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DISTRAÍDOS -Nos últimos tempos, em diversas ocasiões, em diversas circustâncias, tornou-se habitual ouvir responsáveis de empresas, bancos e até de organismos oficiais dizerem que não sabiam o que se passava nas estruturas que dirigiam, que não tinham conhecimento de decisões onde eram supostos terem participado. Aparentemente, apesar de estarem em postos de direcção, não detectaram o mais leve indício de que alguma coisa de menos bom se passava. É como se estivessem em lugares de responsabilidade sem, de facto, terem nenhuma responsabilidade. Como um amigo meu dizia este fim de semana, a questão é que durante anos todas estas pessoas ganharam salários aparentemente sem nada terem feito daquilo que fazia parte das suas funções enquanto responsáveis e dirigentes. Continuo a citar o meu amigo, recomendando que o melhor seria que todas estas pessoas devolvessem ops salários e prémios que ganharam, já que nada fizeram daquilo que deviam, já que confessam nada saber daquilo que se passava à sua volta. Ou, mais prosaicamente “se não sabia, se não acompanhou, devolva todos os salrários que ganhou para saber e acompanhar”.
SEMANADA - No primeiro mês de detenção José Sócrates recebeu mais de duas dezenas de visitas de dirigentes e quadros do PS; o Público on line fez um título fantástico: “João Soares foi visto em Évora” ; mais de metade das receitas de empresas ligadas a Santos Silva vieram de câmaras PS e da Parque Escolar; João Perna, o motorista, confirmou ter feito viagens a Paris e disse que Carlos Santos Silva lhe entregava dinheiro para o fundo de maneio do ex Primeiro Ministro; motorista de Sócrates passa a prisão domiciliária; segundo o “Expresso” Sócrates admitiu não saber quanto recebeu de Santos Silva; Portugal perdeu 146 mil habitantes desde o início da década; a TAP pediu um empréstimo de 250 milhões para fazer face à crise de tesouraria que atravessa; a Força Aéreia lançou o primeiro curso de pilotos de drones; as famílias portuguesas gastam uma média de 271 euros em prendas de Natal, mais do que os espanhóis, os gregos e os russos; Marques Mendes e José Maria Ricciardi são ambos administradores de uma imobiliária ligada ao BES.
ARCO DA VELHA - Luis Filipe Menezes invocou a sua qualidade de Conselheiro de Estado do Presidente da República para classificar de devassa da sua vida privada a investigação da Judiciária aos seus sinais exteriores de riqueza.
FOLHEAR - Já pensaram numa aventura meio passada no futuro, entre uma Londres desolada e uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos, onde nada é como agora pensamos ou esperamos que seja? A história, passada entre épocas, num labirinto de personagens e enigmas, gira em torno de viagens no tempo, armas, drogas e terrorismo. O livro, agora editado, “The Peripheral”, é a 11ª obra de William Gibson, que se tornou conhecido há 30 anos, em 1984, com “Neuromante” - o livro que mudou a ficção científica e abriu novos caminhos à imaginação, ajudando a definir a cultura da época. “The Peripheral” é um bilhete para uma viagem ao futuro, num mundo caótico, de valores invertidos e mistérios. São 480 páginas que nos projectam noutra dimensão. Como dia o Guardian, qualquer dos 11 livros de William Gibson estão entre as melhores e mais singulares novelas escritas em inglês. (à venda na Amazon)
VER - Temos a infeliz mania de dizer que por aqui não se passa nada. Mas é mentira. Passam-se imensas coisas boas em Portugal. Quando nos aplicamos sabemos fazer na indústria, na agricultura e nos serviços. E sabemos também juntar vontades para mostrar a nossa História. Uma visita ao Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota é uma belíssima surpresa. Faz-nos pensar que Portugal já teve estratégia, assente na ideia da independência e da expansão. Que No século XV e XVI soubemos marcar fronteiras e ir além delas. Soubemos analisar os inimigos, ver quais eram os seus pontos fracos e utilizar os nossos pontos fortes. Essa é a grande lição de Nuno Álvares Pereira, que a Fundação Batalha de Aljubarrota tão bem conta, sem nacionalismos serôdios, mas com orgulho e rigôr. A minha sugestão é que planeiem uma visita à Fundação, que passeiem no campo de batalha e vejam as indicações que lá estão, que se sentem a assistir ao espectáculo multimedia que recria a batalha. Este não é um museu morto, é uma obra bem viva. A partir do antigo museu militar que ali existia foi desenvolvida uma nova área, tecnologicamente evoluída e exemplar nos conteúdos que proporciona. Ao olhar para a obra da Fundação fico a pensar que ela merece ser mais conhecida e divulgada. Fica a uma hora e um quarto de Lisboa e permite-nos, a todos, compreender melhor o país que é o nosso. www.fundacao-aljubarrota.pt.
OUVIR - Se eu tivesse que escolher um disco de Natal, daquelas colectâneas que se fazem sempre nesta época, escolhia “Round Nina - A tribute to Nina Simone”. São dez das grandes canções que Nina Simone cantou, interpretadas por nomes contemporâneos, que vão de Gregory Portes e Melody Gardot a Liannne La Havass com passagem obrigatória em Camille, que faz uma excelente versão de “My Baby Just Cares For Me”. Outras hipóeteses de prendas natalícias discográficas: se o lado clássico fôr o objectivo sugiro a belíssima nova edição da Decca para a Ópera Turandot, de Puccini, um registo de uma versão histórica, com as participações de Joan Sutherland, Luciano Pavarotti, Montserrat Caballé e Tom Krause, nume gravação do início dos anos 70 dirigida por Zubin Mehta. Se o saudosismo imperar então vale a pena redescobrir “Crime Of The Century”, dos Supertramp, que eu costume dizer que são a banda com o nome mais autocrítico da história da música popular. Finalmente, ainda nas memórias, destaco o disco que assinala os 20 anos de o álbum “Viagens”, de Pedro Abrunhosa. Se gostam de bandas sonoras, a do mais recnete “Hobbit” , “The Battle of The Five Armies” , foi composta por Howard Shore e vale a pena ser bem ouvida. E finalmente, aquele que para mim é o melhor disco prenda deste Natal, “Amália no Chiado”, que foi agora editado (e já aqui mencionado há duas semanas) e que inclui inéditos e raridades gravadas no estúdio que existia na antiga loja Valentim de Carvalho no Chiado, em 1951, tinha Amália 31 anos nessa altura. Imperdível.
PROVAR - Como imagino que se esteja em fase de dietas sugiro que se aproveitem estes dias entre o Natal e o Ano Novo para rumarem a Portalegre, ao restaurante Tomba Lobos. Na mesa há pão como deve ser, azeitonas das boas. Só as entradas são uma perdição: da tiborna aos peixinhos da horta, passando pelos queijinhos assados e umas inesperadas e deliciosas pétalas de toucinho. Se gosta de tutano experimente as vieiras do montado. No dia em que lá fui recentemente, um sábado, havia cozido de grão, com chouriço mouro e farinheira, boas carnes da região. Na sobremensa venceu uma boleima de maçã e uns queijinhos de ovos irresistíveis. A casa tem duas salas, fica nos limites de Portalegre, e além das duas salas do restaurante tem uma zona onde pode adquirir produtos que levam o carimbo do autor de toda esta cozinha, José Júlio Vintém. Destaque para os seus enfrascados - perdiz de escabeche, orelha de porco, salada de pato, coelho de vilão e fraca de escabeche. A acompanhar a refeição veio um vinho da região, o Herdade Porto da Bouga, tinto, reserva. feito na Serra de São Mamede. O Tomba Lobos fica no Bairro da Pedra Basta, lote 16, e o telefone é o 965416630. Se seguirem a sua página no Facebook podem ver o que o Chef Vintém vai propondo na ementa, como uma perdiz brava assada no forno á antiga que por estes dias lá tem aparecido.
DIXIT - “Chega o Natal e os meus amigos inundam-me de cuecas e de meias. Triste fado. Mas por que motivo eu não terei um amigo como o amigo de José Sócrates?” - João Pereira Coutinho.
GOSTO - Da sugestão, de Marcelo Rebelo de Sousa, dirigida a Cavaco Silva, para que ele fale sobre a TAP.
NÃO GOSTO - De o FMI ter responsabilidades na epidemia do Ébola, segundo um estudo da Universidade de Cambridge, devido às políticas na área da saúde que implementou na África Ocidental.
BACK TO BASICS - O grande problema com os tempos actuais é que o futuro já não é aquilo que costumava ser - Paul Valéry
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