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SOBRE A INVEJA NA POLÍTICA

por falcao, em 31.05.24

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O RADICAL DE FALINHAS MANSAS - Durante oito anos o PS esteve no poder, sozinho e coligado. Conseguiu contas certas com truques contabilísticos que se vão descobrindo e com um custo social enorme, instituindo uma austeridade mal disfarçada que degradou serviços públicos e atingiu os profissionais da saúde, da educação, da justiça e da segurança, entre outros. Paralisou-lhes as vidas e as carreiras, agravou assimetrias e criou o caos em várias áreas. Afastou gente das profissões para que tinha estudado, fomentou a ida de muitos  recém formados para o estrangeiro. O governo que agora lhe sucedeu começou a negociar com sectores profissionais e foi conseguindo traçar um caminho para a recuperação das situações mais complicadas. É neste quadro que o novo líder do PS, Pedro Nuno Santos, tem a supina lata de dizer que o governo de Luís Montenegro apenas está a fazer aquilo que o PS queria fazer - mas na realidade não fez. Diz que as medidas agora tomadas eram suas e, como um invejoso, clama que não há direito que outros as tomem. Não analisa as políticas, protesta apenas contra serem tomadas sem ser por ele. Pior, com falinhas mansas bloqueia a sua execução, dificulta a sua implementação e chama para o ajudar nessa tarefa o PCP e o Bloco de Esquerda, como se vê, nomeadamente,  em relação aos professores. No parlamento fomenta uma aliança tácita com o Chega com o único objectivo de dificultar a acção do Governo. Tal como António Costa nos últimos anos, Pedro Nuno Santos utiliza o Chega como ferramenta de combate ao PSD, extrema as posições, querendo eliminar o centro político e fazer crescer blocos nos extremos. E, no entanto, soube-se por uma sondagem divulgada esta semana, os eleitores socialistas são os mais entusiastas de um Governo apoiado no parlamento por PSD, CDS e PS. Pedro Nuno Santos não está interessado em melhorar a vida das pessoas, apenas em prosseguir a radicalização da sociedade portuguesa. 

 

SEMANADA - As indústrias tradicionais, que representam 60% das exportações portuguesas,  perderam 873 milhões de euros de facturação nas vendas ao estrangeiro realizadas nos últimos 12 meses; o preço do azeite aumentou 49% em relação a 2023; o número de alunos no ensino superior é 7 vezes maior que há 50 anos; a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens recebe 140 comunicações de menores em situação de risco; a maioria dos condenados por abuso sexual de crianças, nos últimos cinco anos, não foi alvo de pena acessória de proibição de lidar com menores de 18 anos; das 26 mil vítimas de violência doméstica que foram apoiadas no ano passado, 46% continuaram a viver com o agressor seja por falta de capacidade económica, falta de vagas em casas de abrigo ou dependência afectiva dos agressores; menos de 10% das câmaras municipais tem plano para a integração de migrantes; os preços dos imóveis comnerciais estão a subir há dez anos e em 2023 esse aumento foi de 5,5%, a maior subida desde 2009; nos últimos dez anos, cerca de 840 milhões de euros de água já tratada e não faturada foram desperdiçados devido a fugas na  rede de distribuição revela a revista da Deco Proteste; segundo a mesma publicação existem 87 municípios, dos 278 municípios do continente, com aumentos nas perdas reais de água; segundo a Sociedade Ponto Verde desde 1996 os portugueses já colocaram em ecopontos mais de 10 milhões de toneladas para reciclagem.

 

ARCO DA VELHA -  A linha ferroviária da Beira Alta está encerrada desde Abril de 2022, o prazo inicial das obras, que era de 9 meses, já foi em muito ultrapassado e não há indicação de quando voltará a funcionar.

 

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RETRATOS AMERICANOS  - Andres Serrano, um artista norte-americano que nasceu em 1950 e iniciou a sua carreira nos anos 80, estudou pintura e escultura e só depois se dedicou à fotografia, combinando a tradição clássica com a cultura pop. Em 2006 a então colecção de fotografia do BES (hoje colecção de fotografia novobanco), adquiriu a série “Des Américains II 2002-2004” , que integra 52 imagens. Estas imagens, baseada na técnica clássica da fotografia de estúdio, reinterpretada na edição digital e usando saturação de côr, apresenta retratos de pessoas das mais diversas origens e profissões, de bombeiros a actores, de anónimos a figuras como B.B. King. O autor apresenta este trabalho como uma reflexão feita após o 11 de Setembro de 2001, sobre as contradições da sociedade americana. Esta série de fotografias tinhas sido mostrada em duas ocasiões, uma em 2008 no Museu Coleção Berardo e outra na inauguração do campus da Nova SBE, em 2018. Nesse mesmo ano a colecção de fotografia novobanco, foi premiada no Parlamento Europeu  com o galardão:  “For Outstanding Photography Collection - XXI   Century Living Artists, Corporate Art Awards, que identifica, reconhece e promove a excelência e as melhores práticas na colaboração entre o mundo corporativo e a arte internacional , através de colecções corporativas.  Agora o trabalho de Andres Serrano pode ser visitado até final de Outubro nas instalações da colecção de fotografia do novobanco na Praça Marquês de Pombal 34 de 2ª a 6f das 9h às 18h.



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ROTEIRO -  Depois da agitada semana que a ARCO trouxe a Lisboa vale a pena retomar com calma o percurso das galerias privadas. Na Galeria Diferença Pauliana Valente Pimentel apresenta até 24 de Junho uma nova série de 18 fotografias sob o título New Age Kids (na imagem). Desde 2010 Pauliana Valente Pimentel tem concentrado o seu trabalho sobre situações culturais e políticas que afectam a juventude, documentando o quotidiano de jovens que integram grupos marginalizados. Na série New Age Kids a autora debruça-se sobre questões de género e foca-se em  jovens lisboetas que não se identificam com um género normativo. Na Fundação Carmona e Costa (Rua Soeiro Pereira Gomes Lote 1- 6º, de quarta-feira a sábado, 15h – 20h ) Irene Buarque, uma artista brasileira que trabalha e vive em Portugal desde 1973 apresenta até 14 de Setembro, Uni Verso  Plural, com trabalhos de mais de 50 anos de carreira,  de pintura, serigrafia, gravura,  cerâmica, escultura em pedra, livros de artista, fotografia, cenografia, arte pública e instalação. Na Galeria Belo Galsterer (Rua Castilho 71 r/c) pode ser vista até 27 de Julho uma dupla exposição, “Delay” de Tomaz Hipólito e “Battered Fields “ de  Wolfgang Wirth. Tomaz Hipólito apresenta um trabalho de animação e desenho e Wolfgang Wirth explora através da pintura a óleo referências cartográficas. Na galeria “Arte Periférica” (lojas do CCB) Isabel Garcia apresenta até 20 de Junho  “Save Our Ship”, um trabalho de pintura que é uma reflexão não panfletária sobre a situação do planeta. Na Galeria das Tapeçarias de Portalegre (Rua Academia das Ciências 2) pode ser vista a exposição “Diálogos”, que apresenta cerâmicas de Beatriz Horta Correia em simultâneo com tapeçarias de  Cruzeiro Seixas, Cargaleiro, Menez e Vieira da Silva .

 

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A NOVA ORDEM Paulo Nogueira, jornalista brasileiro que colaborou regularmente com o extinto «Independente», e outros jornais portugueses, como o «Expresso», o «Público», ou o «Correio da Manhã», fala-nos de um ocidente em crise no seu novo ensaio, “O Cancelamento do Ocidente” , que tem um longo subtítulo «A sociedade que criou a democracia e o Estado de Direito está a autodestruir-se. Como? Porquê?» Segundo o autor, «a sociedade que criou avanços universais como a democracia debate-se não só com oposições externas, como os autoritarismos e os fundamentalismos orientais, mas com o fogo amigo entrincheirado nas suas próprias elites, que – ricas e mal-agradecidas – odeiam, envergonham-se e rejeitam todo o passado ocidental, cuspindo no prato em que comem caviar.» Paulo Nogueira critica a forma como o movimento woke tem vindo a assaltar a universidade,  fala-nos de uma identidade ocidental que definha, e que considera corrompida por uma erosão patológica na sua auto-estima. Sublinha Paulo Nogueira que, «em dez anos, fomos subjugados por uma estrambólica retórica: «teoria crítica da raça», «ideologia de género», «teoria queer», «pós-colonialismo», «masculinidade tóxica», «racismo estrutural», «fragilidade branca», etc.» e que hoje o Ocidente surge para os novos totalitários como  é o inimigo público número um. Contudo lembra os recursos inestimáveis da civilização ocidental: «do humor à democracia, da arte à meritocracia, da tolerância à ciência. Cabe aos ocidentais escolherem, enquanto ainda há liberdade de expressão.» Edição Guerra e Paz .

 

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A GUITARRA NA ORQUESTRA - Bill Frisell é um dos mais destacados guitarristas de jazz norte-americanos, com uma sólida carreira ao lado de nomes como John Zorn ou Paul Motian, além de numerosas colaborações em sessões de gravação. Muitas vezes colaborou com Michael Gibbs, que agora chamou para o seu lado no mais recente e ambicioso projecto - um álbum gravado com uma orquestra filarmónica e uma de jazz, intitulado Orchestras (Live). Gibbs fez os arranjos para os 59 músicos da Orquestra Filarmónica de Bruxelas e para os 11 da Umbria Jazz Orchestra, que acompanharam o trio de Bill Frisell: o próprio na guitarra, Thomas Morgan no baixo e Rudy Royston na Bateria. Nove temas com a filarmónica, sete com a Umbria Jazz. O resultado é brilhante e sente-se o contraste entre o som envolvente e frequentemente romântico da Filarmónica de Bruxelas e as sonoridades mais descontraídas e cruas da Umbria Jazz Orchestra. Logo no primeiro tema percebe-se o trabalho cuidadoso de Frisell a dedilhar a sua guitarra, como uma conversa sussurrada entre a sua guitarra eléctrica e a secção de cordas da filarmónica. Vale a pena ouvi o trabalho de Gibbs nas orquestrações de temas clássicos como Lush Life e Beautiful Dreamer, os seus arranjos em  composições de Frisell, como Strange Meeting, Lookout for Hope, Monica Jane ou o magnífico Throughout, ou, a encerrar, uma versão arrebatadora de We Shall Overcome. Existe também uma versão em vinil, um triplo LP, com o disco adicional baseado em gravações de concertos do trio de Frisell com temas como Be That as It May, Moon River ou What The World Needs Now is Love. A edição é da Blue Note e está disponível em streaming.

DIXIT - “ Se a liberdade de expressão consiste em pronunciar as frases aceites e os conteúdos admitidos, não há liberdade. Temos eventualmente um belo coro, mas liberdade, não” - António Barreto

BACK TO BASICS - “Os dois elementos mais comuns no Universo são o Hidrogénio e a estupidez” - Harlan Ellison

A ESQUINA DO RIO É PUBLICADA SEMANALMENTE, ÀS SEXTAS, NO SUPLEMENTO WEEKEND DO JORNAL DE  NEGÓCIOS

 

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