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REGISTO DE INTERESSE – Sou cabeça da lista para a Assembleias Municipal de Lisboa proposta por Pedro Santana Lopes. Espero que a coligação «Lisboa Com Sentido» vença estas eleições, na Câmara, na Assembleia Municipal e nas Juntas de Freguesia. Dito isto, se o Director quiser, continuarei a falar do que aqui sempre tenho falado – a ERC não tem muito que se lamuriar – quer Baptista-Bastos, quer Leonel Moura são rapazes para me fazerem boa oposição e alto contraditório.
CAMPANHA – António Costa é que devia ligar um pouco às recomendações pluralistas básicas da ética republicana – pegou em 1,6 milhões de euros do orçamento camarário e montou uma festa permanente no Parque Mayer, que é uma bela oportunidade de auto-propaganda. Por um daqueles acasos do destino o programa da propaganda festeira vai exactamente até 11 de Outubro, o dia das autárquicas. Mais conveniente era difícil.
DARTH VADER – A invasão da política portuguesa pela saga da Guerra das Estrelas e pela figura de Darth Vader é o caso do Verão – uma acção bem humorada, com base numa das mais activas e antigas equipa de bloggers – do 31 da Armada - conseguiu fazer com que o vereador Manuel Salgado se metesse numa embrulhada sobre a segurança, ridicularizou o aparelho da Câmara, que se apressou a chamar a polícia para prender os inssurectos quando estes foram devolver, limpa e arranjada, a bandeira da autarquia, que havia sido substituída no varandim dos Paços do Concelho pela bandeira monárquica azul e branca – uma outra forma de assinalar o centenário da República, mais divertida, inofensiva e barata que os atropelos cometidos no Terreiro do Paço. Para cúmulo do ridículo a máscara de Darth Vader foi apreendida pelos investigadores como importante prova do processo – a gastar energias e recursos com casos de humor, como hão-de as polícias conseguir combater os casos de crime ?
SILLY SEASON I– Este ano PS e PSD resolveram fazer blogues partidários com as próximas legislativas na mira. Os nomes são bem humorados – «Simplex» do lado do PS (www.simplex.blogs.sapo.pt) ,«Jamais» do lado do PSD (www.jamais.blogs.sapo.pt). Ambos reúnem nomes sonantes de um e outro lado, com José Pacheco Pereira no «Jamais» a comentar a actualidade política como há algum tempo não fazia no seu »Abrupto». De certa forma estas são as versões modernas, mais livres e desabridas, do «Acção Socialista» e do «Povo Livre» - infelizmente bastante previsíveis portanto – um diz mal do outro e por aí adiante. Tudo estava assim quando João Galamba, do «Simplex» insultou em vérnaculo puro e duro João Gonçalves do «Jamais» - o que parace comprovar que do lado do PS o exemplo do argumento chifrudo de Manuel Pinho na Assembleia da República ganhou novos adeptos. Cada um fica com os actos que pratica e ao PS já ninguém tira a fama de perder as estribeiras com facilidade.
SILLY SEASON II – Sócrates reduziu a actividade política a visitar, anunciar, inaugurar e intrigar. Governar deixou de existir. Até às eleições isto promete…
EXEMPLAR - O New York Times dedicou um extenso artigo na sua edição de terça-feira passada às investigações de uma equipa da Universidade do Minho, liderada por Nuno de Sousa, sobre o stress e as alterações de comportamento que ele induz. O artigo do diário norte-americano reproduzia excertos do artigo de Nuno de Sousa para a revista «Science». Se quiserem ler o New York Times vão aqui: http://bit.ly/3C3Kv5 .
PETISCAR – Quando se vai à praia o objectivo, regra geral, é descontrair e descansar. Não há portanto razão para que uma ida a um bar ou restaurante de praia seja uma canseira; não há razão, mas muita vez isso acontece mesmo. Felizmente não é o que se passa em Alfarim no restaurante Onda Azul. O Onda Azul é injustamente subalternizado pelo mais conhecido Bar do Peixe, mas cá para mim até anda melhor, sobretudo no petisco. A salada de polvo é muito melhor no Onda Azul e umas cadelinhas e uns mexilhões que experimentei estavam absolutamente irrepreensíveis. Serviço rápido., simpático, um óptimo pão de uma localidade ali perto, Caixas, bem cozido, estaladiço, miolo denso, bom para ensopar no molho dos mexilhões. Ainda por cima preços comedidos e imperial bem fresca.
OUVIR – Banda sonora oficial do verão (ainda válida até finais de Setembro) – a nova colectânea «!Salsa! » da Putumayo, uma editora especializada em World Music dançável, assumidamente pop e divertida. Aqui estão alguns clássicos interpretados por grupos como o do colombiano Diego Galé, do mexicano Poncho Sanchez, do cubano Chico Alvarez ou do americano Eddie Palmieri, entre outros. As capas da Putumayo são sempre fantásticas e coloridas, os alinhamentos são pensados para divertir quem ouve – esta é das minhas editoras preferidas, felizmente a FNAC tem geralmente uma boa selecção das suas edições.
LER – De Peter Carey havia lido há pouco um genial relato de uma viagem ao Japão, «O Japão é Um Lugar Estranho». Quando este novo livro apareceu aí fui eu comprá-lo e dou por muito empregue o dinheiro que paguei por «Roubo – Uma História de Amor». A escrita de Carey, já sabia, é arrebatadora; mas um romance é muito diferente de um relato de viagem, e aqui Carey dá largas à sua imaginação delirante, com um enredo onde as situações inesperadas se sucedem. «Roubo – Uma História de Amor» é um romance divertido, com a acção a decorrer a um ritmo empolgante, com situações francamente inesperadas que se sucedem . É irresistível e prende a atenção do princípio ao fim das suas 300 e poucas páginas.
BACK TO BASICS – A verdadeira vida de uma pessoa é, frequentemente, a que ela não comanda (Oscar Wilde).
(Publicado no Diário Meia Hora de 21 de Abril)
Na semana passada surgiu o apelo para que em Lisboa se constitua uma frente única de forças políticas de esquerda com o objectivo de evitar o regresso da direita ao poder na cidade, nas próximas autárquicas e para que António Costa continue Presidente. Valerá a pena?
Comecemos por recordar alguns factos. Após um longo período em que Lisboa foi governada pelo PS em coligação com o PCP, primeiro por Jorge Sampaio e depois por João Soares, no final de 2001 o PSD venceu as eleições e Pedro Santana Lopes exerceu a Presidência da Câmara durante perto de dois anos e meio, até ser indicado Primeiro Ministro, no Verão de 2004. Por força da queda política de Carmona Rodrigues, que venceu as eleições de 2005, foram realizadas intercalares autárquicas em Lisboa em Julho de 2007, das quais saiu vencedor António Costa, que concluirá o seu mandato no final do ano, com praticamente o mesmo tempo de exercício de poder, enquanto Presidente da Câmara de Lisboa, que Pedro Santana Lopes. Portanto, ambos terão tido teoricamente as mesmas possibilidades – até porque, convém recordar, o estado das Finanças da Câmara deixado por Jorge Sampaio e João Soares não era melhor do que aquele encontrado por António Costa. O PS gosta de iludir este pormenor mas o facto é bem real.
Na verdade o balanço comparado dos mandatos de Pedro Santana Lopes e de António Costa não podia ser mais elucidativo: Lisboa agora está sem rumo, faz muitos estudos mas pouca obra, a cidade voltou a estar suja, esburacada, os problemas no urbanismo aumentam, as cedências ao Governo (como na Frente Ribeirinha e nos contentores) aumentam, a reforma do funcionamento do Município parou, a recuperação da Baixa-Chiado desapareceu das conversas, o trânsito está mais caótico e não foi lançada uma única obra infra-estruturante importante.
Para além disso convém recordar que a política de apoio social enquanto Santana Lopes foi Presidente da Câmara foi objectivamente mais à esquerda que a de António Costa e que em matéria de ambiente, cultura e recuperação urbana se fez mais do que se tem feito agora.
Por isso esta Frente é surpreendente: uma Frente que quer juntar pessoas que não conseguem fazer um plano comum, que não conseguem implementar políticas de esquerda quando chegam ao poder, e que deixam a cidade apodrecer, serve para quê?
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