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A INJUSTIÇA - A nossa justiça não julga, gere as prescrições dos processos. No caso da Operação Marquês a juíza que tinha o encargo de reapreciar a decisão do juiz Ivo Rosa, que estava de baixa, sobre 12 crimes de falsificação de documentos e branqueamento de capitais imputados a José Sócrates e ao seu amigo Carlos Santos Silva, despachou de novo, no primeiro dia das férias judiciais, o processo para Ivo Rosa, um juiz cuja actuação neste caso tem sido polémica. Recordo que a investigação que levou à acusação e detenção de José Sócrates remonta há dez anos. Mais curioso ainda o processo não é considerado urgente, portanto ninguém tocará no assunto até ao final das férias judiciais a 31 de agosto, fazendo prescrever um dos três crimes de falsificação de que Sócrates estava acusado, sendo que os outros dois prescrevem em Abril e Junho de 2025. Outro caso que se candidata a campeão das prescrições é o que apura responsabilidades criminais no colapso do universo ligado ao Banco Espírito Santo.  Pelas contas do próprio Ministério Público, até final de Março do próximo ano, vão prescrever mais de 30 crimes num rol de mais de 300 e uma parte deles irá prescrever, e um até já prescreveu, antes mesmo da data previsível para o julgamento avançar, no próximo dia 15 de Outubro. Aqui está outro caso considerado não urgente e que aguardará pelo final das férias judiciais para ter algum desenvolvimento. Estes dois casos são o espelho da injusta justiça portuguesa, das guerras entre juízes, de decisões polémicas, investigações imperfeitas, malabarismos de advogados, de um quadro legal que facilita infindáveis expedientes para empatar e de um sistema que pura e simplesmente não funciona. Não se pode confiar na justiça e ninguém com capacidade de acção e decisão se importa com o assunto.

 

SEMANADA - A dois anos e meio do fim o PRR tem apenas 5% dos investimentos concluídos; do restante, quatro em cada dez investimentos do PRR estão em estado preocupante ou crítico; actualmente as burlas representam 17,44% de toda a criminalidade denunciada à PSP e alcançam uma média de 200 por dia; nos últimos três anos o mercado dos táxis perdeu quase seis mil motoristas; quase 30% dos idosos têm despesas de saúde incomportáveis com o que recebem; 784 euros é o montante médio das despesas directas em saúde no grupo etário dos 70-74 anos; entre os 27 Estados da União Europeia a população portuguesa foi das poucas que apenas cresceram em 2023 devido a um saldo migratório positivo e a taxa de crescimento migratório em Portugal foi a terceira mais alta da UE; há mais três mil crianças até aos 14 anos a viver em Portugal, um aumento que não acontecia há 20 anos e a imigração é a principal explicação para esta subida;  apenas 24% dos jovens com idades entre os 18 e os 24 anos dizem ter votado nas penúltimas eleições legislativas; no primeiro trimestre deste ano registarram se 49 afogamentos, mais cinco que em igual período do ano passado; no Metro de Lisboa há 39 escadas rolantes paradas e 22 elevadores sem funcionar, um significativo aumento face ao ano passado.

 

O ARCO DA VELHA - Oito anos depois o plano Ferrovia 2020 não chegou a meio do planeado e acumulam-se atrasos nas obras ferroviárias, muitos deles por concursos públicos mal concebidos sem projectos de execução.

 

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IMAGENS DA MODA - No Centro Cultural de Cascais pode ser vista uma exposição sobre Coco Chanel que mostra fotografias, em grande parte feitas por François Kollar, que documentou a vida da célebre estilista francesa. A fotografia que ilustra este artigo é aliás da sua autoria e foi feita no apartamento do Hotel Ritz em Paris, onde Coco vivia. Mas além de numerosas fotografias estão expostas obras de arte representativas das vanguardas artísticas da Paris do século XX com quem a estilista convivia  e  peças de vestuário da sua autoria que ostentam a emblemática camélia, flor símbolo da marca fundada por Gabrielle “Coco” Chanel há mais de um século. A exposição “Coco Chanel, além da moda”,  inédita em Portugal, é apresentada em exclusivo pela Fundação D. Luís I com o apoio da Câmara Municipal de Cascais e está patente até 3 de Novembro Centro Cultural de Cascais. Fotografias efectuadas por nomes  como André Kertész, Man Ray e François Kollar dividem o espaço do Centro Cultural de Cascais com obras de Salvador Dalí (que desenhou o frasco do perfume Chanel nº 5), esculturas de Apeles Fenosa, pinturas de Tamara de Lempicka, Óscar Domínguez e Josep María Sert, litografias e águas-tintas de Pablo Picasso. A exposição integra ainda uma seção sobre a moda da época, com referências a nomes como Elsa Schiaparelli e Madeleine Vionnet, e inclui  peças de vestuário da Maison CHANEL, como os clássicos sapatos bicolores de salto raso, as malas com alças de corrente  criadas pela própria Coco Chanel e vários vestidos que fazem a imagem da marca.

 

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ROTEIRO -  Na Biblioteca Nacional, até 21 de setembro, uma exposição mostra dezenas dos cartazes das mais diversas organizações alusivos aos anos de 1974 e 1975 sob o título “A Revolução em Marcha”. Na Galeria 111, em Lisboa, até 7 de Setembro, a exposição “Nunca se está sozinho” apresenta pinturas de  Eduardo Antonio, Heron P Nogueira, Isadora Almeida, Pedro Barassi, Pedro Linares.  E em Lisboa, na Cristina Guerra Contemporary Art (Rua de Santo António à Estrela 33) pode ser vista até 28 de Setembro a exposição colectiva “White Noise” com trabalhos de dez artistas, como Yonamine, José Loureiro , Filipa César, André Cepeda, João Maria Gusmão, João Onofre e Mariana Gomes, entre outros (na imagem). Na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, José Maria Gusmão apresenta até 25 de Outubro uma exposição concebida em filmes de 16mm, Animal Farm - de segunda a sábado entre as 18 e as 22H. Na Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa, até 24 de Agosto pode ser vista a exposição dos Finalistas do curso de Pintura deste ano lectivo da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. E nos Açores, em Ponta Delgada, a Galeria Fonseca Macedo continua a assinalar os seus 25 anos de actividade com a exposição A Natureza Como Eu a Vejo, que apresenta até 14 de Setembro trabalhos de Urbano, Vasco Barata e Margarida Andrade.

 

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O COMBOIO DA AVENTURA  - Gosto de livros de viagens, se meterem comboios ainda melhor e se em pano de fundo houver um mistério a coisa fica perfeita. É isso que se passa com Guia do Viajante Prudente Rumo às Terras Ermas, o primeiro romance da britânica Sarah Brooks. Vamos à história: entre Moscovo e Pequim, existe uma vasta extensão de território conhecida como Terras Ermas, isolada do mundo. A única forma de atravessar esta paisagem de vastas florestas, territórios desertos  e lendas misteriosas e criaturas é a bordo do Grande Expresso Transiberiano, uma maravilha da engenharia do século XIX, construído para transportar mercadorias através dos continentes, e que depressa começou a ser disputado por passageiros com vontade de emoções fortes e de uma viagem única. Sarah Brooks fez ela própria essa viagem e assim nasceu este livro. A acção do romance começa na partida do Grande Expresso Transiberiano de Pequim, em 1899, até chegar ao seu destino, 23 dias depois. O comboio saíu de Pequim com todos os lugares reservados,  da luxuosa primeira classe à modesta terceira classe onde se amontoam viajantes. Entre aqueles que embarcam na viagem  estão Marya Petrovna, de luto pelo pai,  Henry James, um naturalista à procura de redenção, uma condessa russa de São Petersburgo, Elena, que tem uma ligação especial com a região e Weiwei, a criança nascida a bordo do comboio, que conhece de cor todos os seus cantos e recantos. Sarah Brooks faz um relato do dia a dia do comboio, do seu funcionamento, uma espécie de cidade em movimento sobre carris, numa viagem onde mistério e suspense andam de mãos dadas. Edição Bertrand.

 

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OUTRO SAXOFONE - Nos últimos anos o saxofonista Oded Tzur, um israelita que vive e trabalha em Nova Iorque,ganhou reputação como um dos mais inovadores músicos da sua geração. O Guardian descreveu a forma como toca como “um raro murmúrio saído de um saxofone tenor”. Isso pode sentir-se logo em Child You, o primeiro tema do seu novo álbum My Prophet. No disco Oded Tzur é acompanhado pelos outros três músicos do seu quarteto, o pianista Nitai Hershkovits, o baixo Petros Klampanis e o baterista Cyrano Almeida. Este é um disco invulgarmente tranquilo que combina a improvisação do jazz com a delicadeza de melodias que caracterizam a forma de tocar de Tzur. Por exemplo em Through A Land Unknown o trabalho do baixo, piano e bateria a preparar o caminho para o saxofone irromper, é absolutamente notável, sobretudo o diálogo entre piano e baixo. Ao longo de seis temas os músicos mostram a forma como se complementam, numa simbiose rara hoje em dia. O disco foi gravado em França em Novembro de 2023. Mas talvez a minha faixa preferida seja a que dá o título ao álbum, My Prophet, e que ao longo de 11 minutos mostra como o piano de Hershkovits e o saxofone de Tzur dialogam de forma perfeita. Edição ECM, disponível nas plataformas de streaming.

 

UMA PERGUNTINHA - Existe isenção de regras de trânsito para TVDE,  Tuk Tuk e os entregadores das várias plataformas?

 

WEEKEND - Uma equipa durante muitos anos ligada à rádio Radar criou agora a Futura - rádio de autor. É uma rádio em streaming, com uma invulgar escolha musical e que me tem acompanhado nos últimos dias e provavelmente acompanhará nos próximos. Busquem www.radiofutura.pt ou procurem a app, que funciona bem. Manuel Teixeira Gomes, sétimo Presidente da República, saíu de Portugal em 1925 seis dias depois de renunciar ao cargo e não mais voltou. Morreu em 1941 e ao longo dos anos e dos locais por onde passou escreveu “Regressos”, um livro de memórias do seu país, um livro de viagens e evocações, edição Quetzal.  E a terminar, um local - apesar das férias a galeria, a livraria e o simpático café da Brotéria continuam a funcionar. Fica na Rua de S. Pedro de Alcântara 3. O café está aberto de segunda  a sábado das 10 às 18 até 12 de Agosto. É um belo local no centro de Lisboa.

 

DIXIT - “O mundo cultural da geração mais preparada é como o das conversas do Big Brother” - José Pacheco Pereira

 

BACK TO BASICS - “O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem, portugueses: só vos faltam as qualidades!” - José de Almada Negreiros

 

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A ESQUINA DO RIO É PUBLICADA SEMANALMENTE, ÀS SEXTAS, NO SUPLEMENTO WEEKEND DO JORNAL DE  NEGÓCIOS




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