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UMA MINISTRA DIGITAL

por falcao, em 26.09.25

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POLÍTICA VIRTUAL - Hoje não falo do nosso pequeno rectângulo. Curiosamente uma novidade política vem da Albânia, onde o governo liderado por Edi Rana, político, artista plástico, escritor, publicitário e pedagogo, criou uma assistente virtual para ajudar os cidadãos nos seus contactos com o Governo. Esse avatar recebeu o nome de Diella e foi desenvolvido pelo Laboratório de Inteligência Artificial da Agência Nacional Para a Sociedade de Informação da Albânia  com o objetivo de oferecer suporte de interação por texto e voz aos cidadãos. A atriz albanesa Anila Bisha forneceu tanto a imagem quanto a voz usadas  por  Diella, que surge num avatar animado com trajes tradicionais albaneses (na imagem). Posta ao serviço em Janeiro, Diella é capaz de emitir documentos com carimbo digital e até setembro de 2025, havia auxiliado na emissão de mais de 36 600 documentos. E, em 11 de setembro de 2025, Diella foi formalmente nomeada "Ministra das Contratações Públicas"  no quarto governo de Edi Rama, tornando-se o primeiro sistema de IA do mundo a ocupar um cargo governamental de nível ministerial. A nomeação ocorreu após decreto presidencial que autorizou o primeiro-ministro a supervisionar a criação e o funcionamento de um ministro virtual de IA. As responsabilidades pelas contratações públicas serão  transferidas gradualmente para Diella com o objectivo de reduzir a influência política nos processos licitatórios, numa iniciativa que integra um conjunto mais amplo de reformas e medidas anticorrupção. Enquanto o mundo se preocupa, e com razão, sobre quais os efeitos a médio prazo da utilização de IA nos mais diversos sectores, eis que a Inteligência Artificial entra na política directamente para um cargo ministerial num país que está na calha para entrar na União Europeia. Pode ser apenas uma medida de propaganda, mas é também um sinal de como nesta época tudo avança mais depressa que o esperado e em direcções mais inesperadas que o previsto. É inevitável esta pergunta: e se um dia surgir um partido só com avatars, até que ponto os cidadãos acreditarão nele? E se os Ministros virtuais ganharem a confiança dos eleitores? E se alguém se lembrar de formar um governo-sombra só com avatars programados para seguirem os melhores exemplos de boa governação nas diversas áreas?

 

SEMANADA - O valor médio gasto pelos portugueses em alimentos essenciais em 2024 foi de 3.134 euros, o mais alto dos últimos três anos; segundo o INE, cada português desperdiça por ano 182,7 quilos de alimentos, e os dados de 2023 indicam que nesse ano desperdiçaram-se no país 1,9 milhões de toneladas de alimentos, sendo 66,8% desse desperdício atribuídos às famílias; até ao final de Julho os empréstimos para consumo, incluindo compra de automóveis e obras em casa, tinha uma média de 26,6 milhões de euros por dia; os bancos portugueses foram os segundos mais rentáveis da zona euro no primeiro semestre deste ano;  Portugal precisa de mais 20 mil docentes até 2030 e, na última década, formou apenas 17 mil; até final do ano irão previsivelmente reformar-se mais 770 professores o que levará o total de aposentações de docentes em 2024 e 2025  para um total de 6700; no início deste ano lectivo há horários por preencher em 78% das escolas;  só na área da PSP, foram assaltadas 14 casas por dia no primeiro semestre deste ano; até ao início de Setembro já nasceram 32 bebés em ambulâncias e 18 na rua e os partos em casa também estão a aumentar; segundo o INE as transacções de alojamentos familiares movimentaram cerca de dez mil milhões de euros no segundo trimestre do ano e o custo das casas existentes bateu novo recorde ao subir 18,3%; entre abril e junho deste ano, os estrangeiros adquiriram 2.107 casas, o que corresponde a 4,99% das 42.889 transações registadas, o valor mais baixo desde 2021.

 

O ARCO DA VELHA - Um chefe da PSP que trabalhava no núcleo de violência doméstica da polícia é suspeito de ameaçar de morte a mulher e os sogros ao longo de mais de dez anos, antes e depois do nascimento do filho do casal.

 

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O ESTADO DA NAÇÃO  - “Nós não estivemos sempre desfasados em relação aos outros europeus. Havia disparidades de riqueza enormes dentro do país, mas os outros também as tinham. E, praticamente até ao fim do século XVIII, não se pode dizer que o atraso fosse gritante. As invasões francesas, a abertura dos portos brasileiros e a independência do Brasil é que deram um golpe demolidor no nosso trajecto, tornando-o vacilante e descendente no seu traçado geral. As causas são múltiplas, sendo sempre difícil reduzi-las a um ou dois factores. Seguramente o lugar modesto atribuído à educação e à ciência teve a sua influência, como o teve também a má governação. (...) Individualmente observam-se histórias de sucesso a muitos níveis; porém, colectivamente, a falta de disciplina e de generalização do empreendedorismo penaliza-nos. Quando emigramos muitos de nós têm sucesso individual, mas aborrecem-nos, em geral, a organização e a aplicação num esforço continuado e colectivo”. Estas palavras são um excerto do prefácio que o Professor Valente de Oliveira escreveu para um conjunto de cinco livros sob o título comum “Três Séculos de Economia Portuguesa”. Um deles, “O Estado Novo - da autarcia à internacionalização da economia”, da autoria de José Félix Ribeiro,  incide sobre os programas e planos de fomento elaborados pelo Estado Novo no período entre 1945 e 1973. Félix Ribeiro escreve sobre as grandes empresas e grupos empresariais da indústria e sistema bancário dessa época, analisa o impacto do pós guerra e o imperativo da criação em Portugal de uma base industrial própria, a situação criada com a guerra colonial e o início da integração europeia com a  adesão à EFTA. No período entre 1969 e 1973 mostra a concentração do capital, a diversificação industrial e a internacionalização lideradas pelos sector privado até ao derrube do Estado Novo. Cheio de referências e com uma sistematização exemplar, este é um livro que nos permite compreender melhor a situação em que o país estava em 1974. E as razões de muito do que ainda se passa hoje em dia na nossa economia. Edição Guerra & Paz.

 

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ROTEIRO - No Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian  pode agora ver, até Setembro do próximo ano “Xerazade, a Coleção Interminável do CAM”, que apresenta 160 obras da colecção da instituição, que já tem neste momento cerca de 12.000. A exposição tem curadoria de Leonor Nazaré e as obras apresentadas estão divididas em 14 núcleos que seguem a narrativa dos contos das “Mil e Uma Noites” e da sua protagonista Xerazade (na imagem). O Pavilhão Julião Sarmento apresenta a primeira exposição a título individual de um artista que integra a sua colecção, João Onofre. No Museu de Faro, até 12 de Outubro, Paulo Brighenti apresenta “A União das Coisas Desiguais” e no Porto, na Galeria Fernando Santos está até 11 de Novembro uma nova exposição de Rui Calçada Bastos, “Por acaso não é ocaso”. Em Lisboa Nuno Nunes Ferreira apresenta na Galeria Balcony (Rua Coronel Bento Roma 12A) “cinco contos por pessoa, 2025”. E na Galeria Belo-Galsterer (Rua Castilho 71 r/c) estão duas novas exposições, “Film Remains “ de Irit Batsry e “A Hora Azul”, de Maria Sassetti.

 

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FOTOGRAFIA - Muita coisa para ver em matéria de exposições de fotografia. Começo por destacar o “Laboratório do Atlântico”, uma mostra colectiva de arte contemporânea de São Tomé e Príncipe que inclui o trabalho que Inês Gonsalves fez em torno da tradição da peça de teatro popular “A Tragédia do Marquês de Mantua e do Imperador Carlota”, com  o colectivo  “Formiguinha da Boa Morte”, ​​considerado um dos principais representantes do Tchiloli, uma forma de expressão cultural africana que atravessa gerações (na imagem). A exposição, com curadoria de João Carlos Silva e Ricardo Vicente apresenta até 11 de Dezembro, na UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa”, na Avenida da Índia 110, obras de mais de vinte artistas santomenses e internacionais, explorando diversas linguagens como pintura, fotografia, instalação, vídeo e som. Nos pavilhões da Mitra a CC11 apresenta até 11 de Outubro, no âmbito da Mostra de Fotografia e Autores a exposição “Jamaica” de José Sarmento de Matos, sobre o bairro da Jamaica, no fogueteiro. Sarmento de Matos trabalha em Portugal e no Reino Unido, onde tem publicado diversos trabalhos na imprensa. No mesmo local Paulo Alexandrino apresenta 37 imagens do seu recente livro “Tristesse” e a galeria portuense Adorna apresenta a partir da sua colecção a mostra colectiva “Da Representação à Auto-Representação”, com curadoria de Estefânia r., fundadora da galeria. Por último na Galeria This Is Not A White Cube (Rua da Emenda 72), o fotógrafo nigeriano Sanjo Lawai apresenta “Heavy Is The Head”, com 17 obras inéditas, produzidas entre 2022 e 2025 com recurso a telemóvel.

 

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UMA VOZ - O novo álbum da cantora franco-haitiana Cécile McLorin Salvant chama-se “Oh Snap” e inclui 12 originais da cantora. A partir do jazz Salvant aventura-se nos terrenos da música gerada por computador, num registo que por vezes oscila entre o folk e o  pop. Com um estilo vocal arrebatador, que deve muito ao fascínio que a cantora tem por Sarah Vaughan, o disco vive também do piano de Sullivan Fortner e, na faixa “Take This Stone”, de outras duas vozes convidadas para a ocasião, June McDoom e Kate Davis. Costumo dizer que o mundo está cheio de boas vozes que não sabem cantar. Neste caso Cécile McLorin Salvant tem uma voz enorme e sabe bem o que pode fazer com ela. Disponível nas plataformas de streaming.

 

ALMANAQUE - A Bienal Internacional de Arte de Macau, numa exposição com curadoria José Maçãs de Carvalho e David Santos, “A Reinvenção do Real” , apresenta  trabalhos de Alice Geirinhas, Ana Pérez-Quiroga, André Cepeda, Carla Filipe, Fernando José Pereira, Luciana Fina, Luísa Ferreira, Manuel Santos Maia, Miguel Palma, Paulo Mendes, Pedro Cabral Santo, Rita Barros e Valter Vinagre, que integram a colecção do Museu do Neo Realismo. A exposição está patente em Macau até 16 de Novembro.

 

DIXIT - “!O líder do Chega não é anti-sistema, ele é o pior que o sistema gerou, ele é uma excrescência do sistema partidário português “ - Isaltino de Morais

 

BACK TO BASICS -  “Vivemos num tempo em que uma pizza chega mais rápido a uma casa quando é encomendada do que a polícia quando é alertada” - Jeff Marder



A ESQUINA DO RIO É PUBLICADA SEMANALMENTE, ÀS SEXTAS, NO SUPLEMENTO WEEKEND DO JORNAL DE  NEGÓCIOS

 



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