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SOBRE AS ELEIÇÕES - O resultado das eleições na Madeira não é nenhuma surpresa. O que surpreende é que após 47 anos ininterruptos no poder o PSD tenha conseguido ficar tão próximo da maioria absoluta. Esta permanência longa num governo regional não é caso único na Europa, mas quase. É um sinal da estreita ligação que a nível regional um partido consegue construir, atravessando diversas situações da História e uma sucessão de crises políticas e económicas a nível nacional. Não é uma vitória qualquer - a lista da coligação PSD-CDS ganhou nos 11 concelhos da Madeira e em 52 das suas 54 freguesias. Novidade é a queda do PS, embora se deva mais a problemas locais do que a um descontentamento face ao Governo central. No entanto há um dado que tem dimensão nacional - o Chega continua a subir e teve na Madeira um resultado alinhado com o que as sondagens indicam a nível nacional. Toda a acção política do Chega se centra no protesto - é um partido do contra e esse é o terreno onde se alimenta e cresce. É aliás curioso ver como este posicionamento contrasta com o da Iniciativa Liberal, um partido mais apostado em propostas de transformação do país que em acções de protesto. E, como acontece por essa Europa fora, as posições radicais de protesto contra o aparelho político estabelecido rendem mais eleitoralmente do que propostas construtivas para mudar a  sociedade - na extrema esquerda e na extrema direita. Esse é um dos grandes problemas com que as sociedades democráticas se batem hoje em dia - como conseguir que propostas valham mais que protestos. Os próximos ciclos eleitorais, das europeias, legislativas e autárquicas, poderão trazer surpresas. Montenegro bem quis cavalgar a vitória de Miguel Albuquerque, de forma aliás desajeitada, mas o seu desejo de alcançar números como os que o PSD obteve na Madeira são uma perigosa ilusão, nefasta até para o seu partido.

 

SEMANADA - Os docentes que agora são integrados no quadro vão ganhar menos do que quando estavam a contrato e os professores que vincularam com 50 anos ou mais também terão de trabalhar mais horas que os seus colegas; a viatura de emergência médica de Portalegre esteve inoperacional mais de 700 horas num ano, ou seja cerca de 30 dias; em três anos o peso dos professores de ensino superior em situação precária subiu de 39% para 43%; mais de 74 mil estrangeiros, descendentes de judeus sefarditas, pediram a nacionalidade portuguesa desde Setembro de 2022; segundo Pacheco Pereira é maior a probabilidade de alguém ser multado por mau estacionamento do que uma trotineta ser multada por andar nos passeios pedonais ou atravessar sinais vermelhos; há zonas de Lisboa onde a maioria dos veículos em circulação são TVDE; no final de julho 17,9% dos alunos inscritos no 1º ciclo eram crianças estrangeiras e no ano lectivo 2020/2021 a média nacional era 8%, menos de metade; 151 dias depois dos relatos dos incidentes no Ministério das Infraestruturas, a investigação do que nesse dia aconteceu no gabinete de Galamba com o ex adjunto Frederico Costa está parada; segundo José Miguel Júdice Marcelo Rebelo de Sousa abdicou e “desitiu de fazer seja o que for”; Pedro Santana Lopes apresentou um extenso programa de evocação do centenário de Mário Soares, que decorrerá na Figueira da Foz ao longo de 2024; o pagamento a dinheiro em estabelecimentos comerciais caiu 18% desde 2017, substituído por pagamentos electrónicos ; em 2022 Portugal produziu 2,7 milhões de bicicletas, 18% da produção total na Europa.

 

O ARCO DA VELHA - Há  quartéis à míngua de efectivos e o Estado Maior do Exército confirmou que faltam 5745 militares para suprir as necessidades de funcionamento. 

 

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VER POMAR - A exposição da semana é “A Mão É Que Vê. E Manda!”, na Galeria S. Roque, em Lisboa, que reúne cerca de 130 obras, feitas por Júlio Pomar entre 1946 e 2017, década a década. São obras que o pintor conservou e se mantiveram sempre no espólio da família. A exposição, que abriu dia 27 e se prolonga até 17 de Janeiro, coloca no mercado um grande número de obras inéditas de Pomar, maioritariamente desenho a carvão, tinta da china, marcador, lápis de cera e esferográfica, ao lado de quadros em técnica mista ou acrílico sobre tela e pastel, óleo sobre madeira, apresentando ainda peças de cerâmica pintada e assemblages. O magnífico catálogo da exposição sublinha que foram oito décadas “de uma dedicação plena à criação visual, e também à escrita, de facto, sem se deixar prender em fórmulas ou receitas, investigando sucessivamente diferentes linguagens plásticas, renovando interesses e assuntos.” A Galeria de São Roque fica na Rua de S. Bento 269. Na imagem está a obra inédita “Abutre”, feita em Paris em 1963. Por estes dias duas importantes galerias assinalam aniversários importantes. No Porto a Galeria Fernando Santos assinala os seus 30 anos de existência com uma exposição colectiva de artistas que representa. E em Lisboa a Galeria Carlos Carvalho assinala os seus 35 anos de vida também com uma colectiva que se prolonga até final do ano. Finalmente destaque fotográfico para os Encontros da Imagem em Braga e para o Imago Lisboa Photo Festival que decorre até final de Outubro em diversos locais da cidade. E já que estamos na fotografia, vale a pena ir ao Panteão Nacional, polémicas sobre Eça de Queiroz à parte, para ver a exposição de Jorge Rodrigues, “Natureza Morta”, que mostra a profunda transformação da paisagem alentejana devido a práticas agrícolas que afectaram o património cultural da região.

 

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OUVIR POMAR - Além da sua actividade como artista plástico, Júlio Pomar tinha uma paixão pela escrita, nomeadamente de poesia. Pegando em alguns dos seus poemas, o Museu do Fado em Lisboa produziu um disco que parte de nove poemas de Pomar e de um de António Lobo Antunes, entregando-os a sete vozes e vários músicos. Comecemos pelas vozes, que vão de Carminho a Camané, passando por Aldina Duarte, Cristina Branco, Ana Sofia Varela, Ricardo Ribeiro e Carlos do Carmo. O acompanhamento musical é maioritariamente assegurado por José Manuel Neto na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença na Viola de Fado e Daniel Pinto no Baixo. Mas há outras participações - António Vitorino de Almeida interpreta um fado que compôs, “Sobretudo no Verão”, Pedro Jóia toca também uma composição sua, “Liberdade”, e há um tema instrumental, “Balada da Oliveira”, interpretado por Pedro Caldeira Cabral na guitarra portuguesa e Duncan Fox, no contrabaixo. Rui Vieira Nery escreveu para este disco um texto intitulado “Com A Vida Por Amante”, onde afirma: A relação de Júlio Pomar com o Fado é tudo menos linear, e pode até considerar-se uma história de amor mal agourado que, quase só no fim, vai desembocar num final feliz”. Nery recorda que num dos murais que Pomar pintou para o Cinema Batalha está presente a guitarra portuguesa, juntamente com a viola e o acordeão, mostrando “ uma espécie de empatia afetiva entre o pintor e aquilo que há de uma pureza essencial e de energia elementar no canto e na dança populares ali representados”. Depois do disco com letras de Júlio Pomar aguarda-se, mais para o final do ano, uma recolha da sua poesia, que será editada pela Assírio & Alvim.

 

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DINHEIRO ACONSELHADO - Rob Dix é hoje um dos peritos financeiros mais respeitados do Reino Unido, conhecido pelo seu  “The Property Podcast” ou pela  coluna semanal que publica no “The Sunday Times”. O foco de Rob Dix é querer ensinar ao mundo o modo como o dinheiro, a economia e os investimentos funcionam realmente. No seu novo livro, “O Preço do Dinheiro”, Rob Dix aborda o que mudou nos últimos cinquenta anos e a situação actual, escreve sobre o que é a inflação e porque afeta diariamente as nossas vidas, mas também o que faz aumentar as taxas de juro que pagamos pelos empréstimos que contraímos. De forma simples explica conceitos de que ouvimos falar constantemente, como espiral inflacionista, estagflação, défice e dívida pública. E, ao mesmo tempo, pode ficar  a conhecer as origens do dinheiro e o que lhe confere valor. “Se não houver com quem o trocar, o dinheiro não tem qualquer utilidade”, escreve Rob Dix e dá um exemplo: se um milionário for parar a uma ilha remota onde uma tribo primitiva usa conchas como moeda de troca, ele bem pode mostrar-lhe resmas de papéis com a imagem de Benjamin Franklin impressa que isso não lhe valeria de nada. O livro começa por responder a uma pergunta básica: o que é o dinheiro? e depois aborda temas como o aumento de preços, as relações entre o dinheiro e o poder, como se chegou a uma situação em que o mundo está alicerçado na dívida e finalmente como é que que cada pessoa pode melhorar na forma como utiliza o seu dinheiro. E o posfácio tem um título sedutor: Sete maneiras de prosperar seja qual for o clima económico. A edição é da Ideias de Ler.

 

ITALIANANDO - Restaurantes italianos e pizzarias há muitas mais a maioria não tem grande história. Há excepções, claro, e quando aparecem vale a pena falar delas - é o caso do Bozollo, situado perto do Hospital dos Lusíadas. O restaurante fica junto a uma praceta arejada numa urbanização recente, tem uma boa esplanada e a sala interior é agradável. O menu apresenta diversas propostas de saladas mas não é aí que as coisas começam a  entusiasmar. Já com o carpaccio di lombata o caso muda de figura, assim como com a bruschetta com mozzarella de búfala. Nas pastas ouvi elogiar o tagliatelle gamberi e a mesa apreciou um risotto de cogumelos com tomate seco e queijo parmegiano. O Bozzolo aposta forte nas pizzas e o segredo está na massa e no seu preparo: massa leve, bem fermentada ao longo de 48 horas, bem cozinhada, pasta de tomate saborosa. Há 18 propostas de pizza, incluindo a que leva o nome da casa e que incorpora tomate, mozzarella, pancetta, rúcula e pecorino e que é uma boa escolha.Outra possibilidade, para uma próxima oportunidade será a que, além de tomate e mozzarella, leva salame de Nápoles, azeitonas e oregãos. Nas sobremesas há uma mousse de chocolate com flor de sal e azeite, que é um dos emblemas da casa em matéria de doçaria. Carta de vinhos simpática com algumas propostas inesperadas. Muito bom serviço, bom ambiente. Bozzolo, Rua Mário de Azevedo Gomes 3C, tel . 21 586 3562.


DIXIT - “Para mim, a desobediência equivale à liberdade, à coragem, à independência, à originalidade e à imaginação, ao hedonismo e ao espírito artístico” - Miguel Esteves Cardoso

 

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