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O JOGO DE QUE OS POLÍTICOS GOSTAM

por falcao, em 09.07.21

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O PINGUE PONGUE -  Uma coisa muito divertida é ver um jogo de pingue pongue político. Não sabem o que é? Passo a explicar: na sexta-feira passada Augusto Santos Silva disse ao Expresso que gostava de voltar à sua profissão, na Universidade, e lançou para o ar ter esperança que o PS contemplasse este desejo. Foi o remate de saída do pingue pongue da remodelação governamental que se fará certamente, não se sabe é quando. Mas logo no dia a seguir, em entrevista ao Público, António Costa veio dizer não estar prevista nenhuma remodelação no horizonte e sublinhou que, no seu entender, Augusto Santos Silva ainda tem muito tempo para continuar no Governo. Tudo isto se passou no final de um profilático isolamento pandémico que foi também muito conveniente para evitar a António Costa a exposição a perguntas incómodas sobre Eduardo Cabrita e outros episódios da governação - este foi um caso exemplar de confinamento comunicacional, uma interessante forma de gestão de crise em matéria de relações públicas. O primeiro Ministro acabou por voltar a aparecer em público para assistir ao enunciado de promessas de Fernando Medina, na apresentação da sua recandidatura. Ora aqui está um caso que merecia um pingue pongue, até agora inexistente: ainda ninguém, nem Carlos Moedas, apareceu em resposta à jogada do actual Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, a dizer quais as promessas eleitorais de Medina na anterior campanha que ficaram por cumprir após quatro anos de desgraçada gestão da capital. Assim sendo, Medina arrisca-se a ganhar o jogo por falta de comparência do adversário.

 

SEMANADA - Entre Março de 2020 e Fevereiro deste ano fizeram-se menos 13,4 milhões de contactos presenciais médicos e de enfermagem nos centros de saúde e mais de um milhão de pessoas continuam sem ter médico de família atribuído; um grupo de trabalho nomeado pelo Governo considera que deve haver um médico e um enfermeiro de saúde pública por cada 20 mil habitantes;  perto de 450 mil rastreios ao cancro ficaram por fazer no primeiro ano da pandemia; a Procuradora Geral da República foi acusada de contornar a lei para conseguir nomear um dirigente da sua escolha para o Ministério Público no norte; previsões da União Europeia indicam que a economia portuguesa deverá este ano crescer abaixo da média da UE e da zona Euro; a pandemia provocou uma quebra de 40% no IVA cobrado a restaurantes e alojamento; o benefício que isenta de IRS residentes estrangeiros disparou 44% em 2020 em comparação com o ano anterior; o crédito para compra de casas atingiu este ano os valores máximos desde 2008; a ajuda do estado só chegou a 21% das pequenas e médias empresas durante a pandemia e foi das mais pequenas da zona Euro; segundo a Marktest a intenção de compra de automóvel nos próximos 123 meses aumentou para os valores máximos da década.

 

O ARCO DA VELHA - O carro em que Eduardo Cabrita teve o acidente na A6 é propriedade de uma empresa da sogra de um detido por tráfico de droga, que continua a pagar a prestação mensal da viatura, e que pretende agora ser indemnizada pelos danos causados ao veículo e pelo que considera uma utilização abusiva do automóvel apreendido.

 

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SUGESTÕES VISUAIS  - Várias galerias de arte portuguesas estão por estes dias em Madrid, na ARCO, a mais importante mostra de arte contemporânea da península ibérica. Mas mesmo com a ARCO Madrid a decorrer, a actividade por cá não pára e um bom exemplo disso é a Colectiva de Verão da Galeria Módulo. Mário Teixeira da Silva, o galerista que fundou e dirige a Módulo, tem vindo a centrar boa parte da sua actividade na descoberta e divulgação de novos talentos nos diversos campos das artes plásticas. Esta Colectiva de Verão acaba por ser um repositório dos artistas que têm exposto na Galeria e que são Ana Mata, Ana Romãozinho, Anabela Maravilhas, Brígida Mendes, Carlos Alberto Correia, Catarina Osório de Castro, Fátima Frade Reis, Fernando Marante, Joana Hintze, Juliana Julieta (a imagem é de uma das suas obras), Mafalda Marques Correia, Nuno Gil, Pollyanna Freire, Rui Neiva, Tiago Santos e Tito Mouraz. A Módulo fica na Calçada dos Mestres 34, em Campolide, e pode ser visitada de terça a sábado entre as 15 as 19 horas. Regressando à ARCO Madrid, os portugueses Maria João Santos e Armando Cabral foram distinguidos pelo certame com o prémio Colecção Privada Internacional. O casal, que tem vindo a construir uma importante colecção de arte contemporânea, iniciada no princípio deste milénio e que inclui obras desde os anos 70, abriu em 2019 a Rialto6, uma organização e galeria que mostra o trabalho de artistas portugueses e estrangeiros e obras da própria colecção. Armando Cabral é um engenheiro de formação, consultor em estratégia empresarial e Senior Partner da McKinsey & Company, sendo parte da equipa de liderança do escritório de África, em Luanda. Finalmente, esta semana o grande destaque internacional vai para a retrospectiva de Paula Rego na Tate Britain, de Londres, que inaugurou por estes dias e ficará até 24 de Outubro. Trata-se da maior exposição da artista realizada em Londres e mostra mais de cem obras de diversas fases da sua carreira.

 

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UM DIÁRIO -  O recolhimento forçado criado pelos períodos de confinemento foi um autêntico catalisador de criatividade - em áreas como a música, a literatura e as artes plásticas. Nos últimos meses têm surgido obras que mostram isso mesmo, a visão e a vivência que cada um teve durante o período de confinamento, sobretudo o primeiro, de 2020. Gonçalo M. Tavares, que anda nestas mesmas páginas do Jornal de Negócios, registou um diário entre 23 de Março e 20 de Junho de 2020. Em cada dia um facto ou uma síntese. Os títulos que deu a cada um dos 92 registos do seu quotidiano alterado são por si só um exercício de observação. Por exemplo “Quem Lava os pratos”, “Dois modos de sair do mundo das notícias”, “O humano é um animal que sabe esperar”, “Proibido sentar nos bancos que são feitos para sentar”, “Aguardamos instruções do Estado para nos aproximarmos da alegria”, “O rosto humano são dois olhos” e a minha preferida, “É muito estranho uma máquina parecer triste”. Reunidas agora em livro, as memórias desse tempo levaram o nome de  “Diário da Peste”, um repositório de notícias e experiências pessoais, com uma visão crítica sobre a sociedade actual. Gonçalo M. Tavares escreve que este é “um século XXI partido em dois por um vírus”. Gonçalo M. Tavares é autor de uma obra extensa, traduzida em cerca de 60 países e o New York Times referiu-se-lhe como “um escritor diferente de tudo o que lemos até hoje”. “Diário da Peste- o ano de 2020” está editado pela Relógio d’Água.

 

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FUNKY MILES - No dia 1 de Julho de 1991, há 30 anos, Miles Davis deu um dos seus últimos concertos numa localidade francesa perto de Poitiers, onde Miles e o seu grupo eram os cabeças de cartaz do festival Jazz à Viennes. O músico veio a morrer em 28 de Setembro desse ano e a gravação do concerto em Viennes era inédita até agora. A Rhino Records acabou de lançar a gravação no mercado com um álbum intitulado “Merci Miles! Live at Vienne”, já disponível nas plataformas de streaming. O disco tem uma duração de 1h20, oito temas, incluindo dois escritos por Prince - “Penetration” e “Jailbait”. O alinhamento do disco é o espelho daquilo que na época era o território musical que Miles Davis explorava, algures entre o funk, o rock, o rhythm’n’blues e o hip-hop. O disco mostra Miles Davis de forma mais descontraída do que nas gravações de estúdio do final da sua vida - como por exemplo se pode constatar na versão de “Time After Time”, um original de Cindy Lauper. As duas composições de Prince espelham a colaboração e admiração recíproca entre os dois músicos e são de certa forma o sinal do caminho que Miles queria seguir na época. O disco abre com uma versão de “Hannibal”, um original de Marcus Miller escrito para Davis, logo seguido de uma longa versão, de 15 minutos, de “Human Nature”, de Michael Jackson. O álbum, que no formato físico é um duplo CD e duplo LP, inclui notas do historiador,  jornalista e produtor Ashley Kahn. No espectáculo, além de Miles Davis, participaram músicos como o baixista Foley, um segundo viola-baixo Richard Patterson,  o baterista Ricky Wellman, o teclista Deron Johnson e o saxofonista Kenny Garrett. Cabia a Foley dirigir a banda e sobretudo alimentar a secção rítmica cujo trabalho é exemplarmente mostrado na derradeira faixa. O álbum acaba por ser o retrato de Miles Davis depois de 30 anos de carreira musical.

 

REFEIÇÃO ACIDENTADA - Ao fim de vários meses a imaginar menus cozinhados em casa, volta e meia falha a imaginação. Nessas alturas recorro ao take away. Nunca fui grande fã de encomendar entregas de comida pelos serviços dos operadores principais, quando possível prefiro os serviços próprios dos restaurantes, ou então ir eu mesmo buscar. Recentemente tive uma má experiência com a Uber. A encomenda, de uns dumplings que queria provar, levou uma hora e quarenta e sete minutos para chegar entre o momento em que foi feita e o momento da entrega. Pelo meio fui tendo avisos que o entregador estava a fazer outras entregas e a plataforma dizia que esta acumulação de pedidos num só entregador se destinava a tornar tudo mais eficaz. O resultado esteve à vista num entregador incapaz de compreender português, que se deslocava de bicicleta entre um restaurante que não está num sítio plano para um local também ele numa subida. Um desastre que tirou o prazer de uns dumplings sortidos do Madam Bo, que deram grandes voltas por Lisboa e que, quando chegaram às minhas mãos, eram uma triste sombra daquilo que seriam frescos. Ainda por cima não há na plataforma da Uber forma visível de contactar um centro de operações, apenas o entregador. Depois da entrega reclamei e, diga-se, a Uber reembolsou-me integralmente. Mas isso não evita ter-me estragado um jantar que me apetecia ter experimentado em boas condições. 

 

DIXIT - “A pandemia ensinou-nos lições extraordinárias. Desconstruíu um mito propagandístico divulgado pelos economistas da saúde de que, no futuro, era para diminuir o número de camas de internamento. Como se viu, não é possível.” - Gonçalo Cordeiro Ferreira, Director de Pediatria do Hospital D. Estefânia.

 

BACK TO BASICS - “É uma ilusão pensar que as fotografias são feitas por uma máquina… elas são feitas com o olhar, o coração e a cabeça” - Henri Cartier Bresson.

 

 




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