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CRIATIVIDADE CONGELADA

por falcao, em 04.06.08

(Publicado no diário Meia-Hora de 4 de Junho)


Nos últimos tempos fala-se bastante da importância de atrair e fomentar a criatividade e há poucas semanas esteve em Lisboa, para uma conferência, o economista norte-americano Richard Florida que se tornou conhecido exactamente por defender a necessidade de cidades e países se posicionarem enquanto pólos de criatividade, como factor de desenvolvimento económico e social.


Numa conjuntura destas seria de esperar que os maiores municípios do país e o Governo andassem de mãos dadas para tentar criar uma estratégia de actuação concertada. E seria natural que fossem os vereadores dos pelouros autárquicos da Cultura e o Ministro da Cultura os dinamizadores dessas acções.


Pois então não se passa nada disso. A área da Cultura continua a ser sistematicamente subalternizada, e em primeiro lugar por Presidentes de Câmara e por Primeiros Ministros, que olham para o sector e não conseguem ver mais do que a política de subsídios e a gestão de favores a grupos de interesse, para posterior utilização nos ramalhetes de apoios em épocas eleitorais.


A actividade cultural – no sentido lato do entretenimento e das indústrias criativas – é hoje em dia um factor decisivo para fazer desenvolver a economia. Duvidam? Pois ouçam estas palavras do Mayor de Nova Iorque, Michael Bloomberg: «O sector criativo dá à nossa cidade a sua vantagem estratégica e a margem competitiva que lhe permite ter êxito na economia globalizada. O diversificado e criativo ambiente de Nova Iorque não só atrai empresários, homens de negócio e turistas de todo o mundo, como influencia cada um dos nossos mais pequenos gestos. Na realidade este ambiente melhora permanentemente a qualidade de vida em Nova Iorque, cria empregos, atrai estudantes, contribui para manter na região empresas e negócios e ajuda a transformar e requalificar os nossos bairros. A influência das artes e da cultura na cidade é extraordinária.»


Dito isto, pensem lá um bocadinho: que andam a fazer, por exemplo, os vereadores da cultura do Porto e de Lisboa? Que anda a fazer o Ministério da Cultura? Não se sente nenhum esforço em tornar esta área uma prioridade, mas a maior responsabilidade cabe aos titulares governamentais da pasta da Cultura que nunca se bateram pela definição de uma estratégia nacional para o desenvolvimento económico do sector.

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publicado às 17:55

...

por falcao, em 21.01.08
BOM – Duas boas novidades esta semana na área da comunicação. Em primeiro lugar os estudos revelam que em 2007 aumentou o número de leitores de jornais, mostram que a imprensa resiste e ganha audiências. Ler jornais é o primeiro passo para um país que quer evoluir. Bem sei que os jornais gratuitos têm um papel nisso, mas em si é bom. E é muito bom saber que este «Jornal de Negócios» foi dos títulos que mais evoluíu. A segunda boa notícia vem da televisão: José Fragoso é uma boa escolha para a Direcção de Programas e José Alberto Carvalho é também a boa escolha para a Direcção de Informação da RTP 1.



MAU – A forma como Luís Filipe Menezes se resolveu armar em editor de estações de televisão e se pôs a escolher comentadores televisões e a sugerir conteúdos. Se na oposição faz isto, imaginem se um dia tem poder… O aconselhamento do PSD em matéria de comunicação é do género elefante em loja de porcelanas.



PÉSSIMO – O facto de o Sr. Nunes, da ASAE, se afirmar convicto da bondade da participação de agentes sob as suas ordens em programas de instrução policial anti-terroristas. Em vez da persuasão, a força é o seu lema. Cada semana se descobrem novas interpretações abusivas da ASAE. É um caso de notoriedade ganho pela mediocridade da acção e pelo abuso de poder. Por este andar qualquer dia a ASAE começa a fiscalizar a qualidade e condições de armazenamento das hóstias nas igrejas e o método de limpeza dos cálices de vinho usados pelos sacerdotes. Já faltou mais…



O MUNDO AO CONTRÁRIO – Santos Silva, essa extraordinária figura do regime, esse exemplo de manipulação da realidade, a querer fazer crer que a decisão sobre a atribuição do novo canal de televisão não será tomada pelo Governo mas por um organismo – A Alta Autoridade - cujo histórico é fazer tudo o que dá jeito ao Governo, seguir todas as suas instruções, um organismo que é fruto de negociações palacianas de bastidores em que o próprio Santos Silva esteve envolvido.



CRIATIVIDADE – Se alguns dos novos métodos de gestão utilizados na área da cultura e nos media fossem utilizados em instalações industriais tradicionais não me espantava que de uma fábrica de cimento passassem a sair sacos carregados de areia. A subalternização do talento, a falta de atenção à qualidade dos conteúdos é o maior perigo para tudo o que são áreas criativas. Com má matéria prima não se fazem boas construções. Investir pouco nos conteúdos e na qualidade das edições afasta público, anunciantes e compromete a existência de um negócio a médio-longo prazo, mesmo que a curto prazo faça aumentar a rentabilidade.



DESCOBRIR – Uma tarde na net, na passada terça feira. De um lado a Assembleia Geral do BCP, do outro a apresentação das novidades da Apple por Steve Jobs. Relatos em directo, o prazer de nos sentirmos dentro da acção mesmo quando bem longe fisicamente. Coisas que o admirável mundo novo proporciona.



PETISCAR – Ovas de bacalhau de La Gôndola, fábrica conserveira tradicional em Perafita, Matosinhos. Vêm enlatadas em bom azeite, cada caixa traz 120 gramas (por cerca de 5 euros). Saborosas, são ricas em cálcio e ferro, 370 delicadas calorias em cada 100 gramas. Um verdadeiro petisco português – brilhante sobre uma fatia de broa, acompanhado por um bom vinho verde.



LER – Vasco Pulido Valente a explicar como o povo unido jamais será vencido. A coisa não reporta a 1974 mas sim a 1808, quando o país se levantou contra o invasor francês, numa autêntica revolta popular. Num curto ensaio de cerca de 100 páginas, Vasco Pulido Valente como que faz uma reportagem dos acontecimentos, descrevendo a situação, relacionando factos, relatando o sucedido, percorrendo o país de norte a sul. «Ir Pró Maneta» é um dos mais deliciosos livros sobre História de Portugal que li ao longo da vida, muito centrado na brutalidade da actuação de um dos generais franceses, Loison (conhecido pela alcunha do «Maneta»), que mais contribuiu para a revolta dos populares e que mais gente matou.


OUVIR – Num tempo em que se voltou a ouvir fado é boa ideia revisitar o que é a referência de todos – Amália Rodrigues. A Valentim de Carvalho juntou numa edição especial os dois álbuns « O Melhor de Amália», compilados em 1995 e 2000, e em parceria com a Som Livre fez uma bela edição que agrupa os quatro CD’s e mantém as informações e imagens das edições originais. 56 fados, 56 grandes interpretações de Amália, de «Foi Deus» a «Tudo Isto é Fado», passando pelo extraordinário «Ai Mouraria» ou o delicioso «Lisboa Não Sejas Francesa». «O Melhor de Amália», edição especial de 4 Cd’s.



BACK TO BASICS – Os erros são a porta de entrada nas descobertas – James Joyce.

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publicado às 17:04


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