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VAZIO - Segundo a opinião da generalidade dos analistas, os debates entre Seguro e Costa foram vazios de conteúdo político e a coisa piorou para o final, quando a conversa entre ambos endureceu e, da troca de ideias, se passou para a troca de galhardetes pessoais e, depois, para quase insultos. Rezam ainda os analistas que o primeiro debate, na TVI, terá sido ganho por Seguro, que nesse dia teve pela frente um pachorrento Costa que replicou a imagem diletante que apresenta na sua descansada “Quadratura do Círculo”. Acontece no entanto que esse debate, na TVI, foi o que teve maior número de espectadores em relação aos outros dois. Os números são estes: o debate final, realizado terça 23 de Setembro na RTP1, registou um share médio de audiência de 20,5%; o debate que tinha sido realizado na SIC no dia 10 de Setembro obteve um share de 25,1% e o debate de estreia, na TVI, a 9 de Setembro, registou 32,8% de share. Para além da evidência que é o facto de a TVI ser a líder de audiências, neste particular faço notar que o share do primeiro debate esteve acima do share médio da estação naquele horário - o que legitimamente deixa pensar que havia alguma expectativa. A expectativa saíu furada e nos debates seguintes a coisa foi sempre a cair. A narrativa da novela da política nunca foi suficiente para bater a intriga das telenovelas de ficção que concorreram nesse horário. O caso dá duplamente que pensar - pela indiferença relativa das audiências e pela fraca qualidade dos debates - para não falar já da ausência de conteúdo programático e político. Vamos então ter primárias, nas quais os eleitores socialistas votarão gostos pessoais e a capacidade de insultar o adversário - porque ideias políticas não existem. Numas eleições para escolher o candidato do principal partido da oposição a Primeiro Ministro a ausência de estratégias para o país é, pelo menos, estranha.
SEMANADA - “Há três anos que o País tem uma greve a cada cinco dias”; “Notas de dez euros ainda não circulavam e já havia burlas”; “Quanto valem as cagarras das Selvagens?”; “Ministério público valida acusações contra Meneses”; “Passos pede à PGR que investigue factos de que não se recorda”; “Ministra diz que já não há juízes a olhar para o ar”; “Salário mínimo sobe um café por dia”; “Menezes paga 72 mil euros por livro”; “Último debate marcado por insultos e populismo”; “No debate mais duro de todos quase não se falou de governação”; ”Comerciantes da baixa dizem que um dia ainda serão engolidos pelo rio”; “Forte chuva deixou meia Lisboa submersa e a Câmara queixa-se de falta de aviso”; “Bloco de Esquerda leva piropo ao Parlamento com punição até três anos”; “Bloco de Esquerda repensa liderança bicéfala”; “Bloco de Esquerda volta a levar ao Parlamento adopção por casais do mesmo sexo”; “Deputados ganham mais do que médicos, juízes e professores”; “Há 2100 polícias que têm direito a dispensa sindical, é evidente que há esquadras que não têm capacidade de assegurar serviços mínimos”; “Calotes nas Ex-Scut entopem finanças”; “Madeira extinguiu departamentos investigados por ocultação de dívidas”; “Lisboa não aguenta uma chuvada”; “Prostituta agride cliente que só pagou cinco euros”; “É difícil conseguir autorização para grafitar”; “Castro Marim tem menos habitantes do que camas turísticas aprovadas”; “Fernando Santos não estará no banco, mas já montou engenharia”. (Todas estas frases são extraídas de títulos de jornais dos últimos dias)
ARCO DA VELHA - A polícia do Vaticano prendeu o arcebispo Józef Wesolowski,acusado de pedofilia enquanto representante papal na República Dominicana.É a primeira vez que uma medida deste género é tomada contra alguém com um alto cargo na Santa Sé.
FOLHEAR - A edição de Outubro da “Monocle” é dedicada à diplomacia e aos seus enredos e o artigo de entrada é obviamente sobre as Nações Unidas, o seu Conselho de Segurança e as suas ligações por todo o planeta. Na secção internacional há um artigo curioso sobre o rebranding das Ilhas Canárias, particularmente em foco nestes dias, as quais adoptaram agora o slogan “European Business Hub To Africa”. Um dos destaques da edição é o indíce das 25 melhores cadeias de lojas internacionais. A Suécia sai ganhadora e ocupa as cinco primeiras posições, com o 1º lugar para a Ikea, o 2º para a H&M e o 4ª para a COS (que recentemente abiu na Avenida da Liberdade). Um dos outros artigos interessantes tem a ver com a forma de gerir uma galeria de arte, no caso uma conversa com o londrino Stephen Friedman. Este mês a “Monocle” dedica-se também a fazer um ponto de situação das tendências do jornalismo contemporâneo. Passando para outra realidade, o Turismo de Espanha investiu em quatro páginas, duas sobre os “paradores” e duas sobre Madrid, no género daquilo a que chama publi-reportagens. Na secção de recomendações estão duas belas páginas cheias de elogios à nossa Vista Alegre. Sabe bem lê-las.
VER - Os azulejos são peças que sempre me encantaram. Permitem geometrias, são um suporte de desenho, de cores, de formas. Em Lisboa existe uma galeria, a Ratton, que desde 1987 se especializou na criação de séries limitadas de azulejos desenhados por artistas contemporâneos. Para além destas séries assegurou a produção de painéis de azulejo presentes em diversas instituições, em prédios de habitação, em estações de caminhos de ferro e de metropolitano ou em escolas e mercados, entre outras localizações. Até 3 de Outubro está a decorrer na Galeria Ratton uma exposição apropriadamente chamada “Puzzle” em que os visitantes são desafiados a escolher e combinar entre si azulejos de 14x14 cms, de diversos autores, que ali estão expostos. Ali estão peças de Júlio Pomar, Paula Rego, Menez, Lourdes Castro, Graça Morais, Bartolomeu dos Santos, Jorge Martins, Andreas Stöcklein, Josephine King, Luisa Correia Pereira, Irene Buarque, René Bertholo, Costa Pinheiro e João Vieira, entre outros autores. Vale a pena conhecer estas pequenas peças, imaginando-as sózinhas ou agrupadas. A Galeria Ratton está aberta ao público de segunda a sexta das 15 às 19h30, na Rua da Academia das Ciências 2 C (à Rua do Século).
OUVIR - Não é muito comum encontrar uma banda portuguesa tão original e com um disco tão inesperado como os Brass Wires Orchestra (BWO). A origem da música que praticam está na folk, mas felizmente têm uma abordagem criativa do assunto - embora não escapem a comparações com os Beirut, muito por acção do vocalista. O timbre da voz, a maneira como interpreta as canções e o espaço que os arranjos dão às palavras são relativamente pouco usuais em Portugal. A Brass Wires Orchestra remonta a 2011 e tem feito carreira ao vivo tocando nas ruas, em estações de metro, mas também em salas como o Olga Cadaval, há poucos dias. Mas também já passaram pelo Festival de Paredes de Coura, foram escolhidos para o Hard Rock Calling em Londres, e passaram pelo Vodafone Mexefest. O álbum de estreia agora editado, “Cornerstone” desperta a curiosidade e, entre as dez canções do CD, os temas “Tears Of Liberty” e “Wash My Soul” são uma amostra das potencialidades da banda. Os BWO integram Miguel da Bernarda, Hugo Medeiros, Afonso Lagarto, Rui Gil, Luís Grade Ferreira, Zé Valério, Nuno Faria e Zé Guilherme Vasconcelos são e o disco foi gravado nos Black Sheep Studios ( a sala de ensaios da banda em Mem Martins), por Makoto Yagyu e Fábio Jevelim (ambos dos PAUS), e masterizado nos Abbey Road Studios (Londres), por Frank Arkwright (que trabalhou com Arcade Fire).
PROVAR - Hoje vou falar de petiscos lusitanos e de locais onde gosto de os provar, em Lisboa. Começo por um petisco bem português de entrada - peixinhos da horta. Para mim os melhores de Lisboa sāo os do Guarda Mor ( Rua do Guarda Mor 8, tel 213 978 663) - fritos na perfeiçāo, sem gordura a mais, o feijāo verde al dente e a polme estaladiça; no mesmo sítio também merecem destaque os filetes de peixe galo, um assunto que mais à frente retomarei. Passemos ao seguinte - os pastéis de bacalhau do Apuradinho sāo do melhor e vêm servidos com um bom arroz de pimentos ou de tomate; ainda no Apuradinho sou fā dos pivetes (rabo de boi) com puré de batata, e do cozido à portuguesa (Rua de Campolide 209, tel. 213 880 501). Em matéria de cozinha portuguesa também é preciso falar da Bica do Sapato, onde a escolha recai muitas vezes nos belíssimos pastéis de massa tenra ou, em alternativa, no bacalhau fresco escalfado em azeite virgem ou no polvo grelhado com batata a murro e grelos salteados. Regressemos ao peixe e aos filetes - n’ O Polícia (Rua Marquês Sá da Bandeira 112, tel 217 963 505) há também uns excelentes filetes de peixe galo e uma pescada de anzol, cozida, com todos, que é de chorar por mais. Se quiser filetes de garoupa procure A Paz (Largo da Paz 22, à Ajuda, 213 641 503), onde também pode ter a sorte de encontrar a cabeça do animal bem cozida. E termino, na lista dos meus restaurantes do coração, com A Primavera, no Bairro Alto, onde já tantas vezes jantei, entre bons amigos e com belas conversas, que acompanharam excelentes escalopes panados ou primorosas lulas recheadas (Travessa da Espera 34, tel. 213 420 477).
DIXIT - "Já se desconfiava, veio a confirmação: os Antónios detestam-se. Os Antónios magoam-se. Os Antónios não divergem nas ideias, divergem no caráter e no ego. Perdeu a política, perdeu sobretudo o PS" - José Manuel Fernandes n’o “Observador”, sobre o último debate Seguro-Costa
GOSTO - Portugal será representado com uma exposição sobre 14 autores e apresentação de obras no festival de banda desenhada e ilustração de Treviso, Itália.
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