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QUEDA LIVRE – Há coisas que um ex-Presidente da República não tinha necessidade de fazer. O artigo de Mário Soares desta semana sobre a comunicação de Cavaco Silva é uma dessas coisas. Soares nunca aceitou a derrota nas urnas, acha-se de uma elite política superior às escolhas do voto e bem que podia remeter-se ao silêncio, quer neste caso, quer nos apoios a Hugo Chávez. E o remeter-se ao silêncio significava ter o bom senso de não fazer as patéticas «Conversas de Mário Soares» nem o lamentável «O Caminho Faz-se Caminhando», com Clara Ferreira Alves, ambos na RTP. Isto não é serviço público, é frete político (saudosista ainda por cima) – vai uma enorme diferença. 

 


 


EFEITOS DO CALOR – « Depois de ter proibido as massagens, o comandante da zona marítima do Algarve, Reis Águas, resolveu proibir a distribuição de maçãs nas praias algarvias por considerar que esta acção seria apenas pura publicidade. A Associação de Produtores de Maça de Alcobaça pretendia distribuir as maçãs gratuitamente, como o fez em 2007, nas praias entre Aveiro e Lisboa. O presidente da Associação de Produtores, Jorge Soares, defende-se, dizendo que o objectivo da acção era o de sensibilizar para os benefícios de comer maçãs. Algumas capitanias proibiram a distribuição deste fruto, alegando tratar-se de publicidade que sujaria as praias. O Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, Manuel Carrageta, não consegue entender tal proibição. Esta acção, um projecto em parceria com a Comissão Europeia, e o ministério da agricultura, que tinha como objectivo combater a obesidade não vai poder acontecer, ao contrário do que tem acontecido noutros anos.» (à excepção do título, integralmente citado da minha fonte de notícias em férias, www.tsf.pt ).


 


SUGESTÃO – Que O Sr. Reis Águas se junte ao Sr. Nunes da ASAE e vão os dois de viagem para Marte – a coisa lá parece carecer de regulação…


 


CTT – Descobri esta semana que a minha correspondência andava a ser entregue há quase dois meses na casa de um vizinho, da mesma rua. O nome da casa é parecido, os nomes dos endereços não têm nada a ver. Na realidade os carteiros já não são o que eram, os CTT já nem cartas conseguem entregar aos seus destinatários. Não sei que formação dão aos carteiros, não sei se quando começam uma ronda nova lhes explicam onde ficam as ruas e as casas das ruas sem numeração, a verdade é que a situação me provocou vários prejuízos. E, agora pergunto eu, se os CTT não servem para entregar correio, para que servem afinal? Tenho impressão que os novos negócios dos velhos correios atingiram o «core business» da empresa… 

 


 


LER – Tenho um especial gosto por aquelas editoras que se dedicam a fazer livros que de outra maneira não iria apanhar. Entre elas está a Tinta da China (www.tintadachina.pt), que tem vindo a publicar uma deliciosa colecção de clássicos mal conhecidos, com cuidados na apresentação – capa dura, bom formato, bom papel. A minha leitura destes dias tem sido o delicioso «Dicionário do Diabo» de Ambrose Bierce, um jornalista norte-americano que fez fama com uma coluna num jornal do final do século XIX. Cujos excertos são aqui compilados. Ao contrário do que o título sugere, esta não é uma elegia a Belzebu, apenas um constatar de factos correntes, a maioria actualíssimos e justíssimos. Imperdível o prefácio de Pedro Mexia. 

 


 


OUVIR – Vladimir Horowitz deu o seu derradeiro recital público em Hamburgo, a 21 de Junho de 1987. Tocou Schubert, Schumann, Chopin, Liszt e Mozart. Tinha, nessa data, 83 anos. O recital foi gravado para a rádio NDR Kultur e a Deustche Grammophon fez agora a primeira edição desse registo, uma mostra da capacidade de interpretação e do génio de Horowitz, da sua enorma capac idade de comunicar através da música. CD «Horowitz in Hamburg – The Last Concert», edição disponível na FNAC. 

 


 


VER – Duas sugestões de fotografia, uma a sul e outra a norte. Comecemos pelo sul, Évora, no Palácio da Inquisição., a exposição «Antologia Experimental» de José Manuel Rodrigues, até 30 de Agosto. No Porto, em Serralves, David Goldblatt, um dos maiores nomes da fotografia contem porânea, até 12 de Outubro. Para aguçarem o apetite vejam o blog de Alexandre Pomar (http://alexandrepomar.typepad.com ), imprescindível para seguir fotografia em Portugal, e visitem www.davidgoldblatt.com .


 


DESCOBRIR – Se está de férias e quer descobrir o que se passa de relevante no mundo sugiro em vez de ver os seus emails no computador, visite alguns sites bem interessantes. Para saber as últimas da tecnologiia nada como o www.wired.com . Se quiser saber o que se passa no mundo a boa solução é www.time.com, e ainda pode espreitar as diversas edições da revista no planeta. Se quiser saber o que se passa em Portugal experimente os novos site da TSF, www.tsf.pt , ou então o nosso sempre estimável www.sapo.pt . Se quiser mesmo manter-se em dia sobre o estado da economia, já sabe: www.negocios.pt . 

 


 


 


 


PETISCAR – Setúbal é uma cidade conhecida pela qualidade do seu peixe. Se quiserem experimentar um restaurante onde a matéria prima é fresquíssima, os preços razoáveis, a garrafeira com bons vinhos da região, visitem o «Poço das Fontainhas» e peçam à D.Ana, sempre a circular entre as mesas, sugestões para o que hão-de comer, desde raia à moda do mar até aos salmonetes à setubalense. Vão ver que não se arrependem. Rua das Fontainhas 98, Setúbal, telef 265 534 807. 

 


 


BACK TO BASICS – A política é uma luta por interesses, disfarçada  de disputa por princípios – Ambrose Bierce. 

 

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publicado às 15:50

SAUDADES DA RÁDIO

por falcao, em 16.06.08

(publicado no diário «Meia Hora» de 11 de Junho)

 


 


Hoje estou um bocadinho sentimental. Estou com saudades da rádio, da rádio que me acompanha desde miúdo, de ouvir emissões e programas, de sentir variedade e diferença, sem ser apenas uma enorme e monótona lista de discos que se repetem dia após dia, ou uma algazarra de conversas sem sentido nem utilidade


Lembro-me de quando ouvia rádio, ao pé da minha mãe, ela a querer que eu estudasse e fizesse os trabalhos de casa, e eu à procura das estações que tivessem música nova. Lembro-me de noites na casa dos meus avós, no Alto Alentejo, a procurar distantes rádios estrangeiras em onda curta e onda longa. Anos mais tarde lembro-me de ter gravado partes do álbum branco dos Beatles a partir de uma emissão em onda curta da BBC, no exacto dia em que ele foi apresentado em Londres.. Nesse tempo, não se espantem, não existia Internet, nem My Space. nem You Tube. As ondas curtas e longas eram o nosso terreno de exploração numa época em que o único computador que conhecíamos era o que aparecia em «2001-Odisseia No Espaço», o filme de Kubrick entretanto largamente ultrapassado pelos acontecimentos.


A rádio foi progressivamente sendo morta por programas que queriam ter graça mas não tinham nenhuma, por notícias ansiosas, por gravações de declarações a favor e contra repetidas vezes sem fim, a propósito de tudo e de nada. O estilo editorial «procura a reacção» deu cabo das notícias e, em boa parte, da rádio..A tentação de a rádio concorrer com a TV matou a própria rádio que hoje precisa de se reinventar.


Há pouco tempo voltei a ouvir rádio pela manhã para ouvir como o dia se desenha, Gosto da rádio que não se repete, que é capaz de me dar as duas primeiras horas do meu dia de forma diferente. Primeiro fartei-me das emissões de rádio que pareciam más emissões de televisão, depois fartei-me das emissões de televisão, sempre como mesmo bloco de notícias repetido vezes demais.


Acredito que a rádio se vai reinventar, acredito que é na diversidade, nos programas e nas diferenças, que a rádio vai ressurgir. Se calhar com programas mais curtos, entre os podcasts e blogs radiofónicos, utilizando redes sociais, facultando preferências  personalizadas, se calhar com maior atenção ao que é local e de interesse para as pessoas, se calhar menos presa à agenda política de Ministros e de partidos. Eu gostava que fosse assim. 

 


 

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publicado às 13:16

SUGESTÕES AVULSAS

por falcao, em 31.03.08

(publicado no »Jornal de Negócios» de 28 de Março)



MAU – A intrusão do Fisco na vida das pessoas, impondo, sob a ameaça de multas, informações pormenorizadas sobre aquisições de bens e serviços, obrigando particulares ao demorado preenchimento de questionários e ao envio de cópias de facturas (ao abrigo de que Lei?) . Já se percebeu que o folclore pré-redução de impostos já está em marcha – e será de saudar – mas tão importante como isto é acabar com os abusos de poder da máquina fiscal. 




PÉSSIMO – A utilização, em material audiovisual do PS, de imagens e voz de um jornalista, José Rodrigues dos Santos, sem autorização do próprio e ainda por cima num contexto de montagem e de edição que pode levar a pensar que ele estava a corroborar as opiniões expressas no resto do vídeo.  




BOM – O blog do jornalista e crítico cultural A.M. Seabra, intitulado Letra de Forma e pode ser consultado em www.letradeforma.blogs.sapo.pt . A.M. Seabra, recordo, também escreve uma coluna regular no artecapital (www.artecapital.net )  e o tema da mais recente é a Fundação de Serralves. 



VER – Até este Domingo ainda tem oportunidade de ver as «Variações à Beira de Um Lago» de David Mamet, pela Companhia do Teatro de Almada, com encenação de Carlos Pimenta, na bela sala do Teatro Municipal de Almada. Hoje e Sábado as representações são às 21h30, Domingo é às 16h00. Vale a pena destacar o trabalho dos dois actores, que à beira de um lago, e usando os patos que o povoam como pretexto, acabam a falar da condição humana. André Gomes e João Ricardo têm bons desempenhos, bem auxiliados pela cenografia aberta de João Mendes Ribeiro. Destaque ainda para a música original de Mário Laginha. E já que estamos a falar de um trabalho em que participa André Gomes, aqui fica uma outra indicação – fora da pele de actor, André Gomes tem realizado de forma sistemática ensaios com base fotográfica recorrendo a Polaroids, e o mais recente está exposto no Museu da Electricidade, Fundação EDP. Intitulada «Era Na Velha Casa», a exposição é a interpretação visual do autor sobre dois fragmentos da Ode Marítima de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa. Até 27 de Abril, de terça a Domingo, das 10 às 18h00. 


DESCOBRIR – «VPF Rock Gallery» é o novo espaço acabado de nascer na Rua da Boavista 84, em ligação com a VPF Cream Art Gallery e a Plataforma Revólver. Este novo espaço, também concebido e dirigido por Victor Pinto da Fonseca, tem por objectivo divulgar o trabalho de novos artistas, no princípio de carreira. A honra da estreia da nova galeria coube à fotógrafa Marta Sicurella. Na VPF Cream Art está uma exposição de pintura e desenho de Jorge Feijão e na Plataforma Revólver uma instalação de Armanda Duarte.  De terça a sábado, das 14 às 19h30. 



OUVIR – A banda sonora do filme « Juno», com deliciosas canções pop de Kimya Dwason ( a voz dos Moldy Peaches), melodias de uma simplicidade desarmante. O filme, como alguns saberão, conta a história da gravidez acidental de uma adolescente e as canções reflectem o espírito dos dias, desde as originais de Dawson, até clássicos como «A Well Respected Man» da banda britânica dos anos 60 The Kinks, passando por «Dearest» de Buddy Holly, «Expectations» de Belle & Sebastian , «Superstar» dos Sonic Youth, o sempre magnífico «All The Young Dudes» pelos Mott The Hoople ou uma versão arrebatadora do clássico «Sea Of Love»  por Cat Power. Aqui está uma banda sonora absolutamente imprevista, variada, adequada ao filme e fascinante de um modo geral. CD Rhino, comprado na Amazon. 


LER – A edição de Março da revista trimestral «Egoísta» é uma espécie de número especial (até na paginação), dedicado ao mar, intitulado «Atlântico» e com uma magnífica fotografia de capa  de João Carvalho Pina, aliás repetida num portfolio do autor publicado nesta mesma edição. Outros portfolios em destaque são de Augusto Brázio e de Pedro Cláudio, este último cada vez mais interessante nos caminhos que está a percorrer com as suas imagens. Nos textos destaques para o ensaio «Portugal E o Mar» de Ernâni Rodrigues Lopes, para o relato da partida da corte portuguesa para o Brasil por Margarida Magalhães Ramalho e, sobretudo, à «Confissão do Sinaleiro», de Ondjaki. 



DIREITO DO CONSUMIDOR – A coisa que mais irrita é ler «abertura fácil» numa embalagem manifestamente difícil e incómoda de abrir. Embora já tenha tentado melhorar várias vezes o processo, a verdade é que a Compal ainda não conseguiu atinar com a embalagem dos sumos «Essencial», cuja abertura continua sem ser nada fácil. O mais grave é que os sumos são bons – há quem adore o de banana, eu prefiro o de ananás e o de maçã – mas o mais terrível de tudo é que começar uma manhã a tentar abrir um frasco daqueles arrisca-se logo a estragar um belo dia primaveril. 


PETISCAR – Tenho para mim que o bitoque tradicional português é coisa para derrotar 10 a zero qualquer hamburguer industrial. O bitoque – esse pequeno bife, fino mas não demais, feito em tacho de barro com banha e louro, acompanhado de batatas fritas e uns pickles e cavalgado por um ovo estrelado – é a dose ideal de comida para saciar a fome sem a deixar esmagada pela quantidade. Eu sou fã de bitoques e acho graça a que exista um estabelecimento exactamente com esse nome. «O Bitoque» fica no número 59 da Rua Ferreira Borges, em Campo de Ourique e por 6,40 euros oferece o prato que lhe dá o nome. Resta dizer que a casa se esmera para honrar o petisco. 



BACK TO BASICS - «A adição de emoção é uma tentativa de comprar o público» - David Mamet.

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publicado às 18:49


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