas que mostraram interesse em testar a semana de quatro dias, 21 levaram o teste de um ano até ao fim e 11 decidiram prolongá-lo; no caso das que decidiram avançar quase 80% consideraram que o impacto financeiro da experiência foi neutro; reduções no absentismo, aumento na capacidade de recrutamento e diminuição na rotatividade foram outras vantagens apontadas; há 45 cursos com taxa de desemprego zero e são todos nas áreas da saúde e engenharia, mas há 21 cursos de outras áreas em que a taxa de desemprego dos licenciados é igual ou superior a 10%.; o abandono escolar após o primeiro ano de licenciatura voltou a aumentar nas instituições de ensino superior públicas e continua a ser nos politécnicos que os alunos mais desistem.

 

O ARCO DA VELHA -No Algarve as perdas de água da rede de distribuição dariam para abastecer quase metade da população.

 

Rosa Carvalho, Montségur, 2004, óleo sobre tela,

OUTRA FORMA DE VER - Até 7 de Outubro está patente na Fundação Arpad-Szenes-Vieira da Silva a exposição “Às Escuras” de Rosa Carvalho, uma artista que  desde os meados dos anos 80 do século passado se tem afirmado como uma pintora figurativa em que as temáticas da paisagem e as referências à história da arte antiga foram dominantes. Nos últimos anos a artista iniciou uma outra linha de trabalho: a construção de pequenas maquetas-esculturas de paisagens feitas com materiais reciclados e transformação de materiais e objectos e o recurso a miniaturas. A exposição, com curadoria de Isabel Carlos, reúne um conjunto de mais de 200 trabalhos, entre desenhos, pinturas e objectos tridimensionais, provenientes do espólio pessoal da artista. Esta é uma rara ocasião de contactar com a obra de Rosa Carvalho, mais de uma década depois da sua última exposição individual. A curadora, Isabel Carlos, salienta que “ a artista pinta numa sala sem janelas, sem contacto com o exterior, sem luz natural, na escuridão: a tela é somente iluminada pela luz do projector, sem ver claramente as cores das tintas que estão ao lado e que vai buscando às cegas, só se revelando quando já estão vertidas no suporte da tela ou do papel. Mas, «às escuras», não somente pelo processo de criação, mas também porque estas obras são um retrato poderoso de um mundo em que hoje vivemos, potencialmente apocalíptico”. Esta exposição está inserida na parceria que existe entre o Museu e a Fundação Carmona e Costa, e é a primeira mostra que tem lugar depois da morte de Maria da Graça Carmona e Costa. (Praça das Amoreiras 56).

 

ClaúdioGarrudo_CI_II.JPG

ROTEIRO -  Em Évora, na Fundação Eugénio de Almeida, está patente até 10 de Novembro a exposição “A liberdade e só a liberdade", com obras de, entre outros, Augusto Brázio, Cláudio Garrudo, Inês d’Orey, Mafalda Santos, Martinho Costa, Nuno Nunes-Ferreira, Patrícia Almeida, Pedro Pascoinho, Rui Horta Pereira, Tiago Casanova e Wasted Rita, com curadoria de Ana Matos. A exposição decorre no Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida, instalado no local onde funcionou o Tribunal do Santo Ofício de Évora, ou seja a Inquisição, extinta em 1821. Na imagem uma das fotografias de “A Celebração do Incontornável”, de Cláudio Garrudo. No Porto,  Museu Nacional Soares dos Reis, pode ser vista até 29 de Dezembro, a exposição “Centro de Arte Contemporânea –  50 anos: A Democratização Vivida”, que evoca a história do CAC – Centro de Arte Contemporânea, embrião da Fundação de Serralves e do seu Museu de Arte Contemporânea. De 1976 a 1980, o Centro de Arte Contemporânea promoveu cerca de 100 exposições e deu oportunidade a artistas como Alberto Carneiro, Ângelo de Sousa, Álvaro Lapa, Júlio Pomar, Emília Nadal, Eduardo Nery para mostrarem as suas obras pela primeira vez no Porto. Com curadoria de Miguel von Hafe Pérez, a exposição ‘Centro de Arte Contemporânea –  50 anos: A Democratização Vivida’ revisita a história desta aventura, recria alguns dos seus momentos expositivos e mostra  muitos documentos gráficos pouco conhecidos.

 

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CONTOS EXTRAORDINÁRIOS - Gosto de livros de contos, esses pequenos textos que encerram uma história e que podem ser lidos ao sabor do ritmo que quisermos. Depois de ter estado esgotado alguns anos eis agora reeditado “Morte no Verão E Outras Histórias”, que apresenta dez dos contos mais extraordinários escritos por Yukio Mishima, publicados originalmente em revistas e compilados pelo próprio autor. São um bom exemplo do talento de Mishima para retratar a forma como os mais diversos seres humanos enfrentam momentos decisivos. Gueixas que rezam à Lua pelos seus desejos, artistas em confronto com a tradição e consigo mesmos, um militar e a mulher que não o abandona na maior prova de lealdade à pátria, uma família que procura exorcizar uma tragédia: são estas algumas das personagens destas páginas. Mishima cria frases que ficam na memória., como esta que surge logo no segundo conto, uma história de um casal apaixonado que planeia a sua vida em comum: “os olhos dela eram claros e não tinham tempo para outros homens”, uma das mais belas descrições de Amor que tenho lido. Ou esta outra, saída de outro conto: “O seu campo de batalha era um campo sem glória, onde ninguém podia praticar atos de coragem: era a frente de batalha do espírito.” Yukio Mishima, pseudónimo de Kimitake Hiraoka, nasceu em Tóquio em 1925 e suicidou-se praticando o ritual japonês seppuku, a 25 de novembro de 1970, manifestando assim a sua discordância perante o abandono das tradições japonesas e a aceitação acrítica de modelos consumistas ocidentais, comportamento ditado pelo seu idealismo, enraizado no tradicionalismo militar e espiritual dos samurais. Edição Livros do Brasil.

 

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CANÇÕES INTEMPORAIS - John Cale tem agora 82 anos e vai no seu 18º disco a solo. Estudou música clássica no Reino Unido e em Nova Iorque descobriu novos horizontes com John Cage. Há 60 anos, em 1964, conheceu Lou Reed e juntos, com mais alguns músicos,  puseram a andar os Velvet Underground. Em 1967 foi publicado o célebre álbum “The Velvet Underground & Nico”, cuja capa, desenhada por Andy Warhol, ostentava uma banana. Pouco tempo depois Cale começou uma carreira a solo e foi colaborando com numerosos artistas de várias gerações como Patti Smith, The Stooges ou Marc Almond, entre muitos outros. Uma das coisas que o tem distinguido ao longo da sua carreira de seis décadas é a forma como combina a influência de compositores clássicos europeus com músicos de vanguarda como Cage ou inovadores como Brian Eno.“POPtical Illusion” é o seu novo disco, lançado há poucas semanas e um ano depois de ter apresentado outro álbum de originais, “Mercy”. Quem ouvir o novo disco terá dificuldade em perceber que o autor tem 82 anos, que consegue continuar a inovar, a mostrar imaginação. Enquanto “Mercy” tinha temas de homenagem a nomes já desaparecidos como Reed, Nico ou Bowie, o novo disco olha para este mundo e o estado em que se encontra. Cale descreve como tudo parece desmoronar-se à sua volta. No meio de canções sobre o estado do planeta ouvem-se sons de guitarra, misturada com sintetizadores e batidas de hip hop, num cocktail de que só um grande músico e multi-instrumentista, como Cale, é capaz. O novo “POPtical Illusion” tem 13 temas, uma hora de música, com a marcante voz de Cale a cantar temas como “Edge Of Reason”, “I’m Angry”, “How We See The Light”, “Setting Fires”, All To The Good” ou “Laughing In My Sleep”- canções em que os títulos contam logo toda uma história. Disponível nas plataformas de streaming.

 

DIXIT - “Os lisboetas tornaram-se a erva daninha que cresce à sombra da árvore do turismo” -  Clara Ferreira Alves 

 

BACK TO BASICS - “Quando toda a gente pensa o mesmo é sinal de que há falta de pensamento” - Walter Lipmann

 

A ESQUINA DO RIO É PUBLICADA SEMANALMENTE, ÀS SEXTAS, NO SUPLEMENTO WEEKEND DO JORNAL DE  NEGÓCIOS

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