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HERANÇAS POLÍTICAS - Cada vez que o PSD dá um ar da sua graça vem logo alguém do PS recordar, em tom acusatório, os tempos de Passos Coelho. Esquecem-se sempre de referir que Passos Coelho recebeu um país à beira da falência, após anos de governo do PS, protagonizados por José Sócrates. Esquecem que quem chamou a troika foi o Dr Teixeira dos Santos, Ministro das Finanças de Sócrates, perante a iminência de o país colapsar. Mas esta é uma verdade que o PS e seus aliados geringôncicos preferem não recordar. A bitola de avaliação do PS em relação a dirigentes do PSD é a de rastrear se eram próximos de Passos Coelho. Imaginemos agora que o mesmo exercício se aplica ao PS. Para citar só dois casos relevantes tenhamos em conta que o actual Primeiro Ministro António Costa integrou um Governo de José Sócrates e o actual Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, idem. Pois apesar disto o actual Presidente do PS, sempre muito assertivo, veio comentar o Congresso do PSD  proclamando que  o novo líder do PSD, Luís Montenegro, é “uma espécie de “heterónimo político de Passos Coelho”. Este é o mesmo Carlos César que em Maio de 2018, em declarações ao “Observador”, lembrou a “marca muito positiva” que José Sócrates deixou no país como primeiro-ministro. Enquanto a política fôr feita assim o descrédito dos eleitores perante os políticos só terá tendência a crescer. Em matéria de heranças políticas vale a pena recordar que nos últimos 27 anos o PSD governou apenas sete, quatro dos quais para tirar o país da fossa em que o PS o deixou. Recordem-se disto nas próximas eleições.

 

SEMANADA - Dos 3300 milhões de euros do PRR já pagos por Bruxelas chegaram às famílias 51 milhões e às empresas apenas quatro milhões; 113 dos 308 municípios ainda não conseguiram concluir a estratégia local de habitação que lhes permitira concorrer aos fundos do PRR, o que poderá agravar as desigualdades no acesso à habitação; os pedidos de licenciamentos para reabilitação de casas caíram 45% nos primeirtos meses do ano face ao mesmo período do ano passado; a inflação provocará em 2023  o maior aumento de actualização automática das rendas de casa desde os anos 90 do século passado; o Museu do Tesouro Real, no Palácio da Ajuda, recebeu cerca de 15 mil visitantes no primeiro mês em que esteve aberto; a venda de automóveis novos caíu 9,4% no primeiro semestre deste ano; no primeiro mês de funcionamento os novos radares de Lisboa apanharam 1239 condutores em excesso de velocidade por dia; a Provedoria de Justiça recebeu no ano passado mais de 12 mil queixas de cidadãos e o maior número de reclamações tem a ver com a Segurança Social; a violência doméstica já provocou no primeiro semestre a morte de 16 mulheres, tantas quanto em todo o ano passado; a dívida pública portuguesa está a crescer ao ritmo de 42 milhões de euros por dia e atinge agora mais de 280 mil milhões, o maior valor de sempre; nos primeiros cinco meses deste ano a cobrança de impostos teve um valor médio de 117 milhões de euros por dia; um estudo da SEDES indica que os baixos salários, a corrupção e a situação na saúde são os motivos que levam portugueses que emigraram nos últimos anos a não quererem voltar ao país.

 

O ARCO DA VELHA - Desde que, em 1969, foi criado o Gabinete do Novo Aeroporto já foram  realizados estudos para 17 localizações diferentes do novo aeroporto de Lisboa. Em anos diferentes, foram aprovadas formalmente em Conselho de Ministros duas localizações: Ota em 1999  e Alcochete em 2008. Mas tudo continua por fazer.

 

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MUITO PARA VER - No espaço Gabinete, na Central Tejo, o MAAT, apresenta até 29 de Agosto as novas aquisições de obras de arte efetuadas em 2021 e 2022 pela Fundação EDP. As novas obras, bastante diversificadas em termos de origens, autores e data, são de nomes como Fernando Calhau, João Vieira, Miguel Branco, Ana Jotta (na imagem), Luísa Cunha, Jorge Naisbitt e João Gabriel. A exposição, de dezena e meia das novas obras da colecção, procura criar diálogos entre o trabalho dos autores representados. Mas há muito para ver. Neste momento em Lisboa o difícil é escolher o que se poderá querer ver já que a oferta é grande. Alguns destaques: Catarina Pinto Leite expõe na Galeria Diferença,  até 30 de Julho, um conjunto de obras sob o título “Rua de Mão Única”, o título de um livro de Walter Benjamim que em parte inspirou o trabalho da artista, feito em papel japonês, criando uma instalação pensada para o espaço da galeria. O espaço é moldado pelo papel japonês, suspenso, no qual se vislumbram transparências de desenhos, em confronto com pequenos quadros dispostos na parede e que desenham um outro percurso. A curadoria é de João Silvério. Outra sugestão é a mostra Poster Marvila, já na sua sétima edição. Até final de Agosto as ruas de Marvila acolhem posters de artistas como Paula Rego, Cristiano Mangovo, Graça Paz, o fotógrafo Mário Cruz, o humorista Hugo Van der Ding ou o músico Noiserv, entre outros, num total de 20 artistas convidados. Para terminar, na Galeria das Salgadeiras (Rua da Atalaia 12), até 10 de Setembro, Inês d’Orey expõe uma série fotográfica realizada durante uma residência artística em Belgrado, em 2021, “Beograd Concrete”, que mostra a visão da fotógrafa sobre a cidade, especialmente na mistura de estilos e referências arquitectónicas, mostrando como edifícios públicos, construídos entre 1946 e 1980 se intersectam com outros edifícios datados durante a Primeira Guerra Mundial, quando a Jugoslávia foi formada.

 

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UMA HISTÓRIA IMAGINADA - Este livro de que vos vou falar  começa com o relato da parte final de uma viagem que leva um jovem lisboeta a descobrir  a geografia original da sua família por força de um acaso. É a descrição de uma estrada, no Alentejo, da passagem por Monsaraz (um encanto) e Mourão (uma desilusão), até chegar ao destino prometido, a terra dos avós, uma aldeia ao lado de um riacho e que dá pelo nome de Gorda-e-Feia. É aí que o protagonista vai descobrindo pormenores do quotidiano que ignorava, tradições que estão esgotadas, maneiras de falar que desconhecia. O livro de que falo chama-se “Baiôa Sem Data Para Morrer” e é a primeira obra de Rui Couceiro. O autor  tem uma escrita surpreendente, cheia de detalhes, recheada de episódios, misto de observação e de sensação. O livro é na realidade a história da descoberta de uma outra vida fora da cidade, uma narrativa quase em jeito de diário, contando as experiências vividas pelo imaginado protagonista na companhia de uma mão-cheia de personagens castiças, tragicómicas, quase impossíveis. Nota-se o encanto pelos nomes invulgares, pelas situações até então desconhecidas, pela forma de falar e de viver de gentes para quem a cidade pouco significa, pelos episódios de vida e de morte que acontecem longe de tudo, no meio da planície. Há momentos em que se fica na dúvida se tudo é fruto de imaginação ou se existe algum assomo de realidade nas páginas que lemos, tão grande é a mistura entre dados objetivos e pensamentos dispersos. Construído como relato de pequenas histórias, à medida que o romance avança percebemos que elas se juntam num puzzle que se revela no final.  “Baiôa Sem Data Para Morrer” foi agora lançado pela Porto Editora.

 

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UM DISCO CERIMONIAL - O novo álbum de Nick Cave tem menos de 24 minutos de emoção pura com recurso exclusivo a voz, sintetizadores e piano. Estas são sete canções que não o são. São, sim, pensamentos falados, narrativas difusas mas intensas, onde se cruzam temas como o amor e a morte. À primeira vista pode parecer um exercício vazio, mas este novo “Seven Psalms” de Nick Cave é um trabalho de uma enorme sensibilidade e força perante o qual é muito difícil ficar indiferente. Totalmente desligado de modas ou de um estilo musical definido, Nick Cave vai progressivamente afastando-se do rock e aproximando-se de uma religiosidade sem religião definida. O disco consta de sete temas falados, com menos de dois minutos cada, em que as palavras têm um acompanhamento musical minimalista de Nick Cave e do seu colaborador de muitas aventuras Warren Ellis. Os sete temas culminam num longo instrumental que decorre das paisagens sonoras construídas ao longo do resto do disco. Os títulos dos sete salmos assim ditos por Nick Cave dizem tudo: “How Long Have I Waited?”, “Have Mercy On Me”,”I Have Trembled My Way Deep”, “I Have Wandered All My Unending Days”, “Splendour, Glorious Splendour”, “Such Things Should Never Happen” e, a terminar, “I Come Alone and to You”. Num disco anterior, “Carnage”, Cave já tinha trabalhado sobre o conceito de spoken word. Mas aqui leva a experiência mais longe e as palavras são o elemento essencial do álbum, mais que a própria música, palavras ditas de forma sóbria e solene com Cave a assumir-se como um narrador e não como um cantor. Disponível nas plataformas de streaming.

 

SANDUÍCHE INESPERADA - Já há pêssegos bons - esta semana tive a confirmação disso mesmo. Um carrinho de fruta frente à entrada principal das Amoreiras, que tem sempre fruta de muito boa qualidade, proporcionou-me essa experiência. Provar uns pêssegos em grande forma, a transpirar sabor, aconteceu ao mesmo tempo que vi uma receita que me intrigou e que resolvi experimentar. Trata-se de uma sanduíche. Que tem isso a ver com pêssegos? - perguntarão. É  uma sanduíche de pêssego, queijo e presunto. O segredo está em cortar o pêssego em fatias e temperá-las num prato largo com vinagre de cidra e flocos de peperoncino seco, a gosto. O vinagre e o peperoncino acrescentam sabores inesperados ao pêssego, marinado no molho do sumo que vai largando. Depois é tostar numa chapa uma baguette estaladiça, cortada ao meio no sentido do comprimento e aquecê-la apenas do lado do miolo. Uma vez retirado da chapa colocar fatias de queijo da ilha nas duas metades, a seguir adicionar dos dois lados, de forma generosa, fatias do pêssego já temperado, folhas de basílico também dos dois lados e, no meio, a rematar, uma boa quantidade de presunto cortado finíssimo. Feche a sanduíche e prepare-se para uma explosão de sabor num pão estaladiço. Não há razão para não sermos inventivos ...

 

DIXIT - “O que parece ser um gesto estouvado de um ministro presunçoso acaba por revelar toda a amplitude de um Governo menor e de um Estado fraco” - António Barreto

 

BACK TO BASICS - “O conhecimento é a melhor das coisas e a ignorância é a mais terrível” - Sócrates, o filósofo grego, não o outro…

 

 




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