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O QUE TEM MUDADO NO CONSUMO DOS MÍDIA?

por falcao, em 30.09.23

Televisão antiga

Vamos lá a ver como estão hábitos de internet, as audiências de TV e o investimento publicitário. Começo pelo digital, que continua a ser um mundo em permanente transformação. De acordo com os dados do Bareme Internet de 2023 da Marktest, há 6 milhões e 286 mil portugueses que utilizam regularmente  redes sociais, um número que corresponde a 73.2% dos portugueses com mais de 15 anos. As maiores diferenças no acesso a redes sociais observam-se entre os vários grupos etários, com os jovens dos 15 aos 24 anos a registarem quase o pleno (99.3%) e taxas de penetração bastante acima da média junto dos indivíduos até aos 54 anos. Também entre as classes sociais há diferenças, com taxas mais elevadas junto das classes mais altas. De notar ainda que a penetração de redes sociais cresceu sobretudo entre a população mais idosa, com os indivíduos com mais de 64 anos a apresentarem em 2022 uma taxa de uso de redes sociais 40% acima do observado no ano anterior. Permanecendo no mundo digital, e abandonando as redes sociais, de acordo com o mesmo estudo da Marktest os sites de informação são os mais procurados pelos portugueses e, no seu conjunto, captam cerca de 17 milhões de visitas por semana. Os sites das estações de televisão surgem a seguir, na segunda posição, com 11 milhões, seguidos pelos sites de desporto e de automóveis com 10,7 milhões de visitas semanais.

E como acedem os portugueses à internet?  O telemóvel mantém a liderança e 80,4% da população utiliza-o para estar online, enquanto o  computador é utilizado por 63,5%, o tablet por  22,4% e as consolas de jogos por 9,8%. Um dado novo revelado pelo mesmo estudo da Marktest é o número de pessoas que acedem à internet através de um aparelho de Smart TV de tal forma que o televisor foi o suporte tecnológico cuja utilização para aceder à Internet mais cresceu nos últimos anos. As pessoas que em Portugal acedem à Internet através do televisor mais do que duplicou nos últimos quatro anos, coincidindo esta "explosão"’ com o período de pandemia e pós pandemia de Covid-19 e com o aumento de smart-tvs e connected tvs no mercado nacional. Em  2019, apenas 18,6% dos utilizadores de Internet em Portugal estavam online via televisor. Na primeira vaga de 2023 deste estudo, no entanto, esse registo situa-se já nos 49,2%. 

É chegada a altura de falarmos de como tem evoluído a audiência de televisão neste ano. A SIC continua a liderar, seguida pela TVI e depois pela RTP1. De notar, no entanto, que o share médio semanal da SIC anda nos 15% , o da TVI nos 14,5%, e o da RTP1 nos 11,1%, bem longe de valores na casa dos 20% do canal líder, obtido há uns anos atrás. No cabo a liderança pertence à CMTV com 5,2%, seguida da CNN com 3,1% e da SIC Notícias e Fox, cada uma com 2,1%. Mas o conjunto dos canais de cabo tem somado cerca de 42% do total de espectadores de TV e as plataformas de streaming andam na casa dos 16% - o que significa que entre os espectadores que seguem o cabo e os que utilizam as plataformas de streaming está cerca de 58% da audiência, o que deixa para os canais generalistas apenas 42% dessa mesma audiência.

Tudo isto tem reflexos directos no investimento publicitário. Os números mais recentes deste ano apontam para um aumento global do investimento realizado até final de Agosto, mas com variações significativas nas parcelas destinadas a cada meio. Assim , percentualmente, o investimento em televisão generalista está a cair em relação ao ano passado, significando agora cerca de 35% do total e o investimento publicitário no cabo está subir e situa-se nos 12,4%. Mas a maior variação positiva em termos percentuais verifica-se na publicidade exterior, os cartazes de outdoors, que já captam quase 15% do total do investimento publicitário, tendo estado a subir nos dois últimos anos. O investimento em meios digitais anda na casa dos 30%, a rádio um pouco acima dos 5% e a imprensa ligeiramente abaixo dos 2%. Este é o melhor espelho da alteração dos hábitos de consumo de mídia dos portugueses.

Publicado na edição do NOVO de 30 de Setembro de 2023)

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