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PORTUGAL - Duas décadas de desvario vão custar-nos outro tanto tempo para recuperarmos de tudo aquilo em que nos deixámos enredar - seja a Europa, seja a inconsciência local. As PPP’s, de que tanto se fala, são um bom exemplo de fazer vista com dinheiro alheio, de comprar jóias a crédito que irão ter pouco uso. Hoje, já percebemos que é assim: endividámo-nos por soberba. Deixámo-nos, todos, cair na tentação. As PPP’s são o melhor retrato de um país que, mais do que de negócios, gosta de negociatas. Se olharmos bem para a nossa História vemos muitos negociantes, comerciantes espertos, vendedores de especiarias,  de volfrâmio, ou do gás natural que o Ministro do Canadá diz que vai extrair no Algarve. No fundo andamos todos à espera que saia um euromilhões ao país. Poucos são os empresários portugueses que preferem criar, inovar, desenvolver e fabricar, a comprar e a vender. O comércio está-nos na alma e é isso que lá vamos fazendo. O pior é quando vendemos o país ao desbarato ou quando vendemos ilusões uns aos outros. É o que tem acontecido, com a benção de Bruxelas e as negociatas à sombra dos partidos instalados. No Correio da Manhã, Paulo Pinto de Mascarenhas escreveu que PPP’s quer dizer “Portugueses Pagam Políticos”. Tudo indica que tem razão.


SEMANADA - A derrapagem nas PPP do sector rodoviário pode chegar aos nove mil milhões de euros; o Estado já assumiu mil milhões de euros em perdas com “swaps”; há mais de 12 milhões de indivíduos, no mundo inteiro, com um património superior a um milhão de dolares; segundo a Caritas, o risco de pobreza afecta 23,5% da população portuguesa; Silva Peneda, Presidente do Conselho Económico e Social, considerou, numa comissão parlamentar, que o cenário macroeconómico do orçamento rectificativo, já aprovado, é irrealista e sublinhou que o programa de ajustamento tem corrido mal; em 2012 mais de 120.000 portugueses abandonaram o país em busca de trabalho na emigração, mais 20% que no ano anterior; o poder de compra dos portugueses está 25% abaixo da média europeia; a emissão de Bilhetes de Tesouro registada esta semana foi emitida com juros mais altos que em Maio do ano passado; em termos de receitas, a Liga portuguesa de futebol está ao nível da Liga da Ucrânia; António Costa vai deixar de ter Helena Roseta como vereadora e passou-a para a Assembleia Municipal de Lisboa; António Costa designou o deputado do PS Fernando Medina como seu sucessor na Câmara Municipal; António Costa nomeou Mega Ferreira para a direcção da Orquestra Metropolitana de Lisboa; António Costa criou um novo cargo, Provedora do animal, e atribuíu-o à ex-deputada do PS Marta Rebelo;  por este andar qualquer dia António Costa pode anunciar que há um provedor das bicicletas; Cavaco Silva decidiu não desistir do processo contra Miguel Sousa Tavares por causa das analogias entre o Presidente e uma actividade circense.


ARCO DA VELHA - Na mesma semana em que Paulo Portas apresentou a sua moção de estratégia ao Congresso do PP, na qual defende a baixa do IRS ainda na actual legislatura, e em que vários digirientes do PP confessaram “profunda incomodidade” com os resultados do Governo, o Ministro Poiares Maduro considerou que a coligação do Governo “é muito coesa” e Passos Coelho afirmou não ter um calendário para a descida do IRS.

VER - Estava cheio de curiosidade em ver a nova Photographer’s Gallery, em Londres, no Soho, perto de Oxford Circus, que abriu, renovada, este ano. Data originalmente do início dos anos 70 e é,  como se diria aqui, uma iniciativa da sociedade civil, aliás de uma pessoa, Sue Davies - com apoios de diversas entidades, umas públicas, outras, mais numerosas, privadas, desde empresas de consultoria a empresas industriais. É uma daquelas coisas que não existe, por enquanto, em Portugal. Há galerias e espaços disto e daquilo, de umas marcas e de outras, mas não há muitos espaços de iniciativa privada que consigam reunir apoios institucionais diversos - e do próprio público que contribui - para se desenvolverem. Gostei muito da nova galeria, do seu espaço, de iniciativas como a “What Do You See?”, onde se pede para cada visitante que queira expressar o que sentiu a olhar para a única fotografia que está exposta naquela sala. De todas as exposições, e eram várias, a que mais me intertessou foi a de Chris Killip - “What Happened - Great Britain 1970-1990”, em que o autor retrata como era a vida em comunidades que estavam a passar pela desintegração da velha sociedade industrial.  Mas, lá como aqui, a fotografia é território de polémica, entre os que olham para a realidade e os que preferem a fantasia ou a manipulação da técnica. De qualquer forma, a verdade é que os vários lados desta história estão nesta galeria. (Ramillies Street 16-18)


 

FOLHEAR - Em boa companhia, estive uma hora na fila, uma hora a fazer horas para entrar, e um bocadinho mais de duas horas a visitar a exposição. Não me arrependo de um único segundo gasto nesse dia. Já antes, para prevenir o excesso de peso na bagagem de regresso, tinha encomendado, e recebido, o catálogo da exposição. Estou a falar de “David Bowie Is Here”, que até Agosto está no Victoria & Albert, cada vez mais um dos museus incontornáveis do Reino Unido. De maneira que quando voei para Londres, com Bowie na mira, já o tinha bem folheado em casa, e levava na cabeça a frase na dupla página do começo: “I opened doors that would have blocked their way, I braved their cause to guide, for little pay”. O catálogo tem um nome diferente da exposição, um pequeno jogo de palavras: "David Bowie is Inside" - são cerca de 300 páginas, editadas pelos curadores da exposição, e que, tanto quanto possível num livro, fazem justiça à exuberância visual e tecnológica que nos permite percorrer a carreira de Bowie, as suas manias, as suas obsessões, as suas paixões. No fim, um quase concerto, em surround, um momento de transição, antes de voltar à rua. A tecnologia, nesta exposição, é admirável e permite uma experiência única. Mas este livro, que se pode encomendar pela Amazon por 24 libras, permite-nos ter uma ideia de tudo o que se mostra no Victoria & Albert. E a mim vai-me servir de memória de um dia de descoberta.


OUVIR- Na vida de qualquer grupo rock e pop decente o primeiro disco deve ser bom, o segundo um desafio e, o terceiro, a redenção. “Modern Vampires Of The City”, o novo e terceiro álbum dos Vampire Weekend, encaixa-se que nem uma luva nesta descrição. Aqui está uma bela colecção de temas, alguns com arranjos e vocalizações inesperadas, a romper com os discos anteriores. Há boas canções, uns toques de ironia nas letras, poderia quase falar em rebeldia, mas mais não digo - desde que sei que o ex-Ministro da Defesa e da propaganda socrática, Santos Silva, está a investigar, numa Universidade onde pontifica, o movimento punk em Portugal, o qual considera pouco proletário, ando a pensar em desistir de escrever sobre música. Já me chegam as PPP nas estradas, escuso de me aborrecer mais com assuntos destes. Não é? Mudando de conversa, e para não enjoar, não perdem nada em ouvir este disco. Tem mesmo cantigas atrevidas.


PROVAR - Aviso já que hoje falo para carnívoros - vegetarianos e fanáticos de aquários podem abster-se. O assunto aqui é carne, de várias origens e com vários corte e temperos. O Talho é uma aventura de Kiko Martins e, se de um lado serve carne crua para levar para casa e cozinhar, do outro é um agradável e bem decorado restaurante, com uma espaço confortável (uma acústica perfeita), e boas surpresas na confecção de vários géneros de carne. Há um menu de almoço mais económico, há sempre uma proposta de hamburguer do mês - por estes dias é o hamburguer manjerico, com manjericão e parmesão. Num belo jantar o rosbife asiático marcou pontos, assim como a vitela maronesa. E o serviço também merece destaque. (Rua Carlos Testa 18, frente ao El Corte Ingles, é a rua que sai do Largo de S. Sebastião da Pedreira). Telefone 213 154 105.


DIXIT - “Quando o mar bate na rocha, quem se lixa é o mexilhão”, Bartoon, sobre a greve dos professores


GOSTO- Da inovação de uma rolha de cortiça de enroscar desenvolvida em Portugal pela Amorim.


NÃO GOSTO - Do surto de nomeações camarárias de António Costa.

BACK TO BASICS - Não sou obrigado a acreditar que o mesmo Deus que nos terá dado a razão e o intelecto se esqueceu de nos ensinar a utilizá-los - Galieleo Galilei

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