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ABUSOS - De toda a  história da elaboração secreta das alterações à Lei de Financiamento partidário há um coisa que convém reter: os partidos envolvidos no caso vieram afirmar preto no branco que só agiram como se sabe porque a máquina fiscal abusa, porque a autoridade tributária actua de forma discricionária e arbitrária. Terá sido o desejo de corrigir tais abusos e actuações que levou à criação de uma extraordinária maioria que juntou PS, PSD, PCP, Verdes e Bloco de Esquerda, ineditamente de acordo numa reforma do sistema fiscal. O único problema é que se juntaram em proveito próprio e não, como se poderia desejar e imaginar, para, no Parlamento onde tudo decorreu, se juntarem para corrigir o funcionamento da Autoridade Tributária, acabar com os abusos e actuações arbitrárias para com os cidadãos contribuintes no seu todo. Nós os contribuintes, que nos queixamos do mesmo há anos e anos, apreciaríamos que os partidos e os deputados eleitos conseguissem obter idêntico consenso a nosso favor. Ainda por cima na votação estiveram todos os partidos que apoiam o Governo, mais o PSD que esteve em anteriores executivos. Devemos pois depreender que existe um consenso maioritário para proceder a uma reforma profunda do sistema que persegue contribuintes, a quem são retirados direitos, e que são vítimas de abusos - e os cidadãos e contribuintes individuais são muito mais indefesos que os partidos políticos. Espero que os senhores deputados, depois de se preocuparem com o próprio umbigo, resolvam olhar para o pais e acabar com as prepotências do Fisco. Está provado que o podem fazer, se quiserem, desde que promovam um debate aberto em vez de uma conspiração silenciosa. Este é o meu singelo desejo para 2018.

 

SEMANADA - O número de dirigentes no Estado aumentou 6,12% nos últimos dois anos, para um total de 11 559; em Junho de 2017 em cada 100 trabalhadores activos 12,8 eram funcionários públicos; em 2015 as administrações públicas gastaram 86,825 mil milhões de euros, ou seja o equivalente a 48,4% da economia portuguesa nesse ano; em junho de 2017 as remunerações das administrações públicas em Portugal representavam 11,1% do PIB, 1,1 pontos percentuais acima da média dos países da União Europeia; em 2016 o Ministério das Finanças concedeu benefícios fiscais a 35.500 entidades, de empresas a clubes de futebol, passando por  autarquias e fundações, no valor de 2,4 mil milhões de euros, um aumento de 32% face ao ano anterior;  segundo o estudo TGI da Marktest 3,3 milhões de portugueses têm cartão de pontos fornecido pelos postos de abastecimento e  este número corresponde a 51% dos indivíduos que compraram combustíveis nos últimos 12 meses; em 2017 venderam-se mais 19 mil veículos que no ano anterior, um crescimento de 7,7%; o sistema Multibanco bateu todos os recordes de levantamentos e compras no Natal de 2017- só a 23 de Dezembro registaram-se mais de um milhão de operações avaliadas em 37 milhões de euros; directores de estabelecimentos de ensino de diversas zonas do país afirmam que há escolas que não conseguem ter verba para manter aquecidas as salas de aula; Marcelo Rebelo de Sousa, na mensagem presidencial de Ano Novo, a que teve maior audiência televisiva de sempre, exigiu o mesmo empenho do Governo nas missões essenciais do Estado que nas finanças e na economia.

 

ARCO DA VELHA - A PSP do Entroncamento apreendeu 564 cuecas CR7 falsificadas e a auditoria da ERC ao cumprimento do contrato de serviço público pela RTP em 2016 só foi conhecida nos últimos dias de 2017.

 

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FOLHEAR - Stendhal, um pseudónimo de Marie-Henri Beyle, nasceu no final do século XVIII, em 1830 publicou a sua obra prima, “Le Rouge Et le Noir”, “O Vermelho e o Negro” - sem que haja grande explicação para a escolha do título, além do facto de o autor gostar de fazer jogos de palavras com cores. Uma das teorias é que o vermelho pode querer evocar o exército e o negro o clero. Na sua edição original o romance tinha por subtítulo “Crónica do Século XIX”  e na realidade a obra é uma crónica da sociedade francesa na qual Stendhal retratou as ambições da sua época e as contradições de uma emergente sociedade de classes. “O Vermelho e o Negro”, ao introduzir numa narrativa muito directa a análise psicológica das personagens, lançou as bases para o desenvolvimento do romance moderno, influenciando muitos dos grandes autores, como Ernest Hemingway, que o considerava como um dos seus livros de eleição. “O Vermelho e o Negro” é a história de Julien Sorel, o ambicioso filho de um carpinteiro, de uma aldeia fictícia chamada Verrières, que tinha uma enorme admiração por Napoleão e pelos seus feitos militares. Sorel cedo se revela um alpinista social, trepando nas suas relações amorosas. Por recomendação do padre da aldeia torna-se perceptor dos filhos do “maire” e envolve-se com a sua mulher, o que dita o seu afastamento para Paris.  Aí cedo conquista a filha do nobre de quem é secretário, acabando por a engravidar. Mais não vou contar, mas o fim da história ainda está longe e mete política e ciúme pelo meio. Podem agora ter oportunidade de ler esta obra incontornável na colecção de clássicos da Guerra & Paz, numa magnífica tradução de Rui Santana Brito, finalizada por Helder Guégués.

 

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VER -  Este ano aconselho-vos a dedicarem tempo a programarem uma visita a Londres, por forma  a conseguirem seguir algumas das magníficas exposições que ali vão decorrer. A mais aguardada de todas talvez seja a dedicada a Picasso, que irá ser apresentada na Tate Modern: “Picasso 1932 - Love, Fame & Tragedy” que abre em 8 de Março e encerra a 9 de Setembro. Trata-se da primeira exposição que a Tate dedica exclusivamente a Picasso e nela estarão cerca de uma centena de obras - pinturas, desenhos e esculturas, acompanhadas por fotografias que documentam a vida pessoal do artista num ano particularmente marcante da sua vida, quando conheceu a sua musa e amante Marie-Thérèse Walter - e vão estar expostos três retratos de Walter, apresentados juntos pela primeira vez desde que foram feitos em 1932. No Victoria & Albert, de 16 de Junho a 4 de Novembro, é apresentada a exposição “Frida Khalo: Making Her Self Up”. Na Tate Britain, de 28 de Fevereiro a 27 de Agosto, estará patente a exposição “All Too Human: Bacon, Freud and a Century of Painting Life”. Passando para outra cidade e aqui ao lado, no Reina Sofia, em Madrid, estará uma exposição dedicada a Fernando Pessoa R“Todo Arte Es Una Forma de Literartura”, de 7 de Fevereiro a 7 de Maio. E no Museo Nacional Thyssen - Bornemisza teremos “Victor Vasarely - The Birth Of Pop Art” entre 5 de Junho e 9 de Setembro e uma exposição dedicada a Monet e Boudin de 26 de Junho a 30 de Setembro.

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OUVIR - “Hitchiker” é um tesouro escondido no baú das memórias que Neil Young tem vindo a revelar. A 11 de Agosto de 1976, numa só noite, Neil Young, sózinho em estúdio apenas com a sua guitarra, gravou dez canções , algumas das quais permaneceram inéditas até agora. A sessão de estúdio nunca havia sido editada, foi lançada no final de 2017 com produção, discreta e suficiente, de David Briggs. É uma prova do enorme talento de compositor e do retratista de uma América que observa há décadas. 1976 foi o ano do bicentenários dos Estados Unidos, em que Jimmy Carter derrotou Gerald Ford e se tornou presidente, foi o ano em que nasceu Reese Witherspoon, em que morreu Phil Ochs, em que os Eagles gravaram “Hotel California” e em que estreou o filme “Rocky”. Em vez de embarcar nas comemorações do bicentenário, Neil Young, então com 30 anos, decidiu contar episódios da História mostrando-os sem os branquear - são o tema de várias canções como “Pocahontas”, “Powderfinger”, “Ride My Llama” ou “Captain Kennedy”. Algumas das canções aqui incluídas na versão original foram depois gravadas com versões alteradas, sobretudo na letra, como “Campaigner”. E há também momentos intensamente íntimos, como a balada “Give Me Strength”, que é uma janela aberta sobre a sua própria vida na época ,ou o retrato que faz do que vê à sua volta na faixa título “Hitchiker”. Mais que um baú de tesouros este é um disco que mostra a essência do processo criativo de um dos maiores músicos do nosso tempo. CD Reprise, distribuição Warner.  


PROVAR - O restaurante Vela Latina nasceu em 1988 e durante várias décadas destacou-se pela sua cozinha, pelo serviço, pela garrafeira e, claro, pela localização junto à Torre de Belém. Em meados do ano passado sofreu obras profundas que alteraram todo o espaço, criaram um novo bar, um restaurante de inspiração entre a cozinha peruana e japonesa (o Nikkei) e, remoçaram a sala do clássico Vela Latina. A decoração foi muito melhorada, está muito mais luminoso, com a vista para a doca e o rio a ser mais aproveitada, com a criação de novos espaços num varandim e em esplanadas quando o tempo permite. A cozinha continua marcada pela gastronomia portuguesa e pela qualidade dos produtos. Aqui estão clássicos da Vela Latina como os rolinhos de linguados com gambas, os filetes de pescada com risotto de alcachofras e os fígados de aves sobre tarte de maçã, além do arroz de coentros com lagosta e do lavagante fresco com salada de espargos verdes. O cuidado na confecção permanece intocado, a garrafeira continua a ter boas opções para uma gama variada e razoável de preços. Alguns dos antigos empregados de sala continuam no seu posto, com um atendimentoexemplar. O bacalhau à braz passou a estar disponível todos os dias, volta e meia há vieiras braseadas e risotto de berbigão e salsa., Nas sobremesas as farófias continuam a  ser referências, assim como continua disponível a finíssima tarte de maçã com gelado de baunilha. A Vela Latina fica na Doca do Bom Sucesso, dispõe de ajuda ao estacionamento e o telefone é 21 3017118.

 

DIXIT - “No limite, até poderia, porventura, aventar-se a hipótese de inconstitucionalidade formal” - Jorge Miranda sobre o processo que levou à aprovação das alterações ao financiamento dos partidos na Assembleia da República.

 

GOSTO - O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, elogiou a “mensagem construtiva” que acompanha o veto do chefe de Estado à lei do financiamento dos partidos por não ceder ao discurso populista antiparlamentar e antipartidos

 

NÃO GOSTO - O PCP disse que a Lei do Financiamento dos Partidos, que reduz o IVA e aumenta os donativos políticos, está a ser alvo de uma “insidiosa campanha antidemocrática” de contornos populistas à qual o Presidente da República teria cedido.

 

BACK TO BASICS - “É absurdo dividir as pessoas em boas ou más; as pessoas ou são encantadoras ou são aborrecidas” - Oscar Wilde.

 

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SOBRE O PÂNTANO E A PEÇONHA

por falcao, em 15.12.17

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PÂNTANO  - Esta semana soube-se que o PS decidiu excluir José Sócrates das comemorações do décimo aniversário da aprovação do Tratado de Lisboa. Há dez anos essa cimeira acabou com o ex-Primeiro Ministro a dar uma palmada nas costas de Durão Barroso, então Presidente da Comissão Europeia, e a dizer-lhe ”porreiro, pá” uma vez assinado o acordo, que aliás se veio a revelar essencialmente inútil. Mas há que reconhecer que o excluído está muito bem representado nestas comemorações: Vieira da Silva, um dos homens que participava nos almoços intímos de Sócrates, e Santos Silva, seu terrorista verbal de serviço, lá estarão na bancada do Governo, mostrando como o pantanal socrático perdura, em cargos de destaque, no PS de António Costa e que, como por estes dias se viu, continua com duvidosos métodos. A propósito do caso Raríssimas estes dois nomes socráticos deram que falar: Vieira da Silva por se ter prestado a dar o nome para a instituição agora investigada, aceitando ser vice presidente da Assembleia Geral da Raríssimas e jurando agora não saber o que lá se passava - certamente da mesma forma como nunca percebeu o que Sócrates ía fazendo; e Santos Silva, retomando os seus melhores tempos de aprendiz de rotweiller, a classificar como “razões pessoais” aquilo que levou o secretário de estado da saúde, Manuel Delgado, a sair do governo: as razões pessoais, tirando incidentes laterais, são os 63 mil euros e viagens recebidos enquanto consultor da instituição, para a qual foi convidado pela presidente agora investigada. Paula Brito Costa, convidou-o por, nas suas próprias palavras citadas pela imprensa, ele ser um homem do PS bem colocado na área da saúde. O que esta semana mostrou, em relação ao PS, é que ou Costa acaba com a peçonha ou a peçonha acaba com ele.

 

SEMANADA - A despesa das famílias portuguesas em cultura afundou mais de 21% em cinco anos; na última década o ensino público perdeu 127 mil alunos; o número de alunos do pré escolar tem vindo a diminuir nos últimos quatro anos em termos percentuais face à população dos quatro e cinco anos de idade; os bancos emprestaram mais de 3,4 mil milhões de euros para crédito ao consumo nos primeiros dez meses do ano, o maior valor desde há uma década; os novos créditos à habitação concedidos em Outubro significam um aumento de 54,8% face ao mesmo período do ano passado; a produção industrial aumentou em outubro na zona euro e União Europeia face ao mês homólogo, mas recuou na comparação com setembro, tendo Portugal registado a segunda maior quebra mensal; a dívida dos hospitais públicos a fornecedores já atingiu 1090 milhões de euros; metade dos jovens médicos admite emigrar depois de ter obtido a especialidade em Portugal; a legionella foi responsável pela morte de 40 pessoas em Portugal nos últimos quatro anos; Rui Rio declarou-se indisponível para fazer debates com Santana Lopes nas três televisões generalistas;  a tv por cabo já chega a 92% das famílias portuguesas; ocorreu esta semana a sexta remodelação governamental;  em dois anos Costa já teve 14 baixas no Governo desde que a Frente de Esquerda chegou ao poder; em Seia um homem tentou vender a um GNR a fotocópia de uma cautela da Lotaria de Natal como se fosse verdadeira.

 

ARCO DA VELHA - O Ministro Vieira da Silva mandou agora auditar as contas da Raríssimas, exactamente as mesmas que ele próprio aprovou numa Assembleia Geral da instituição antes de ir para o Governo. E o ex-tesoureiro da Raríssimas revelou que o ministro da Segurança Social não lhe respondeu a denúncias que lhe enviou em setembro.

 

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FOLHEAR - Todos os anos a editora Guerra & Paz tem lançado por esta altura edições especiais, os chamados “beaux livres”, como o editor Manuel S. Fonseca gosta de se lhes referir. Estas obras constituem a colecção “Três Sinais”,  onde se combina um lado artesanal com um design gráfico contemporâneo. “O Físico Prodigioso”, que dá corpo à edição deste ano, é um texto de Jorge de Sena, publicado pela primeira vez em 1966 na colectânea de contos do escritor intitulada “Novas Andanças do Demónio”. “O Físico Prodigioso” pode ser, como o próprio Jorge de Sena explicava, um médico ou mágico medieval, imaginado  pelo escritor quando vivia no Brasil em 1964, como símbolo da liberdade e do amor. Eugénio Melo e Castro, que incluíu o texto em “Antologia do Conto Fantástico Português”, de 1974, considerava “O Físico Prodigioso” como “um modelo superlativo do conto fantástico” . Nas notas introdutórias que escreveu em 1977 para uma nova edição, Jorge de Sena faz notar que “O Físico Prodigioso” não é uma escrita clássica, antes preferindo “o experimentalismo narrativo, jogando com o espaço, o tempo, a repetição variada do texto”. A nova edição inclui um conjunto de 21 ilustrações inéditas feitas propositadamente para esta obra por Mariana Viana, uma capa articulada, dourada, e acabamento com faces do miolo pintadas à mão. O grafismo é de Ilídio Viana, foram feitos 1500 exemplares numerados. O editor refere que esta foi “a forma que a Guerra e Paz encontrou para , num tempo de mudança de paradigma do livro, reforçar a singularidade de uma obra de conteúdo audacioso e perturbador”.  Se está à procura de uma prenda de Natal que não se desvaneça no tempo, esta é uma boa ideia.

 

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VER - Pode uma só obra justificar uma exposição? A resposta é sim e remete para “Eco”, o trabalho de Rui Sanches, apresentado no Projecto Travessa da Ermida (Travessa do Mata Pinto 21) até 31 de Dezembro. A partir de um texto de Ovídio, o artista revisita o significado do que pode ser o eco e sugere uma sua tradução espacial (na imagem). Mudando completamente de registo, vale a pena ir nestes próximos dias - até Domingo 17 -  ver a peça “Nathan, O Sábio” ao  Teatro Municipal Joaquim Benite, em  Almada - um texto de Gotthold Ephraim Lessing, que aborda a relação entre religiões, mais precisamente a tolerância numa cidade, simbolicamente Jerusalém, onde muçulmanos, judeus e cristãos se cruzam. A peça, numa tradução de Yvette Centeno, é apresentada pela primeira vez em Portugal, com encenação de Rodrigo Francisco, cenários de Pedro Calapez e  figurinos de António Lagarto, um conjunto coerente, particularmente bem pensado para a peça, cuja acção decorre no século XII mas que, com a envolvente cenográfica criada, ganha uma dimensão de intemporalidade - ou, mais precisamente de uma actualidade particularmente relevante. Outras sugestões: a partir deste fim de semana as obras de José Pedro Croft que representaram Portugal na Bienal de Veneza, vão estar expostas no espaço da Real Vinícola em Matosinhos; “Na Penumbra” é o título do conjunto de fotografias de Augusto Brázio patentes na Galeria das Salgadeiras, Rua da Atalaia 12, no Bairro Alto; e finalmente a ExperimentaDesign, pela mão da sua fundadora Guta Moura Guedes, inaugurou um espaço próprio, a Lisbon Gallery, inteiramente dedicado à arquitectura e ao design, com peças de Amanda Levete, Fernando Brízio, Jasper Morrison, Michael Anastassiades e Miguel Vieira Baptista, entre outros.

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OUVIR - Entre 1966 e 1968 Amália Rodrigues fez várias sessões de gravação com o Conjunto de Guitarras de Raul Nery. Dessas sessões saíram alguns discos, entre os quais um registo de referência da carreira da fadista, o LP “Vou Dar de Beber à Dor”. Agora, pela primeira vez, são disponibilizadas numa única edição discográfica todas as sessões gravadas nesse período de tempo. Numa nova edição feita a partir de um cuidado trabalho de pesquisa nos arquivos da Valentim de Carvalho reúnem-se três CD’s com 81 registos de quase outros tantos temas, nas diversas versões que foram sendo registadas em estúdio. O primeiro disco reproduz o original LP “Fados 67”, o álbum da Amália que incluía maior número de fados tradicionais. No segundo disco estão outros fados tradicionais e algum repertório internacional que então Amália costumava cantar nas suas digressões, sobretudo em França. Finalmente o terceiro disco tem várias versões inéditas de gravações conhecidas. ensaios de estúdio e outros registos, hoje raros, que foram originalmente editados em EP’s. Não só a qualidade e variedade do repertório é assinalável, como aqui se encontram as primeiras gravações de Amália em captação estereofónica. Além disso, durante o período de tempo em que estas gravações foram feitas, a voz de Amália estava num período excepcional - há mesmo quem diga que foi o seu melhor momento. Destaque ainda para os textos de enquadramento de Frederico Santiago (o responsável pelo trabalho de pesquisa nos arquivos da Valentim de Carvalho) e para um notável ensaio de Nuno Vieira de Almeida, “Amália - Algumas razões para a amar”. “Fados 67”, triplo CD, edição Valentim de Carvalho.


PROVAR - Construído nos anos 90 do século passado na Doca do Bom Sucesso, em Belém, o restaurante “Vela Latina” impôs-se ao longo dos anos como uma referência da restauração lisboeta. Era um local clássico, com boa comida  e uma garrafeira com vinhos muito acima da média. O restaurante tinha um bar, quando se subiam as escadas, antes de entrar na sala principal, e em baixo tinha uma sala privada para um grupo pequeno, que continua a existir.  A meio deste ano sofreu obras profundas e o bar passou a ser uma sala dedicada ao cruzamento das cozinhas do Japão e do Peru. O restaurante antigo foi todo redecorado, mas a lista mantém-se com bons clássicos que fizeram a fama da casa, como os filetes de pescada com arroz de berbigão e salsa, os rolinhos de linguados com gambas, ou os fígados de aves em tarte de maçã. Nesta primeira visita as atenções foram para o antigo bar, agora Nikkei, o espaço de fusão entre oriente e América Latina, que foi roubar o seu nome ao índice da Bolsa de Tóquio. A boa influência peruana faz-se notar nas sugestões de ceviche que contrastam- e completam bem - as variedades de sushi. Em qualquer caso a qualidade do peixe é impecável, assim como o seu corte, tal como o preparo do arroz, o ponto decisivo para aferir a honestidade do sushi. A lista de vinhos do Nikkei tem propostas diversificadas, muito pensada em função da comida que serve, sobretudo nos brancos. Nas sobremesas aparecem surpresas como churros, servidos com molho de chocolate derretido. O ambiente é simpático, o serviço é atencioso. Um dia destes regresso à sala grande para ver como se comportam os clássicos… Nikkei, Doca do Bom Sucesso, telefone 213 017 118.

 

DIXIT - “O que é o presidente do Eurogrupo? É um presidente de porra nenhuma” - António Lobo Xavier, na “Quadratura do Círculo”

 

GOSTO - “Fátima” de João Canijo foi selecionado para o Festival Internacional de Cinema de Roterdão, na Holanda, a realizar em janeiro do próximo ano.

 

NÃO GOSTO - Em outubro as importações cresceram duas vezes mais que as exportações.

 

BACK TO BASICS -  “Insanidade é continuar a fazer a mesma coisa e esperar obter resultados diferentes” - Albert Einstein.

 

 





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