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ABSURDO - Por muito que me esforce não consigo compreender como foi possível que grandes bancos, conceituados analistas, consultores de prestígio e especialistas em avaliações, fossem ludibriados ao longo de anos pelos fundos de Bernard Madoff. A única explicação é uma enorme ingenuidade, uma crença acrítica nas possibilidades de gerar mais valias milagrosas, um desfasamento total da economia e do mundo real, e, sobretudo, uma vida passada no universo das ilusões financeiras, de produtos especulativos e não produtivos, de previsões e não de realidades. Madoff é afinal apenas o retrato do absurdo que nas últimas décadas moveu a economia: especulação, especulação, especulação e produtividade zero.
MISTERIOSO - Existe um curso do INDEG que me chamou a atenção: «Pós Graduação em Empreendedorismo Cultural e Criativo», feito em colaboração entre essa Universidade e o Ministério da Cultura. Um amigo meu, que esteve na sessão de apresentação do curso aos putativos candidatos disse-me uma coisa extraordinária: num curso desta natureza ainda não se sabe quem constitui o corpo docente precisamente das disciplinas nucleares de Gestão da Cultura e Gestão de Organizações Culturais. Um dos responsáveis do curso, Luís Martins, afirmou na ocasião que seria o Ministério da Cultura a indicá-los (o que é estranho e pouco tranquilizante), mas não deu mostras de achar o conhecimento desses nomes relevante para a decisão dos candidatos – convenhamos que isto é um mistério. Na apresentação do curso que está na Internet também nada consta – e tão pouco uma linha que seja sobre questões tão cruciais nos dias de hoje como gestão de direitos de autor, negociação de royalties, utilizações multimédia de eventos ou gestão de patrocínios, para só citar algumas áreas que em matéria de empreendedorismo podem fazer alguma diferença. A menos que o curso não seja para empreendedores da área mas sim para candidatos a burocratas…
FRÁGIL - Logo à noite ainda pode assistir ao último concerto que Rodrigo Leão dá no Frágil, Rua da Atalaia 126. Celina da Piedade, Viviena Tupikova, Marco Pereira e Miguel Fernandes acompanham Rodrigo Leão. Enquanto o concerto decorre pode ser vista a exposição «Tacto» de Filipa Sottomayor. Ver e ouvir Rodrigo Leão ao vivo num espaço como aquele é uma raridade a não perder.
LER - Gonçalo M. Tavares tem uma abundante (e genericamente interessante) produção literária. Uma das facetas mais curiosas desta produção é a série a que chama «Cadernos» e em que simula delirantes e irresistíveis conversas com figuras da literatura mundial – Paul Valéry, André Breton, Bertolt Brecht ou Ítalo Calvino, entre outros. Nesta série acabei de me deliciar a ler «O Senhor Breton», uma entrevista imaginária, muito oportuna dada a circunstância de vivermos numa época completamente surrealista nos mais variados aspectos. A escrita de Gonçalo M. Tavares trabalha as palavras, usa-as com gôzo e manobra-as de forma hábil – na realidade torna-se um prazer lê-lo. O livro tem ainda um atractivo suplementar: os desenhos de Rachel Caiano.. Edição Caminho, 56 páginas.
VER - Por estes dias pode valer a pena uma visita à Galeria Antiks onde está desde ontem uma nova exposição de fotografias de Gundula Friese, incluindo uma remontagem da série «O Segredo» , que inclui 13 obras, apresentadas em conjunto, e ainda uma rara série de pinturas «a quatro mãos» da dupla «Combinatione Arrabbiatica», dos artistas Axel Heil e Uwe Lindau. Ao mesmo tempo estão patentes obras representativas da arte portuguesa nos anos 60 e 70, da cuidada colecção da Galeri Antiks Design (Rua Mouzinho da Silveira 2, frente à Cinemateca Portuguesa). Mais informações em www.antiksdesign.com .
ESCUTAR - Uma das boas surpresas deste Natal é o primeiro disco de Rui Reininho a solo, um sopro de frescura nas edições portuguesas deste ano. O início de carreiras a solo, nesta fase da vida, de membros de grupos que foram históricos, é sempre um risco, mas a verdade é que Reininho se sai muito bem da expedição. É de bom tom reconhecer que Armando Teixeira, dos Balla, nos comandos da produção musical, foi uma inteligente escolha – e eficaz porque é sem dúvida dos mais versáteis e eficazes músicos contemporâneos portugueses. Reininho assina todas as letras , deliciosas, desde «O Estranho Caso do Amante Preguiçoso», até «Dr. Optimista» e «Yoko Mono», passando por «Turbina & Moça», e sobretudo por um tema que – aposto – vai virar clássico: «Al Fakir». O disco inclui versões (Bem Bom», das Doce e «Faz Parte do Meu Show» do romântico brasileiro Cazuza, e temas inéditos, para além de Armando Teixeira, de Slimmy, Margarida Pinto (Coldfinger), Legendary Tiger Man, New Max, Alexandre Soares e Rodrigo Leão. Melhor leque era quse impossível. E o resultado é, de facto, muito bom. Rui Reininho, «Companhia das Índias», CD Sony Music.
PROVAR - Ao longo dos últimos meses tenho visto numerosas referências ao restaurante Bocca, que abriu em Lisboa há uns meses, na Rua Rodrigo da Fonseca nº87-D, no local onde durante anos existiu o Chester. A decoração é completamente nova e muito conseguida, há zona de fumadores e não fumadores, o ambiente e a luz são agradáveis. O aspecto geral é melhor que o resultado culinário, simpático mas sem grande história, um pouco pretencioso demais na apresentação em carta e em prato. Num jantar foram provados uns filetes de peixe galo e um risotto que não ultrapassaram a mediania. A carta de vinhos é curta mas com propostas equilibradas e de boa relação qualidade-preço. Resumo – local simpático mas longe de ser um templo da gastronomia. Tel. 213808383.
BACK TO BASICS – A verdade é aquilo que passa o teste da experiência – Albert Einstein.
RESUMINDO – O conflito com os professores continua, o Governo salvou mais um banco que até há pouco tempo era elogiadíssimo, José Sá Fernandes está cada vez mais ao colo de António Costa, a concretização das medidas do plano de Durão Barroso para salvar a Europa leva negas de todo o lado, o PS entrou definitivamente em choque com o Presidente da República e o guarda redes do Benfica deixou entrar 30 golos em 21 partidas. São assim os tempos que correm…
VENDO – Na revista virtual «Arte Capital» (www.artecapital.net) vale a pena ler o habitual artigo de Augusto M. Seabra, desta vez sobre a actuação do Ministro da Cultura, que acaba assim: « É inteiramente legítimo que José António Pinto Ribeiro aspirasse a ser ministro. Para mal geral, num sector já em tão grave situação financeira, o seu desempenho na Cultura é um mero exercício de mundanidade e vanitas.».
OUVINDO - Está encontrado o disco – ou melhor, o par de discos – para esta quadra natalícia: Verve Christmas, Remixed e Unmixed. São dois CD’s, ambos baseados em standards do catálogo de jazz Verve, com alguma ligação ao Natal, de nomes como Nina Simone, Mel Tormé, Ella Fitzgerald ou Jimmy Smith, entre outros – 11 temas ao todo. A versão Unmixed tem as gravações originais. A versão Remixed tem as misturas propostas para os diversos temas por nomes contemporâneos. Por exemplo «’Zat You Santa Claus?» de Louis Armstrong é remisturado por The Heavy; «What Are You Doing New Years Eve?» de Ella Fitzgerald é remisturado por Mangini vs. Palin; «I’ve Got My Love To Keep Me Warm» é trabalhado por Yesking, «What a Wonderful World» de Louis Armstrong por The Orb, «Silent Night» por Dinah Washington com remix das Brazilian Girls e «The Christmas Song» por Mel Tormé, trabalhada por Sonny J, entre outras. Os dois discos são mesmo uma maneira divertida – e variada – para bandas sonoras de natal para todas as coasiões. Sugerem-se as remixes para depois da meia noite e as versões clássicas para os aperitivios da ceia. (CD’s Verve, Universal Music).
VIBRANDO – Onde é que coexistem o apito dourado, Elvis Presley, Doors, David Bowie, as Doce e «Sympathy For The Devil» dos Rolling Stones? Se disser que é num concerto de Rui Reininho acerta em cheio. Na noite de quarta-feira, no palco do Cinema S. Jorge, em Lisboa, ele esteve no seu melhor – algo refinado até – e rodeou-se de uma sonoridade diferente dos tempos do GNR, sob a batuta de Armando «Balla» Teixeira. Até ver aqui está um exemplo de como entrar numa nova fase da carreira sem cair na lamechice. No final do concerto, Helena Coelho, das Doce, mostrou boa forma vocal ao lado de um Reininho entusiasmado, a cantar «Bem Bom». Delirante – mas era isso mesmo que se esperava. O disco estreia de Reininho a solo sai para a semana, chama-se «Companhia das Índias» e tem originais de nomes como Rodrigo Leão, Legendary Tiger Man, Armando Teixeira, J.P. Coimbra (Mesa) e Margarida Pinto (Coldfinger), entre outros. (Parabéns aos organizadores do Super Bock em Stock, a Avenida da Liberdade estava uma festa).
DIVERTINDO - O jornal mais divertido que se edita em Portugal nos dias de hoje é gratuito, mensal, chama-se «LuxFrágil», é dirigido por Manuel Reis e aborda temas que vão do sexo à música, passando por receitas, horóscopos (de Anamar), textos inéditos para peças de teatro, desvarios vários – destaque para Quim Albergaria e para Hugo Gonçalves que exploram o complexo campo das relações, da pornografia, da mentira e da atracção. Têm que ler – encontram exemplares disponíveis na Bica do Sapato e no próprio Lux. E, claro, o jornal traz toda a programação da casa – destaque este mês para o encontro de Zé Pedro Moura com João Peste no sábado 20. Para termonar: a capa é a reprodução de uma factura de um santeiro, datada de 1853, relativa a trabalhos de reparação efectuados nas capelas do Bom Jesus de Braga. Imperdível.
FOLHEANDO - A Magnética Magazine é algo de diferente de tudo o que por cá havia sido feito – é uma publicação mensal, gratuita, de distribuição exclusiva na internet. É uma publicação de lifestyle, mas também de moda e tendências, de consumos e luxos. Pode ser consultada em www.magneticamagazine.com e tem um daqueles curiosos sistemas electrónicos que permite passar páginas como se estivéssemos a folhear uma edição em papel. Em destaque neste primeiro número a voz da cantora Maria João e a música dos Buraka Som Sistema por via de Kalaf, o paladar do chocolate (com um texto de Álvaro de Campos) e muitas e belas páginas sobre design. Parabéns a quem desenhou e editou a revista. É um belo objecto virtual.
PIZZANDO - Permanecendo na pesquisa das pizzas, recomendo as da cadeia Capricciosa, hoje em dia com presença em Alcântara, na zona da Expo, em Carcavelos e também na Doca de Santo. Para o caso a experiência foi feita em Alcântara, na Rua João de Oliveira Miguéns nº 48, onde em tempos foi um restaurante cubano. Sala ampla, serviço rápido e simpático, preços razoáveis, bom aquecimento nestes dias fresquinhos. Cada vez que vou a uma destas pizzarias espanto-me como nos últimos anos se avançou tanto na matéria – na confecção das massas, finas, estaladiças, na proposta de ingredientes, nas muitas possibilidades que se abrem. Para além de pizzas a Capricciosa tem massas e saladas e se quiserem uma sobremesa experimentem a cassatta, que é mesmo boa. Telef 213955977.
BACK TO BASICS - A liberdade significa responsabilidade, é por isso que a maior parte das pessoas a temem – George Bernard Shaw.
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