Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]



VOTAR SEM SABER EM QUÊ

por falcao, em 14.08.14

FUGA - Quando se vai a votos espera-se que os votantes escolham entre propostas diferentes, entre programas e ideias concretas, entre estratégias políticas e sociais diversas, certo? Quando há umas eleições, seja numa associação, numa agremiação desportiva, numa autarquia, num partido ou no país, o lógico é que os eleitores possam decidir com base no que os candidatos opinaram sobre as principais questões que, no cargo a que se candidatam, se lhes colocarão, não é? No entanto, quem seguir o que tem estado a acontecer nas primárias do PS dificilmente poderá seguir este raciocínio. Nas primárias do PS levou-se a fulanização da política ao extremo. Os eleitores, sejam militantes ou simpatizantes, não têm por onde escolher entre programas diferentes ou propostas diversas porque pura e simplesmente elas não se encontram explicitadas. Os dois candidatos, mas António Costa principalmente, fogem de tomar posição sobre os temas mais quentes e decisivos que se podem colocar a um primeiro ministro português nos próximos anos - e, no entanto, estas eleições são, teoricamente, para escolher quem será o candidato do PS a tal cargo nas próximas legislativas. Aos eleitores, face à fuga a dar resposta a questões concretas e à realidade, resta escolherem entre duas pessoas, entre dois estilos, entre duas imagens, entre duas retóricas. Quando a política se resume a estilo o resultado nunca é bom.

 

SEMANADA - Devido à falta de alunos as reduções de preços nas universidades privadas chegam aos 80%; quase metade dos desempregados estão sem trabalho há dois anos; uma mulher em Felgueiras prostituía a filha de doze anos a troco de carregamentos de telemóvel; em Portugal, nos últimos três anos, a percentagem de divórcios em relação aos casamentos realizados é de 70%; este ano os deputados tiveram mais 17% de faltas às sessões do Parlamento que no ano anterior - um total de 1634 faltas, uma média de 16 faltas por sessão; o número de jovens entre os 15 e os 29 anos em Portugal caíu em quase meio milhão de pessoas na última década; uma sondagem desta semana aponta que a maioria dos portugueses não acredita no sucesso das investigações da justiça no caso BES; Jorge Silva Carvalho, conhecido como o espião que foi para a Ongoing, foi designado director científico do MBA em Gestão do  Conhecimento e Inteligência Competitiva, na Coimbra Business School; segundo o Tribunal de Contas a receita do IVA desceu 3,3% de 2012 para 2013 em vez de ter aumentado 3,5% como dizia o Governo; o Tribunal de Contas considerou que as medidas de austeridade dos últimos três anos são precárias, centradas no curto prazo e foram insuficientes para conter a despesa do Estado com pensões; o sector da construção e obras públicas continua a ser aquele em que se verifica maior numero de insolvências de empresas; em Junho deste ano registou se uma queda de 20% no numero de empresas que declararam insolvência; depois da crise do BES a Bolsa de Lisboa, cujos resultados a colocavam entre as dez melhores a nível mundial, passou a ser a terceira pior do mundo, apenas à frente do Gana e da Venezuela.

 

ARCO DA VELHA - Sete dias depois de chegar a Bruxelas o eurodeputado Marinho Pinto anunciou que irá abandonar o Parlamento Europeu daqui a um ano para se candidatar à Assembleia da República, diz que o vencimento do novo cargo é “vergonhoso” mas afirmou não tencionar abdicar dele porque “sou pobre, preciso do dinheiro”. Anunciou também a sua disponibilidade para se candidatar à Presidência da República depois das eleições legislativas.

 

FOLHEAR - Cada vez vale a mais a pena folhear o British Journal Of Photography - seja em papel, seja na boa edição digital para iPad. Depois de em Julho ter feito uma edição dedicada à nova fotografia espanhola - desde fotógrafos a editores e curadores de exposições, passando pelo clássico Juan Fontcuberta, a edição de Agosto é dedicada à fotografia de guerra. O pretexto da edição é o centenário da I Grande Guerra, mas quis o destino que as imagens mais contemporâneas calhassem numa altura em que em várias zonas se reacendem conflitos violentos. A acompanhar  fotografias duras e explícitas de várias guerras em várias épocas e diversas zonas do globo, estão textos de enquadramento e de análise sobre o que tem sido o poder e o papel da fotografia nestes conflitos.

 

VER -  O Centro Português de Fotografia funciona na antiga Cadeia da Relação, no Porto, e desenvolve, com poucos meios, um trabalho exemplar quer na salvaguarda do património fotográfico que lhe está confiado, quer na apresentação de diversas exposições temporárias. Actualmente, e até finais de Setembro, destaco três exposições: “Prostituição, retratos de uma vida na rua",  do espanhol Ruben Garcia (na imagem), “A Pose e a Presa” que mostra um outro olhar sobre o universo da Caça e que ganhou a bolsa atribuída em 2013 pela Estação Imagem de Mora, e finalmente o trabalho de Mário Cruz, o vencedor do prémio de fotojornalismo 2014, também da Estação Imagem de Mora, com a reportagem “Cegueira Recente” que mostra a vida no Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos sobre pessoas que perderam a visāo. Finalmente vale a pena recordar a exposição permanente, que mostra a evolução do aparelho fotográfico ao longo dos tempos. Por último destaque para o Projecto 14 que reúne trabalhos de fim de curso de alunos de várias instituições de ensino que abordam a fotografia.  O CPF funciona terça a sexta das 10h00 às 12h30  e das 14h00 às18h00, e aos  sábados, domingos e feriados entre as 15h00 e as 19h00.

 

OUVIR - Em 1987 Dolly Parton, Emmylou Harris e Linda Ronstadt fizeram um álbum apropriadamente designado por “Trio”. Venderam para cima de quatro milhões de discos, ganharam dois Grammys e em 1999 reincidiram com “Trio II” que não teve metade do sucesso. A ideia de colaborações entre músicos de origens diversas é sempre um desafio. Felizmente que a nova aventura a três, e que envolve Norah Jones, Sasha Dobson e Catherine Porter, corre bem. Entre os blues e o jazz de Norah e Sasha, e o rock que sustenta a carreira de Catherine Porter, desenha-se um disco com surpresas como a versão de “Jesus,Etc” de Wilco, uma abordagem clássica mas entusiasmante de “Down By The River” de Neil Diamond, e um arisco “Sex Degrees Of Separation” da própria Dobson. Estas três meninas formaram as Puss N Boots em 2008 quando Norah Jones começou a tocar guitarra nalguns bares de Brooklin, cedo acompanhada por Sasha Dobson e depois por Catherine Porter. Durante este tempo tocaram sobretudo para amigos, nos intervalos das respectivas digressões individuais. Quando se entenderam a tocar guitarra já tinham ganho reputação como uma banda country e daí a gravarem este disco para a Blue Note foi um passo. Constituído em partes iguais por versões e originais cabe destacar, além das já referidas, as interpretações de “Leaving London” um tema de Tom Paxton  e “Bull Rider”, um clássico de Johnny Cash.“No Fools, No Fun”, Puss N Boots, CD já à venda.

 

PROVAR - Ele há dias em que mais valia não me sentar num restaurante para almoçar. Foi o que me aconteceu, nas Avenidas Novas, no Laurentina, apelidado, sabe-se lá porquê, o Rei do Bacalhau. Sentado na esplanada, iludido pela vontade de bacalhau com grão, depressa me arrependi. Saíu-me um daqueles empregados espertalhões que servem para iludir turistas e acham que podem fazer o mesmo a clientes nacionais. Primeiro quis impingir-me uma meia garrafa do que lhe apetecia, nome falado entre dentes para eu não perceber bem, em vez de me mostrar a lista. Saíu-se com uma Duas Quintas que não era bem o que me apetecia, por muito bom que fosse. Chegou morno de temperatura e quente de preço. Passemos então ao bacalhau: ao fim de algum tempo, chegou a meia posta pedida, cozida demais e já esfriada. O grão, que bem podia ser de lata de sensaborão que estava, vinha igualmente friozote e em reduzida quantidade, partilhando o espaço com umas batatas que foram para dentro como chegaram. Lá apareceu a  salsa e a cebola mas não veio o alho. O azeite era abaixo de mediano. A pimenta, pedida, era em pó, envelhecida e mortiça, em vez de ser fresca e em moinho. No entretanto um empregado entretinha-se a colocar pedaços de batata cozida no chão para alimentar a praga de pombos junto à esplanada. No fim paguei praticamente 30 euros por mau serviço e comida mal confeccionada e mal servida. Ao meu lado uma cliente que almoçava com um estrangeiro e pediu factura com número de contribuinte levou como resposta que a conta já estava fechada e que teria de passar depois porque o patrão não estava e só ele podia tratar dessa engenharia - tudo isto se passa a meia centena de metros da ASAE. Esta Laurentina já não se recomenda e até me arrepio do que aconteça aos turistas que por ali passeiam na Conde de Valbom.

 

DIXIT - “A reforma do Estado não é possível com estes actores políticos” - Luis Palha da Silva

 

GOSTO - Produção da Auto Europa aumentou 12,3% no primeiro semestre deste ano

 

NÃO GOSTO - Sete em cada dez novos casos em Tribunal são devidos a dívidas.

 

BACK TO BASICS - “Não teria nenhum problema em estar de acordo contigo, se tu tivesses razão.” - Robin Williams

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 14:00



Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.



Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2006
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
  248. 2005
  249. J
  250. F
  251. M
  252. A
  253. M
  254. J
  255. J
  256. A
  257. S
  258. O
  259. N
  260. D
  261. 2004
  262. J
  263. F
  264. M
  265. A
  266. M
  267. J
  268. J
  269. A
  270. S
  271. O
  272. N
  273. D
  274. 2003
  275. J
  276. F
  277. M
  278. A
  279. M
  280. J
  281. J
  282. A
  283. S
  284. O
  285. N
  286. D