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MENTIRINHAS - Sábado é dia 1 de Abril e esperam-se as habituais manchetes de jornais com as mentiras que são a tradição da data. Mas o meu palpite é que este ano vamos ter imensos dias da mentira. Com as eleições autárquicas marcadas provavelmente para 1 de Outubro a coisa promete mentira a rodos durante os meses de verão e mentirinhas acrescidas em qualquer estação. Esta semana Fernando Medina já deu um ar da sua graça nesta matéria clamando que a oposição mente quando diz que as infraestruturas de Lisboa estão em mau estado, sem reparar que o nariz lhe crescia de forma desmesurada enquanto falava. A data escolhida para as eleições autárquicas vai permitir que depois se inicie o ciclo do Orçamento de Estado - tema que o Bloco de Esquerda já introduziu esta semana, a propósito da Comunidade Europeia, reivindicando a saída do Euro e a renegociação da dívida, em clara contradição com o que António Costa disse a propósito dos 60 anos do tratado de Roma. Não certamente por acaso foi esta a semana que a senhora May escolheu para assinar a carta de partida, pondo o Brexit em movimento. E também não certamente por acaso o PCP deixa ao Bloco a despesa da conversa europeia porque já percebeu que esticar a corda demais em tema tão delicado pode partir o guindaste que faz mover a geringonça. Algo me diz que o Verão de 2017 vai dar pano para mangas. No fim do ano alguém pode promover um concurso onde os políticos na berra se colocam frente a um espelho e dizem assim: “Espelho meu, quem mente melhor que eu?”. Com sorte a RTP ainda faz um programa disto com o Fernando Mendes, chamado “A Mentira Certa”. E vai ter audiências.
SEMANADA - Segundo a Associação Portuguesa de Apoio À Vítima, registam-se três casos por mês de mulheres agredidas pelas outras mulheres com quem vivem; ainda segundo a APAV o retrato tipo das vítimas de agressões domésticas mostra que 82% são mulheres com uma média de idades de 50 anos, mas estão a crescer as agressões a homens e a idosos; os serviços dos CTT vão ficar mais caros 2,4% a partir de 4 de Abril; em fevereiro, 42% das páginas dos sites auditados pela Marktest foram acedidas através de equipamentos móveis; uma auditoria descobriu que a Direcção Geral da Segurança Social atribui regalias aos seus funcionários que não estão previstas na lei, nomeadamente um benefício de 12 dias anuais de não trabalho que acrescem aos dias de férias; com mais de 60 mil unidades espalhadas pelo país as entidades que desenvolvem a economia social são responsáveis por 6% do emprego; o Bloco de Esquerda criticou o Governo de António Costa “por manter intactos os problemas de fundo do país”; Catarina Martins, de caminho, sublinhou que “é urgente preparar o país para o cenário da saída do euro”; entre criadores, designers e marcas o Portugal Fashion, este ano na 40ª edição, movimenta 500 milhões de euros e tem um horizonte de emprego de 15 mil pessoas ; Fernando Medina classificou de demagogia os reparos feitos à sucessão de problemas surgidos em infraestruturas da cidade de Lisboa por falta de conservação.
ARCO DA VELHA - A maioria das escolas do 1º ciclo não possui o material exigido para as novas provas de aferição nas áreas de Expressões físico-motoras e artísticas a que 90 mil alunos terão que se sujeitar este ano pela primeira vez.
FOLHEAR - O primeiro romance de Dulce Garcia conta uma história de amor em que uma mulher aposta tudo numa paixão e um homem se deixa derrotar pelas circunstâncias e o conformismo. O homem é o infiel, que arrasta atrás de si as relações por onde passa, para voltar sempre ao mesmo sítio. A mulher bate-se por manter a paixão viva até chocar de frente com a realidade que lhe escapou. Refugia-se num lugar de passagem, que foi aquilo em que ela própria se tornou; vai viver para um aeroporto, vagueando entre partidas e chegadas, e é a partir daí que vê o mundo e conta a sua história. O título, “Quando perdes tudo não tens pressa de ir a lado nenhum”, é em si mesmo um achado, resumindo de forma crua o que vai dentro da cabeça de Isabel, a mulher que passa na vida a perder aqueles de quem gosta. Afonso é o vilão, a viver em constante mentira, derrotado pela vida, e que acaba, talvez, por ser o grande perdedor. A estrutura da escrita é envolvente e por ela passa um sentido de humor subtil que consegue conviver com o dramatismo da situação relatada - uma mistura rara que é um dos motivos de atracção do livro que, também por isso agarra o leitor do princípio ao fim. “Quando perdes tudo não tens pressa de ir a lado nenhum”, Dulce Garcia, edição Guerra & Paz.
VER - No bom sentido do termo o MAAT entrou na rotina - ou seja, encheu o seu espaço de exposições. No novo edifício, além da instalação/intervenção, na Galeria Oval, de Hector Zamora sobre barcos de pesca em ruínas, o destaque vai para “Utopia/Distopia”, que percorre todo o espaço expositivo, mostrando em simultâneo exemplos das valências de arte, arquitectura e tecnologia que são a declaração fundadora de todo este equipamento. A exposição é imensa, tão densa que por vezes se torna difícil de seguir e compreender num espaço físico que não favorece uma diversidade e imensidão de propostas como as que aqui se apresentam. Por vezes a montagem apresentada parece um mero armazém de ideias. No novo espaço criado na parte antiga do edifício está a segunda apresentação da colecção de arte da EDP no MAAT. E é, deste novo ciclo de exposições, a que tem a montagem mais conseguida, sob o título genérico “O Que Eu Sou”, tirado de um poema de Teixeira de Pascoaes. São 40 obras que evocam os próprios artistas que as criaram - veja-se o auto retrato de Manuel João Vieira que aqui se reproduz, uma deliciosa ironia sobre as tensões criativas deste artista. “O Que Eu Sou” fica até 29 de Maio e “Utopia/Distopia” até 21 de Agosto. E pronto, o MAAT está a funcionar em pleno, com os jardins envolventes terminados e o espaço totalmente pronto a receber os visitantes. A partir de agora as entradas são pagas - a cinco euros para cada um dos espaços ou a 9 euros para os dois; vale a pena considerar a possibilidade de se tornar membro - por 20 euros por ano pode visitar as exposições as vezes que quiser sem pagar mais por isso.
OUVIR - Por um lado é a voz; por outro as vozes - como se interpretasse diversas personagens enquanto canta; há também a inteligente produção e, finalmente, as palavras - as palavras que são o que chama mais a atenção deste sexto disco de Laura Marling, uma britânica que vive dividida entre os dois lados do Atlântico e que ora canta com uma cristalina pronúncia inglesa, ora usa um sotaque californiano. Neste novo “Semper Femina” Laura Marling faz um álbum sobre a mulher a quem, logo cedo, recomenda que não se esqueçam de que são sempre uma mulher, a tradução do título que escolheu em latim: "A thousand artists' muse/But you'll be anything you choose". Criada no folk, embevecida pela soul music, Marling mostra todo o seu potencial em temas como “Wild Fire”, mas também em “Nouel”, “The Valley”, em “Don’t Pass Me By” ou na faixa de abertura, “Soothing”. Intimista, o disco acaba com “Nothing, Not Nearly”, onde, no final, se ouve uma guitarra a ser pousada e alguém a sair, como no fim de um concerto, quando se abandona o palco. “Semper Femina” é feito destes detalhes, com palavras que exprimem ideias que vão desde as relações entre pessoas até à observação do que nos cerca: “We love beauty because it needs us to”. CD “Semper Femina”, Laura Marning, no Spotify.
PROVAR - O nome de Aguinaldo Silva é conhecido por assinar a autoria de algumas das telenovelas mais populares da Globo. A sua ligação a Portugal, onde vive durante parte do ano, passa também pela hotelaria e restauração. Há alguns anos tem um pequeno hotel em Óbidos, o Casa das Senhoras Rainhas, e um restaurante chamado “Comendador Silva”, que ganhou boa fama na região. O “Comendador Silva” de Óbidos mantém-se e em Dezembro surgiu um novo, em Lisboa, na zona de S. Sebastião. Tem uma sala simpática e confortável, um serviço atento e a cozinha é dirigida pelo chef Napoleão Valente. Ao almoço propõe um menu executivo a 11 euros, que inclui um prato de peixe ou carne, uma bebida, sobremesa (doce ou fruta) e café. A oferta vai sendo renovada todas as semanas, muda todos os dias, mas normalmente à quarta-feira há uma boa feijoada portuguesa com enchidos de muito boa qualidade e tempero acertado. Nas sobremesas destaco a tarte de maçã, com uma base de massa exemplar e o puré a envolver pedaços da dita e nozes, tudo bem temperado com canela. Aos sábado é dia fixo do buffet de cozido, que já ganhou fama. A carta apresenta pratos principais de 14 a 20 euros onde chama a atenção uma massa fresca com lavagante que se tornou num dos emblemas da casa. Há marisco variado e a lista de vinhos é bem escolhida. O menu de almoço inclui um copo de vinho da casa, satisfatório, mas, segundo constatei, de quantidade variável conforme o empregado. Comendador Silva, Rua Latino Coelho 50A, telefone 215816246. Encerra às segundas.
DIXIT - “Em 2018, 2019, Portugal terá que decidir se quer continuar no Euro ou não. Se decidir ficar, será o fim da geringonça” - João Marques de Almeida
GOSTO - Alegando erros conceptuais e o estado de conservação, o vereador do PP no Município de Lisboa pediu uma auditoria a todas as ciclovias da cidade, a ser efectuada pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
NÃO GOSTO - Segundo o INE, a população com menos de 15 anos de idade residente em Portugal diminuirá até 2080, passando dos atuais 1,5 milhões para menos de 1 milhão de pessoas.
BACK TO BASICS - “As pessoas só aceitam a mudança quando se defrontam com a necessidade, e só reconhecem a necessidade quando a crise já lhes caíu em cima “ - Jean Monnet
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