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PELA ESTRADA FORA - Enquanto se multiplica em contactos no estrangeiro António Costa semeia promessas para o mercado interno: 20 % de aumento de salários num dia, “aumento histórico de pensões” em 2023  e crescimento nunca visto graças ao PRR noutro. Nos últimos dois meses António Costa visitou sete países europeus e enquanto procura aumentar a sua influência no exterior deixou a inércia instalar-se no Governo, como se verificou na questão da degradação do SNS. Mas Costa é hábil e nunca desanima: aos obstáculos responde com promessas, às dificuldades contrapõe miragens. Não fala das reformas que a sua maioria absoluta poderia permitir na justiça, saúde, educação e prefere fazer variações calculistas sobre a integração da Ucrânia na União Europeia, passando do mais acabado cepticismo para o mais entusiástico apoio, tudo seguindo naturalmente a  posição dos países que lhe poderão ser úteis caso se decida a tentar algum cargo europeu - coisa que parece cada vez mais ser o motor da sua actividade, por muito que o próprio desminta e o Presidente da República negue. O tempo o dirá, mas os seus actos estão à vista. O calendário eleitoral dos próximos anos é intenso: em 2024 eleições para o Parlamento Europeu, em 2025 eleições autárquicas, em 2026 eleições legislativas e presidenciais. Em nenhum momento se ouve Costa falar de revisão da Lei Eleitoral, sinal de que pelos vistos se sente confortável com a abstenção galopante e com o desperdício de votos que existe no actual sistema, e de que o seu partido é um dos principais beneficiários. Enquanto Costa prepara o seu próximo futuro, as promessas de benesses orçamentais que vai espalhando parecem ser um fato à medida da indicação de Fernando Medina, agora Ministro das Finanças, como seu sucessor. A sucessão de Costa no PS promete ser um romance  com todos os condimentos. Costa está lançado pelas estradas da Europa. E em que estado irá ficar Portugal no fim deste passeio?

 

SEMANADA - Um estudo da União Europeia indica que a despesa de Portugal com os salários na Função Pública superou em 1,3 pontos percentuais a média da União Europeia em 2021;  Portugal gasta 11,8% do PIB com a Função Pública, o que compara com o valor médio de 10,5% na União; a mortalidade na primeira metade de Junho subiu 26% em relação ao período homólogo antes da pandemia; há serviços de urgências nos hospitais públicos com 80% de tarefeiros; Portugal é o terceiro país da zona euro onde o preço dos alimentos mais cresceu, logo atrás da  Letónia e Lituânia; um estudo divulgado esta semana indica que nos últimos dez anos os salários médios dos portugueses caíram e os mais qualificados foram os mais prejudicados; em 2019, o rendimento anual médio líquido (em paridade de poder de compra) em Portugal era de 13.727 euros, o sétimo mais baixo entre os países da União; em 2019 havia 13 países em que os trabalhadores com ensino superior ganhavam mais que em Portugal: Itália, Chipre, Irlanda, Finlândia, França, Malta, Bélgica, Holanda, Suécia, Dinamarca, Alemanha, Áustria, Luxemburgo; há cinco países em que os trabalhadores não qualificados ganhavam mais que os portugueses com ensino superior: Finlândia, Áustria, Holanda, Dinamarca e Luxemburgo; em 2019, Portugal era o sexto país com menor produtividade, apenas acima de países como a Roménia, Polónia, Letónia, Grécia e Bulgária; nesse ano, a produtividade dos portugueses era equivalente a 66% da média da produtividade dos trabalhadores da UE; uma sondagem do Correio da Manhã e do Jornal de Negócios indica que 91,5% dos inquiridos considera que Portugal precisa de grandes reformas, sendo a saúde e a educação as áreas prioritárias; mas apesar de o PS ter obtido  a maioria absoluta, 65,8%dos inquiridos  não acreditam que o Governo faça qualquer reforma de fundo; um estudo recente defende que em Portugal há um problema de transparência ao nível do Governo.

 

O ARCO DA VELHA - A Agência para a Investigação Clínica e Inovação Biomédica foi anunciada em 2018 e foram prometidos 20 milhões de euros até 2023, mas a um ano do objectivo o investimento não chega a um milhão - está nos 750 mil euros.

 

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A RUA DAS EXPOSIÇÕES - Uma das zonas de Lisboa onde nos últimos anos se foram instalando várias galerias de arte é Marvila. Na Rua Capitão Leitão coexistem várias: a Galeria Francisco Fino, a Galeria Bruno Múrias e a Insofar Art Gallery - e todas têm actualmente exposições que vale a pena conhecer. Começo pela Insofar: sob a direcção de Inês Valle a galeria criou o programa FACHADA, que se estreou em Maio passado e onde, até 12 de Julho, podem ser vistas, precisamente na fachada da galeria, 157 esculturas de Isaque Pinheiro (na imagem) a que o artista deu o título genérico de “A Malha”. A ideia é que o projecto FACHADA se realize  uma vez por ano, como uma parte da programação da galeria dirigida ao espaço público. Em cada ano será convidado um artista a conceber uma ideia de intervenção na fachada da Insofar e, ao mesmo tempo, personalidades ligadas à arte contemporânea elaborarão  textos com a sua visão da obra - este ano coube a João Silvério e a Fábio Gomes Raposo. Ali bem perto, quase em frente, a Galeria Francisco Fino apresenta até 30 de Julho uma exposição colectiva com o título “Escola da Libertinagem” e que agrupa trabalhos de uma série de artistas, comissariada por Alexandre Melo, a partir de uma conversa tida em 2020 com Julião Sarmento, que é um dos artistas representados na exposição, ao lado de nomes como Paula Rego, Gabriel Abrantes, Ana Vidigal, José Pedro Cortes, Luisa Cunha, Rosa Carvalho e Vasco Araújo, entre outros. O nome da exposição evoca o subtítulo de uma edição portuguesa de os “120 Dias de Sodoma”, do Marquês de Sade, feita pela editora Arcádia em 1975. E, para finalizar, ainda na Rua Capitão Leitão, a Galeria Bruno Múrias apresenta até 23 de Julho uma exposição de novos trabalhos de Rui Calçada Bastos sob o título “Words Don’t Come Easy” e que explora as relações possíveis entre fotografia e escultura, construindo uma narrativa sobre a comunicação entre as pessoas.

 

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A ATRACÇÃO AFRICANA  - Ao longo de cerca de dois meses, Ernest Hemingway e a sua mulher, Pauline Pfeiffer, viajaram pela África Oriental, participando num safari pela região do Serengueti. Publicado originalmente em 1935, o romance “As Verdes Colinas de África” é o testemunho dessa aventura. Aqui, o escritor reflete sobre o fascínio da caça, o deslumbramento pela paisagem africana e o respeito do homem pela beleza e glória daquele território selvagem, permanentemente acossado por um invasor estrangeiro. Entre perseguições a leões, búfalos, rinocerontes e aos fascinantes cudos (antílopes de listas brancas que Hemingway deseja mais do que qualquer outro animal),  este é o registo de uma experiência íntima, que é também uma referência da literatura de viagens. A certa altura no romance damos com este parágrafo: “Tudo o que queria naquele momento era voltar para África. Ainda lá estávamos, mas quando eu acordasse durante a noite ficaria estendido na cama, já a sentir saudades dela”. Ernest Hemingway nasceu no Illinois, a 21 de julho de 1899, e suicidou-se no Idaho, em julho de 1961. Em 1953 ganhou o Prémio Pulitzer, com “O Velho e o Mar”, e em 1954 o Prémio Nobel de Literatura. Esta nova edição de “As Verdes Colinas de África”, integra a colecção “Dois Mundos” dos Livros do Brasil e tem tradução de Guilherme de Castilho. 

 

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PALAVRAS DE ORDEM - Lembram-se de canções como “Should I Stay Or Should I Go?”, “Rock The Casbah”, “Straight To Hell” ou  “Know Your Rights”? Sim são todas elas momentos emblemáticos da carreira dos Clash e estão incluídas no álbum “Combat Rock”, editado há 40 anos em 1982, o quinto disco da banda e o último com o guitarrista Mick Jones e  o baterista Topper Headon. Pois é, já passaram 40 anos e é tão curioso ouvi-las de novo hoje em dia… Para assinalar a efeméride foi lançado o duplo CD “Combat Rock/The People’s Hall (Special Edition)” que além das 12 faixas originais, agora remasterizadas, inclui ainda várias versões extra e lados B de singles - um total de 24 temas que se estendem ao longo de uma hora e quarenta. Este foi o álbum dos Clash que teve maior êxito e também o seu derradeiro testemunho. Os Clash, é bom recordá-lo, foram uma banda que proclamava sem rodeios a sua opinião sobre o estado do mundo e a forma como então já se adivinhava que iria evoluir. Depois de terem feito um triplo álbum menor, “Sandinista”, os Clash queriam fazer um duplo CD, mas o produtor Glyn Johns convenceu-os a deixar de fora alguns temas e a concentrarem-se apenas em 12 canções. Foi assim que nasceu a  edição original de “Combat Rock”. Em “Know Your Rights” , considerada por muitos um dos grande temas do rock, Joe Strummer canta “You have the right to free speech/As long as you’re not dumb enough to actually try it.” 40  anos depois as palavras tornaram-se de novo actuais no contexto do que se passa na Rússia, no meio da invasão ordenada por Putin à Ucrânia. Disponível nas plataformas de streaming.

 

SALADA ESTIVAL  - Estamos oficialmente no verão, o que é sinónimo de duas coisas: saladas e dias longos. Também é suposto haver um calorzinho, que tem andado instável. Mas mesmo com as temperaturas de antes do início da primavera, deixo aqui um dos meus petiscos estivais favoritos: salada de melancia com queijo feta. Como verão já de seguida a iguaria leva mais alguns ingredientes mas o essencial é mesmo dado pelo contraste da melancia com o queijo feta. Comecemos então por cortar uma boa porção de melancia em pedaços de dimensão média e o queijo feta em cubos. Misturem tudo e entretanto cortem meio pepino também em cubos e acrescentem à melancia e ao feta. Por fim adicionem azeitonas às rodelas,  folhas de hortelã-pimenta e de basílico picadas grosseiramente e um molho feito à base de azeite, com sumo de lima e pimenta. Misturem tudo muito bem e antes de ir à mesa coloquem mais folhas inteiras de hortelã e de basílico por cima. Vão ver que isto proporciona um jantar leve e fresco, para quando os dias estiverem mais quentes.

 

DIXIT - “Com quem é que o Governo quer governar a saúde? Com os médicos a quem paga mal? Com os enfermeiros que aliena? Com as Ordens que despreza? Com os privados que ameaça de morte? Com os doentes e familiares que esperam por consultas e cirurgias?” - António Barreto

 

BACK TO BASICS - “Pode ser perigoso ter razão quando se apontam os erros do Governo” - Voltaire

 




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