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O NOVO CRITÉRIO DE VOTO

por falcao, em 23.07.21

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A CAMPANHA AUTÁRQUICA - Daqui a dois meses vamos ter eleições autárquicas. Este ano tudo se passa numa conjuntura inédita: no final de Setembro, quando votarmos, teremos ano e meio de vivência da pandemia de Covid-19 e, pela primeira vez, existe um novo critério de análise do trabalho feito pelos autarcas. Este ano não basta olhar para as obras públicas, para as rotundas ou os jardins. Não basta ver que promessas foram feitas na campanha de há quatro anos e quais as que não foram cumpridas. Não basta ver ilegalidades e atentados à privacidade. Este ano há um critério muito objectivo, que deve ser analisado em cada caso: como é que cada autarca lidou com a pandemia? Foi rápido a tomar decisões e a criar formas de auxílio às populações? É preciso saber se os autarcas tiveram iniciativa própria ou se estiveram à espera de instruções; se alocaram meios rapidamente ou se esperaram por decisões do Governo. Já se sabe que em Lisboa Fernando Medina andou aos zigue-zagues durante tempos demais, à espera que o seu amigo António Costa lhe indicasse o caminho. Esteve desaparecido durante demasiado tempo no início da pandemia. Nas acções e nos meios disponibilizados é enorme o contraste com o que autarcas como Isaltino de Morais em Oeiras ou Carlos Carreiras em Cascais fizeram, reagindo de forma rápida e criativa, disponibilizando recursos humanos e materiais e promovendo desde muito cedo acções concretas. Infelizmente não foi isso que se passou na capital, onde tudo demorou a acontecer. A análise do que se passou em cada local no combate à pandemia e no apoio às populações é a pedra de toque que deve decidir quem tem razões para continuar ou quem não merece mais a confiança dos eleitores. 

 

SEMANADA - Uma sondagem publicada esta semana indica que Rui Rio apenas convence um quarto dos votantes em eleições legislativas; a popularidade de António Costa e de Marcelo Rebelo de Sousa caíu a pique no último mês; outra sondagem indica que 81% dos portugueses desejam uma remodelação do Governo e Eduardo Cabrita é o Ministro cuja saída é mais desejada; no primeiro semestre do ano os portugueses fizeram 4,8 mil milhões de euros de compras em supermercados; um estudo publicado esta semana indica que a pandemia provocou a perda de 16 mil postos de trabalho na área do desporto e a redução de 110 mil praticantes federados; no último mês as faixas etárias mais novas registaram mais de 31 mil casos de COVID-19 e a faixa entre os 0 e 9 anos registou mais casos que a faixa entre 0 e 59 anos; o PS, o BE e o PAN aprovaram facilitar o acesso do Ministério Público a mensagens privadas; o Ministério da Administração Interna divulgou o relatório sobre as celebrações da vitória do Sporting no Campeonato, mas rasurou diversas partes, deixando uma série de questões por esclarecer; 51% das pessoas com doutoramento em Portugal são mulheres; a CP está a suprimir comboios por falta de maquinistas; o relatório da comissão parlamentar ao Novo Banco afirma que a supervisão do Banco de Portugal falhou; a  investigação a Manuel Pinho, que vai ser interrogado dia 30 por suspeitas de corrupção concluiu que o ex-ministro de José Sócrates terá alegadamente recebido 3,57 milhões de euros do Grupo Espírito Santo através de quatro offshores.

 

O ARCO DA VELHA - O carro do Ministro do Ambiente foi sinalizado, no mesmo dia, a mais de 160 km/h numa estrada nacional e a mais de 200 km/h numa auto-estrada, sem luzes de emergência ligadas. Em resposta o Ministro disse que não era ela que ia a conduzir e não se apercebeu. E diz que já recomendou ao seu motorista para não andar em excesso de velocidade.

 

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A IMAGEM - “Vertigo” é o nome da nova exposição do Centro de Artes Visuais de Coimbra, uma mostra que percorre a colecção, baseada nos Encontros de Fotografia. Com curadoria de Ana Anacleto a exposição fica patente até 12 de Setembro e inclui obras de mais de 60 fotógrafos portugueses e estrangeiros, ilustrativa da que é uma das mais relevantes colecções de fotografia portuguesas, criada graças à iniciativa de Albano da Silva Pereira que lançou e desenvolveu os Encontros de Fotografia de Coimbra. Bernard Plossu, Boyd Webb, Daniel Blaufuks, Edgar Martins, Henri Cartier-Bresson, Inês Gonçalves, Joan Fontcuberta, Jorge Molder, Neal Slavin, Walker Evans, Robert Frank e  Paulo Nozolino são apenas alguns dos nomes representados, assim como António Júlio Duarte cuja imagem, “Ilustração Científica” acompanha esta nota. Permanecendo na fotografia recomendo que até dia 24 vejam os novos trabalhos de José Pedro Cortes na exposição “Corpo Capital” na Galeria Francisco Fino, em Lisboa. Ainda na fotografia, na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, mediante marcação prévia, pode ver “Os Arquivos Fotográficos da Década de 30”. A exposição mostra uma colecção preservada pela instituição que abrange imagens de obras de arte, fotografias de trabalhos de alunos e sobretudo cerca 450 fotografias do artista português Eduardo Portugal. Para sair da fotografia uma sugestão final: no atelier-museu Júlio Pomar pode ser vista a exposição “Os Livros de Júlio Pomar”, com curadoria de Mariana Pinto dos Santos. Pomar dizia que arte e literatura são coisas indissociáveis e ao longo da sua vida fez capas de livros, ilustrações para diversas edições e fez obras inspiradas pelas leituras que foi fazendo.

 

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VIAJAR NUM LIVRO - Estamos naquele ponto em que nos apetece voltar a viajar, conhecer lugares novos, revisitar preferências, ir à descoberta ou à memória. Mas, como o fim de semana passado infelizmente mostrou, viajar para paragens longínquas, que exijam avião, é ainda um martírio. O efeito combinado da pandemia com o laxismo de empresas como a TAP, a Groundforce e a inoperância do Governo em toda esta questão, produziram um efeito explosivo. De maneira que enquanto as águas não sossegarem, resta-me meter no carro e andar o que puder ou então, enquanto isso não acontece, pegar em literatura de viagens e ir lendo o que não posso fazer. A minha proposta desta semana é “Lugares Distantes”, do norte-americano Andrew Solomon, escritor e psicólogo com vasta obra publicada, nomeadamente, além deste  “Lugares Distantes”, “Um Crime da Solidão”, “Longe da Árvore” e “O Demónio da Depressão”, que recebeu o National Book Award em 2001. Na introdução a “Lugares Distantes”, Francisco José Viegas que coordena a colecção “Terra Incógnita” onde o livro saíu, afirma: “Viajar  é o oposto da depressão. A depressão é enroscar-se para dentro e viajar é abrir-se ao  exterior”, sublinhando que Solomon  “escreve para viajantes que perseguem o espírito de curiosidade e  abundância de desconhecido”. Neste livro Andrew Solomon dá-nos a conhecer as noites em Moscovo em 1991, a violência na Líbia, a obsessão pelo corpo no Brasil, as paisagens e o silêncio da Mongólia, a comida e a arte na China.Termino com uma frase de Andrew Solomon: “Um viajante  não se pode dar com as outras pessoas fingindo ser exatamente como elas são; mas pode  dialogar sobre as suas diferenças, deixando de parte a suposição de que o seu modo de  vida é preferível ao delas”. Boas leituras, boa viagem.

 

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QUANDO O JAZZ VAI AO ROCK - Esta nota de hoje é dedicada aos fãs dos Grateful Dead, esse mítico grupo de rock onde pontificava o grande Jerry Garcia e que criou uma legião de fãs e uma cultura muito própria. Dave McMurray é um saxofonista de jazz com fortes raízes no rock e na pop e que começou a sua carreira nos Was (Not Was), um grupo rock criado na zona de Detroit nos anos 80. Anos mais tarde, Don Was, um dos fundadores do grupo, tornou-se responsável pelo catálogo da Blue Note, uma das mais importantes e históricas editoras de jazz. Agora, Don Was foi buscar McMurray, o saxofonista que com ele tocou tantas vezes. E McMurray, que esteve também ao lado de nomes como B.B.King, Bob Dylan, Iggy Pop, Patti Smith, Albert King ou Herbie Hancock, entre muitos outros, propôs-lhe fazer um disco apenas com versões de temas célebres dos Grateful Dead, em versão marcadamente jazzy. A coisa não é mal pensada - Os Dead foram um dos grupos rock mais dados à improvisação, portanto há pontos de contacto. Assim nasceu “Grateful Deadication”, o álbum agora editado pela Blue Note. McMurray transformou clássicos dos Grateful Dead como “Fire On The Mountain”, “Dark Star”, “Touch Of Grey” (com a colaboração vocal de Herschel Boone)  ou “Franklin’s Tower” e chamou para seu lado Bettye LaVette, Bob Weir e Wolf Bros para uma versão soberba de “Loser”.  Ao todo são dez temas do Grateful Dead, aqui trabalhados de forma inesperada. Disponível nas plataformas de streaming.

 

PETISCOS À BEIRA DA ESTRADA -  Confesso que não conhecia Porto de Mós mas esta semana passei por lá, descobri um castelo de formas e cores inesperadas, li sobre a tão antiga história da vila e gostei da paisagem à volta. Por mero acaso decidi almoçar num restaurante nos arredores da Vila, a Cova da Velha. Uma casa tradicional bem conservada, sala ampla, sóbria e confortável. Ao almoço há uma lista que muda todos os dias e que inclui entradas, sopa  uma das cinco possibilidades de prato principal, uma delas vegetariana, e uma sobremesa. As entradas eram umas boas azeitonas, salada de grão e um queijo fresco temperado com ervas e azeite, devidamente acompanhado por pão caseiro e uma broa bem saborosa. A sopa era de legumes mas decidi embarcar logo no prato principal e escolhi umas espetadinhas de vitela em pau de louro, que vinham acompanhadas por umas batatas aos gomos bem cozinhadas e uma sala de tomate muito bom. Ainda estive hesitante em escolher o misto de peixe frito com arroz de tomate, mas caí na tentação da carne e não me arrependi. As sobremesas vêm num tabuleiro com doces regionais e optei por um leite creme queimado, saboroso e na consistência certa.O vinho, a copo, foi o Arqueiros, da Cooperativa da Batalha, que deu boa conta do recado. O serviço é muito atento e simpático e o Cova da Velha obteve já um primeiro prémio de melhor ementa numas jornadas gastronómicas promovidas pelo município de Porto de Mós. Ao jantar a ementa muda, mais opções de escolha, como uma raia braseada com  arroz de legumes ou umas costeletas de borrego com uma vinagreta de hortelã. Aqui está um restaurante para colocar nos roteiros. Cova da Velha, Rua António Santos Major,1, Porto de Mós. Telefone 244482052.

 

DIXIT - “Eduardo Cabrita continua a ser o grande abcesso político do Governo” - Marques Mendes.

 

BACK TO BASICS - “Cuidem de uma figueira como deve ser e quando envelhecerem poderão sentar-se a descansar à sua sombra” - Charles Dickens

 




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