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Olhando as coisas bem de frente é bom que se diga e fique claro que a única razão para a posição tomada pelo Conselho de Opinião da RTP, rejeitando a indicação de João Paulo Guerra para provedor do ouvinte da rádio de serviço público,é de natureza ideológica. O indigitado foi recusado porque a maioria dos conselheiros olha mais para o currículo de pensamento dos candidatos, e para as posições que possa ter tomado ao longo da vida, do que para as competências profissionais e adequação às funções para as quais é proposto. E isto acontece assim porque o Conselho de Opinião é uma manta de retalhos, resultado de uma mixórdia politico-partidária com inspiração em negociatas e jogos parlamentares a que soma uma larga componente corporativa dos mais variados e contraditórios interesses - com o ponto comum de só uma minoria ter a ver com a actividade em si da concessionária do serviço público de comunicação audiovisual. Em ambos os casos o traço dominante é a falta de conhecimento da maioria dos membros do Conselho em relação à realidade da Comunicação, e, pior ainda, a impunidade com que dizem disparates sobre a matéria. Gostam de ser treinadores de bancada, e como frequentemente acontece a quem se dedica a essa actividade, nem sequer sabem o que é uma bola. Sei do que falo porque, durante alguns poucos meses, fui membro desse Conselho, no início deste século, e ouvi discussões de estarrecer e posições que apenas mostravam a ignorância de quem as tomava em relação às matérias em debate. Este modelo de Conselhos, que se pretendem democráticos, tem um efeito exactamente contrário ao pretendido como agora se verifica - a avaliação da competência foi sacrificada às guerrinhas partidárias e ideológicas. Enquanto o Serviço Público estiver dependente, a todos os níveis, destes conselhos pretensamente independentes, arrica-se a ser manobrado por incompetetes e inúteis que não percebem sequer o que fazem. Mais valia, já que se discute uma eventual revisão do funcionamento da ERC (Entidade Reguladora da Comunicação), que os Conselhos de Opinião e "Geral Independente" da RTP fossem extintos e as decisões passassem apenas pela ERC. Era tudo mais claro, profissional e transparente.
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