(Publicado no «i» de 15 de Agosto)
Começo por dizer que simpatizo com António Costa, mas acho que é daqueles políticos à antiga - bela retórica, práticas fracas, falta de decisão, resultados instáveis.
Por outro lado confesso-me sem partido há muitos anos e esclareço que trabalhei em diversas ocasiões com Pedro Santana Lopes – tivemos bons e maus momentos, mas o balanço é positivo e reconheço-lhe ser apaixonado pelas causas em que se mete, ter rasgo e visão e querer resultados.
Mas passemos a Lisboa e comecemos, sem receios, pela questão dos dinheiros. Quando António Costa chegou à Câmara Municipal de Lisboa, tudo somado, o passivo desta era de 1200 milhões de euros e, agora, é de 1700 milhões de euros. Ele não é mais poupado que os outros, nem melhor gestor. E, apesar deste aumento, fez menos obra. Tem tomado medidas erráticas como aconteceu no Terreiro do Paço e na Ribeira das Naus e não se opõe nem a imposições do Governo, nem a caprichos caros da sua equipa - como mostra o folclore da caríssima e, no fundo, inútil plantação de girassóis em Campolide, só para satisfazer uma mania de Sá Fernandes, o mesmo que deixa os jardins degradarem-se. Por exemplo, não teria sido melhor usar esse dinheiro na manutenção dos cemitérios, vergonhosamente degradados?
Comparemos algumas coisas: o que tem maior impacto na qualidade de vida da cidade? - A recuperação de Monsanto, que Santana Lopes fez, a sua política de recuperação urbana, o túnel do Marquês, ou as duvidosas e caríssimas ciclovias de Costa?
Depois de ter visto a sua equipa inicial desagregar-se, a nova lista de candidatos de Costa é um arranjo de conveniência em que vários protagonistas pensam coisas bem diferentes sobre aspectos decisivos do governo de uma cidade – uma garantia de paralisia certa. António Costa parece um Presidente ausente, que aparenta assumir o cargo com sacrifício e pouco entusiasmo, talvez porque a sua ambição não esteja na cidade e sim no evoluir da situação do PS e no que se passará se Sócrates sair de cena.
Pedro Santana Lopes está focado em Lisboa, vai preocupar-se com as questões que têm a ver com a qualidade de vida na capital: garantir uma cidade mais limpa (Lisboa está sujíssima), maior atenção ao trânsito e estacionamento, mas, também, maior atenção às políticas sociais que quase desapareceram com António Costa (veja-se o aumento dos sem- abrigo), e à optimização da conjugação entre a política cultural local e nacional, de forma articulada com a promoção turística de Lisboa.
Governar Lisboa é ter as pessoas em conta, combater interesses estabelecidos, bater o pé ao poder central, tornar a vida fácil a quem cá vive, conseguir trazer mais moradores para a cidade e não penalizar quem aqui paga impostos. Comparando o exercício dos mandatos, Santana Lopes fará melhor trabalho.