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TVDEs SUSPEITOS - Segundo o Instituto de Mobilidade e Transportes existem 69.814 pessoas com licenças passadas por aquela entidade para conduzirem TVDEs. Só no ano passado foram emitidas quase 21 mil novas licenças. O Instituto trabalha com a Uber e a Bolt, aparentemente no melhor dos entendimentos, e recebe destas empresas, em taxas de supervisão, mais de seis milhões de euros por ano. Não se sabe quantos destes motoristas têm de facto carta de condução verificada e válida em Portugal ou se têm toda a documentação legalizada ou sequer se fizeram testes adequados. Basta ver como muitos condutores de TVDE’s guiam para ter as maiores suspeitas sobre o processo de autorização e fiscalização. É cada vez mais frequente ver TVDE’s fazerem inversões de marcha não autorizadas, nao fazerem sinal de mudança de direção, não seguirem as regras de prioridade ou coisas tão comezinhas como respeito por entradas alternadas no estreitamento das vias. Muitos destes condutores são estrangeiros e claramente desconhecem as regras de trânsito em vigor. É legítimo suspeitar que algo vai mal na verificação das verdadeiras capacidades de condução de muitos destes motoristas e do seu conhecimento das regras de circulação em Portugal. É também legítimo que, face ao que se vê acontecer nas ruas, se suspeite que há desleixo, fraude e talvez mesmo corrupção na concessão de licenças pelo IMT e na fiscalização pelas autoridades. Uma coisa é certa: há muito motorista TVDE a guiar que não devia estar autorizado a fazê-lo. E, se há suspeitas de que o IMT facilita em demasia as licenças, há claramente a certeza que as plataformas Uber e Bolt não assumem as suas responsabilidade com a sociedade verificando a idoneidade e capacidade dos motoristas que utilizam. Devia haver uma rigorosa auditoria à forma como o IMT actua, emite licenças, autoriza condutores e operadores e se relaciona com Uber e Bolt. Até lá permanece a suspeita de que há podridão e negociata no assunto. Eu por mim, sempre que posso, ando de táxi.
SEMANADA - Portugal é o terceiro país da OCDE onde as despesas directas em saúde têm mais peso nos gastos dos cidadãos e 12,4% dos portugueses estão sujeitos a despesas de saúde superiores a 10% do rendimento; um estudo recente da Nova-SBE indica que 77 mil idosos estão em risco de pobreza ou vêem a sua situação de pobreza agravar-se devido às despesas com cuidados de saúde e medicamentos; nos primeiros três meses deste ano perto de 800 pessoas foram acolhidas na Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica; em Portugal 25% dos trabalhadores com formação superior exerce funções abaixo da sua qualificação académica; 25% da população reside hoje em apenas dez dos 308 concelhos do país; entre os países da UE Portugal foi aquele que registou maior crescimento de turistas norte-americanos, duplicando em 2023 o número em relação ao ano anterior; a frota automóvel da PSP tem uma idade média de 15 anos; a PSP destruiu nos últimos dez anos 303.208 armas apreendidas, sendo que na primeira operação realizada este ano foram destruídas 8.317; de 2022 para 2023 o aumento de pedidos de vistos de brasileiros para virem para Portugal foi de 89%; segundo o Tribunal de Contas, entre 2016 e 2023 os Governos de António Costa desperdiçaram poupanças com maus exercícios de revisão e racionalização da despesa pública, que se tivessem sido implementados teriam gerado ganhos orçamentais que poderiam ter ajudado a financiar o aumento de despesa com pensões, saúde e cuidados continuados.
O ARCO DA VELHA - O Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais já foi condenado duas vezes pelo Supremo Tribunal Administrativo por práticas ilegais em concursos para novos juízes.
FOTOGRAFIAS HISTÓRICAS - Luiz Carvalho é um dos mais marcantes fotojornalistas portugueses saído da geração que começou a trabalhar na imprensa de forma regular depois do 25 de Abril. Arquitecto de formação, Luiz Carvalho é também o autor e realizador de programas de televisão sobre fotografia, nomeadamente o Fotobox, na RTP3, e tem feito também workshops sobre fotografia. Trabalhou em numerosos jornais e revistas e há cerca de 40 anos editou o livro “Portugueses” que fazia um retrato do país e é um importante testemunho da época. Agora tem duas exposições, uma das quais retoma imagens desse livro, actualizadas com novas fotografias: “Portugueses- tal como somos”, está na Galeria de Arte do Convento do Espírito Santo, em Loulé. A segunda exposição mostra as imagens que recolheu entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975. Esta exposição sobre esse período histórico leva o título “50 de 25”, está na Galeria de Arte da Praça do Mar em Quarteira e está agendada para Setembro a edição de um livro que regista as fotografias expostas. Na imagem que acompanha esta nota está uma fotografia dessa exposição que documenta um dos momentos quentes de 1975, o cerco à Assembleia da República, e mostra o jornal “República”, um vespertino já extinto, um testemunho de como a imprensa era avidamente consumida. Cada uma das exposições mostra cerca de 90 fotografias e pode ser vista de terça a sábado até 14 de Setembro. As duas exposições são dominadas pela utilização de fotografias a preto e branco, “não por uma questão de cinzentismo neo-realista, mas porque os três tons continuam a ser o método fotográfico que melhor consegue sintetizar o essencial, tornando a fotografia como uma linguagem única, diferente da pintura, das habilidades performativas e dos virtuosos do salonismo” - sublinha Luiz Carvalho no texto que acompanha a exposição.
ROTEIRO - Na Culturgest, em Lisboa, até 29 de Setembro, pode ser vista uma exposição da obra de Júlia Ventura, que se desenvolve ao longo de sete salas e que dá a ver mais de vinte séries de trabalho da artista, entre fotografia, desenho, vídeo, texto e instalação, a maioria das quais permanecia inédita (na imagem). Em Bragança, no Centro de Fotografia Georges Dussaud, podem ser vistas fotografias de Carlos Gil, numa exposição “Um Fotojornalista de Guerra e Paz” comissariada por Daniel Cortesão Gil. Na Galeria Quadrum, em Lisboa, até 8 de Setembro está a exposição colectiva “A Moeda Viva”, com trabalhos de, entre outros, Ângela Ferreira, Cildo Meireles, Filipa César, Filipe Pinto, Isa Toledo, Isabel Cordovil, Leonor Antunes, Lourdes Castro, Mauro Cerqueira, e Rita GT. Também em Lisboa, na Galeria Vera Cortês, inaugurou a exposição "Airs”, de Nuno da Luz (Rua João Saraiva 16-1º) e na Galeria Balcony (Rua Coronel Bento Roma 12), a artista britânica Elizabeth Prentiss mostra Skewer, um conjunto de esculturas apresentadas como uma instalação. Na Galeria Miguel Nabinho (Rua Tenente Ferreira Durão 18) está patente uma exposição de videos e pintura de Francisco Queiróz sob o título “Les Frissons, Les Étoiles e os Pirilampos”. Finalmente no Museu Nacional de Arte Antiga, até 29 de Setembro, pode ser vista a exposição “Épico e Trágico: Camões e os românticos”.
UMA HISTÓRIA AMERICANA - James Comey, antigo director do FBI, meteu-se a escrever ficção e o seu primeiro livro, Central Park West, foi agora editado no mercado português. Este é um policial que se desenvolve nos meandros da política - o arranque é o assassinato, pela ex-mulher, de um ex-Governador do Estado de Nova Iorque, Tony Burke, acusado de assédio sexual por uma série de mulheres. O autor deste policial, James Comey, estudou Direito, foi procurador, advogado, consultor, professor e, por nomeação de Barack Obama, dirigiu o FBI durante quatro anos. O seu primeiro livro, “A Higher Loyalty: Truth, Lies and Leadership” chegou a inspirar uma série de televisão, “The Corney Rule”. “Central Park West”, agora editado, é o seu primeiro romance. Tudo gira em volta de Kyra, acusada de ter morto o ex-marido, e das polémicas que envolviam Tony Burke, considerado pela imprensa como o Harvey Weinstein da política. Pelo meio surge um líder da máfia, que quer negociar uma quase certa condenação por revelações sobre todo o caso e que, numa reviravolta inesperada, implicam mafiosos na morte do ex-Governador. Este é um livro sobre justiça, política e ocrime organizado nos Estados Unidos, num ambiente de conspiração e corrupção. Edição da Singular.
O SENHOR LOUIS - “Louis In London” é uma magnífica colecção de 13 canções gravadas ao vivo por Louis Armstrong num programa da BBC em 2 de Julho de 1968. Inéditas até agora, estas gravações incluem alguns dos temas mais marcantes da carreira de Armstrong como “A Kiss To Build A Dream On”, “Hello, Dolly”, “You’ll Never Walk Alone”, “Blueberry Hill”, “Mack The Knife”, “What a Wonderful World e “When The Saints Go Marching On”, entre outros. Disponível em vinil e CD, a edição física inclui um texto de Ricky Ricciardi, o biógrafo de Louis Armstrong. Esta gravação, feita dois anos antes da morte de Armstrong, é apresentada como a sua última grande actuação gravada, muito pouco tempo depois de ter chegado ao primeiro lugar do top britânico com “What A Wonderful World”. Acompanhado por um grupo de cinco músicos, o disco mostra, além do seu trompete, a poderosa voz de barítono de Louis Armstrong, com as inflexões e capacidade de interpretação que o caracterizavam. A primeira faixa do disco é “When It’s Sleepy Time Down South.”, que é como que um emblema de toda a sua carreira. Ao lado de Armstrong estão Tyree Glenn no trombone, Joe Muranyi no clarinete, Marty Napoleon no piano, Buddy Catlett no baixo e Danny Barcelona na bateria. Edição Verve, disponível em streaming.
WEEKEND - Aproveitem estas boas noites e descubram o Teatro Romano, junto ao Castelo de S. Jorge, onde, até dia 27, nas noites de quarta a sábado, é apresentada a peça “Prometeu Agrilhoado”, de Ésquilo, numa produção do Teatro Livre; na esplanada da Cinemateca há cinema ao ar livre, sempre às 21h45 - sexta-feira 19 “A Ave do Paraíso” de King Vidor e sábado 20 “Jogos de Prazer” de Paul Thomas Anderson. E para lerem sugiro o novo livro de Rui Cardoso Martins, “As Melhoras da Morte”, uma série de reflexões sobre a vida.
DIXIT - “O problema é que a escuta é uma violação dos direitos (....) que deveriam ser respeitados. É dos métodos que deveriam ser banidos (…) Proibir as escutas é dar uma ajuda à liberdade e aos direitos dos cidadãos” - António Barreto
BACK TO BASICS - “Aqueles que são eleitos para governar cidades e vilas não se deviam esquecer que os votos das eleições locais vêm dos residentes e não dos visitantes” - anónimo
A ESQUINA DO RIO É PUBLICADA SEMANALMENTE, ÀS SEXTAS, NO SUPLEMENTO WEEKEND DO JORNAL DE NEGÓCIOS
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