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Uma das minhas grandes curiosidades desta semana é saber se por acaso vão aparecer agentes da PSP nas sedes do PS, a perguntar quantos militantes socialistas tencionam ir, de cada localidade, à manifestação do Porto. Não acredito que não apareçam – se foram tão empenhados a recolher informações nas manifestações contra o Governo, certamente que também hão-de querer garantir a segurança e a comodidade dos manifestantes pró-governamentais.
Cá para mim esta decisão do PS, em medir apoios na rua, leva-nos de repente até à América do Sul – bem vistas as coisas não é de admirar que Sócrates se dê bem com Hugo Chávez – até lhe copia os métodos do manual de acção política com manifestações espontâneas de celebração dos êxitos da governação.
No Governo há três anos, qual o balanço que o cidadão comum pode fazer? Na saúde as coisas não estão melhores; na justiça e na segurança nem se fala; na educação a crise está instalada; em matéria de defesa dos direitos dos cidadãos retrocedeu-se. Pontos positivos: o défice diminuíu, mas não foi à conta de reformas estruturais, foi sobretudo devido ao aumento de impostos; o desemprego, ao contrário das promessas, não diminuíu; nalgumas questões burocráticas há progresso, sim senhor e registam-se simplificações. Mas é pouco perante os sacrifícios pedidos a todos. Muito pouco.
A política em Portugal está a chegar ao nível zero: No PS e no PSD as fracturas internas aumentam todos os dias; as promessas que o PS fez para ganhar as eleições são desmentidas umas após outras pela prática; a oposição está empenhada em vencer o campeonato nacional de tiros nos pés; o Parlamento limita-se a ser cenário de momentos humorísticos na troca de picardias entre deputados do governo e da oposição.
Não admira que as acções de rua ganhem de repente tanta importância nas estratégias quer da oposição quer do Governo. O resultado de tudo isto vai ser um distanciamento cada vez maior dos eleitores – ou então o surgimento de novas organizações – como aqui e ali já se começa a verificar. Sócrates e Menezes arriscam-se a ficar para a História por proporcionarem a maior contribuição à alteração do espectro partidário – a menos que as coisas mudem, acho que não vai demorar nem dois ciclos eleitorais para que o cenário político partidário fique bem diferente.
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