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O QUE FAZER COM ESTA EUROPA?

por falcao, em 15.05.20

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RECONSTRUIR O FUTURO - O acto fundador da União Europeia foi há 70 anos. Sete décadas depois, e no meio de uma das maiores crises da História recente da Europa, não se vê união - mas sente-se a existência de obstáculos, burocracias e, infelizmente, de muitos egoísmos nacionais.  Quando se olha para a Europa observa-se o entendimento cordial entre a França e Alemanha, construído a calcar os interesses e aspirações de outros países em nome do seu mútuo benefício, e sente-se o agudizar de divisões entre o norte e o sul. Em nome das normas europeias sectores vitais para Portugal como a agricultura e a pesca foram primeiro reduzidos e depois quase eliminados. A indústria foi pelo mesmo caminho. Os fundos europeus foram a justificação para destruir a produção portuguesa em várias áreas e tiveram o seu papel na corrupção do aparelho de Estado. Ficámos com auto estradas construídas e  com o sistema ferroviário destruído. Passámos a importar muito do que antes produzíamos. E, no fim, o turismo foi a cereja no topo do bolo: passámos a exportador de ilusões. O resultado está à vista. Para assegurarmos o futuro temos que reconstruir parte do nosso melhor passado e incorporar nele a capacidade de investigação científica e de desenvolvimento tecnológico de que entretanto começámos a dar provas. Seremos capazes de apostar no nosso desenvolvimento e recuperar agricultura, pesca e indústria ao mesmo tempo que desenvolvemos um sector de serviços baseado no conhecimento e na tecnologia e não apenas no sol, praia e paisagem? 

 

SEMANADA - Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa prepararam a nova viagem de ambos nas instalações da Auto Europa em Palmela; Centeno levou cartão amarelo por fora de jogo no caso do Novo Banco; Rui Rio equiparou a comunicação social a fábricas de calçado ou mobiliário; até Março foram registadas menos 71 mil transacções de imóveis; segundo uma sondagem da Marktest, 74% dos portugueses admitem optar no futuro por fazerem essencialmente compras no comércio de rua, tradicional; quanto às deslocações, a grande maioria considera que vai optar pela utilização de transporte privado e na média nacional apenas 16% aponta para a utilização dos transportes públicos, com um número ligeiramente superior, 22%, nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto; a Deco recebeu 3.600 pedidos de ajuda entre 18 de Março e 11 de Maio por parte de famílias em dificuldades financeiras devido à redução de rendimentos;  Mário Centeno admite que a receita do Estado em 2020 pode cair perto de 10 mil milhões de euros, um cenário mais pessimista que o estimado por Bruxelas; segundo a Escola Nacional de Saúde Pública os concelhos com maior taxa de desemprego e maiores desigualdades de rendimentos são aqueles que têm maior número acumulado de casos de covid-19; Portugal é um dos seis países do euro que menos impulso orçamental vai dar à recuperação da economia; mais de 79% das empresas portuguesas tiveram uma redução no volume de negócios desde o início da pandemia.

 

ASSIM VAI PORTUGAL - Um estudo da Marktest indica que durante o mês de Abril Cristiano Ronaldo continuou a ser o português que registou maior número de menções nas redes sociais, o primeiro ministro António Costa, ficou na segunda posição da tabela e a apresentadora da SIC, Cristina Ferreira manteve o terceiro lugar.

 

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GUITARRADA - Blake Mills é um produtor premiado pelo seu trabalho com nomes como Laura Marling ou John Legend. É, além disso, um guitarrista criativo, um compositor dedicado a fazer canções simples e marcantes, e um cantor com um registo de voz invulgar. “Mutable Set”, agora editado, é o seu quarto disco. Tocou ao lado de Fiona Apple e ao longo dos seus 20 anos de carreira construíu a reputação de ser um músico inventivo a quem se podia recorrer para assegurar arranjos inesperados e uma musicalidade que outros não conseguem criar. A ele, sai-lhe naturalmente, quer quando produz canções de outros, quer quando as faz para si próprio, como neste disco. A forma como toca guitarra e trabalha o seu som, é surpreendente - por vezes com recurso a guitarra sintetizada. Se as suas origens estão no country rock, o seu presente é marcado pelo desejo de descoberta e afirmação de um estilo próprio. As canções deste disco, muitas feitas em parceria com  Cass McCombs nas letras, como “Never Forever” ou “My Dear One”, têm todas uma sonoridade e uma produção exemplares, baseada em guitarra, piano e saxofone. Essa produção, meticulosamente trabalhada, é particularmente saliente em “Vanishing Twin”, onde todo o seu talento enquanto guitarrista mais se mostra - de uma forma elegante mesmo nos momentos mais exuberantes. A voz de Blake Mills é discreta, muitas vezes imagina-se que está a sussurrar ao ouvido de alguém, como por exemplo em “May Later”. Os sete minutos de “Money Is The One True God”, uma evocação da tempestade económica que marca os dias de hoje, é daquelas canções que vai ficar na memória. E, quase de certeza, na História. Disponível no Spotify.

 

NewsMuseumLiberdadeImprensa.jpgAPRENDER A VIVER AS NOTÍCIAS - Localizado em Sintra, o NewsMuseum é um equipamento único vocacionado para dar a descobrir o mundo dos media, com incursões na história do jornalismo e da comunicação. Uma das suas componentes importantes é o serviço educativo, vocacionado para proporcionar aos alunos de diversos graus de ensino uma percepção de como se fazem as notícias. Para se integrar na realidade escolar criada pela pandemia, o Newsmuseum  vai realizar visitas guiadas e interativas para as escolas através de videoconferência. NewsMuseum @Zoom para Escolas é um programa de e-learning já disponível, ainda a tempo de integrar o plano de aulas do 3.º período escolar, no registo #EstudoEmCasa. É a própria coordenadora dos Serviços Educativos, Elsa Luís, quem recebe os visitantes em Zoom e os conduz numa visita interativa pelas grandes narrativas que marcaram Portugal e o Mundo nos últimos 120 anos. Os alunos podem ainda experimentar algumas simulações de reportagem e no final podem fazer um jogo que consiste em criar uma primeira página de jornal. As visitas serão adaptadas aos diferentes níveis de ensino, desde o 5.º ao 12.º ano. Mais informações e agendamentos através do e-mail info@newsmuseum.pt.. Aberto desde 25 de Abril de 2016, o Newsmuseu fica localizado na Rua Visconde de Monserrate, no Centro de Sintra. 

 

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VOANDO NO DESERTO - “O Principezinho” foi escrito e ilustrado por Antoine de Saint-Exupéry, um aviador francês que estava exilado nos Estados Unidos, país onde o livro foi primeiro publicado em 1943.  É uma das obras mais editadas e traduzidas em todo o mundo, existindo mais de 200 edições em outros tantos idiomas e dialectos. O livro tem uma forte componente autobiográfica baseada naquilo que o próprio Saint-Exupéry viveu quando o seu avião caiu no deserto do Saara. À primeira vista, é uma história muito simples: um principezinho fala com um aviador em apuros e cativa-o. O principezinho é uma criança, um menino apenas. Com a sua imaginação e poesia cativa o aviador, e ambos andam, no deserto, à procura de alguma coisa: no fim, a busca deles é o espelho da nossa procura diária de um sentido para a vida. Antoine de Saint-Exupéry nasceu em Lyon, no começo do século XX, a 29 de Junho de 1900. Morreu no céu, quando o seu avião foi atingido por um atirador alemão, durante a II Guerra Mundial, em 1944. Era piloto de aviões, mas a sua imaginação voava sozinha, criava romances, poemas, reportagens, fazia desenhos que ilustram o que escrevia, como se vê  nas páginas deste “O Principezinho”. O que esta edição tem de especial é um texto do editor, Manuel S. Fonseca, no final, com 16 perguntas. Num livro para crianças a primeira das perguntas é dirigida a adultos: ”quando foi a primeira vez que se lembrou que também já foi uma criança?”. E, mais à frente, outra para os adultos: “qual foi a sua última aventura?”. São duas questões que nos podem pôr a pensar. As outras perguntas, bem mais simples, são destinadas às crianças, os jovens leitores a quem Saint-Exupéry dedicou o livro, os textos e os desenhos. Edição Guerra e Paz na colecção Correio da Manhã.

 

O FEIJÃO FORA DA LATA - Na minha redescoberta dos vendedores e dos pequenos mercados de freguesia redescobri a existência de feijão de várias espécies fora das latas onde vem embalado. Um dia destes trouxe um pequeno saco de feijão frade seco para casa e perguntei se havia conhecimento para tratar do assunto. Que sim, que havia, foi a resposta recebida. E vai daí, pela primeira vez em muitos anos, comi feijão frade demolhado de véspera e cozido na hora, ao mesmo tempo que meio chouriço alentejano cortado às rodelas, com tempero ao gosto. Assisti à preparação, lançando umas piadas pelo meio sobre a complexidade do know how envolvido na operação (muito para além de escorrer a leguminosa de uma lata de abertura rápida). O resultado foi um sabor diferente, uma textura melhor. Regado com bom azeite e salpicado de salsa fresca, também do mercado, foi o acompanhamento de um entrecosto cozido na mesma água que banhou feijão e chouriço. O entrecosto veio do talho do mesmo mercado, onde durante todo este tempo não houve filas e onde a qualidade dos produtos sempre me surpreendeu. A rematar vieram uns morangos, também produzidos na região, e comprados ao produtor no próprio dia em que foram colhidos - toda uma outra história em relação aos que vêm importados de Espanha ainda meio verdes e que andam nos supermercados. Nestes dois meses de isolamento aprendi a comprar produtos alimentares de outra forma, a preparar os ingredientes naturais, a cozinhar mais devagar. E tudo isto sem gastar mais tempo e a despender menos dinheiro que se fizesse as coisas de outra forma. Esta é uma das lições que me fica de dois meses à descoberta de outra maneira de viver o quotidiano, conciliando trabalho profissional com ocupações pessoais e chegando ao fim de cada dia com mais coisas feitas, menos stress e mais contente por contribuir para ajudar o comércio local.

 

DIXIT- “Há uma diferença radical entre cada um de nós ter um campo ideológico com o qual se identifica ou ter um clube ideológico com o qual tem de se identificar” - João Miguel Tavares.

 

BACK TO BASICS - “Nunca ouvi música criada pelo Diabo” - Little Richard.

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