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O TERRAMOTO LISBOETA VOLTA A ATACAR

por falcao, em 18.08.17

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TERRAMOTO - As próximas autárquicas vão decorrer na ressaca de um dos verões mais marcados por uma sucessão de catástrofes e acidentes. São meses de fuga às responsabilidades, de ocultação, de manobras políticas de todos os lados do espectro partidário, sempre com a desgraça pública em pano de fundo. Não tem sido um espectáculo bonito de se ver. Enquanto o país arde e os acidentes se sucedem, num cenário de incúria generalizado e que perdura ao longo dos anos, há locais onde abundam as obras de fachada a usar dinheiros públicos para propaganda eleitoral dos autarcas que estão no poder. Os orçamentos apresentados ao Tribunal Constitucional para a campanha eleitoral das próximas autárquicas atingem os 30 milhões de euros entre os principais partidos e as coligações que eles estabeleceram - o PS lidera destacado com quase metade desta verba, seguido pelo PSD, o CDS, o Bloco de Esquerda e a CDU. A verba indicada não conta, claro, com os gastos de acções agora surgidas em vésperas de eleições, pagas pelos contribuintes, como os parques para bicicletas de aluguer que Medina vai espalhando pela cidade, tirando lugares de estacionamento aos moradores. Mas o mais preocupante em Lisboa já nem é isso: Manuel Salgado, que se candidata ao seu terceiro e possivelmente derradeiro mandato, deixou a mais terrível das promessas eleitorais como vereador do urbanismo: a de que pretende fazer uma “correcção” do Plano Director Municipal. Olhando-se para o que tem feito, aqui está um alçapão que deixa estrada aberta a várias malfeitorias, a fazer em jeito de despedida pelo homem que quis ser o Marquês do Pombal dos tempos modernos e que não conseguiu ser mais do que um terramoto a infernizar a vida dos lisboetas.

 

SEMANADA - Foram registados 268 incêndios no sábado passado, o dia de 2017 com o mais elevado número de fogos, com 6.500 pessoas envolvidas no combate às chamas e mais de cem missões aéreas; até 31 de Julho registaram-se 8539 incêndios florestais em Portugal; este ano a polícia judiciária já deteve o dobro dos incendiários do que no mesmo período do ano passado; até ao passado dia 12 os incêndios florestais em Portugal já tinham destruído 165 mil hectares; Portugal é o país da Europa com maior área florestal ardida este ano; Capoulas Santos proclamou que a maior revolução da floresta desde D.Dinis foi feita por este Governo; a venda de imóveis aumentou 30% nos primeiros seis meses deste ano, com um total de 80 mil casas vendidas o que coloca 2017 como o melhor ano para o imobiliário desde 2010; o Hospital de Santa Maria deve 153 milhões de euros a fornecedores; em Maio os hospitais públicos de todo o país deviam um total de 739 milhões de euros a fornecedores;  no primeiro semestre do ano entraram 8365 novos funcionários na administração pública; mais de um terço das vítimas mortais de acidentes rodoviários em 2016 tinham bebido antes do sinistro e registavam excesso de álcool no sangue; segundo os dados de 2017 do estudo Bareme Imprensa Crossmedia três milhões de portugueses seguem páginas de jornais e/ou revistas através do Facebook; na semana passada mais de metade dos espectadores de televisão não viram nem a TVI, nem a SIC, nem a RTP1 e preferiram canais de cabo e outras formas de video.

 

ARCO DA VELHA - Na última semana surgiram notícias de que a GNR tem um número elevado de viaturas paradas por falta de manutenção, que à PSP faltam coletes à prova de bala e que ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras faltam efectivos.

 

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FOLHEAR - A Berlin Quarterly apresenta-se como uma revista europeia de cultura, centrada na literatura, nas artes e em grandes reportagens. Os seus fundadores consideram que o jornalismo, a literatura e as artes visuais são elementos fundamentais para a compreensão recíproca, para interpretar o passado e preparar o futuro. Feita a partir de Berlim, a revista procura o resto do mundo como fonte de inspiração. Com uma publicação algo irregular, o primeiro número foi lançado no início de 2014 e vai agora na sua sexta edição, datada do início do verão deste ano. Em destaque uma reportagem sobre a fronteira entre os Estados Unidos e o México, na qual Hannah Gold proporciona uma visão sobre a questão da imigração ilegal, das cidades fronteiriças divididas entre dois mundos, tendo como pano de fundo o contexto histórico da região. Na área da ficção destaque para as quatro crónicas do mexicano Juan Villoro, uma short-story do escritor indiano Upamanyu Chatterjee, assim como outra do sul africano Masande Ntshanga, vencedor da categoria de revelação do prémio PEN internacional. Há ainda poesia do israelita Adi Keissar, da russa Galina Rymbu e dois portfolios fotográficos, um sobre os comboios na europa de leste, por Janine Graubaum, e outro, de Francesco Jodice, sobre o desenvolvimento urbanístico e em vários pontos do globo. Finalmente, já quase no final das 250 páginas desta edição, é publicado “A Writer’s Path”, um texto de Julio Cortazar, que ele proferiu numa conferência, na Universidade de Berkeley em 1980, e que evoca a sua evolução enquanto escritor e a necessidade que sentia, enquanto autor, de ter intervenção política. A revista pode ser encomendada na loja on line da revista por 15 euros.

 

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VER - Meio de Agosto em Lisboa. Que se pode fazer? Talvez seja o momento ideal para rever grandes filmes. No Cinema Ideal, até 13 de Setembro, duas obras primas de Jacques Demy: “Os Chapéus de Chuva de Cherbourg” e “As Donzelas de Rochefort” (na imagem).  Em ambos os casos serão exibidas cópias restauradas e o pretexto desta operação é assinalar os 50 anos de “As Donzelas de Rochefort”, considerada a obra-prima de Demy, protagonizada por Catherine Deneuve e Françoise Dorléac. Trata-se de uma comédia musical "à americana", que conta inclusive com a participação de Gene Kelly. Os "Chapéus-de-Chuva de Cherburgo" (1964), ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, e foi o primeiro filme totalmente cantado, uma opção arriscada, mas que resultou, do realizador Jacques Demy e do compositor Michel Legrand. O filme, uma bela história de amor, tem interpretações notáveis de Catherine Deneuve, Nino Castelnuovo e Anne Vernon. No cinema Nimas começou outro ciclo que até 13 de Setembro exibirá  23 obras de Ingmar Bergman, algumas em cópias restauradas. Entre elas estão nomeadamente “O Sétimo Selo”, “Cenas da Vida Conjugal”, “Lágrimas e Suspiros” , “Mónica e o Desejo”, “Morangos Silvestres” ou “Fanny e Alexandre”. Passando para um registo completamente diferente, no Museu da Marioneta (Convento das Bernardas 146) está uma exposição sobre a arte dos Robertos - História de Um Teatro Itinerante, onde além dos bonecos, há fotografias, ilustrações, cenários e barracas de fantoches - com espectáculo e tudo às sextas pelas 18h30.

 

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OUVIR - Chama-se Svedaliza, nasceu no Irão, vive na Holanda, foi jogadora de basketball e dedicou-se à música. Gosta de pensar como as suas canções podem resultar em videos e por estes dias teve uma elogiada actuação na Madeira, no Festival Ponta do Sol, centrada no seu primeiro álbum de originais, “Ison”. Logo no início a cantora modifica ligeiramente uma citação de Kafka, tirada de uma carta de amor que ele escreveu  à jornalista checoslovaca Milena Jesenská: “In this love, you are the knife with which I explore myself.” Svedaliza resolveu modificar a citação (substituíu a palavra love por life), mas este é um bom exemplo de como ela gosta de usar frases curtas, mas intensas. Depois de deixar a sua carreira desportiva Svedaliza dedicou-se às artes, centrada na música, mas com um cuidado especial na imagem e nos videos que se baseiam nas suas canções - vale a pena ver no YouTube os videos de temas deste álbum como “Human”; “Marilyn Monroe” e “That Other Girl”. “Ison” é um disco melancólico, algures entre a pop e a electrónica, com recurso a orquestrações impactantes e a uma utilização inteligente de efeitos de reverbação. No centro das paisagens sonoras, intensas e envolventes , criadas pelo produtor Mucky, está a voz de Svedaliza, umas vezes a rondar o jazz, outras vezes os blues, com uma noção de ritmo especial. O álbum está construído como uma viagem à mente humana e à forma como o nosso cérebro reage às experiências ao longo da vida. Disponível no Spotify.

 

PROVAR -   Sou um apreciador de cerveja - gosto de experimentar os sabores, as variedades. E felizmente há cada vez mais razões para ir provando novidades. Para além das marcas de grande produção disponíveis por todo o país começaram a surgir nos últimos anos algumas cervejas artesanais que têm vindo a ganhar reconhecimento e atenção. Estas cervejas apostam em métodos de preparação que proporcionam sabores mais marcados, experimentam ingredientes e processos diferentes dos industriais. Uma das marcas mais recentes, fabricada em Lisboa na zona do Marvila (Rua do Açucar) , é a Lince, que se apresenta em três variedades - a Belgian Pale Ale, a Blonde e a American IPA. IPA quer dizer Indian Pale Ale e é feita a partir de quatro lúpulos americanos que lhe dão um sabor frutado, levemente amargo, temperado pelos maltes. A Belgian Pale Ale é fabricada com maltes belgas, tem côr âmbar, sofre uma segunda fermentação em garrafa como acontece com várias cervejas belgas, e apresenta um sabor com notas de citrino, pouco amarga, a perdurar bem. É a minha preferida, a que se segue a Blonde, mais próxima do gosto português e que é a primeira artesanal nacional a ser comercializada numa garrafa de  25 cl., digamos que uma mini. Um dos locais onde podem experimentar as variedades da Lince é no Duque Brewpub, no nº 4 da Calçada do Duque, entre o Rossio e o Bairro Alto.

 

DIXIT - “Portugal é o único país do sul da Europa cuja área florestal ardida anualmente continua a aumentar enquanto diminui em todos os outros” - Manuel Villaverde Cabral

 

GOSTO - Da forma como Inês Henriques assumiu e falou da sua vitória na prova de marcha de 50 kms nos Mundiais de Londres, destacando o trabalho realizado pelos que a apoiaram.

 

NÃO GOSTO - Da continuada fuga às responsabilidades que tem caracterizado a actuação do Estado, a todos os níveis, neste Verão terrível

 

BACK TO BASICS -  “Vivemos numa época em que as coisas desnecessárias são aquelas que consideramos mais necessárias” - Oscar Wilde

 

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publicado às 12:30

MEDINA IMPULSIONA TRÂNSITO PERIGOSO

por falcao, em 31.12.16

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A Câmara Municipal de Lisboa resolveu alterar significativamente o trânsito da zona de Campolide e Marquês da Fronteira. O cruzamento ao cimo da Av. Miguel Torga deixou de permitir a viragem para a Rua D. Francisco Manuel de Melo, obrigando a seguir em frente e virando depois na Padre António Vieira, um cruzamento sem semáforos e com má visibilidade, mais perigoso. Paradoxalmente, quem vem da Marquês de Fronteira pode à mesma seguir pela D. Francisco Manuel de Melo. A situação mais perigosa, no entanto, ocorre no cruzamento entre a Marquês de Fronteira, a Artilharia Um e a Miguel Torga. Como o trânsito se complicou bastante com as alterações feitas, quem vem desta última artéria, a subir, arrisca-se a ficar no meio do cruzamento, sem indicação de semáforos, arriscando-se a levar com um carro em cima, ainda por cima numa zona de dificil visibilidade. E quem vem da Marquês da Fronteira e quer virar para a Rua de Campolide ficou também com a vida mais dificultada com a faixa à direita quase sempre bloqueada. O Presidente da Câmara, Fernando Medina, o Vereador Manuel Salgado e os serviços que regulamentam o trãnsito em Lisboa são os responsáveis pela calamitosa situação que prejudica gravemente os residentes  locais, sobretudo os moradores na Freguesia de Campolide  - nada de novo numa política autárquica que tem por princípio fazer a vida difícil aos munícipes. Eu não sei quem planeia estas alterações, mas pelo que está à vista, deve ser alguém que está sentado num gabinete e nem conhece o local. Senhor Medina, vá ver o que fez, assuma o trânsito perigoso que criou e o desconforto que deu de prenda de Natal a quem ali vive.

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publicado às 12:00

Esta semana as semelhanças entre o caos que a Cãmara Municipal se prepara para instalar em Lisboa e o caos instalado no Orçamento de Estado - com uma semelhança : nem Costa foi eleito Primeiro Ministro, nem Medina foi eleito Presidente da Câmara. Coincidências nascidas na interpretação que este PS faz do sentido de voto nas eleições.

 

HABILIDOSOS - No meio das desgraças que assolam Lisboa fiquei a saber que a grande preocupação do presidente não eleito da autarquia,  Fernando Medina, é descobrir o que fazer à Moda Lisboa, que vai estar na Praça do Município, no dia da tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa, o qual gostaria de patrocinar uma festa no local, nessa ocasião, para celebrar a sua investidura. Reparei agora que estamos perante uma conjugação interessantíssima de factores - em São Bento temos um Primeiro Ministro que não ganhou em eleições e que deixou na Câmara Municipal de Lisboa, para lhe suceder, um seu correlegionário que também não ganhou eleições para o cargo que ocupa. Deve ser uma coisa nova da malta do PS - conseguir estar no poder, de forma habilidosa, à revelia dos resultados eleitorais. Enfim, já se sabe que o mundo é feito de mudança. O pior é que Medina resolveu dar cabo do sossego aos lisboetas e começou uma série de obras que prometem o caos para durante a sua existência e depois da sua conclusão. Os vereadores Salgado e Medina estão a querer ser réplicas contemporâneas do Marquês do Pombal mas a verdade é que se assemelham mais a réplicas do terramoto. Já está à vista o resultado dos desvarios na Avenida da Liberdade - maior concentração de trânsito e maior poluição, ao contrário do que se apregoava. Vai ser assim no resto, sobretudo no tal eixo central. Mas o pior de tudo é que, para esta gente, a comodidade de quem vive na cidade não interessa para nada. Apenas interessa arranjar o jardim para os visitantes passearem. É sabido que nos anos de Costa o centro da cidade perdeu habitantes, que muito comércio tradicional foi encerrado, que os lisboetas perderam qualidade de vida. É muito engraçado, embora pouco realista, querer fazer-se uma cidade contra o automóvel, mas à autarquia sabe-lhe bem cobrar os impostos de circulação e os estacionamentos, mantendo transportes públicos ineficazes. Que nome dar a quem ocupa o poder para fazer obras em interesse próprio e  em desrespeito pelo interesse colectivo?

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SEMANADA - António Costa mandou os Ministros falar com o PS pelo país fora no fim de semana passada, a explicar o que o Governo anda a fazer; o Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais desdobrou-se em entrevistas e assustou meio Portugal com o que disse sobre o imposto sucessório;  António Costa fez videos a explicar as contas do orçamento - não sei bem em qual das versões das contas se baseou; a ideia dos videos governamentais no YouTube é boa como conceito de propaganda, só que o actor é péssimo; fiquei a ver um dos videos convencido que estava a ver um daqueles canais de compras que passam de madrugada a vender bruxedos; um amigo meu diz que o Costa, nos videos, parece aqueles spots dos canais regionais de televisão norte americanos com vendedores de carros em segunda mão a fazerem contas provando que vendem mais barato que os outros; os videos fizeram-me pensar se António Costa não estaria a querer ser o Chavez da Europa em versão tecnológica; no resto da pátria está tudo tranquilo;  Passos Coelho inaugurou uma escola - de repente pensei que era notícia antiga mas não, foi mesmo desta semana; Mário Centeno anunciou que vai injectar mais 567 milhões de euros no defunto BPN; um amigo meu diz que Mário Centeno é parecido com Zé Colmeia, uma figura de banda desenhada que gosta de ir ao pote do mel; outro diz que, com as confusões do Orçamento, António Costa parece um daqueles condutores que entram em sentido contrário numa auto.estrada e começam a barafustar contra quem vem contra ele.

 

ARCO DA VELHA - Este orçamento já vai em três versões - uma que foi para Bruxelas, outra que foi feita depois para cá corrigindo o que Bruxelas achou excessivo, um rol de erratas que corrigia diversas coisas e finalmente mais umas rectificaçõezitas sobre uns mapas que estavam com numeros um bocadinho errados.

 

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FOLHEAR - Quando leio um livro como “M Train”, de Patti Smith, interrogo-me sobre o sentido da vida e sobre o que algumas pessoas, cuja obra admiramos, dela fazem. O livro anterior de Patti Smith, “Just Kids”, apesar de relatar os anos 70 em New York e a relação de Patti com Robert Mapplethorpe, parece uma reportagem num jardim escola quando comparado com este “M Train” - o relato da vida e da cumplicidade que ela desenvolveu com Fred “Sonic” Smith, o guitarrista dos MC5, um dos génios da guitarra eléctrica, desaparecido prematuramente em 1994. Patti Smith E Fred viveram, tiveram filhos, fizeram música e viagens. Este livro é o relato de uma paixão e de uma cumplicidade, do que fizeram e do que ficou por fazer, das viagens que ela ainda faz pensando em Fred, das suas obsessões, dos seus hábitos e rotinas, mas é sobretudo uma viagem ao processo criativo de uma artista marcante da sua geração. Não é nem uma biografia nem uma memória - é um ensaio sobre o dia-a-dia. E é um dos melhores livros que se pode ler para perceber o que vai dentro da cabeça de uma artista cheio de talento. (Edição Bloomsbury, na Amazon).

 

 

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VER - Recomendações para esta semana: na Galeria Belo-Galsterer a exposição colectiva “PAPERWORKS III - Paisagem sem Paisagem”, com C. B. Aragão, Claudia Fischer, João Grama e Marta Alvim (Rua Castilho 71, r/c esq); na Pequena Galeria (Av 24 de Julho 4c), a exposição RETRATOS, dos fotógrafos Marilene Bittencourt e Fernando Ricardo; “AS PALAVRAS”, assemblages de José Pinto Correia, na Corclínica, Campo Grande 28 - 2º-C; mas o meu destaque, embora tardio, vai para  a belíssima exposição “MÃOS”, de Teresa Dias Coelho, na Galeria Monumental, que encerra já neste sábado dia 20 - a partir das 16h00 desse dia tem uma finissage, aproveite para ir ao Campo dos Mártires da Pátria 101 ver outras obras como esta que aqui se reproduz.

 

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OUVIR - Este segundo disco do saxofonista Charles LLoyd para a Blue Note tem o feeling dos blues, a descoberta de temas originais do próprio Lloyd, o encanto de algumas versões e a perenidade de tradicionais folk. Se o saxofone é a imagem de marca do disco, o retoque da diferença é dado pelas guitarras de Bill Frisell e Greg Leisz, sobretudo a do primeiro. Nas versões destaco “Masters Of War”, de Dylan, onde as guitarras estão em primeiro plano, a versão de “Last Night I Had The Stangest Dream”, um original de Ed McCurdy que aqui conta com a participação especial de Willie Nelson e de “You Are So Beautiful”, de Billy Preston, aqui interpretado por Norah Jones. Se escolher um dos originais vou para o tema final, “Barche Lamsel” e se escolher um dos tradicionais vou para “Shenandoah”, onde Frisell mostra todo o seu talento na guitarra. Este é daqueles discos onde se percebe que todos os participantes tiveram mesmo gôzo em tocar. Uma belíssima supresa este “I Long To See You”- Charles Lloyd & The Marvels, edição Blue Note/Universal - claro que com uma mãozinha de Don Was na produção.

 

PROVAR -  Frequentemente gosto de comer sózinho, ao almoço, sentado, na calma, a ler uma revista e ás vezes, hoje em dia, a folhear no iPhone o Flipboard ou outra aplicação do género. Mas o que mais gosto mesmo nesses momentos é ficar a olhar à minha volta . o movimento da sala, os clientes, os empregados. Tenho, deste ponto de vista, saudades das Galerias Ritz, onde se podia ficar sentado ao balcão em algumas posições estratégicas que dominavam a entrada e permitiam ter uma boa visão das coisas. E, para o género, a comida era boa. A única sala que ainda permite isto hoje em dia é o Galeto, um bastião da tradição do snack bar e talvez o restaurante lisboeta que junta maior numero de clientes solitários regulares, sobretudo à noite - e continua a servir até tarde. Hoje vou lá pouco nesse horário, mas volta e meia gosto de lá ir ao almoço. A comida é mediana, mas sem sobressaltos, o balcão é confortável - um bom balcão sentado como há poucos hoje em dia em Lisboa. O bife à Galeto não engana com as suas batatas fritas semi sintéticas, o ovo a acavalo bem estrelado e um esparregado com uns torneados incomparáveis. Continua a ter combinados, que convivem com alheiras e outros petiscos como iscas à portuguesa. Pronto - isto é mesmo vício de ficar a devanear enquanto se petisca e se faz uma viagem ao passado - às vezes parece que de repente entrámos nos anos 70. Galeto - 213 544 544, Avenida da República 14, das 07h30 ás 03h30.

 

DIXIT - “Está toda a gente a querer fazer desaparecer Cavaco Silva, a fazer de conta que já não existe” - Joaquim Aguiar sobre as audiências que o presidente eleito, Marcelo Rebelo de Sousa, tem realizado com protagonistas governamentais e políticos.

 

GOSTO - Das lojas antigas de Lisboa

 

NÃO GOSTO - Da destruição das lojas antigas de Lisboa

 

BACK TO BASICS - “Estudem o passado se quiserem definir o futuro” - Confúcio

 

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publicado às 14:00


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