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COERÊNCIAS - Numa recente aula na Universidade de Verão do Partido Social Democrata, Cavaco Silva, falando das autárquicas, apelou ao voto genérico no PSD. Entendo que foi um mau serviço que prestou numa aula destinada a jovens aspirantes a políticos. A última coisa que queremos são mais zelosos funcionários que olham para a política como uma actividade clubística. A política exige lealdade de parte a parte - das pessoas com o que pensam, dos partidos com o que está no seu ideário, no seu programa e na sua acção. Nas autárquicas, sobretudo nas autárquicas, o voto deve ser nos candidatos, no seu perfil e no que propõem localmente - e quando possível na análise daquilo que fizeram se antes já tiveram cargos autárquicos. Em todos os partidos há casos em que outro candidato é a melhor escolha em determinada freguesia ou concelho. Se há eleição em que a fidelidade de voto cega não deve existir é nas autárquicas. Eu sei que não voto em Medina, não pelo partido por onde se apresenta, mas pelo mal que tem feito à cidade, pelo seu autoritarismo e auto-suficiência. E não me repugna votar numa lista que seja diferente do meu voto habitual se nela existirem pessoas cuja actividade anterior me agrade e propostas que me pareçam adequadas. Essa é a única maneira de cumprir a cidadania. Às vezes os partidos esquecem-se dos seus deveres para com os eleitores e, mesmo assim, querem um cheque em branco. A política não pode ser isso, seja qual fôr o nosso lugar no espectro partidário.
SEMANADA - Até 31 de Agosto arderam 214.000 hectares em 12.000 incêndios e 90% da área ardida deveu-se a 123 desses fogos; uma psicóloga da Polícia Judiciária, Cristina Soeiro, afirma que 58% dos incendiários agiram sob influência do álcool; 97% dos inquéritos a crimes de incêndio são arquivados e apenas 48 suspeitos foram condenados a prisão em cinco anos; um candidato à Câmara de Coimbra reivindicou a construção de um aeroporto internacional na cidade; roupa doada pela marca Salsa a uma instituição de solidariedade social para ser enviada para a Guiné foi encontrada à venda numa feira em Mafra: há onze acidentes por dia com carros sem seguro; o número de carros elétricos vendidos no primeiro semestre mais que duplicou face a igual período do ano passado; no primeiro semestre do ano 4 milhões e 713 mil portugueses acederam a sites de informação a partir de computadores pessoais; 91 por cento das famílias portuguesas subscrevem televisão por cabo e 76% têm acesso a mais de 100 canais; segundo um estudo da Marktest há 4 milhões e 871 mil indivíduos que se dizem sócio e/ou simpatizante de clube(s) desportivo(s), valor que representa 56.9% dos residentes no Continente com 15 e mais anos; José Sócrates tornou-se no mais recente youtuber português, mas a sua novela “O Embuste da PT” teve apenas cerca de dez mil visualizações na primeira semana, muito longe dos valores dos mais vistos em Portugal.
ARCO DA VELHA - Todos os líderes partidários, à excepção de Jerónimo de Sousa que estava na festa do Avante, foram à feira das vacas em Vila do Conde
FOLHEAR - Ele há livros que são sempre oportunos e cada vez mais adequados aos tempos - Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, é um deles. A autora morreu há 200 anos mas esta sua obra, editada em 1813, continua a alimentar polémicas, muito devido ao seu primeiro parágrafo: “É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro, na posse de uma boa fortuna, precisa de uma esposa”. Orgulho e Preconceito é, nas palavras do autor de “O Cânone Ocidental”, Harold Bloom, um livro “ que rivaliza com qualquer romance jamais escrito”. No fundo esta é uma comédia sobre os perigos de fazer julgamentos precipitados e os benefícios de aprender a distinguir entre o superficial e o essencial. A história é simples, e é a da família Bennet: “cinco filhas por casar e uma mãe que só pensa em encontrar-lhes maridos”. Assim nasce o romance de Mr. Darcy e Elizabeth Bennet na Inglaterra do início do século XIX. Como referem as notas finais do livro, Orgulho e Preconceito “oferece uma ilustração poderosa dos efeitos prejudiciais para as pessoas e para a sociedade que o preconceito pode causar”. Editado na colecção de Clássicos da Guerra & Paz, o livro tem uma exemplar tradução de Diogo Ourique, a partir da fixação de texto da edição da Penguin Classics de 2014.
VER - Com a entrada em Setembro as coisas começam a animar-se e também as galerias de arte começam a dar sinais de vida. Na Galeria Alecrim 50 (Rua do Alecrim 48-50), a artista brasileira Bettina Vaz Guimarães expõe “De Que Cor é o Universo” (na imagem) mostrando um conjunto de trabalhos que realizou em Lisboa ao longo dos últimos meses. Bettina interpretou formas e cores da arquitetura presente nas ruas de Lisboa numa visão muito pessoal. No Funchal Teresa Gonçalves Lobo abriu ao público o seu atelier para mostrar as ilustrações que fez para o livro “unstill, inquieto” ( do poeta Roberto Vas Dias) e outros desenhos recentes - o atelier fica na Rua da Carreira 39, 2ºB, junto ao Museu Vicentes. Em Lisboa, na Cristina Guerra Contemporary Art (rua de Santo António à Estrela 33) está patente “I speak to people on the telephone”, de Ryan Gander e Jonathan Monk. Na Giefarte (Rua da Arrábida 54 ), Francisco Ariztía apresenta “auto-retratos”. Outras sugestões: a partir desta semana, na Galeria do Torreão nascente da Cordoaria Nacional, e integrada na programação de Lisboa Capital Ibero-Americana da Cultura, estará patente “Turbulências”, uma mostra de arte contemporânea de obras inéditas de 18 artistas da colecção “la Caixa”, que transmitem a sua visão deste mundo em convulsão permanente. Também a partir desta semana, no Palácio Nacional da Ajuda, em colaboração com a Fundação de Serralves, estará a exposição “Joan Miró: Materialidade e Metamorfose”, que traz a Lisboa até 8 de janeiro o conjunto de 85 obras do artista catalão que integravam a colecção do BPN e que o Governo decidiu manter em Portugal, numa decisão que causou polémica, já que muitas das obras são consideradas de duvidosa relevância.
OUVIR - O pianista Vijay Iyer, acompanhado pelo saxofonista Steve Lehman e pelo baterista Tyshawn Sorey têm feito, a solo e em grupo, alguma da música de jazz mais inovadora da costa leste dos Estados Unidos. Agora voltaram a encontrar-se em “Far From Over”, num sexteto onde participam também nos sopros Mark Shim e Graham Haynes e ainda o baixista Stephan Crump. Editado pela ECM o álbum foi considerado pela Rolling Stone como “uma amostra do jazz do futuro”. Como é hábito, as composições de Iyer, que ensina música em Harvard, são complexas e com um sentido de ritmo acentuado. A faixa inicial, “Poles” é um exemplo perfeito na organização dos músicos ao longo do desenvolvimento do tema, em crescendo. Em “Down To The Wire” os instrumentos de sopro são dominantes e evocam o bepop, enquanto em “Good On The Ground” a bateria de Sorey comanda claramente o sexteto. O líder, Iyer, tem também o seu quinhão de solos de piano, como em “Nope”, mas principalmente ocupa-se a proporcionar a entrada em acção dos outros músicos, nomeadamente os saxofones de Lehman e Shim ou o flugerhorn de Haynes, como acontece em “End 0f the Tunnel”. Em “for Amiri Baraka”, dedicado ao poeta do mesmo nome, os metais ficam de fora e o piano de Iyer, com a bateria e o baixo de Sorey e Crump constroem uma balada envolvente e poderosa, como também acontece em “Wake”. CD ECM, na Amazon.
PROVAR - Desde há muitos anos que a zona do Martim Moniz é uma espécie de sociedade das nações em termos gastronómicos e até de estabelecimentos onde se podem adquirir temperos e produtos alimentares de várias regiões do globo. Quer no Centro Comercial Mouraria, quer na praça ou nas ruas ali à volta há muito por descobrir e que escolher. Comecemos pelos supermercados e lojas. O Hua Ta Li, perto da Rua da Palma, tem uma larga oferta de produtos, de massas de arroz a guiozas, passando por algas e chás e tem uma zona de take away; no Amanhecer, do lado direito de quem desce para o hotel Mundial, os produtos chineses estão bem rotulados em português e muito bem arrumados; a Mercearia Indiana. no segundo piso do Centro Comercial Mouraria, é o paraíso das especiarias e, claro, tem várias variedades de caril. Passando para os restaurantes, no início da Rua do Benformoso há o Pho Pu, especialista em cozinha vietnamita; por falar em rua do Benformoso, essa é a zona onde pode encontrar restaurantes chineses improvisados em casas particulares, com menus esfuziantes - é uma questão de atenção e de ir procurando; dando um salto ao Brasil, na praça do Martim Moniz há um especialista num dos produtos da moda - a Toca do Açai, servido em smoothies ou em taças; também na praça recomenda-se o Shangai Cuisine onde a sopa wantan é muito elogiada; para um outro género, no Topo, que fica no sexto piso do Centro Comercial Martim Moniz e que tem uma vista magnífica, destaca-se o peixe branco cozinhado em caril ou o Tom Yun, um caldo picante com camarões, lulas, ameijoa e massa de arroz. A lista tem muitas opções. Mas o melhor mesmo é passear no fim da Rua da Palma, no meio da praça e nas ruas à volta, na zona da Mouraria. É descobrir um mundo novo em Lisboa.
DIXIT - “As claques nas redes sociais são o agitprop do século XXI” - Nuno Garoupa
GOSTO - Da decisão do TC que considerou inconstitucional a criação de uma taxa de protecção civil pelo Município de Gaia, o que pode levar a outras decisões, nomeadamente à eliminação de idêntica taxa que Medina impôs aos lisboetas.
NÃO GOSTO - Das opacidade e das dúvidas que rodeiam o destino dos donativos para as vítimas do incêndio de Pedrogão Grande.
BACK TO BASICS - "Por melhor que a estratégia pareça ser é sensato olhar, de vez em quando, para os resultados que está a produzir" - Winston Churchill
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