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Tenho muita pena, mas não acredito em Passos Coelho. Olhando para os últimos dias, e procurando a causa das coisas, cada vez mais me convenço que foi ele quem esteve na origem de toda a crise que se passou: escondeu, conspirou, acirrou, recuou, andou e manobrou durante meses como bem quis, com a preciosa ajuda de Vitor Gaspar. Se alguem me levanta duvidas, é ele e não Paulo Portas, embora o líder do CDS tenha tido vários maus momentos neste processo.Mas, para o que interessa, quem começou a briga foi Passos Coelho, com a sua teimosia e a sua tendência para ignorar a realidade. Paulo Portas fez a mais arriscada das jogadas e perdeu uma boa parte do seu capital político - mas aparentemente ganhou o poder suficiente para desenhar outras políticas, nomeadamente nas negociações com a troika. Pode ser que um dia ainda lhe venhamos a agradecer o que agora tanta gente acha estranho.Os sinais de desagrado dentro de um Governo chegam com ma cristalina transparência através da quantidade de fugas de informação e, nas últimas semanas era evidente como elas surgiam de forma crescente. De há um mês para cá apodrecia o clima e aumentava a desconfiança. Se quem manda tivesse mais atenção aos sinais e à realidade, as coisas poderiam ter corrido de outro modo.A crise da semana passada provocou milhões de euros de prejuízo ao país, aos contribuintes e às empresas. Quem se responsabiliza por isto? Ou, posto de outra forma, se o prejuízo lhes saísse dos bolsos, se fossem eles sózinhos a pagar tudo o que os contribuintes vão pagar a mais por causa dos desvarios, isto não aconteceria. Se os administradores das empresas são responsabilizados quando iludem o Estado, os administradores do país também têm de o ser.(Publicado no Metro de 9 de Julho)
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