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O NOVO MUNDO - Durante meses muita gente andou a tapar o sol com a peneira, a ver se as eleições americanas se safavam com um mal menor, uma espécie de bloco central entre os directórios dos partidos Democrata e Republicano, que apenas ofereciam mais do mesmo. Hillary, cujo prazo de validade na política americana, de acordo com os parâmetros de Washington já estava expirado, era a sua proposta comum. Acontece que ela foi percepcionada como uma candidata do sistema, das manhosices políticas instituídas, sem trazer nada de novo. Atrás dela estavam os democratas, mas também a elite republicana que se incomodava com o estilo de Trump. Ora estes bem pensantes são, como se viu, de uma arrogância insuportável aos olhos de uma parte importante da América. Já muito foi dito sobre o olhar distorcido e a imagem tendenciosa que os mídia passaram sobre as eleições e os candidatos. No fundo o resultado destas eleições americanas reafirmou que a característica mais importante de um político é a de ser autêntico, de sentir e acreditar no seu projecto de tal maneira que consiga transmitir essa energia aos seus apoiantes independentemente de tradições, elites e de manobras partidárias e de comunicação. Os derradeiros spots de publicidade dos dois candidatos antes do dia das eleições mostram uma Clinton conformista e um Donald confiante e desafiador. Ao longo dos 600 dias de campanha Trump perdeu apoiantes de peso na direcção dos Republicanos, mudou várias vezes a sua equipa operacional, ignorou conselhos do aparelho e foi em frente baseado no seu núcleo duro. E, assim,  acabou por dar aos Republicanos uma vitória inesperada em toda a linha - para além da sua presidência, também no Senado e na Câmara dos Representantes. Li algures, num blog americano,  uma frase que me ficou na memória destes dias: “já passámos por derrocadas económicas e guerras devastadoras - mas hoje em dia as pessoas levam nos seus bolsos aparelhos que são supercomputadores e que ajudam a mudar o que nos rodeia todos os dias e a influenciar quotidianamente as nossas vidas, e isso é algo de novo e que tem um impacto enorme na maneira como o mundo funciona”. A Web Summit, que aí está, no fundo, é sobre isto. E é neste novo mundo que tudo se passará.

 

SEMANADA -  O Ministério da Cultura vai nomear mais três vigilantes para o Museu Nacional de Arte Antiga onde há dias um visitante derrubou e partiu uma escultura do século XVII, do Arcanjo Miguel ; a estação do metropolitano de Arroios fechou devido ao elevado tráfego para a web summit: soube-se esta semana que o IPO do Porto despediu uma farmacêutica que estava em período experimental quando se apercebeu que estava grávida; o consumo actual de leite em Portugal é o mais baixo desde há 32 anos; no último ano emigraram 101 203 portugueses, 32301 dos quais com destino ao Reino Unido; um estudo da Universidade de Aveiro indica que 70% das farmácias dão prejuízo; estão á venda na internet licenças de taxis com valores que vão dos 100 aos 200 mil euros;o crédito à habitação voltou aos níveis de 2010; uma sondagem publicada esta semana para o Negócios e o Correio da Manhã indica que Rui Rio pode obter melhores resultados que Passos Coelho em todos os cenários de confronto com António Costa; o número de professores que se aposentaram este ano é o mais baixo desde 2004; o peso da economia paralela aumentou nos últimos dois anos e já ultrapassa os 25% do PIB.

 

ARCO DA VELHA - Em todo o mundo são tiradas cerca de 93 milhões de selfies por dia.

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FOLHEAR - Nesta semana em que meio mundo pensa como vai ser a América de Trump, proponho uma escritora norte-americana, politicamente incorrecta e vocacionada para contar episódios picantes com sentido de humor. Chama-se Therese ONeill (writerthereseoneill.com) e escreveu um delicioso livro sobre os bons costumes intitulado “Indecoroso - O Guia da Dama Vitoriana Para o Sexo, Casamento e Conduta”. Se o começar a ler desprevenido poderá pensar que é um texto escrito no século XIX nos tempos da rainha Vitória. A escritora vive no Oregon, um dos estados onde Hillary venceu, embora por reduzida margem. Therese ONeill escreve textos de humor e artigos sobre História para diversas publicações e este é o seu primeiro livro, publicado em Portugal em simultâneo com a edição norte-americana pela Guerra & Paz. Os títulos dos capítulos são todo um episódio: “Baldes para evacuação intestinal”, “A Arte traiçoeira de tomar banho”, “Fazer a corte”, “A noite de núpcias”, “Ser uma boa esposa”, “Orgasmos medicinais e outras ficções” e o “Vício secreto”, para citar só alguns. Ilustrado com desenhos que evocam a época vitoriana,  este “indecoroso” é uma lufada de ar fresco nos ventos que vêm da América.

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VER - Nos últimos 14 anos o fotógrafo português Rui Calçada Bastos viveu em Berlim e fez dessa cidade o centro das suas expedições pela Europa. Foi registando imagens, observações aparentemente banais, mas que exprimem as suas memórias e a sua visão pessoal dos locais por onde andou, efectuadas em Berlim, mas também em Lisboa, Budapeste, Paris, Estocolmo e Riga, cidades com que o autor confessa ter particulares motivos de afeição. Intitulada “Walking Distance” (na imagem) esta é a mais interessante mostra da nova série de exposições que ficou patente no MAAT, neste caso a partir desta semana e até 16 de Janeiro. Há também uma exposição que assinala os 50 anos de actividade de Eduardo Batarda, intitulada “Misquoteros - A Selection of T Shirts”, um pretexto para um jogo de palavras  que formam 646 frases espalhadas em 30 pinturas. A série completa-se com“Liquid Skin”, uma instalação montada a partir de excertos de filmes de Joaquim Sapinho e Apichtapong Weerasethakul.

Outras sugestões -  “Os Meus Álbuns de Família Um a Um” - que agrupa pela primeira vez os 36 álbuns que  Lourdes Castro fez, na Culturgest, até 8 de Janeiro. No Atelier Museu Julio Pomar o novo convidado é Julião Sarmento. Esta série de convidados cujas obras dialogam com as de Pomar foi iniciada por Rui Chafes e terá, a seguir, Pedro Cabrita Reis - Rua do Vale, até 29 de Janeiro.

Passando para o Porto destaque para a grande exposição de Amadeo Souza Cardoso no Museu Nacional Soares dos Reis que vem em Janeiro para Lisboa para o Museu do Chiado. E, por fim, também no Porto, na Galeria Fernando dos Santos, “Configurações” - pinturas recentes de Pedro Calapez, que inaugura este sábado e fica até 7 de Janeiro, na Rua Miguel Bombarda 526.

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OUVIR - Paolo Conte é um compositor e músico italiano que navega pelo jazz com influências de valsas, milongas e do charleston. O seu álbum mais recente, “Amazing Game - Instrumental Music” tem 23 temas feitos desde os anos 90 até agora, inicialmente destinados a bandas sonoras de peças de teatro, filmes, alguns trabalhos experimentais. A improvisação joga também um importante papel em algumas das faixas onde Paolo Conte comanda os seus músicos com o piano mas deixando-os soltos em momentos  de virtuosismo instrumental e evidente cumplicidade. A música de Paolo Conte é feita de uma hábil combinação de melodias e de ritmos, frequentemente evocando memórias de outras sonoridades. Conte nasceu em 1937, estudou direito, foi advogado e tornou-se conhecido como músico a partir da segunda metade dos anos 60 graças a versões de composições suas tornadas populares por nomes como Adriano Celentano que tornou “Azzuro” num êxito. Além de compositor e  músico, o trabalho e o talento de Paolo Conte em áreas como a poesia e a pintura têm sido distinguidos e é conhecida a sua proximidade a nomes como Hugo Pratt, com quem trabalhou em diversos projectos. O seu primeiro disco a solo data de 1974 e desde então editou 16  álbuns de originais e outros tantos de gravações ao vivo e compilações. Este “Amazing Game” é um exemplo da sua versatilidade musical e é um belíssimo guia para descobrir a sua obra em diversas fases. Edição Decca/ Universal, distribuída em Portugal.

 

PROVAR - Gosto de ovos verdes, mas há muito que não provava uns tão bons como as de uma pequena petisqueira situada em Campo de Ourique, chamada Chiringuito - Tapas Bar. O menu está cheio de boas ideias, inclui propostas bem tradicionais como peixinhos de horta, migas de tomate, tábuas de queijos e enchidos, uma variedade de ovos - desde mexidos com espargos ou farinheira, até ovos rotos , tortilha de batata e cebola e os tais ovos verdes que constituiram uma boa entrada. Depois veio rim frito com esparregado e bacalhau dourado à Brás, ambos muito satisfatórios. Fiquei com curiosidade pela coroa de tamboril e gambas e pela empada de perdiz e as costeletas de borrego panadas. O serviço é familiar e atento, um dos vinhos a copo é o Chaminé, que foi o escolhido. Ao longo da semana há propostas de pratos para cada dia, desde feijoada à transmontana até ensopado de borrego ou pataniscas. Ao Domingo há buffet de cozido e à segunda fecha para descanso.  Rua Correia Teles 31 B, telefone 211 314 432.

 

DIXIT -  “O que sei é que pessoas como eu, e provavelmente a maioria dos leitores do New York Times, de facto não perceberam o país em que vivem” - Paul Krugman, sobre a vitória de Trump.

 

GOSTO - Da plataforma GPS (Global Portuguese Scientists) que visa juntar os talentos portugueses espalhados pelo mundo em diversos centros de investigação e que até aqui não tinham qualquer ligação entre si

 

NÃO GOSTO - Da forma como a RTP se prestou a ser manobrada por um fugitivo procurado pelas autoridades, servindo-lhe de escudo e acedendo às suas exigências - coisa pouco consentânea com a noção de serviço público.

 

BACK TO BASICS - Qualquer americano que se disponha a candidatar-se a Presidente devia automaticamente, e por definição, ser impedido de o fazer - Gore Vidal

 

 

 

 

 

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