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AS COSTAS LARGAS DO VÍRUS - Quem ouvir falar o Ministro das Finanças e o Primeiro Ministro será levado a pensar que, por cá, a pandemia teve efeitos mais graves que noutros países. Ora sabe-se que a culpa da situação das contas portuguesas não é do vírus, é das políticas que têm sido seguidas e que penalizam empresas e privados, enquanto protegem o Estado e a Administração Pública.  O Orçamento de Estado prevê que a despesa pública atinja em 2022 um recorde de quase 106 mil milhões de euros, o que significa um encargo aos portugueses de 12 milhões de euros por hora. A linha política do PS em matéria de finanças e de economia continua a ser a de procurar receita de qualquer forma em vez de facilitar o crescimento da economia e estimular o mercado interno. Não deixa de ser espantoso que países com menos população e menos recursos que Portugal, na Europa, tenham uma situação tão diferente. Recordo que segundo um estudo recente da Fundação Francisco Manuel dos Santos em Portugal, mais de um em cada dez trabalhadores (11%) está em situação de pobreza. E a maior parte dos pobres não o são por não terem emprego ou por dependerem de apoios sociais que menorizem a ausência de salário -  estão em situação de pobreza porque auferem salários baixos ou têm empregos precários. O estudo, feito por uma equipa de 11 investigadores, aponta números claros sobre quem são as pessoas em situação de pobreza em Portugal: 32,9% são trabalhadores, 27,5% serão reformados, 26,6% são precários e 13% são desempregados. Ora acontece que ​​Portugal é o terceiro pior país europeu em termos de capital privado investido nas empresas em função do Produto Interno Bruto, ficando à frente apenas da Grécia e Roménia. O Governo escusa de atirar areia para os olhos e culpas para o vírus: são a paralisia da economia nacional, as taxas elevadas sobre as empresas e sobre os rendimentos do trabalho que afectam estruturalmente a nossa economia. Este Governo pensa mais em como gastar mais do que em como produzir mais.

 

SEMANADA - O Governo quer duplicar a taxa anual sobre os operadores dos serviços de televisão por cabo sendo que metade do valor cobrado se destina à RTP, que já recebe uma taxa proveniente da fatura de electricidade; segundo a proposta do Orçamento de Estado, no próximo ano o Ministério da Cultura não planeia executar mais de 16 milhões de euros dos 150 milhões inscritos no PRR para a requalificação de museus, palácios, monumentos e teatros nacionais; 60% do que se paga no abastecimento do depósito de combustível de uma viatura são impostos, o automóvel continua a ser uma das maiores receitas fiscais do Estado e o imposto de circulação vai aumentar; a zona da graça em Lisboa perdeu 146 lugares de estacionamento no período de três meses; Funchal e Lisboa vão receber 200 cruzeiros turísticos até ao fim do ano; metade dos cortes previstos no Orçamento de Estado na administração pública virá do sector da saúde; a falta de chips já custou 20% da produção nacional de carros e 35 mil veículos à Autoeuropa; em vários hospitais do país o tempo de espera por uma consulta de saúde mental ultrapassa os seis meses; desde que se iniciou há 16 anos o alargamento a leste da União Europeia, Portugal já foi ultrapassado pela República Checa, pela Estónia, Lituânia e Eslovénia.

 

O ARCO DA VELHA - Na União Europeia 44% dos agregados familiares que vivem nas cidades estão cobertos por redes digitais de capacidade muito elevada, mas nas zonas rurais apenas 20% das famílias consegue ter acesso a uma boa rede.

 

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A MARGEM SURPREENDENTE -  Até 16 de Janeiro do próximo ano poderão ver no Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva, uma surpreendente exposição de Pedro Calapez, intitulada “Perto da Margem”. São mais de duas dezenas de obras, duas delas de 2018 e as restantes de 2020 e 2021, em diversos suportes e técnicas, que se espalham por várias salas. Logo à entrada, na escadaria, Pedro Calapez revisita uma das obras de Vieira da Silva que ali está e de que ele próprio gosta muito, “Les Balançoires”. Esta resposta (na imagem) ao quadro de Vieira da Silva, foi a última peça feita por Calapez para a exposição e mostra o caminho que depois se segue de intervenção no espaço do Museu. João Pinharanda, que foi o curador de “Perto da Margem”, escreve num texto colocado à entrada: “Pedro Calapez aprofunda nesta exposição uma das questões que o ocupa desde sempre - a discussão dos limites tradicionais do quadro”. No mesmo texto, Pinharanda chama a atenção para o facto de as obras de Calapez saírem “constantemente do espaço convencional da pintura”. Nesta exposição Pedro Calapez retoma a ideia de uma instalação de peças colocadas no chão, um labirinto que bem pode ser visto como o percurso para os novos  caminhos que o artista tem percorrido. Esta peça, “Labirinto Deslocado”, faz referência a outra obra da Vieira de título “A deslocação do labirinto”, que pertence à colecção  Ilídio Pinho e que pode ser vista na seleção de obras da Vieira da Silva dessa colecção, e agora também na sala pequena das temporárias do Museu.  Outras sugestões: no Convento dos Capuchos, em Almada, Teresa Segurado Pavão apresenta peças de cerâmica construídas a partir de lâminas de marfim que cobriam as teclas de um antigo piano do S.Carlos que foi a reparar na Valentim de Carvalho, obras a que deu o nome de “Valentim”, tendo por pano de fundo musical a gravação de “As notas do velho marfim”, uma composição feita expressamente por  Mário Laginha para esta exposição - por isso mesmo o título genérico da exposição, que fica até 26 de Fevereiro do próximo ano, é “A Quatro Mãos”.

 

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PARA COMPREENDER OS ESTADOS UNIDOS - A “Guerra & Paz” tem vindo a publicar uma colecção de Atlas Históricos que são guias preciosos para melhor conhecermos um país ou uma região. Agora foi publicado o “Atlas Histórico dos Estados Unidos da América”, que percorre o percurso do país das colónias à expansão territorial, da fundação da república ao «Sonho Americano», do 11 de Setembro até ao ataque ao Capitólio em Janeiro deste ano. O livro resulta do trabalho do historiador francês Lauric Henneton, em colaboração com o cartógrafo e designer gráfico Pierre Gay e reúne mais de cem mapas e documentos que nos contam a História dos Estados Unidos da América. «A história da América do Norte é, antes de mais, uma história de imigração, dos Siberianos da Beríngia aos Asiáticos e Hispânicos da actualidade, passando por Ingleses, Alemães, Irlandeses e Italianos.», escreve o autor logo no início do livro. Partindo das migrações asiáticas, do período glaciar, a obra acompanha a evolução do território norte-americano até à actualidade. Vemos, entre os séculos XVI e XVIII, o nascimento de uma nação impulsionado pelas sucessivas vagas de imigração e pela expansão territorial que estas geraram e como no século seguinte, uma nova vaga de imigração, aliada a um processo de urbanização e industrialização sem precedentes, começa a desenhar «o sonho americano» e a forma como a jovem América se tornará numa potência. No século XX Laurie  Henneton aborda as duas Grandes Guerras, as grandes crises, e como tudo resultou num papel geopolítico importante. E, por fim, o século XXI, que, profundamente marcado pelo 11 de Setembro de 2001, tem sido caracterizado por fracassos institucionais e desigualdades crescentes. Segundo o autor, a diversidade que fez erguer a nação norte-americana dá hoje lugar a divisionismos que polarizaram a opinião pública. Perante o cenário actual, este Atlas deixa a pergunta: «O que resta do sonho americano?» 

 

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TROMPETE, VIOLINO E MAIS UMAS COISAS - Teve um dia difícil? Quando chegar a casa procure no Spotify o novo disco do trompetista norueguês Mathias Eick, “When We Leave”. Relaxe e sente-se a ouvir. A música que vai ouvir irá ajudá-lo a superar o dia. O disco resulta da conjugação dos talentos de Eick no trompete,  com o violino da Hakon Aase, o piano de Andreas Ulvo, o baixo de Audun Erlien, a percussão de  Torstein Lofthus, a bateria de  Helge Norbakken e a guitarra eléctrica de  Stian Carstensen. Estes sete músicos, com percursos diferentes no jazz, são companhia habitual do trompetista. Eick constrói melodias delicadas que interpreta de forma intensa, como em "Loving'', "Caring" ou “Playing”. Os sete temas de “When We Leave” são da sua autoria e entre eles há pérolas como “Flying” onde os arranjos e o papel minimalista da percussão são exemplares, “Arvo” , que é uma canção sem palavras ou o tema final, “Begging”, em que mais uma vez trompete e violino se cruzam de forma elegante com o piano e a percussão, discretamente a marcarem presença. O disco, gravado em Oslo em Agosto de 2020, foi agora editado em CD e streaming pela ECM e terá uma edição em vinil na primavera de 2022.

 

O SEGREDO ESTÁ NA GRELHA - Hoje proponho uma visita ao Cortesia, em Campo de Ourique. Trata-se de um restaurante apostado na qualidade dos produtos que serve - nomeadamente a carne - e na simpatia do serviço. Muito do segredo está nos cortes de carne servidos e no facto de ela ser grelhada num Josper, uma espécie de Rolls Royce dos grelhadores, que a deixa tostada por fora e saborosamente mal passada por dentro. Nas entradas destaco os croquetes, a rivalizar com alguns dos clássicos lisboetas - podem aliás ser prato principal acompanhado por arroz de tomate ou a salada da casa que leva alface, tomate cherry, parmesão e nozes caramelizadas. As duas visitas que fiz correram muito bem - da primeira vez uma vazia black angus perfeita, que é servida cortada em tiras com boas batatas fritas e, da segunda vez um bitoque do lombo com molho à portuguesa e ovo estrelado - perfeito no corte e na confecção - acompanhado também por batatas fritas já que  prescindi do arroz. O outro lado da mesa respondeu na primeira ocasião com uma salada de atum fresco e, na segunda, com os croquetes acompanhados pela salada da casa. Voltando às carnes, os mais gulosos podem partilhar um tomahawk maturado ou um chuletón extra e o clássico da casa, muito elogiado, é um entrecôte com 50 dias de maturação. Volto a sublinhar a qualidade e simpatia do serviço. Preço equilibrado, há vinho a copo bem escolhido e a imperial é bem tirada.  Rua Tomás da Anunciação 99A, telefone 211 333 851. Convém reservar, sobretudo se quiser ir para a esplanada.



DIXIT - “A ascensão das esquerdas dentro do PS é uma das causas da vontade do Governo de aumentar o poder sobre a sociedade” - António Barreto

 

BACK TO BASICS - “O lugar onde o optimismo mais floresce é num manicómio” - Havelock Ellis

 

 

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