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DRONES  - Chega agora aquela altura do ano em que os partidos criam uns acontecimentos a que chamam universidade de verão, ou qualquer outra coisa do género, para dar um ar de trabalho e respeitabilidade. No geral é perpetuamente convidado o mesmo conjunto de notáveis, em cada partido há o cuidado de ir buscar um notável do partido ao lado, e todos ficam felizes repetindo quase todos os anos os mesmos relatos das suas experiências passadas. Poucos são no entanto os que falam das realidade presentes e dos desafios futuros - o maior dos quais é a reforma do sistema político e partidário, assunto declarado tabu apesar de todas as iniciativas não partidárias em curso sobre essa matéria. Toca-se ao de leve no tema mas verdadeiramente a reforma do sistema não é interiorizada como uma prioridade - se o fosse o arco parlamentar provavelmente mudaria. É interessante como os partidos são incapazes de reflectir sobre si próprios - por exemplo sobre esse “case study” de conspiração interna em que se tornou o PS ou sobre a aliança entre negócios e política que toca todo o arco da governação de forma mais ou menos acentuada. Mas não os ouço a reflectir sobre as expectativas dos eleitores, sobre as possibilidades que a análise dos dados digitais hoje possibilitam a nível da acção política, sobre a importância da adopção de estudos de opinião à marcação da agenda política ou sobre a importância de saber comunicar de forma efectiva, em relação aos eleitores, por forma a mobilizá-los e não apenas aos militantes com o objectivo de os entreter, que é a prática corrente. Há quem demonize o marketing político, mas ninguém assume uma discussão séria sobre esta questão: é mau fazer marketing na política? Ou é preferível criar drones de falatório e politiquice, de que Marques Mendes deve ser o mais genuíno exemplo?

 

SEMANADA - Em Portugal registam.se, por ano, dez mil incêndios urbanos que provocam 60 mortes; a Provedoria de Justiça deu razão a queixas contra a CRESAP, uma comissão criada pelo Governo e liderada por João Bilhim para escolher dirigentes no Estado, e aponta violações da lei, critérios "arbitrários" e "conceitos indeterminados" na seleção e nos concursos; João Bilhim referiu que a Cresap “é um sonho do senhor primeiro-ministro”, acrescentando que “numa cultura da Europa do Sul, ou seja, do azeite, não é fácil aceitar a lei do mérito e a intervenção de uma entidade administrativa independente”;  Antonio José Seguro admitiu não poder garantir que vá baixar impostos se fôr primeiro-ministro; António Costa quer debater menos que Seguro - Costa propõe debates televisivos de 25 minutos e Seguro propõe 45 minutos; a hotelaria algarvia registou, no primeiro semestre deste ano, 6,5 milhões de dormidas, mais 13,1 por cento do que no período homólogo; a dívida da Câmara de Lisboa ultrapassa os 500 milhões de euros, mais do dobro da dívida do Porto; Vila Nova de Poiares, Portimão, Aveiro e Nazaré são municípios que estão com a corda na garganta e já mostraram interesse em recorrer a uma linha de emergência do Governo para pagar salários, transportes escolares e outros pagamentos essenciais mais urgentes; o Museu do Brinquedo, em Sintra, vai encerrar Domingo por falta de apoios.

ARCO DA VELHA - A KPMG, auditora do BES, recusou-se a assinar as contas do banco relativas ao primeiro semestre deste ano.

 

FOLHEAR - O número de Setembro da revista “Vanity Fair” é a edição anualmente dedicada ao Estilo, e que inclui a escolha dos que são considerados como os mais elegantes e mais bem vestidos - aqui fotografados por Mario Testino. Mas as principais matérias de interesse da revista têm a ver com outros estilos. Destaco o artigo sobre o projecto criado pelo arquitecto Frank Gehry em Paris, no Bois de Boulogne, para albergar a Fundação Louis Vuitton - descrito pela revista como um edifício diferente de qualquer coisa que antes se tenha conhecido, “um casamento de ambição cultural com empreendedorismo” . Faço questão de recordar que Lisboa não tem um projecto de Frank Gehry - por sinal fantástico (tive ocasião de o conhecer) -  paredes meias com a Avenida da Liberdade, por culpa principal desse nefasto Presidente da República chamado Jorge Sampaio, que vetou a utilização de verbas do Casino e do Jogo para a sua construção. O projecto de Gehry para Lisboa seria construído, se Sampaio não o tivesse impedido, no local onde continuam apenas a existir os destroços do Parque Mayer, que António Costa e Sá Fernandes persistem inabalavelmente em manter - mais um sinal da actuação de Costa na cidade que desgoverna, em estágio para querer fazer o mesmo ao país. Eu gostava que em Portugal volta e meia se fizesse a memória de algumas coisas e se investigasse, numa boa reportagem, o que levou um Presidente da República a impedir aquilo que seria uma obra de arquitectura marcante para Lisboa, com um enorme impacte no seu posicionamento internacional. Talvez nessa altura tivéssemos umas páginas da “Vanity Fair” a olhar para Lisboa.

 

VER -  O Sundance Channel foi criado por iniciativa de Robert Redford em 1996 com o objectivo de exibir filmes de autor, documentários, séries, curtas metragens e reportagens. O projecto cresceu, criou um festival de audiovisual - o Sundance Film Festival - que depressa se tornou uma referência. Na Europa o canal Sundance apenas tem uma versão na Holanda, por sinal o primeiro país a ter televisão privada num continente dominado por um serviço público cada vez mais arteroesclerótico. O Sundance é uma iniciativa privada, que além de Redford, contou com a CBS e a Universal, até ser comprado em 2008 pela Rainbow Media. Apesar de não poder ser visto em Portugal, uma pesquisa no YouTube revela muitos dos seus programas e, sobretudo, permite aceder a uma das suas séries documentais de referência, “Iconoclasts”  , exibida entre 2005 e 2012, e sempre patrocinada por uma marca de vodka premium. O conceito é simples - colocar duas personagens criativas e conhecidas, de áreas diferentes ou não, a falarem uma com a outra  sobre o que fazem.. No YouTube encontra os episódios do músico Eddie Vedder com o surfista Lair Hamilton, da cantora Fiona Aplle com o realizador Quentin Tarantino, da designer e estilista Stella McCartney com o artista plástico e fotógrafo Ed Ruscha, de Paul Smith com Jamie Oliver (na foto) e, sobretudo, os episódios do próprio Robert Redford a conversar com Paul Newman. Imperdível - e qualquer destes programas, aposto, é mais barato de produzir que uma transmissão de um jogo de futebol desses que passam a todaa hora no serviço público. É isso que me chateia.

 

OUVIR - Lana Del Rey é uma provocadora que agora se apresenta como guardiã de memórias do passado na música pop de hoje. Só assim se compreende a forma como ela evoca filmes antigos, como percorre a estética de imagem e até da música dos anos 60 e 70. A canção que dá nome ao álbum, “Ultraviolence”, repete a frase ““He Hit Me (And It Felt Like a Kiss)”, que era o título de um original de Carole King e Gerry Goffin, gravada pelos Cristals e Phil Spector nos anos 60. Muita da força deste disco, ao nível dos arranjos, da intensidasde das guitarras e da sonoridade criada deve-se  a Dan Auerbach, dos Black Keys, que exerceu a função de produtor. É sabido que os Black Keys gostam dos anos 70, mas este disco é mais que uma ida ao passado, é como um perverso exercício de nostalgia, nas letras e na música. Os temas mais marcantes são“West Coast”, “Brooklyn Baby”, “Money Power Glory”, “Old Money” e claro  “Fucked My Way Up To The Top” e “Cruel World”, a faixa de abertura. Em todos se nota o mesmo recado - um mundo que se foi tornando num museu confuso, em que a cultura se repete e em que todos copiam todos e imitam quem podem. Aqui está um álbum intrigante e sedutor.

 

PROVAR - Jorge Rodrigues é um dos chefs de cozinha algarvios que mais se tem destacado nos últimos anos. Combina a fidelidade às tradições gastronómicas da sua região com uma assinalável capacidade criativa e posiciona-se numa cozinha de inspiração mediterrãnica - um dos seus prémios diz respeito à forma como elaborou um tamboril em molho de carabineiro suado na cataplana. É ele o responsável pelo restaurante “O Convento”, localizado no Convento das Bernardas, em Tavira, reconstruído em 2010 pelo arquitecto Souto Moura, e que era o maior convento do Algarve. O restaurante fica numa sala ampla e tem uma lista tentadora. Nas entradas destaco as ostras da Ria Formosa ao natural, fresquíssimas, e um carpaccio de polvo com saladinha montanheira e vinagrete de coentros. Na parte mais substancial, quem quis as ostras de entrada avançou para  o polvo de Tavira confitado sobre esmagada de batata doce e misto de legumes e quem começou pelo carpaccio escolheu os filetes de cavala na chapa com açorda  de ostras e aroma a poejo. Do princípio ao fim tudo excedeu as expectativas - desde a manteiga de amendoa no couvert, até á troliogia de amendoa, alfarroba e figo na sobremenesa, acompanhada por um shot de medronho. A lista ds vinhos é assumidamente algarvia e o destaque da casa vai para a produção da Quinta do Barranco Longo. Na ocasião bebeu-se o branco, que esteve à altura da refeição servida. É sem nehuma dúvida o melhor restaurante do Algarve a que fui nos últimos tempos. O Convento, Rua Dom Paio Peres Correia, Tavira, telefone 281 329 040.



DIXIT -  “Sou uma carta fora do baralho” - Marcelo Rebelo de Sousa   

 

GOSTO - Depois de quatro anos de protestos dos utilizadores dos parques naturais do país, o Governo aboliu a polémica portaria que implicava o pagamento de uma taxa de 152 euros para a realização de uma simples caminhada.

 

NÃO GOSTO - O Jardim da Graça, prometido pelo executivo de António Costa para 2009 primeiro e para 2013 depois, continua com as obras paradadas desde há meses mas José Sá Fernandes arranjou tempo e recursos mandar retirar do Jardim da Praça do Império os brasões das ex-colónias.

 

BACK TO BASICS - “Não posso fazer mudar a direcçlão do vento, mas posso ajustar as velas do meu barco de maneira a conseguir chegar ao meu destino” - James Dean

 

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publicado às 13:07



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