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CULTURA - Esta semana o tema dos subsídios à actividade cultural irrompeu de forma estridente. O financiamento da Cultura é sempre um problema seja qual fôr o Governo, os candidatos e projectos são sempre em excesso das verbas disponíveis e as coisas pioram quando há arrogância do poder associada a incompetência - que na realidade foi o que aconteceu. Mas esta semana houve uma reveladora frase no meio da polémica quando, depois de chamado a S. Bento, o Secretário de Estado da Cultura confessou ingenuamente que o Primeiro-Ministro António Costa estava a par de tudo o que se tinha feito e aplicado. Acontece que o Primeiro-Ministro, como já aconteceu noutros casos e noutras áreas, cedeu ao sururu de quem protestou e primeiro deu um público puxão de orelhas ao Ministro e Secretário de Estado por terem deixado criar tanto alarido, apareceu ele próprio a resolver a confusão e rematou com um cínico elogio aos ocupantes da Ajuda. Este caso ilustra duas coisas: em primeiro lugar que não existe uma política nem um estratégia para a Cultura - e não é de agora, bem sei; e, em segundo lugar, que António Costa prefere ceder mais uma vez aos protestos do que perceber porque existem e qual o caminho para resolver o problema de fundo - para não ir mais longe actualizar a Lei do Mecenato. Na realidade António Costa replicou aqui o que tem feito em tantos casos - preferiu ceder às reivindicações suportadas pelo Bloco e pelo PCP a ter que arranjar dores de cabeça em futuras votações parlamentares. Desenganem-se os grupos de teatro se acham que o recuo anunciado tem a ver com uma compreensão da situação e a definição de uma nova política. O que se passou foi uma troca: satisfazer aqui os aliados da coligação, para noutros casos lhes pedir a compensação. Foi só isto. Mais à frente se perceberá qual foi a taxa de câmbio utilizada.

 

SEMANADA - Na PSP há 16 sindicatos, três deles têm mais dirigentes que sócios; a pressão turística no Porto e em Lisboa é superior à que se verifica em Londres ou Barcelona; Portugal importa dez mil toneladas de pão diariamente, em todo o país há apenas 300 guardas-nocturnos; a rede Siresp, que serve de sistema único de comunicação entre as forças e serviços de segurança e emergência falhou durante nove mil horas, em 2017; quase 30% dos estudantes abandonam o ensino superior e mais de metade dos alunos que entram com média de 10 valores não acaba a licenciatura; em 2017 foram registados 22.599 crimes de violência doméstica, 6.303 dos quais no distrito de Lisboa; as ajudas concedidas à Banca entre 2007 e 2017 foram de 23,7 mil milhões de euros, cerca de 12,3% do PIB, o que significa 2302 euros por cada português; as vendas de automóveis nos três primeiros meses do ano aumentaram 4,7% em relação ao mesmo período do ano passado e totalizaram 73 104 viaturas; de acordo com a Marktest, 21.96% do poder de compra está concentrado em 5 concelhos: Lisboa, Porto, Sintra, Vila Nova de Gaia e Cascais ; ainda segundo  a Marktest cerca de 3,9 milhões de portugueses com 15 e mais anos ouviram música online em 2017 e este hábito aumentou 91% nos últimos sete anos; o Estado exige a privados contratos a prazo mais curtos que os que utiliza nas suas próprias  contratações de pessoal.

 

ARCO DA VELHA - Na semana passada a RTP2 ficou  em 12º lugar das audiências a nível nacional e na região de Lisboa nem aparece entre os 20 canais mais vistos.

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FOLHEAR - Se sigo a actualidade e as notícias no digital, prefiro olhar para a reflexão e a descoberta no papel. E é aí que entra a nova geração de revistas que se vai publicando e que mostra as capacidades da imprensa, que estão longe de estar esgotadas. Com criatividade, imaginação editorial e gráfica, arrojo, e alguma capacidade para encontrar nichos de público yêm surgido numerosas novas publicações. A minha mais recente descoberta é a “Mayday”, cujo primeiro número foi publicado no final do ano passado, em Copenhaga, uma cidade que nesta área editorial tem estado muito activa. A revista debruça-se sobre cultura, sociedade, tecnologia e realidades imprevistas, no dizer dos próprios editores. A História é o ponto de união de vários artigos desta edição - seja a narrativa de Don Quixote, sejam as descobertas sobre a evolução da humanidade. Um artigo que me chamou particularmente a atenção chama-se “A Arte É a Lente Que Nos Permite Ver o Mundo”, escrito pela curadora de um dos museus europeus que mais admiro, o Louisiana Museum Of Modern Art, nos arredores de Copenhaga. Mary Laurberg, uma das curadoras do museu, fala sobre quatro artistas escandinavos contemporâneos a partir da frase de Joyce Carol Oates,  “a Arte leva-nos a novos lugares”. Termino com um destaque de uma das páginas da “Mayday”: “a colaboração é uma das mais importantes competências do século XXI”. Vista numa folha, retive estas palavras. Talvez num ecrã isso não tivesse acontecido. A “Mayday” está disponível na Under The Cover, Rua Marquês Sá da Bandeira 88.

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VER - A iniciativa British Bar, imaginada e desenvolvida por Pedro Cabrita Reis, entrou agora na sua 12ª edição - tem portanto um ano de vida. Ao longo destes 12 meses Cabrita Reis seleccionou e convidou mensalmente três artistas plásticos para criarem ou escolherem obras suas que pudessem ser expostas nas três montras verticais do British Bar, no Cais do Sodré, uma casa que o organizador frequenta há muitos anos e que é um ponto de passagem num local central. É uma forma especial de arte pública, expondo obras num contexto bem diferente do habitual e colocando-as perante públicos diversos daqueles que as estão habituados a ver nas galerias ou museus. Sempre suportada por um folheto bem elaborado com informação sobre os artistas e obras expostas, esta semana foram apresentadas “Private Dancer” de Pedro Calapez, “Fruteira”, de Pedro Valdez Cardoso, e Banco de Estirador B, de Fernanda Fragateiro. São todas elas obras criadas para o local e confrontam quem passa na rua com três perspectivas criativas bem diversas. Outras sugestões: no espaço capela do Centro Cultural de Cascais um ensaio fotográfico de Bruno Saavedra, “Ana”, sobre os últimos cinco dias de vida de uma mulher; na Galeria Módulo, Tito Mouraz mostra a sua visão do interior em “Fluvial”.

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OUVIR - Nos dias de hoje as fronteiras entre géneros são cada vez mais ténues e as classificações são por vezes dificeis. Quando músicos de jazz se lançam em  música improvisada maioritariamenteb de origem electronica, poderá ser considerada ainda dentro dos terrirórios do jazz contemporâneo? Os britânicos GoGo Penguin estão no centro de uma polémica sobre este assunto desde o seu disco anterior, “Man Made Object”. O novo “A Humdrum Star”, já distribuído em Portugal, vem reacender a discussão. Há aqui elementos de house, mas também de electrónica, de ambiental, de clássica contemporânea. Este “A Humdrum Star” é um passo em frente na transição dos Go Go Penguin para um território electrónico mais explícito e acentuado onde alguma ausência de regras é a matéria prima mais visível para a forma como as nove faixas deste disco se desenvolvem e cruzam, com uma bem vinda libertinagem que tem andado demasiado arredada da música. O que aqui me seduz mais é o cruzamento do piano com teclados electrónicos, a presença da percussão bem cruzada com o baixo, tudo a fluir de forma deliciosamente imprevisível, ao sabor dos acontecimentos e do sentir dos músicos. Há muito que não ouvia um disco tão libertador. CD “A Humdrum Star”, dos GoGo Penguin, edição Blue Note, distribuição Universal Music.

 

PROVAR - Estamos no fim da época dos ouriços do mar e não há melhor local para descobrir esta iguaria do que a Ericeira, onde, até domingo, decorre o 4º Festival Internacional dos Ouriços do Mar. Em 22 restaurantes da localidade e arredores (nalguns o prazo será alargado) dão-se a provar diversas formas de experimentar esta iguaria a que alguns chamam o caviar da Ericeira. Acontece que a preparação dos Ouriços é trabalhosa, a época do ano em que estão com as saborosas ovas é esta e é muito limitada, os ouriços do mar são raros e a sua apanha é difícil. Mas a Ericeira é o seu bastião em Portugal. As propostas existentes nos diversos restaurantes da terra passam por um risotto de ouriços do mar com camarão grelhado, açorda de ouriços de mar, arroz do mar com ouriços e algas e até caril de ovas de ouriços do mar ou spaghetti com ovas de ouriço. Mas se é neófito nestas lides comece por experientar os ouriços ao natural, uma experiência inesquecível, pela explosão de sabor de mar que proporciona .

 

DIXIT - Actualmente não há quase nada mais importante do que garantir a existência de um robusto serviço público de informação acessível universalmente aos cidadãos - Emily Bell, ex editora digital do Guardian.

 

GOSTO - O filme "Terra Franca", a primeira longa-metragem da realizadora Leonor Teles, venceu o "Prix International de la Scam" no festival Cinéma du Réel em Paris.

 

NÃO GOSTO - Do plágio feito no filme “Peregrinação”, realizado por João Botelho, ao livro “Corsário dos Sete Mares”, de Deana Barroqueiro, utilizado sem autorização nem tão pouco comunicação prévia.

 

BACK TO BASICS - Os americanos não têm o sentido da privacidade nem sabem o que ela significa, privacidade é coisa que não existe nesse país - George Bernard Shaw.

 



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SOBRE A IGUALDADE - Caso ainda não tenham notado anda meio mundo aflito com o Regulamento Geral de Protecção de Dados, que é suposto entrar em vigor a 25 de Maio próximo. Abundam os cursos de formação e os pareceres de gabinetes de advogados sobre o assunto, todos a aproveitar o momento e a escassez de tempo, tal como os limpadores de mato aproveitaram as superiores orientações de cortar a eito e depressa. O mais engraçado de tudo é que na semana passada o Conselho de Ministros aprovou que a protecção de dados vem para todos, mas não para as administrações públicas - e isto pelo menos durante os três próximos anos, prazo que pode até ser aumentado. De facto o Governo aprovou no Conselho de Ministros da semana passada uma proposta de lei que prevê a isenção de coimas para o Estado em caso de infração. A ministra da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques, sempre atenta à inovação, estimou os custos administrativos com o novo regulamento na ordem de “centenas de milhões” de euros. O argumento utilizado para justificar a excepção prende-se com o critério de utilização dos dados - uma falsidade, já que se sabe que o Estado usa e abusa do cruzamento de dados de cidadãos entre organismos, muitas vezes com duvidosa legitimidade para tal. Era suposto existir um período de transição para as empresas nacionais de 18 meses, que o Estado convenientemente eliminou para poder cobrar mais umas coimas, sublinhando que as PME’s portuguesas têm que cumprir o referido regulamento, mesmo que o Estado o não faça. O Sol não nasce igual para todos, é o que é...

 

SEMANADA - O mesmo Governo que prometeu baixar impostos conseguiu que a carga fiscal atingisse em 2017 o valor mais alto dos últimos 22 anos; na realidade em 2017 a carga fiscal aumentou para 37% do Produto Interno Bruto, face ao peso de 36,6% que tinha na economia em 2016; o Instituto Nacional de Estatística destaca os aumentos da receita dos impostos sobre a produção e importação (6,1%), nomeadamente o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), das contribuições sociais (5,1%) e dos impostos sobre o rendimento e património (3,3%); as ajudas do Estado à banca nesta década já custaram 17,1 mil milhões de euros aos contribuintes, quase 9% do PIB; no ano passado os casamentos realizados em Portugal renderam quatro milhões de euros em taxas diversas cobradas pelo Estado; ao analisar o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) detectou "cerca de 95 milhões de euros cobrados indevidamente" nos últimos cinco anos; segundo o presidente do conselho de reitores das universidades, Portugal está ao nível da Hungria e da Roménia no investimento no ensino superior; António Costa fez uma acção de propaganda a limpar matas; Rui Rio fez uma acção de propaganda a visitar quartéis de bombeiros; em Portugal uma em cada cinco mulheres consome produtos dietéticos.

 

ARCO DA VELHA - Portugal é o país com maior carga de parcerias público-privadas, cujos custos representam cerca de 10,8% do PIB, cinco vezes mais que a média europeia.

 

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FOLHEAR - A edição de abril da revista Monocle dá destaque a Maria de Lourdes Modesto, que apresenta - e bem -  como a mais importante autora portuguesa sobre temas de gastronomia. Trisha Lorenz, a correspondente da revista em Portugal, traça um perfil de Maria de Lourdes Modesto e explica como ao longo da sua vida ela contribuíu para elevar o conhecimento e a compreensão da cozinha tradicional portuguesa. Ao mesmo tempo elucida os leitores sobre algumas das particularidades da comida portuguesa. A conversa passou-se no restaurante Monte Mar, do Guincho, com elogios aos seus filetes de pescada com arroz de berbigão. Na conversa com Trish Lorenz Maria de Lourdes Modesto elogia dois críticos gastronómicos portugueses: o já falecido David Lopes Ramos e Duarte Calvão, do blogue Mesa Marcada. No roteiro da última página da Monocle o Porto surge como uma das cidades em destaque com referências à guesthouse My Home In Porto, à Casa de Chá da Boa Nova e ao café Progresso, entre outros locais. Portugal aparece ainda referido com uma curta nota sobre os azulejos da fábrica Viúva Lamego. Outros artigos a ler: uma entrevista com Angela Ahrendts, que saíu da Burberry para dirigir a cadeia de lojas da Apple; e uma iniciativa austríaca que visa dar projecção internacional aos artistas plásticos do país.

 

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VER - Ponto prévio: segunda feira a partir das 19h00  regressa o ciclo de exposições nas montras do British Bar, no Cais do Sodré, organizadas por Pedro Cabrita Reis e que desta vez apresenta Pedro Calapez, Pedro Valdez Cardoso e Fernanda Fragateiro. Passemos a outros temas: um dos locais incontornáveis para quem gosta de ver fotografia é o Foam Fotografiemuseum, de Amsterdão . Mas se lá não puder ir o site está organizado por forma  a dar-lhe uma boa ideia do que está em exposição. Seydou Keita é um fotógrafo do Mali, que viveu entre 1921 e 2001 e que, sobretudo nas décadas de 50 e 60 do século passado, fotografou as pessoas de Bamako, a capital do país, em imagens a preto e branco que transmitem a intensidade dos retratados (na imagem). As pessoas visitavam o estúdio de Keita para serem fotografadas com as suas melhores roupas e penteados. A exposição abre a 5 de Abril e ficará no Foam até 20 de Junho. Entretanto podem sempre descobrir o que lá há para ver em www.foam.org . Dentro de portas há outras sugestões. No MAAT Miguel Palma apresenta obras sobre papel e o argentino Tomás Saraceno mostra na Galeria Oval  “Um Imaginário Termodinâmico”. Na Lisbon Gallery (Praça do Princípe Real 19) está “Polaroid”, uma mostra de 13 projectos de uma nova geração de designers que trabalham em Portugal. No Museu Colecção Berardo está a exposição “Linha, Forma e Cor” que apresenta obras de artistas como Piet Mondrian, Bruce Nauman, Frank Stella, Cy Twombly,  Fernando Calhau, José Pedro Croft, Fernanda Fragateiro, Pedro Cabrita Reis, António Sena e Ângelo de Sousa, entre outros.

 

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OUVIR - O trio constituído por Keith Jarrett (piano), Gary Peacock (baixo) e Jack DeJohnette (bateria)  - e que ficou conhecido informalmente como The Standards Trio - separou-se em 2014 depois de uma carreira de mais de 25 anos. Em fevereiro foi publicado um novo disco destes músicos, “After The Fall”, um CD duplo que recupera uma gravação ao vivo inédita, realizada em 1988 em Newark. Acontece que este registo merece ser colocado entre os melhores que o grupo lançou. Aqui estão temas tradicionais do cancioneiro norte-americano, nos quais se nota o vigor da capacidade de improvisação do trio - desde logo na faixa de abertura, “The Masquerade Is Over” que ganha fulgor ao longo de 16 minutos. Aqui estão clássicos como “Moment’s Notice” de Coltrane, “Doxy”, de Sonny Rollins, “Bouncin’With Bud” de Bud Powell, “Scrapple From The Apple” de Charlie Parker ou ainda “Autumn Leaves”, “When I Fall In Love” ou uma versão inesperada de “Santa Claus Is Coming To Town”. Gravado no final de um período de convalescença de Jarrett, e após um hiato de actuações ao vivo de quase dois anos, este álbum evidencia o virtuosismo, a força e a coesão do trio, assim como a sua capacidade de reinterpretar clássicos. O próprio Jarrett sublinha nas notas de capa que “ficou surpreendido pela forma como os três músicos tocaram nesse concerto, depois de um longo período de pausa. Duplo CD ECM, disponível no Spotify.

 

PROVAR - De 5 a 15 de Abril regressa o “Peixe em Lisboa”, que se tem afirmado como o maior evento dedicado à gastronomia do mar realizado em Lisboa, este ano de novo no Pavilhão Carlos Lopes. Nesta 11.ª edição do Peixe em Lisboa estarão presentes reputados  chefes internacionais, com destaque para os responsáveis do Dinner, de Londres, do Il Pagliaccio de Roma, de Ana Ros, considerada Melhor Chefe Feminina do Mundo em 2017 pelo seu trabalho no restaurante Hisa Franko, na zona rural da Eslovénia, Andrew Wong que assinala a estreia da cozinha chinesa no evento e Iván Domínguez, chefe do restaurante Alborada, na Corunha. Entre os portugueses estarão José Avillez, do Restaurante Belcanto,  João Rodrigues do Restaurante Feitoria e também jovens chefes nacionais como João Oliveira e Tiago Bonito, Vasco Coelho, Diogo Noronha e Diogo Rocha. O Peixe em Lisboa 2018 terá ainda dez restaurantes da região de Lisboa que funcionam em permanência, do meio-dia à meia-noite e que se destacam por pratos à base de peixes e mariscos portugueses, com destaque para três estreantes: a Casa do Bacalhau, Loco e Mariscador. Além destes estarão o Arola, o Ibo, o Kanazawa, a Taberna Fina, o Ritz Four Seasons e o Ribamar, de Sesimbra. Este ano se o tempo permitir existem esplanadas, a entrada é 15 euros, os bilhetes estão à venda na Ticketline e há concursos para nomear as melhores pataniscas e pastéis de nata.

 

DIXIT - “A ideia é sempre juntar pessoas” - Manuel Reis

 

GOSTO - O filme “São Jorge”ganhou sete prémios Sophia da Academia Portuguesa de Cinema, entre eles o de melhor realização para Marco Martins e de melhor actor para Nuno Lopes.

 

NÃO GOSTO - Da intenção de a Meo passar a cobrar um euro por cada fatura em papel enviada aos seus clientes.

 

BACK TO BASICS - “Temos a arte para evitar morrermos da verdade” - Nietzsche



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(esta imagem é um pormenor da obra "Interdito" da artista plástica Marilá Dardot)

 

AGORA? - Não tenho a certeza se a avaria política detectada no Domingo passado se resolve com uma simples reparação de motor, recauchutagem de pneu ou mudança de mecânico e condutor. O que aconteceu nestas autárquicas foi o sinal da crise que percorre o sistema político e partidário desenhado em 1974, entretanto desactualizado mas nunca adequadamente ajustado. A avaria maior foi detectada no lado direito do espectro partidário, com o PSD, mas teve também sinais fortes do lado esquerdo, com o PCP. A minha convicção é que este foi o sinal de um problema estrutural irreversível se se mantiver o quadro actual. Soluções antigas dificilmente resolvem problemas novos - como apresentar propostas diferentes de acordo com as questões contemporâneas, de adequar o discurso às novas formas de comunicação, conseguir atrair os eleitores mais jovens. Duvido que formas de organização antigas possam ajudar a solucionar o problema. Se quer sobreviver e ser relevante o PSD necessita urgentemente de criar um novo enquadramento, de analisar como se distanciou do eleitorado, qual a razão que o leva a ser  incapaz de mobilizar vontades, cativar independentes e criar propostas fora dos aparelhos partidários. Precisa sobretudo de uma clara definição ideológica e de um posicionamento político que seja mobilizador. Veja-se o que aconteceu em Lisboa: Assunção Cristas conseguiu falar para fora do seu partido, o PSD ficou a falar para dentro (na realidade nem para dentro conseguiu falar) e deixou muitos dos seus eleitores tradicionais fugir. O PSD tem o desafio de voltar a conseguir inserir-se na sociedade, a quem virou costas nos últimos anos. Importa mais saber o que se diz para fora de forma coerente e consistente do que entrar no jogo das habilidades tácticas conjunturais e exercícios de conspirações palacianas. O CDS deu um exemplo de mudança. Será o PSD capaz de fazer o mesmo?

 

SEMANADA - Em Lisboa  Fernando Medina perdeu 3 vereadores e a maioria absoluta; no Porto Rui Moreira obteve maioria absoluta; o PCP perdeu dez câmaras, entre as quais Almada, Barreiro e Beja; a análise dos fluxos de eleitores mostra que os votos das câmaras perdidas pela CDU foram para o PS; a CDU (PCP e PEV) ficou pela primeira vez abaixo do meio milhão de votos em todo o território; nestas autárquicas houve 17 movimentos independentes que ganharam câmaras, contra 13 em 2013; Tino de Rans obteve 6,22% de votos em Penafiel; em 2013 o PAN teve 16 mil votos, Domingo passado chegou praticamente aos 56 mil; 47 câmaras mudaram de côr nestas autárquicas - 16 passaram do PSD para o PS, 12 passaram do PS para o PSD, 9 passaram da CDU para o PS e 2 passaram do PSD para independentes; o PSD, sozinho ou em coligação, nunca tinha obtido tão poucas presidências de câmara desde o início das autárquicas, em 1976; o PS ficou com 159 câmaras, o PSD vai liderar 98; há mais de 40 anos que o PSD não tinha tão poucos votos; Passos Coelho anunciou que não se recandidatará à liderança do PSD; segundo a Marktest, a freguesia de Lamosa (concelho de Sernancelhe, distrito de Viseu) foi a mais participativa neste acto eleitoral pois 90.15% dos 203 inscritos apresentaram-se nas urnas; pelo contrário, a freguesia de Parada do Monte e Cubalhão foi a que registou maior abstenção, tendo votado apenas 29.89% dos 977 inscritos nesta freguesia.

 

ARCO DA VELHA - O candidato do PCTP/MRPP à Câmara da Moita, Leonel Coelho, prometia uma ruptura com o passado apesar de ter 82 anos - teve 667 votos, mais sete do que há quatro anos.

 

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FOLHEAR - A colecção Livros Amarelos, da editora Guerra & Paz, permite fazer uma leitura paralela de textos de dois autores que por alguma razão têm uma ligação entre si. O novo volume reúne, sob a orientação de Jerónimo Pizarro, a “Saudação a Walt Whitman” de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa e o “Canto A Mim Mesmo” de Walt Whitman. Pizarro escreveu para esta edição curtas biografias de Fernando Pessoa e de Walt Whitman e ainda um ensaio, “Negação e Saudação”, que permite perceber o porquê de juntar os dois textos. Nele Jerónimo Pizarro recorda que o crítico literário norte-americano Harold Bloom escreveu que Fernando Pessoa foi considerado o maior herdeiro português de Whitman e é sugerido que o heterónimo Álvaro de Campos pode ter nascido desse fascínio que Pessoa tinha pela poesia de Walt Whitman e que ”toda a sua produção de 1914-e 1916, e não só, torna-se mais compreensível se a aproximarmos de Whitman”. Os dois poemas que esta edição reúne reforçam a comunhão poética entre os dois autores, e, como Jerónimo Pizarro diz, “vem precisamente convidar-nos a uma leitura dupla, permitindo neste caso revisitar Whitman para reler Pessoa”.

 

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VER - Prossegue o ciclo “British Bar”, uma ideia de Pedro Cabrita Reis que encontra nas três montras do estabelecimento do Cais de Sodré o seu ponto de exposição - peças de artistas plásticos que encaixam nas dimensões das três estreitas montras verticais, obras escolhidas pelo próprio Cabrita Reis - que está sempre presente no animado fim de tarde de apresentação de cada um destes projectos, que depois durante um mês ali estão expostos. Desde esta segunda-feira ali estão peças de Maria José Oliveira (“Macaco Miguel”, na imagem) e dois trabalhos de artistas mais novos - uma peça sem título de João Ferro Martins na montra da esquerda e outra da Fernão Cruz, “Apologizing studio#1”, na montra da direita. Trago mais duas sugestões e ambas partilham de uma mesma nota prévia: apresentadas em galerias privadas, são obras de inegável valor que parecem destinadas apenas a serem compradas por instituições, que as possam albergar nos seus acervos e esporadicamente mostrar. Começo pelo trabalho de Ana Jotta, que está na galeria Miguel Nabinho (Rua Tenente Ferreira Durão 18). Intitulado “fala-só”, trata-se de um trabalho de grandes dimensões, em que o suporte é um rolo de tela que ao ser desenrolado vai mostrando movimentos de figuras humanas traçadas em esboço, que podem ser lidos como  momentos da evolução da espécie, evocando quase um storyboard cinematográfico através do desenho afirmativo e forte de Ana Jotta. A outra exposição, que manifestamente só vive de todas as peças e ambientes em conjunto, é da brasileira Marilá Dardot, está na Galeria Filomena Soares (Rua da Manutenção 80) e é uma instalação que evoca a censura sobre a criação literária, a partir de uma lista de 900 livros censurados, proibidos ou apreendidos entre 1933 e 1974 em que uma representação tridimensional do objecto livro convive com a justificação dos censores para as suas proibições.

 

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OUVIR - O trio clássico de jazz - contrabaixo. bateria e piano - é uma das minhas formações preferidas. Para a coisa funcionar é preciso que os intervenientes sejam grandes músicos e, sobretudo, que consigam dialogar entre si e conjugar as suas experiências e vivências musicais. Depois de 30 anos a tocar com Keith Jarrett, com quem gravou duas dezenas de discos no Standards Trio (que incluía o baterista Jack DeJohnette), Gary Peacock decidiu em 2014 criar o seu próprio trio e escolheu o pianista Marc Copland e o baterista Joey Baron. O seu primeiro disco, dessa altura, foi “Now This” e agora saíu novo álbum, “Tangents”. Gary Peacock, agora com 82 anos, tem uma carreira de mais de seis décadas e nos anos 60 tocou com nomes da vanguarda dessa época, como Albert Ayler e Paul Bley. Depois dos anos com Jarrett, Gary Peacock retoma nesta sua nova formação as influências das diversas fases da sua carreira e sente-se que as suas experiências com Ayler deixaram marca que perdurou ao longo de todos estes anos. O novo disco, “Tangents”, tem onze temas: cinco deles são do próprio Gary Peacock, dois de  Baron, um de Copland, um outro uma improvisação assinada pelos três músicos e duas versões, ambas fantásticas - “Spartacus” de Alex North e “Blue In Greens” de Miles Davis e Bill Evans. O tema improvisado, “Open Forest”, é um dos momentos altos do disco, assim como a faixa título, “Tangents”, “December Greenwings”, a envolvente faixa de abertura “Contact” ou a energia que passa em “Tempei Tempo”. Este CD é um perfeito exemplo de um trabalho em que os músicos deixam espaço uns para os outros, com longos solos, permitindo que os temas se desenvolvam de forma natural - a experiência de todos os envolvidos subtilmente deixa a música ir para onde ela quer. CD "Tangents", Gary Peacock Trio, edição ECM, na FNAC.

 

PROVAR -  Há já muito tempo que João Portugal Ramos se dedicou a vinhos fora do Alentejo que lhe deu fama. Primeiro, em 2004, chegou à região do Tejo, com o Quinta do Vimioso, depois, em 2007, foi o Douro, com o Duorom e uma parceria com José Maria Soares Franco; no entretanto tinha começado a trabalhar as vinhas da Quinta da Foz do Arouce, na Lousã; e, mais recentemente, entrou no mundo dos vinhos verdes, da região de Monção e Melgaço. É nestes vinhos verdes que me vou focar. O primeiro Alvarinho acompanhado por João Portugal Ramos foi de 2012 e no ano seguinte saíu um Loureiro. Agora, a sua equipa, que inclui a enóloga Antonina Barbosa, apresentou duas novas propostas. A primeira é um Alvarinho Espumante Reserva Bruto Natural, de 2014, o primeiro espumante da sub-região apresentado como um Bruto Natural. Tem bolha fina e persistente e um longo final, marcado pela mineralidade do Alvarinho. A outra novidade é o Alvarinho Reserva 2015 que mantém a mineralidade, pontuado por um toque de madeira e notas frutadas, com um longo final - um vinho branco surpreendente. Aproveitem estes dias quentes, convidativos para um fim de tarde na companhia de qualquer destes vinhos.

 

DIXIT - “Não gostei da vitória esmagadora de Fernando Medina. Os lisboetas, como eu, sabem que não merecia. “Alindar” a cidade não é o que se pede ao Presidente da CML – e sentindo que todos os dias mais lisboetas são literalmente expulsos da cidade para os subúrbios, e que a cidade vive um caos que resulta das (erradas) prioridades da Câmara, esperava uma vitória ligeira, que lhe reconhecesse algum talento mas o obrigasse a ouvir quem vive na capital.” - Pedro Rolo Duarte

 

GOSTO - O MAAT teve mais de meio milhão de visitantes no primeiro ano de existência, que se completou esta semana.

 

NÃO GOSTO - A dívida pública ultrapassou os 250 mil milhões de euros.

 

BACK TO BASICS - “Um fanático é alguém que não muda de opinião, nem muda de assunto” - Winston Churchill.

 




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publicado às 13:00

UM ESTADO DILUÍDO NA POUCA VERGONHA

por falcao, em 07.07.17

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VERGONHA - Aquilo que as semanas recentes mostram é que, no Estado, se perdeu toda a vergonha. A seguir à catástrofe dos incêndios a prioridade cronológica foi  encomendar um estudo de focus group, para ver se a opinião pública não ficou muito desagradada com o Governo pelo sucedido. Logo depois soube-se que o exército deixa roubar as armas e munições que lhe estão confiadas e descobre-se que há quase mais chefes que índios na estrutura. Logo, com grande rapidez, o ministro substituto do Primeiro Ministro declarou estar certo que o Governo vai reaver o armamento roubado, com as autoridades a dizerem pouco depois que o armamento já estaria fora do país, num caso de semelhança, pelo absurdo, com a rapidez com que a polícia judiciária atribuíu, a um raio, o fatal incêndio de Pedrogão, que começou horas antes da ocorrência metereológica. O Estado diluíu-se num pantanal de descaramento e pouca vergonhice e dois pilares de qualquer Governo - na Administração Interna e na Defesa - comportam-se como zombies da série “Walking Dead”. A trapalhada é total e o Ministro da Defesa foi arrastado pelas orelhas, pelo Presidente da República, a ver o local do roubo das armas. Dou comigo a pensar que por bem menos o ex-Presidente da República Jorge Sampaio, em vez de puxar orelhas, resolveu invocar que havia trapalhadas,  demitir o Governo, dissolver o Parlamento e convocar eleições. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, já Camões dizia; Marcelo conformou-se ao papel de  distribuir afetos num país que se vai transformando num cenário de papelão usado para filmes de série B.

 

SEMANADA - A Uber tem actualmente em Portugal três mil motoristas, nos últimos 12 meses transportou clientes de 80 nacionalidades, num total de 750 mil estrangeiros de visita a Lisboa ou Porto e 30% dos portugueses que vivem nestas cidades já experimentaram utilizar os seus serviços;  no primeiro semestre deste ano o número de mortos nas estradas portuguesas aumentou mais de 23% ; António Costa interrompeu o seu merecido repouso para dar uma palavrinha à nossa Selecção pelo 3º lugar na Taça das Confederações e deixou a Santos Silva o encargo de lidar com a trapalhada criada no Ministério da Defesa; em compensação a conversa futebolística da semana foi em torno da utilização de bruxedos na obtenção de resultados, o que mostra o elevado grau de bom senso dos dirigentes daquela área de negócio desportivo;  foi encontrado o principal segredo para os números do défice: houve um valor histórico de cativações, que chegou aos 942,7 milhões, mais do dobro que o governo tinha prometido à Comissão Europeia;  estatísticas divulgadas pela Anacom mostram que a maior proporção de acessos residenciais de Internet em banda larga se localiza no concelho de Cascais, ao contrário de Pedrógão Grande onde essa proporção é a mais baixa do país; nos tribunais reabertos por este Governo realizam-se menos de dois julgamentos por mês.

 

ARCO DA VELHA - Em Tancos não houve rondas de vigilância durante 20 horas, a videovigilância estava inoperacional há dois anos, os soldados que vigiavam os paióis tinham armas sem balas e nos últimos anos as Forças Armadas contrataram serviços a empresas privadas de segurança. Fica no ar a pergunta: antes de se inventar a videovigilância como se garantia a segurança dos paióis militares?

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FOLHEAR - Um interessante livro para ler neste período preparatório das próximas eleições autárquicas é “Manual de Crimes Urbanísticos - exemplos para compreender os negócios da especulação imobiliária”. O seu autor é Luis F. Rodrigues, um especialista em ordenamento do território e planeamento ambiental, que se dedica também ao estudo de temas religiosos e históricos. Entre as suas obras anteriores estão “A História do Ateísmo Em Portugal” e “A Ponte Inevitável”, que relata a história da primeira ponte sobre o Tejo. “Manual de Crimes Urbanísticos” foi originalmente editado em 2011 e teve agora uma segunda edição. Numa nota sobre esta nova edição, o autor sublinha: “analisados os relatórios do Provedor de Justiça à Assembleia da República de 2011 (ano da primeira edição) e 2015 (ano do relatório mais recente), verifica-se que as admissões de queixas relacionadas com urbanismo e habitação, ambiente e recursos naturais e ordenamento do território, totalizaram, em 2011, 482 processos, enquanto em 2015 esse número ascendeu a 678 processos - ou seja um acréscimo de 40%”. Já na primeira edição o autor fazia notar que os dados da corrupção permitem identificar o urbanismo como um sector de risco nas câmaras municipais. O livro tem prefácio de Gonçalo Ribeiro Telles que sublinha que os crimes urbanísticos reflectem a falta de uma visão integrada do território.

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 VER -  É uma das exposições mais marcadamente políticas e mais relevantes que me foi dado ver este ano em galerias de Lisboa - “Talk Tower for Ingrid Jonker, 2012”, de Ângela Ferreira, na Appleton Square (Rua Acácio Paiva 27). A exposição combina o som de um poema de Ingrid Jonker (The Child Is Not Dead) declamado pela própria, difundido através de uma escultura que evoca  uma torre de transmissão radiofónica (na imagem) e fotografias de Paul Grendon (feitas em colaboração com Ângela Ferreira), da praia da Cidade do Cabo onde Jonker caminhou pelo mar até se afogar. Jonker era uma activista anti-apartheid, o poema relata a morte de uma criança negra pelas autoridades e foi este o poema que Nelson Mandela recitou na sua intervenção inaugural do primeiro parlamento democrático da África do Sul, em 24 de maio de 1994. Passando para outra sugestão, as Galerias Baginski (de Lisboa) e a Kubikgallery (do Porto) organizaram na Baginski (Rua Capitão Leitão 51) uma exposição colectiva que reúne artistas representados pelas duas galerias, com curadoria de Miguel Mesquita, sob o título “Force, Strength, Power” e que decorre até 9 de Setembro. Destaque para os trabalhos de Hernâni Reis Baptista, Cecília Costa, Bruno Cidra, Rui Valério, Carlos Azeredo Mesquita e Valter Ventura. Destaque especial para os trabalhos de Raquel Melgue e Liliana Porter . No British Bar, ao Cais do Sodré, Pedro Cabrita Reis apresenta até dia 27 as suas terceiras escolhas para as montras do melhor sítio para beber uma Guiness em Lisboa - são  peças de Edgar Massul, Ana Vieira (magnífica) e Amanda Duarte. O destaque final vai para para a exposição dedicada à carreira de cenógrafo e figurinista António Lagarto, que decorre na Sala Polivalente da Escola D. António Costa, junto ao Teatro Municipal Joaquim Benite e integrada na edição deste ano do Festival de Almada.

 

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OUVIR - Há 33 anos, em Junho de 1984, Prince publicava o álbum “Purple Rain”, que foi um dos maiores e mais marcantes sucessos da sua carreira e que tem várias canções que fazem parte das suas melhores obras - disco que originalmente era a banda sonora de um filme com o mesmo nome, protagonizado pelo próprio, uma estratégia de cruzamento da música com a imagem em movimento que estava à frente do seu tempo. Assinalando o aniversário foi feita uma edição especial com quatro discos e um livro de 36 páginas com histórias que rodeiam essa época, relatando os concertos da digressão de “Purple Rain” e as suas gravações. O primeiro disco reproduz, remasterizado em 2015 ainda por Prince, o álbum original de Purple Rain; o segundo disco tem 11 gravações inéditas - ou de temas nunca antes editados ou de versões até agora desconhecidas e é uma prova das preciosidades que ainda estão por descobrir; o terceiro CD agrupa remixes editadas como singles ou como lados B desses discos; e finalmente o quarto disco é um DVD gravado a 30 de Março de 1985 e que reproduz o concerto então realizado  no Carrier Dome, de Syracusa, em Nova Iorque. Soberbo. Já disponível em Portugal, edição Warner.

 

PROVAR -   Nestes dias de verão há um paraíso escondido em Lisboa - o terraço do Hotel Olissipo Lapa Palace, antigo Hotel da Lapa. O terraço fica no prolongamento natural do restaurante, tem uma vista magnífica sobre o jardim, a encosta e o rio e, nesta altura do ano, ao almoço,  oferece um menu especial, à base de pratos ligeiros e saladas. Numa recente visita receberam boa nota uma salada Caesar muito bem guarnecida e uma salada de legumes mistos com presunto de parma e ovos de codorniz. Há também uma salada de gambas, um gaspacho e, para quem quiser outro género, uma boa sandwich club clássica ou um hamburguer Lapa Palace, que pode vir com ovo e bacon. A acompanhar as saladas provou-se um branco, a copo,  Encostas de Sonim reserva, de Trás os Montes, que recebeu boa nota. O terraço tem poucas mesas, a clientela inclui protagonistas que procuram um lugar discreto para conversas tranquilas, num sítio confortável e com estacionamento garantido. O restaurante é dirigido pelo chef Helder Santos e na sala e na sua carta normal propõe um menu degustação e uma lista onde se incluem diversas propostas inspiradas pela gastronomia portuguesa, quer nos peixes quer nas carnes, além de uma possibilidade de risottos e pastas frescas. Mas essas são outras conversas.

 

DIXIT -  "O Parlamento Europeu é ridículo, muito ridículo. Saúdo os que se deram ao trabalho de estar na sala. Mas o facto de haver só uma trintena de deputados presentes neste debate é suficientemente demonstrativo que este parlamento não é sério" - Jean Claude Juncker no discurso de encerramento da presidência rotativa da União Europeia, que esteve a cargo de Malta. O Parlamento Europeu tem 751 deputados.

 

GOSTO - O artista plástico português Vihls (Alexandre Farto) tem desde 30 de Junho e até 23 de Julho uma exposição em Pequim, de 70 retratos em baixo relevo, “Imprints”,  feita com o apoio da REN.

 

NÃO GOSTO - A praia do Portinho da Arrábida está reduzida a 37% do seu comprimento e a 40% da sua área em relação ao que era há cem anos.

 

BACK TO BASICS - A capacidade do comando vem do saber e da experiência e não das armas que se utilizam - William Shakespeare.

 

 



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REALIDADES - Já sabemos que nas próximas autárquicas vamos ter mais candidaturas independentes. Já percebemos que alguns ex-autarcas saíram dos partidos pelos quais foram eleitos e decidiram correr à margem dos aparelhos partidários que lhes deram a primeira encarnação. Em cada cidade, em cada vila, em cada freguesia há uma situação diferente. Apesar desta evidência, no fim, vai haver a tentação de ver quantos votos teve cada partido, perdendo-se assim o foco no local e ensaiando extrapolações para a política nacional. E, no entanto, estas eleições são aquelas em que os candidatos estão mais perto dos eleitores e onde a aferição das promessas eleitorais feitas, a nível local, é teoricamente mais fácil de realizar. Mas é preocupante o generalizado vazio de ideias e de debate, substituído por slogans e programas que mais parecem feitos para o país em nome de princípios genéricos do que para uma situação concreta. O que se tem passado nas autárquicas tem ainda muito a ver com o comportamento clubístico na política e não com escolhas de ideias concretas. Na realidade este é um dos nossos grandes males - pensamos pouco, improvisamos muito, vivemos em ciclos de promessas que se repetem, as mais das vezes sem serem cumpridas. O sistema partidário vigente continua a favorecer que apenas se discutam situações, propostas e soluções de quatro em quatro anos, de acordo com o calendário eleitoral. Na sociedade civil não há o hábito de analisar a realidade, de confrontar políticas, de fazer estudos e elaborar propostas, de avaliar resultados, de forma permanente e continuada. A política local tornou-se o campo dos cenários efémeros, dos alindamentos de fachada e da desmedida cobrança de taxas. Lisboa é um bom exemplo disso mesmo.

 

SEMANADA - A polícia registou 38 ataques de carteiristas por dia; o número de presos com 60 ou mais anos duplicou nos últimos sete anos;  a idade média dos agentes da Polícia Judiciária aumentou para os 48 anos; o Serviço Nacional de Saúde fechou o primeiro trimestre do ano com saldo negativo de cem milhões de euros; um estudo comparativo dos orçamentos dos países do euro indica que os contribuintes portugueses são os mais penalizados pelo custo da dívida; segundo o Banco de Portugal a dívida pública aumentou em março para 243,5 mil milhões de euros, mais 23 milhões face a fevereiro; o Banco Central Europeu voltou a travar as compras de dívida portuguesa em Abril; as vendas dos produtos de marca branca subiram pela primeira vez desde 2012; os portugueses gastam mais de 100 milhões de euros por ano em material de running - roupas, sapatos, gadgets, etc; por cada seis ataques de cães perigosos só foi passada uma multa; a partir de agora, numa separação litigiosa em que o casal tenha animais de estimação, caberá ao juiz decidir com quem fica o bicho; na actual legislatura os deputados já receberam 198 mil euros para reunir com cidadãos nos seus círculos eleitorais mas não são pedidas provas desses encontros por parte dos serviços da Assembleia da República;  duas em cada cinco empresas de construção são ilegais.

 

ARCO DA VELHA - Numa factura de 93 euros da EPAL, 41.30 destinam-se a água efectivamente consumida e 48.61 a diversas taxas da Câmara Municipal de Lisboa - o restante vai para o IVA e outras alcavalas.

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VER - Nos últimos dias vi duas criações, bem diversas entre si, mas que tiveram o condão de me chamar a atenção para a importância de sair da rotina, pular para fora da caixa, puxar pela imaginação, estimular a imaginação de outros. A primeira foi o filme “Fátima”, onde João Canijo demonstra que é o melhor realizador português contemporâneo: o mais criativo, o que melhor mostra uma compreensão técnica do cinema em todos os seus aspectos, o que melhor dirige actores, o mais experimental, o mais inovador, o mais sólido e consistente e que ao mesmo tempo mais arrisca na forma como aborda os temas, prepara os filmes e mostra ser o que mais está aberto à mudança e experimentação. “Fátima” é isto tudo - não se trata de uma evocação de uma peregrinação, esse é apenas o pretexto para a construção de uma teia dramática onde personagens ganham vida própria, entram em conflito umas com as outras e por fim se reencontram. A forma como a procissão das velas é filmada (e como surge no filme) é um exemplo de como mostrar a força da multidão usando a maior sensibilidade.

O outro momento a que me refiro, e que aqui aparece ilustrado, é uma ideia magnífica de Pedro Cabrita Reis para trazer as artes plásticas para a rua - mais propriamente para as montras de um estabelecimento comercial, neste caso um bar histórico do Cais do Sodré. @britishbar#1 é o título da iniciativa que assinala o início de uma série de exposições que até ao fim do ano passarão por aquelas montras. Nesta primeira mostra estão obras de Eduardo Souto Moura, de Rui Sanches e de Ângela Ferreira, todas feitas expressamente para o local onde estão instaladas - cada uma das três montras da fachada do British Bar. Não há melhor pretexto para ir tomar um aperitivo - uma cerveja Guinness ou um Gin por exemplo -  duas especialidades desta casa que merece ser mais conhecida e vivida. E nada melhor que a arte para trazer vida a um local.

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FOLHEAR - Antes de as revistas terem voltado à moda e de serem objectos de colecção já a portuguesa “Egoísta” se deixava folhear com gosto. A “Egoísta” tem 17 anos de idade e 77 prémios no currículo. Sai trimestralmente, bem impressa em excelente papel, é propriedade da empresa Estoril-Sol e o seu director e entusiasta é Mário Assis Ferreira que desde a primeira hora confiou a edição a Patrícia Reis. O projecto gráfico inicial foi de Henrique Cayatte e agora é desenhada por Joana Miguéis, do atelier 004. Cada número é dedicado a um tema e ao longo da meia centena de edições publicadas imagina-se que já por ali se falou de tudo. Faltava a política e é esse o tema da “Egoísta” agora nas bancas. No editorial deste número Mário Assis Ferreira escreve: “No nebuloso universo do partidarismo político, Esquerda e Direita já perderam sentido: as ideologias subvertem-se às manipulações tácticas dos partidos e é na comunhão de ódios que se cimentam alianças espúrias”. Ou, como também Mário Assis Ferreira gosta de dizer, citando Clarice Lispector: “Liberdade é pouco: o que desejo ainda não tem nome!”. Esta  “Egoísta” da política inclui, entre outros, textos de Michelle Obama, Paulo Portas e Daniel Oliveira, uma entrevista com António Costa, portfolios fotográficos sobre Cuba, imigrantes,  Marcelo Rebelo de Sousa e “Ghosts” da África do Sul (o melhor de todos), a reprodução de posters incontornáveis da história da propaganda política e um poema de Manuel António Pina para contrabalançar.

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OUVIR -  Damon Albarn tornou-se famoso do lado de Graham Coxon - ambos fizeram carreira e fortuna nos Blur ao longo da maior parte da década de 90. Depois disso Albarn inventou, perto da viragem do século passado, uma banda virtual, os Gorillaz, cujo primeiro disco saíu em 2001. Visualmente eram personagens de banda desenhada criada por Jamie Hewlett, o criador de “Tank Girl”. Os Gorillaz davam entrevistas virtuais, criaram um biografia ficcionada, o seu álbum de estreia parecia a banda sonora de uma festa de adolescentes e vendeu sete milhões de exemplares. Nos seus quatro primeiros CD’s, entre 2001 e 2010, venderam ao todo 15 milhões de CD’s, até chegarem a este novo “Humanz”, que parece uma espécie de banda sonora para uma noite de reflexão descontraída em torno da presente situação mundial - por aqui passam temas políticos, sociais, ambientais, de comunicação, canções onde se aborda desde a situação da internet até distúrbios mentais. Em “Humanz” Damon Albarn arregimentou um conjunto de convidados como Danny Brown, Pusha T, Jehnny Beth, Danny Brown, Benjamin Clementine, D.R.A.M., Del La Soul, Peven Everett, Anthony Hamilton, Grace Jones, Zebra Katz, Kelela, Popcaan, Jamie Principle, Mavis Staples, Carly Simon, Vince Staples ou Kali Uchis, entre outros. São 20 faixas que mais parecem uma playlist de uma emissão de rádio em streaming do que um álbum - no fundo a prova de como, há quase 20 anos, Albarn percebeu que, com a internet, o consumo da música ía mudar.  Disco Warner Brothers, disponível no Spotify.

 

PROVAR - Estas linhas vão para a série “petiscos que eu faço para mim mesmo”. Já aqui falei da dificuldade atávica da maioria dos cafés portugueses em fazerem sanduíches competentes que superem o trauma da carcaça de borracha com transparências de fiambre e queijo plastificado. Alimento a esperança de que um dia hei-de conseguir que me façam uma sanduíche de queijo da ilha, em bolo lêvedo tostado, lascas finas sobrepostas, temperadas com uma compota contrastante, de preferência dos Açores. Quando me dedico ao assunto em casa uso queijo da Ilha de S. Miguel, de cura prolongada, casca preta. É levemente mais intenso que o de S.Jorge, embora ambos sejam queijos magníficos, entre os melhores de Portugal. Corto-o em lascas e no pão faço-o conviver com uma compota açoreana,  de preferência a de figo embora a de capucho também seja interessante. Pode encontrar tudo isto em www.merceariadosacores.pt. E já que lá está experimente uma das conservas de atum temperadas da marca Catarina - sugiro que um dia destes prove os filetes de atum com funcho ou com tomilho. Vai ver que não se arrepende. E quem quiser atum para sanduíche pode experimentar os Flocos de Atum Temperados, “ideal para sandes”, da fábrica Corretora, de Ponta Delgada. Com agrião pelo meio fica do melhor.

 

DIXIT -  “Quem arrisca falir são os contribuintes, não a Banca”, Nuno Melo, eurodeputado do CDS à revista Domingo, do  Correio da Manhã.

 

GOSTO - Isabel Mota passou a presidir aos destinos da Gulbenkian, sublinhando que a arte, a educação e a ciência são os alicerces da tolerância que criam uma sociedade mais solidária.

 

NÃO GOSTO - Os pré avisos de greve cresceram cerca de 20% nos primeiros quatro meses do ano face a igual período do ano passado.

 

BACK TO BASICS - “A Arte é uma garantia de sanidade” - Louise Bourgeois

 

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