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PRONTO - Temos Presidente, temos Governo, falta é claro conseguirmos ter Portugal. Não vou apelar ao bom senso do Governo porque as recentes declarações sobre o Orçamento e o défice provocam-me arrepios, assim como os aumentos de despesa prometidos em declarações de muitos ministros, sem saber como as vão cobrir num Orçamento que é feito a partir da base zero. De maneira que dedico estas linhas a duas questões que penso poderem ser reformas marcantes e que só podem nascer de uma colaboração entre os vários orgãos de soberania e as diversas forças políticas. Em primeiro lugar o Banco de Portugal: desde há anos que está quase tudo mal naquelas bandas, como comprova o rol de acontecimentos no sistema financeiro. Ao longo das últimas décadas o Banco de Portugal transformou-se num Estado dentro do Estado e numa parideira de Ministros das Finanças, a maior parte dos quais com resultados catastróficos para o país. Ou a escola é má, ou a inconsciência é total. Seja como fôr há que mudar o Banco de Portugal, o seu papel, controlar a sua actuação e sobretudo evitar que ele tome o freio nos dentes para depois se pôr a assobiar quando atira a carruagem para o abismo. Em segundo lugar vem a reforma do sistema político, a reforma das leis eleitorais, a actualização séria dos cadernos eleitorais, decisões sensatas sobre a coexistência entre as obrigações da comunicação nos actos eleitorais e a liberdade editorial, e, finalmente, alguma modernização no funcionamento e comportamento da Comissão Nacional de Eleições, que tem demonstrado uma desagradável tendência para se imiscuir no que não deve, não compreendendo o tempo em que vive. Se estas mudanças não forem feitas a abstenção só vai aumentar. Nestas eleições, em dois terços do país, a abstenção ficou acima dos 50% e o candidato eleito, por larga margem, teve 52% dos votos expressos mas apenas 24,8% do número de recenseados. Se estas duas questões forem resolvidas já se terá avançado mais neste mandato que nas últimas décadas.

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SEMANADA - O Governo apresentou a proposta de orçamento a Bruxelas e reduziu duas décimas no défice que estava no documento original; Bruxelas respondeu que uma redução de duas décimas é insuficiente e que pode exigir uma revisão do Orçamento; a agência de notação Fitch disse que se António Costa não conseguir uma redução de défice que permita a sua aprovação por Bruxelas terá que descer o rating de Portugal; a mesma Fitch classificou de “irrealistas” as previsões do OE;  a Moody’s afirmou que o OE é demasidado optimista e repete erros do passado; Bruxelas alertou para o elevado risco da dívida portuguesa a médio prazo; Jerónimo de Sousa admitiu que o PCP possa viabilizar um orçamento de Estado “mais duro”; António Costa diz que a actual visita da Troika a Portugal não tem relevância política; o Ministro da Saúde diz que a reposição das 35 horas pode aumentar os custos do Estado no sector;  o Ministério Público suspeita que Sócrates terá influenciado o resultado da OPA da Sonae sobre a PT a troco de “luvas”; já em 2009 Belmiro de Azevedo tinha culpado Sócrates pelo falhanço da OPA à PT; o Partido da Terra pronunciou-se contra a intenção de plantar mais árvores na segunda circular; um estudo recente indica que 90% das leis aprovadas em Portugal ficam fora do escrutínio público; o PAN reivindica a existência de um menu vegetariano em todas as cantinas públicas; Portugal é o país europeu com uma maior associação entre chumbos e pobreza; a China ultrapassou Portugal nas vendas para Angola; Jerónimo de Sousa, líder do PCP, resumiu a atitude do seu partido nas presidenciais da seguinte forma:”podíamos arranjar uma candidata engraçadinha, mas não somos capazes de mudar”; no dia a seguir disse que retirava a afirmação caso alguém no Bloco de Esquerda tenha “enfiado a carapuça”; na quarta-feira o Comité Central do PCP culpou o PS e o Bloco de Esquerda pelo resultado das eleições.

 

ARCO DA VELHA - Na noite eleitoral Sampaio da Nóvoa, que obteve menos de metade dos votos do vencedor, disse que tinha ficado perto de passar à segunda volta;

 

 

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FOLHEAR - Sou fascinado por edições de livros com um toque especial - que tenham um tratamento gráfico inesperado. Quem diria que num clássico, pouco conhecido, de Camilo Castelo Branco, isso poderia acontecer, ainda por cima por vontade do autor? “O Que Fazem Mulheres” é uma paródia aos folhetins românticos que já foi descrito como um romance filosófico sobre o comportamento feminino - obviamente analisado à luz dos costumes de 1858, ano em que foi publicado.O livro começa por um diálogo em que uma mãe tanta convencer a filha a casar por dinheiro. A filha, Ludovina, é bela mas sem dote e dela diz um enamorado: “lisongeia um amante, mas não pode satisfazer as complicadas necessidades de um marido”. Está dado o mote e, como Camilo anunciou à época, aqui há “bacamartes e pistolas, lágrimas e sangue, gemidos e berros, anjos e demónios”. O lado gráfico da edição segue à risca as recomendações de Camilo: inclui um capítulo solto que o leitor pode colocar onde quiser, no decurso da narrativa, e um outro capítulo, fechado, que tem este aviso expresso do autor: “Cinco páginas que é melhor não se lerem”. Edição Guerra & Paz.

 

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VER - O que é “Spotlight”? É um filme sobre investigação jornalística mas era também o nome de uma unidade especial existente dentro do diário  “Boston Globe”, um dos principais jornais norte-americanos, e que publicava as suas reportagens de investigação na edição de Domingo, a mais lida.. Foi fundado em 1872 por cinco homens de negócios da cidade, ganhou uma dúzia de prémios Pulitzer, tornou-se um exemplo de como o noticiário local é importante para reforçar os laços com a comunidade de leitores e criou não poucas inovações editoriais, a começar na forma como acompanhava o baseball e a equipa local, os Boston Red Sox, e a acabar na unidade de investigação que tinha um funcionamento praticamente autónomo, uma pequena redacção própria e funcionava com uma grande liberdade editorial e sem pressões de prazos para publicação. Uma das reportagens que tornou o Boston Globe famoso, e que deu à equipa da Spotlight mais um Pulitzer, foi a investigação sobre o escândalo dos comportamentos pedófilos de padres católicos, publicada em dezenas de artigos entre 2001 e 2003. Do caso foi feito um filme, estreado esta semana nas salas portuguesas e que tem o nome “Spotlight”. Nele retrata-se o funcionamento do jornal, e sobretudo da equipa do Spotlight e dão-se conta da situação criada numa cidade predominantemente católica quando o principal jornal acusa o clero de uma série de abusos sexuais sobre menores, praticados ao longo dos anos.  O filme, uma crónica assumida sobre o jornalismo, estreou nos EUA em Novembro de 2015, está nomeado para seis Oscars e foi realizado por Tom McCarthy. Se depois de verem o filme quiserem espreitar o jornal basta irem ao seu site, que é também um dos mais premiados da imprensa norte-americana - www.bostonglobe.com

 


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OUVIR - Yaron Herman é um pianista israelita que vive em Paris e que até agora tinha uma carreira feita sobretudo a partir de versões de composições originais de nomes tão diversos como Björk, Britney Spears, Leonard Cohen e alguns compositores clássicos, além música popular de inspiração judaica. “Everyday” é o seu álbum de estreia na Blue Note e é também um salto numa direcção mais pessoal. Uma ajuda importante neste disco é do baterista Ziv Ravitz, que assume a direcção musical do projecto ao lado de Yaron Herman. Aqui a maioria dos temas são da autoria de Herman, alguns em co-autoria com Ravitz, e duas  versões - uma do “Prelúdio nº4, opus 74” de Alexander Scriaboin e a outra de uma canção de James Blake, “Retrograde”, que já havia revisitado anteriormente. Um dos temas feito em co-autoria, é “Volcano”, que de alguma forma assume um papel central no disco, uma espécie de cruzamento de influências. A produção do tema é de Valgeir Sigursson, que costuma trabalhar com Bjork, a a interpretação vocal é de uma cantora islandesa, Helgi Jónsson - já agora vários temas do álbum são cantados. “Volcano” é um tema envolvente, com sonoridades inesperadas. “Vista”, “Everyday”, “Five Trees”, “Volcano”, “Retrograde” e “18:26” são talvez as faixas deste CD que melhor conseguem mostrar o caminho entre a improvisção do jazz e revisitações de diversos estilos contemporâneos que Yaron Herman está a trilhar.

 

PROVAR - Desde há uns anos Duarte Calvão e Miguel Pires são os animadores de um blogue de crítica gastronómica, o Mesa Marcada, que foi criando influência e audiência. Paulina Mata foi durante algum tempo convidada do Mesa Marcada e agora iniciou o seu blogue pessoal, Assins & Assados. O Mesa Marcada foi-se extremando na cozinha de autor e em propostas gastronómicas sofisticadas, que alinham na designação de fine dinning. As listas dos melhores restaurantes que o Mesa Marcada anualmente organiza mostra como o enfoque está no acompanhamento da moda em termos de restauração (e também de alguma sensibilidade às relações públicas e à comunicação que têm fabricado alguns chefs). Esta opinião tem origem na minha aversão profunda a menus degustação e aos restaurantes que fazem do estilo um catecismo, área que o Mesa Marcada aprecia. Para mim os menus degustação, salvo raras excepções, são uma mesmice, para usar uma expressão que li no blogue, num comentário de um leitor, e a que achei graça. Mas volta e meia o Mesa Marcada lá fala de coisas úteis, como locais onde comer bem no dia a dia ou simplesmente petiscar. Uma outra coisa parece estar a nascer no blogue de Paulina Mata, que para já parece mais focado na essência das coisas e na revisitação daquilo que é básico: boa matéria prima bem confeccionada. A ver vamos como evolui. Aqui ficam os endereços:  http://assinseassados.blogs.sapo.pt/  e http://mesamarcada.blogs.sapo.pt/

 

DIXIT - O PS vive num estado de ilusão e não está em condições de combater o Bloco de Esquerda, que se tornou o partido mais populista em Portugal - Francisco Assis, em artigo no Jornal de Notícias no dia seguinte às presidenciais.

 

GOSTO - O Estado gastou menos dinheiro a subvencionar as eleições presidenciais

 

NÃO GOSTO - Do barulho e do cheiro das pipocas nas salas de cinema - não há banda sonora que resista ao ranger dos dentes no milho esponjoso

 

BACK TO BASICS - A inveja dos outros é o imposto que nos cai em cima quando temos sucesso - David Nichols

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