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QUENTE - O verão promete ser escaldante não só na nossa política interna, mas também em Bruxelas. A razão desta onda de calor politico que agita a Europa está, claro, na Grécia. O que irá acontecer? O primeiro-ministro grego, Tsipras, estará a fazer bluff e recua na recta final? Ou o bluff parte do Eurogrupo, que agora estabelece como objectivo retomar as negociações e não um objectivo palpável de acordo nessas mesmas negociações? Quem, irá recuar? O Eurogrupo continuará colado a Berlim e ao FMI ou vai distanciar-se? Ou, no fim, ninguém recua? Por mais especialistas que surjam a dizer que uma saída da Grécia da Zona Euro não terá perigo de contágio a outros países, a verdade é que, se isso acontecer, o conceito de Comunidade Europeia até aqui existente mudará substancialmente. E, no meio disto, como ficará,a situação em Portugal, nas várias versões possíveis da evolução dos acontecimentos? Se a Grécia retomar negociações e conseguir alguma coisa - e já nem é preciso muito neste ponto - ficam com razão os que defendem que era possível outra via de negociação. Se a Grécia sucumbir, ficam sem saber o que fazer os que viam no Syriza o farol que lhes guiava o caminho. Uma solução negociada alimentará os que querem alterar as políticas de austeridade; uma ruptura não deixará de condicionar o eleitorado português nas suas decisões. Os próximos dias, as próximas semanas, vão ser escaldantes. Seja o que fôr que aconteça, existirão implicações na situação portuguesa, implicações que contaminarão as próximas eleições, poderão levar os partidos a alterar propostas já apresentadas e poderão, sobretudo, fazer o eleitorado pensar. Vai ser um verão quente.

 

SEMANADA - Há quatro queixas por dia apresentadas contra seguranças privados e 80% são por agressão; os agentes das secretas vão poder usar identidades falsas, vigiar e localizar telemóveis, ter acesso a dados fiscais e bancários e consultar facturações detalhadas; há 19 202 cães perigosos registados em Portugal; o PS, PSD e CDS devem um milhão de euros à Assembleia da República por terem recebido subvenções a mais nas eleições autárquicas de 2009; a segurança social recusou 1359 pedidos de reforma antecipada, um terço do total apresentado; as exportações portuguesas de vinho cresceram 20% nos últimos quatro anos; o peso do Turismo na balança comercial está a crescer 20% em 2015; os call centers instalados em Portugal empregam mais de 40 mil pessoas; trabalhadores precários ganham em média 730 euros por mês; em apenas cinco anos Portugal perdeu 200 mil habitantes; os transportes públicos totalizaram sete meses de greve ao longo dos sete ultimos anos; só este ano já se realizaram sete greves no Metropolitano de Lisboa; Donald Trump é o 13º candidato que se propõe às presidenciais norte-americanas pelo Partido Republicano; no fim de semana saíu a história de que Passos Coelho quer Fernando Nogueira como candidato presidencial em Portugal; o PS anunciou que a evolução da situação grega pode levar a alterar o seu programa eleitoral; Sérgio Sousa Pinto, deputado socialista, afirmou que não é impossível um acordo entre o PS e PSD; o Verão começa oficialmente dentro de momentos.

 

ARCO DA VELHA - A Ministra francesa da Ecologia fez um apelo público para que diminua o consumo de Nutella e, em resposta, o Ministro italiano do Ambiente defendeu o produto fabricado no seu país e anunciou que planeava jantar pão com Nutella.

 

FOLHEAR -  Diz a tradição que o fruto proibido é o mais apetecido. Por isso mesmo todas as proibição são em si mesmas um desafio - seja em que civilização fôr, seja em que época da História nos estejamos a focar. Proibir não é apenas uma questão ideológica - a segunda metade do século XX está cheia de proibições de um lado e outro das ideologias - ou até do Muro de Berlim, para falarmos numa coisa mais física. A  principal limitação do livro de António Costa Santos, “Proibido!”, originalmente editado em 2007 e com sucessivas reedições ao longo dos anos, é que atribui implicitamente apenas a razões ideológicas e c políticas a carga de proibições que atravessaram a sociedade portuguesa até 1974, descontextualizando-a dos brandos usos e costumes de então - fosse no tamanho dos fatos de banho, no comportamento público ou na protecção dos monopólios, como a Fosforeira Nacional. A lista de proibições  passava por beijos em público, casar com uma enfermeira ou usar isqueiro na rua (em casa era permitido). A favor do livro está o espírito de humor com que é escrito, mas também o rigor dos factos relatados. Tudo somado é uma peça fundamental para perceber como se vivia em Portugal antes de 1974, O livro foi escrito por António Costa Santos, tem 196 páginas e foi agora relançado pela Guerra & Paz.



VER - Enquanto não têm oportunidade de visitar o novo Whitney Museum, em Nova Iorque (na imagem), vale a pena passar algum tempo a navegar no seu também novo site -  http://whitney.org . Além de poder conhecer a história da instituição, criada em 1930 por Gertrude Vanderbilt Whitney, poderá também conhecer todos os detalhes do novo edifício projectado por Renzo Piano para o Meatpacking District, junto ao rio Hudson (originalmente estava em Greenwich Village). O site está cheio de imagens dos arredores do museu, muitas acompanhadas por descrições e pequenas histórias, e até por programas desenvolvidos em parceria com outras entidades do Meatpacking District e Chelsea e a já célebre Highline, um parque público que está a uma dezena de metros do nível da rua, onde anteriormente passava uma linha férrea de transporte de mercadorias que abastecia a cidade. E para além de toda a informação possível sobre as exposições em curso (o novo edifício foi inaugurado no princípio da primavera), é possível visitar virtualmente a colecção própria da instituição - o site anterior mostrava apenas 700 das suas obras e este permite visualizar 21 mil. Mais do que uma instituição única no panorama da arte, o Whitney é um exemplo de trabalho com a comunidade, e, neste caso,  sobretudo de integração na reconversaão urbana de uma parte importante e emblemática da cidade. Como poderão ver, tudo foi pensado e nada foi deixado ao acaso. Outras vidas - como diria alguém ao meu lado.

 

OUVIR - O segundo disco dos Real Combo Lisbonense é uma homenagem a Carmen Miranda -  a cantora que nasceu no  Marco de Canavezes em 1909, que foi para o Brasil com apenas dez meses e que, depois de aí ter feito carreira a partir de 1928, acabou por ir para os Estados Unidos, estreando-se na Broadway em 1939. Daí foi para Hollywood, onde fez 14 filmes. Criou a imagem da baiana extravagante e morreu aos 46 anos, em 1955. Em pouco mais de duas décadas de carreira deixou sua voz em 279 gravações no Brasil e mais 34 nos EUA, num total de 313 gravações. Onze dos seus temas, seleccionados entre os  mais conhecidos, foram recriados pelo colectivo "Real Combo Lisbonense" para o CD “Saudade de Você”, lançado há poucas semanas. Entre esles estão o célebre “Escrevi Um Bilhetinho”, mas também “Saudade de Você, “O Que É Que Você Fazia”, “Salada Mixta” e “Adeus Batucada”, entre outros. O Real Combo Lisbonense, uma aventura única na música portuguesa contemporânea, foi fundado por João Paulo Feliciano e inclui, entre outros, Tomás Pimentel (o trompetista que fez os arranjos), Bruno Pernadas, Sérgio Costa, David Santos, João Pinheiro, Rui Alves, Mário Feliciano e, nas vozes, Ana Brandão, Margarida Campelo, Joana Campelo e Ian Mucznik. Cá por casa o disco roda em alta rotação, sobretudo nos fins de tarde, quando a luz começa a esvair-se. “Saudade de Você- às voltas com Carmen Miranda”, CD Pataca, à venda nos sítios do costume.



PROVAR -  Confesso que este ano ainda não apanhei sardinhas daquelas que ficam na memória por boas razões. Mas em compensação esta semana provei umas cavalas em molho picante, acompanhadas por uma salada simples, que hei-de repetir ao longo do verão. O melhor de tudo é que qualquer um pode ter estas cavalas, inteiras, óptimas, à disposição - são produzidas numa das mais tradicionais fábricas de conservas de Portugal, a Pinhais, de Matosinhos. A fábrica exporta a maior parte da sua produção, apenas composta de conservas de sardinha e cavala, e em Portugal  pode ser encontrada em lojas seleccionadas. A produção é feita apenas a partir de peixe fresco pelo método tradicional, sem recurso a camaras congeladoras. O processo é baseado na salmoura , no cuidado manuseamento do peixe e depois na sua cozedura a vapor. Só depois de arrefecer ao ar, é que o peixe é enlatado e a única parte do processo em que são utilizadas máquinas é na esterilização e na cravação das latas, para as fechar. Este ritual de produção repete-se desde a fundação da Pinhais, em 1926.

Azeite virgem, molho de tomate e azeite virgem com picante são as variedades utilizadas e, até serem abertas, as conservas ficarão a apurar o sabor na companhia de uma rodela de cenoura fresca (descascada e cortada também na fábrica), uma rodela de pepino em salmoura, uma malagueta tratada em salmoura também, um pedaço de folha de louro, um traço de cravinho e uma bolinha de pimenta preta. Uma lata leva quatro cavalas saborosíssimas e dá uma refeição de verão absolutamente deliciosa.

 

DIXIT - “Só em Estados autoritários é que as Forças Armadas podem desempenhar funções policiais ou de segurança interna” - Jorge Bacelar Gouveia, constitucionalista, sobre o projecto de colocar militares em escolas.

 

GOSTO - O Prémio Camões deste ano foi atribuído a Hélia Correia - poucas vezes a escolha foi tão certeira.

 

NÃO GOSTO - O Instituto Nacional de Estatística considera que em 2014 o número de emigrantes temporários portugueses ultrapassou os 85 mil, o maior número desdxe que há registos.

 

BACK TO BASICS - Volta e meia surgem uns homens que pensam que o mundo pode ser mudado graças a um qualquer panfleto que escreveram - Benjamin Disraeli.

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publicado às 14:00



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