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REALIDADES - Já sabemos que nas próximas autárquicas vamos ter mais candidaturas independentes. Já percebemos que alguns ex-autarcas saíram dos partidos pelos quais foram eleitos e decidiram correr à margem dos aparelhos partidários que lhes deram a primeira encarnação. Em cada cidade, em cada vila, em cada freguesia há uma situação diferente. Apesar desta evidência, no fim, vai haver a tentação de ver quantos votos teve cada partido, perdendo-se assim o foco no local e ensaiando extrapolações para a política nacional. E, no entanto, estas eleições são aquelas em que os candidatos estão mais perto dos eleitores e onde a aferição das promessas eleitorais feitas, a nível local, é teoricamente mais fácil de realizar. Mas é preocupante o generalizado vazio de ideias e de debate, substituído por slogans e programas que mais parecem feitos para o país em nome de princípios genéricos do que para uma situação concreta. O que se tem passado nas autárquicas tem ainda muito a ver com o comportamento clubístico na política e não com escolhas de ideias concretas. Na realidade este é um dos nossos grandes males - pensamos pouco, improvisamos muito, vivemos em ciclos de promessas que se repetem, as mais das vezes sem serem cumpridas. O sistema partidário vigente continua a favorecer que apenas se discutam situações, propostas e soluções de quatro em quatro anos, de acordo com o calendário eleitoral. Na sociedade civil não há o hábito de analisar a realidade, de confrontar políticas, de fazer estudos e elaborar propostas, de avaliar resultados, de forma permanente e continuada. A política local tornou-se o campo dos cenários efémeros, dos alindamentos de fachada e da desmedida cobrança de taxas. Lisboa é um bom exemplo disso mesmo.

 

SEMANADA - A polícia registou 38 ataques de carteiristas por dia; o número de presos com 60 ou mais anos duplicou nos últimos sete anos;  a idade média dos agentes da Polícia Judiciária aumentou para os 48 anos; o Serviço Nacional de Saúde fechou o primeiro trimestre do ano com saldo negativo de cem milhões de euros; um estudo comparativo dos orçamentos dos países do euro indica que os contribuintes portugueses são os mais penalizados pelo custo da dívida; segundo o Banco de Portugal a dívida pública aumentou em março para 243,5 mil milhões de euros, mais 23 milhões face a fevereiro; o Banco Central Europeu voltou a travar as compras de dívida portuguesa em Abril; as vendas dos produtos de marca branca subiram pela primeira vez desde 2012; os portugueses gastam mais de 100 milhões de euros por ano em material de running - roupas, sapatos, gadgets, etc; por cada seis ataques de cães perigosos só foi passada uma multa; a partir de agora, numa separação litigiosa em que o casal tenha animais de estimação, caberá ao juiz decidir com quem fica o bicho; na actual legislatura os deputados já receberam 198 mil euros para reunir com cidadãos nos seus círculos eleitorais mas não são pedidas provas desses encontros por parte dos serviços da Assembleia da República;  duas em cada cinco empresas de construção são ilegais.

 

ARCO DA VELHA - Numa factura de 93 euros da EPAL, 41.30 destinam-se a água efectivamente consumida e 48.61 a diversas taxas da Câmara Municipal de Lisboa - o restante vai para o IVA e outras alcavalas.

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VER - Nos últimos dias vi duas criações, bem diversas entre si, mas que tiveram o condão de me chamar a atenção para a importância de sair da rotina, pular para fora da caixa, puxar pela imaginação, estimular a imaginação de outros. A primeira foi o filme “Fátima”, onde João Canijo demonstra que é o melhor realizador português contemporâneo: o mais criativo, o que melhor mostra uma compreensão técnica do cinema em todos os seus aspectos, o que melhor dirige actores, o mais experimental, o mais inovador, o mais sólido e consistente e que ao mesmo tempo mais arrisca na forma como aborda os temas, prepara os filmes e mostra ser o que mais está aberto à mudança e experimentação. “Fátima” é isto tudo - não se trata de uma evocação de uma peregrinação, esse é apenas o pretexto para a construção de uma teia dramática onde personagens ganham vida própria, entram em conflito umas com as outras e por fim se reencontram. A forma como a procissão das velas é filmada (e como surge no filme) é um exemplo de como mostrar a força da multidão usando a maior sensibilidade.

O outro momento a que me refiro, e que aqui aparece ilustrado, é uma ideia magnífica de Pedro Cabrita Reis para trazer as artes plásticas para a rua - mais propriamente para as montras de um estabelecimento comercial, neste caso um bar histórico do Cais do Sodré. @britishbar#1 é o título da iniciativa que assinala o início de uma série de exposições que até ao fim do ano passarão por aquelas montras. Nesta primeira mostra estão obras de Eduardo Souto Moura, de Rui Sanches e de Ângela Ferreira, todas feitas expressamente para o local onde estão instaladas - cada uma das três montras da fachada do British Bar. Não há melhor pretexto para ir tomar um aperitivo - uma cerveja Guinness ou um Gin por exemplo -  duas especialidades desta casa que merece ser mais conhecida e vivida. E nada melhor que a arte para trazer vida a um local.

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FOLHEAR - Antes de as revistas terem voltado à moda e de serem objectos de colecção já a portuguesa “Egoísta” se deixava folhear com gosto. A “Egoísta” tem 17 anos de idade e 77 prémios no currículo. Sai trimestralmente, bem impressa em excelente papel, é propriedade da empresa Estoril-Sol e o seu director e entusiasta é Mário Assis Ferreira que desde a primeira hora confiou a edição a Patrícia Reis. O projecto gráfico inicial foi de Henrique Cayatte e agora é desenhada por Joana Miguéis, do atelier 004. Cada número é dedicado a um tema e ao longo da meia centena de edições publicadas imagina-se que já por ali se falou de tudo. Faltava a política e é esse o tema da “Egoísta” agora nas bancas. No editorial deste número Mário Assis Ferreira escreve: “No nebuloso universo do partidarismo político, Esquerda e Direita já perderam sentido: as ideologias subvertem-se às manipulações tácticas dos partidos e é na comunhão de ódios que se cimentam alianças espúrias”. Ou, como também Mário Assis Ferreira gosta de dizer, citando Clarice Lispector: “Liberdade é pouco: o que desejo ainda não tem nome!”. Esta  “Egoísta” da política inclui, entre outros, textos de Michelle Obama, Paulo Portas e Daniel Oliveira, uma entrevista com António Costa, portfolios fotográficos sobre Cuba, imigrantes,  Marcelo Rebelo de Sousa e “Ghosts” da África do Sul (o melhor de todos), a reprodução de posters incontornáveis da história da propaganda política e um poema de Manuel António Pina para contrabalançar.

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OUVIR -  Damon Albarn tornou-se famoso do lado de Graham Coxon - ambos fizeram carreira e fortuna nos Blur ao longo da maior parte da década de 90. Depois disso Albarn inventou, perto da viragem do século passado, uma banda virtual, os Gorillaz, cujo primeiro disco saíu em 2001. Visualmente eram personagens de banda desenhada criada por Jamie Hewlett, o criador de “Tank Girl”. Os Gorillaz davam entrevistas virtuais, criaram um biografia ficcionada, o seu álbum de estreia parecia a banda sonora de uma festa de adolescentes e vendeu sete milhões de exemplares. Nos seus quatro primeiros CD’s, entre 2001 e 2010, venderam ao todo 15 milhões de CD’s, até chegarem a este novo “Humanz”, que parece uma espécie de banda sonora para uma noite de reflexão descontraída em torno da presente situação mundial - por aqui passam temas políticos, sociais, ambientais, de comunicação, canções onde se aborda desde a situação da internet até distúrbios mentais. Em “Humanz” Damon Albarn arregimentou um conjunto de convidados como Danny Brown, Pusha T, Jehnny Beth, Danny Brown, Benjamin Clementine, D.R.A.M., Del La Soul, Peven Everett, Anthony Hamilton, Grace Jones, Zebra Katz, Kelela, Popcaan, Jamie Principle, Mavis Staples, Carly Simon, Vince Staples ou Kali Uchis, entre outros. São 20 faixas que mais parecem uma playlist de uma emissão de rádio em streaming do que um álbum - no fundo a prova de como, há quase 20 anos, Albarn percebeu que, com a internet, o consumo da música ía mudar.  Disco Warner Brothers, disponível no Spotify.

 

PROVAR - Estas linhas vão para a série “petiscos que eu faço para mim mesmo”. Já aqui falei da dificuldade atávica da maioria dos cafés portugueses em fazerem sanduíches competentes que superem o trauma da carcaça de borracha com transparências de fiambre e queijo plastificado. Alimento a esperança de que um dia hei-de conseguir que me façam uma sanduíche de queijo da ilha, em bolo lêvedo tostado, lascas finas sobrepostas, temperadas com uma compota contrastante, de preferência dos Açores. Quando me dedico ao assunto em casa uso queijo da Ilha de S. Miguel, de cura prolongada, casca preta. É levemente mais intenso que o de S.Jorge, embora ambos sejam queijos magníficos, entre os melhores de Portugal. Corto-o em lascas e no pão faço-o conviver com uma compota açoreana,  de preferência a de figo embora a de capucho também seja interessante. Pode encontrar tudo isto em www.merceariadosacores.pt. E já que lá está experimente uma das conservas de atum temperadas da marca Catarina - sugiro que um dia destes prove os filetes de atum com funcho ou com tomilho. Vai ver que não se arrepende. E quem quiser atum para sanduíche pode experimentar os Flocos de Atum Temperados, “ideal para sandes”, da fábrica Corretora, de Ponta Delgada. Com agrião pelo meio fica do melhor.

 

DIXIT -  “Quem arrisca falir são os contribuintes, não a Banca”, Nuno Melo, eurodeputado do CDS à revista Domingo, do  Correio da Manhã.

 

GOSTO - Isabel Mota passou a presidir aos destinos da Gulbenkian, sublinhando que a arte, a educação e a ciência são os alicerces da tolerância que criam uma sociedade mais solidária.

 

NÃO GOSTO - Os pré avisos de greve cresceram cerca de 20% nos primeiros quatro meses do ano face a igual período do ano passado.

 

BACK TO BASICS - “A Arte é uma garantia de sanidade” - Louise Bourgeois

 

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publicado às 15:35

O SOL, QUANDO NASCE, É PARA O IMPOSTO

por falcao, em 05.08.16

E RESPIRAR, PODEMOS? É oficial: o sol, quando nasce, não é para todos. As casas com mais sol serão penalizadas pelo fisco, por acaso tutelado pelo homem que aceitou viagens à borla a França para ver jogos do Euro, pagas pela Galp, empresa que tem um contencioso fiscal com o Estado superior a cem milhões de euros. Rocha Andrade, o governante em causa, disse à revista Sábado que não via no assunto qualquer incompatibilidade ou conflito ético e encarava “com naturalidade, e dentro da adequação social, a aceitação deste tipo de convite”. O homem foi um dos redactores do código de ética para candidatos a deputados do PS, lançado por António Costa em 2015 e só depois de noticiada a oferenda resolveu dizer que queria reembolsar à Galp a despesa feita. Se o ridículo pagasse imposto este homem sozinho resolvia o problema do país. Vale a pena recordar que esta é a mesma criatura que quer andar atrás dos vendedores de bolas de berlim e de gelados na praia, que quer aumentar a tributação das casas que têm vista e por onde o sol entra sem receios. Este homem, que acha natural, sendo Governo, aceitar presentes de quem está em litígio com o Estado que ele representa, é copista de uma medida medieval inglesa, a window tax, de 1686, como bem explicou neste jornal Fernando Sobral, recordando uma frase de Charles Dickens: “nem o ar nem a luz são grátis”. O tema fiscal mereceu esta semana, no Facebook, várias citações interessantes, que reproduzo. O Professor José Maltez, sobre a matéria, teceu o seguinte comentário: “Ainda ninguém se lembrou do imposto de isqueiro, ou do regresso ao papel selado? Não há alma geringonça capaz de emitir uma simples regra: as avaliações serão feitas conforme os preços do mercado?" Sobre a sanha fiscal, Luis Paixão Martins contou uma história estival: "Como é que tu, paizinho, contribuis para o progresso de Portugal? - Orgulho-me de andar nas praias a ver se os ricalhaços das bolas de berlim passam fatura". Talvez por tudo isto o publicitário Manuel Oliveira saíu-se com esta: “A minha casa tem vista para S. Bento. Posso considerar que tenho vista para uma ETAR e pedir isenção do IMI?”

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SEMANADA - As exportações para o Brasil caíram 21% desde o início do ano; 80% dos alunos do 5º ano falham a matemática: em ano e meio foram apanhados 13 mil condutores sem carta de condução; há 286 condutores sem carta a cumprirem penas de prisão;  há chumbos em quase metade dos exames de código de estrada; entre os políticos portugueses Marcelo Rebelo de Sousa é o que regista mais menções no twitter desde o início do ano; os polícias estão proibidos de aceder a redes sociais enquanto estão em serviço; em Custóias foi assaltada a máquina automática de venda de tabaco que abastecia a prisão; a natalidade em Portugal está a subir pelo segundo ano consecutivo; em Armação de Pêra há quem vá marcar lugar na praia às sete da manhã com chapéu de sol e toalha; são recebidos 70 pedidos de ajuda por dia no centro de informação antivenenos ; os sites de jornais, revistas e de notícias portugueses receberam perto de cinco milhões de visitantes durante o primeiro semestre do ano, segundo os dados do Netpanel meter da Marktest; mais um recorde nacional: a dívida pública atingiu em junho os 240 mil milhões de euros - resta saber quem leva a medalha; Rocha Andrade foi o segundo membro deste Governo a propôr restituir verbas, apenas depois de ter sido confrontado com factos polémicos.

 

ARCO DA VELHA - Um estudo recente indica que, dos sete mil milhões de habitantes do planeta, cerca de seis mil milhões têm acesso a telefones móveis mas apenas 4,5 mil milhões têm acesso a instalações sanitárias domésticas em condições.

 

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FOLHEAR - A “Egoísta” é um prazer colectivo - para quem a idealiza e faz e, sobretudo,  para quem tem a oportunidade de a folhear, guardar e ir relendo ao passar do tempo. A edição do Verão, publicada no início de Julho, é dedicada a Lisboa - uma Lisboa destruída pelo triunvirato Medina-Salgado-Sá Fernandes. Qualquer semelhança entre a beleza e encanto da cidade e o caos e destruição que se sente na capital são pura coincidência. Pedro Bidarra, na sua coluna semanal no “Diário de Notícias”, sublinhou que face a um candidato decente de outra orientação política “o Medina, o principezinho herdeiro, não teria a mínima hipótese. É que Lisboa não vai com qualquer um.” No entretanto o Medina, que não é da cidade, vai dando cabo dela. Mas adiante, que a “Egoísta” é o que agora interessa. O facto de esta edição ser dedicada à cidade tem a ver com o facto de o Casino Lisboa estar a celebrar o seu décimo aniversário. E este á uma bela edição. Desde logo pela capa e as páginas de abertura que mostram Leonor Poeiras como um corvo, idealizada e fotografada por Carlos Ramos e vestida por Filipe Faísca. Mas há mais na revista: boa prosa de Rui Cardoso Martins, Nuno Miguel Guedes, Patrícia Reis, José Navarro de Andrade ou Teolinda Gersão,   ilustrações de Ricardo Cabral (que desenhou o Torel),  Rodrigo Saias e  André Carrilho, fotografias de Augusto Brázio (Monsanto) , Pedro Teixeira Neves (Lisboa) e Pedro Ferreira, para além de uma recolha de trabalhos de Vihls nas paredes da cidade. Uma edição alfacinha.

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VER - Rever “Barry Lyndon” em cópia digital é uma surpresa. Com boa projecção e bom som, o restauro digital que o cinema Ideal (ao Chiado) exibe até 17 de Agosto permite ter uma ideia clara do que era a luz que Stanley Kubrick quis mostrar. A luz molda as cores - nas paisagens, mas também nos interiores iluminados apenas por velas e filmados com as lentes especiais da Zeiss que Kubrick utilizou. Após todos este tempo (o filme é de 1975, foi produzido há 41 anos), é impressionante voltar a ver os enquadramentos rigorosos, a reconstituição das cenas de batalhas, o crescendo de emoção desde os primeiros planos do filme, com Redmond Barry, ainda adolescente, a ser seduzido pela prima. Ryan O’Neal tinha 34 anos e Marisa Berenson tinha 28 quando o filme foi estreado. Na altura houve quem pensasse que era uma obra menor de Kubrick, depois de 2001: A Space Odissey e de Clockwork Orange, antes dos seus derradeiros três filmes - The Shining, Full Metal Jacket e Eyes Wide Shut. Mas hoje fica mais fácil perceber que Kubrick  percorreu em Barry Lyndon a sua visão da natureza humana, utilizando um tempo fora do seu próprio tempo para reflectir sobre a evolução dos costumes. Outras recomendações para ver neste mês de Agosto: uma mostra da história dos jogos Majora ao longo dos seus 77 anos, no Espaço Amoreiras, Rua D. João V 24; “Auto Retrato em Solidó, de Ana Jotta, na Galeria Miguel Nabinho, Rua Tenente Ferreira Durão 18; “Sombras , Máscaras e Títeres da Colecção do Museu da Marioneta”, obras de  António Viana, Francisco Tropa, Jorge Queiroz e Susanne Themlitz, na Galeria Torreão Nascente da Cordoaria Nacional; no Espaço Chiado (Rua da Misericórdia 12), a série “Anatomia do Boxe”, de Jorge Molder, criada em  1997, que está na colecção António Cachola e que é exposta em conjunto em Lisboa pela primeira vez.

 

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OUVIR - Lou Rhodes é uma cantora oriunda de Manchester e tornou-se conhecida por ser, digamos, metade dos Lamb. Com utilização apenas ocasional de  sonoridades contemporâneas e essencialmente baseada em soluções acústicas, a carreira a solo de Lou Rhodes,  vai já no seu quarto disco, este “Theyesandeye”, que conjuga canções de amor com baladas que manifestam recorrentes preocupações ambientais, tudo cantando com uma voz etérea, carregada de sedução e sentimento. A sua voz é envolvente e tem um timbre provocante e sedutor. O Guardian  diz que ela evoca Nick Drake, outras vezes  Carole King e até Alanis Morrissette. Os arranjos das 11 canções são exemplares e a sonoridade de instrumentos acústicos como a harpa ajudam a criar um ambiente musical especial,  que está reduzido ao essencial, deixando amplo espaço para a voz e as palavras. Numa época em que as sonoridades se repetem, este disco de Lou Rhodes aparece como uma pedrada no charco. O facto de ela, a solo, ter evoluído num caminho completamente diferente das sonoridades dos Lamb mostra também como Rhodes se preocupa em fazer algo de novo e original na sua carreira, mesmo que para isso recorra a princípios básicos, musicais  e temáticos , do folk. “Theyesandeye”, CD Nude Records, no Spotify.

 

PROVAR -  Se nestes dias quentes quiserem uma esplanada não vão à Champanheria do Saldanha. Na realidade a utilização do termo champanheria no nome deste restaurante é um equívoco - porque a bebida - e sobretudo o seu equivalente português - o espumante - não têm ali qualquer favorecimento. É por exemplo incompreensível que não haja uma selecção de champagnes e espumantes servidos à flute e é ainda menos compreensível que, quando se pede uma garrafa de espumante (da reduzida selecção existente)  se coloquem na mesa copos de vinho em vez de flûtes. A coisa piora quando, feita a observação, a empregada fica a olhar para nós com ar de caso e responde que vai ver o quer é possível. Passado um bom bocado lá acabou por arranjar umas flûtes publicitárias de uma marca francesa. A chegada ao local fica pois assim descrita. O restaurante tem uma esplanada no pátio interior do prédio, com a maioria das cadeiras desconfortáveis e mesas pequenas,  em contraste aliás com o cuidado da decoração do interior. O sítio podia ser ameno se não existisse um som despropositadamente alto a sair de colunas instaladas demasiado perto das mesas. Em, resumo - a esplanada tinha tudo para ser simpática, o serviço é completamente antipático e a comida é mediana. As lascas de bacalhau em tempura estavam demasiado oleosas, o tártaro de atum sabia mais aos condimentos que ao atum e tinha como acompanhamento apenas tostas industriais, sem qualquer vestígio de salada. Os goujons de dourada salteada com legumes acabaram por ser a escolha mais acertada de uma noite que podia ter sido simpática e ficou aquém das expectativas. E o preço? a relação qualidade/serviço/preço merece nota negativa.Muito negativa. São preços desajustados para a oferta produzida.

 

DIXIT - “Lisboa atingiu o máximo cosmopolitismo Tem um presidente (não eleito) que sabe ser simultaneamente o terramoto e o marquês de Pombal” -  António Homem Cardoso

 

GOSTO - Desta afirmação de João Villalobos: “O sol, quando nasce, é para o imposto”.

 

NÃO GOSTO - Do cancelamento da 12ª edição da exposição World Press Cartoon, que estava agendado para este ano em Cascais.

 

BACK TO BASICS - “Quem tem cera na cabeça não deve andar ao sol” - Benjamin Franklin

 




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